Este ensaio apresenta um percurso realizado entre 2016 e 2017 junto a ativistas, cultivadores e usuários de cannabis na Argentina. Nesse período, a demanda pela regulamentação do acesso à cannabis para uso terapêutico ganhou visibilidade e o assunto foi objeto de discussões nos âmbitos legislativos municipais, estaduais e nacionais. Isso foi possibilitado graças à cooperação empreendidas pelas associações de ativistas canábicos e antiproibicionistas, que configuraram redes e circularam entre escritórios e locais de diferentes cidades.
1. Trajetórias de ativismo, conhecimentos e
experiências de mobilização pela cannabis
medicinal na Argentina
Pesquisa: María Cecilia Díaz (IdH, CONICET)
Fotografias: Ignacio Conese
2. Brenda e o seu companheiro em uma reunião realizada em fevereiro de 2016 para debater a situação de perseguição sofrida
pelos cultivadores e usuários de cannabis no estado de Córdoba.
5. Para Manso, as plantas são uma forma de se situar e traçar referências no espaço. Nas entrevistas com os cultivadores,
aparece o fascínio pelas cores, as texturas e as formas das plantas de cannabis, além de um conhecimento exaustivo sobre o
seu cultivo.
6. Falar sobre os usos terapêuticos da cannabis supõe abordar experiências de sofrimento, dor e de alegria e alívio quando se
menciona o cultivo e o uso da planta. O corpo mesmo é apresentado no primeiro plano, como protagonista.
7. Em 2016, o uso terapêutico da cannabis foi debatido no Congresso Nacional e a Marcha Mundial da Maconha foi encabeçada
pelos usuários medicinais e as suas famílias. Em Córdoba, os ativistas fizeram um cartaz com a frase “autocultivo medicinal”,
indicando a necessidade de uma regulamentação que considerasse o cultivo individual e coletivo. Isso finalmente não
aconteceu.
8. Ativistas de uma associação cannábica confeccionam cartazes para a Marcha Mundial da Maconha. O primeiro desses grupos
no país surgiu em 2001 sob o nome “Cogollos Córdoba”. Em 2010 mudou seu nome para “Asociación Edith Moreno Cogollos
Córdoba”, em homenagem a Edith Moreno, pioneira na militância pela regulamentação da cannabis.
9. As marchas reúnem ativistas antiproibicionistas e cannábicos, como também usuários recreativos e terapêuticos. Além
da edição de maio, em dezembro se realiza a Marcha Nacional, convocada desde 2010.
10. A sentença do juiz que autorizou a devolução dos óleos de cannabis considerou o caso dos usuários terapêuticos que
Brenda Chignoli assessorava e a lei 27.350, que nesse momento tinha acabado de ser sancionada.
11. Os óleos de cannabis peritados pela Polícia Científica. O informe estabeleceu que possuíam “princípios ativos responsáveis
da atividade psicotóxica e alucinógena da espécie vegetal Cannabis sativa”
12. Nos cartazes, o protesto que se repete em todas as marchas e no Congresso: “No más presos por plantar”
13. Brenda faz com a mão um sinal que indica as pontas da folha da maconha. Ao descobrir que o uso da cannabis permitia a
aderência ao tratamento antirretroviral, envolveu-se na luta pela regulamentação do cultivo.
14. No norte do país, uma associação de ativistas começou a cultivar de maneira coletiva para produzir o material vegetal que
servirá na elaboração de óleos destinados a usuários terapêuticos da cannabis.
15. Brenda viajou pelo país inteiro levando com ela sementes e conhecimentos
16. Autora da pesquisa: María Cecilia Díaz
Fotografia: Ignacio Conese
Câmera: Olympus OM-1 (analógica, 35mm)
Direção: María Cecilia Díaz, Ignacio Conese
Texto: María Cecilia Díaz
Agradecimentos: Brenda Chignoli, Movimento Nacional por la Normalización del Cannabis
Manuel Belgrano, Asociación Edith Moreno Cogollos Córdoba.