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TEXTOS MULTIMIDIÁTICOS NA ESCOLA 
Glaucia Guimarães1 – UERJ - glauguimaraes23@gmail.com 
Ligia Karam Corrêa de Magalhães – UFRJ - ligiakaram@gmail.com 
Raquel Goulart Barreto – UERJ - raquel@uol.com.br 
Agência Financiadora: FAPERJ 
Os novos textos mediados pelas tecnologias da informação e da comunicação (TIC) 
possibilitaram novas formas de comunicar e, talvez não seja exagero afirmar, a produção 
destes textos multimídiáticos tem papel importante nas relações sociais e na formação 
educativa dos sujeitos. 
A partir da própria estruturação de seus textos, sons e imagens, a mídia vai 
estabelecendo modos de ensinar a ser (FISCHER, 2006), atuando na formação dos sujeitos, 
de forma tão ou mais decisiva que a escola, afinal o “ecossistema comunicativo da sociedade 
atual” é produzida pela mediação da mídia contemporânea (MARTÍN-BARBERO & REY, 
2001, p.59). Nessa mediação, na interação entre o espaço da produção e o da recepção, o que 
se produz, por exemplo, na televisão não atende unicamente às necessidades da indústria 
cultural e às estratégias comerciais, mas também a exigências que vêm da trama cultural e dos 
modos de ver. A mídia não funciona sem assumir – e, ao assumir, legitimar – as demandas 
que vêm dos grupos receptores; mas, por sua vez, não pode legitimar essas demandas sem 
ressignificá-las em função do discurso social hegemônico (cf. MARTÍN-BARBERO, 1997). 
Com efeito, diante deste fenômeno muitos estudos se dedicam a investigar a relação 
entre mídia e processos formativos. Além disso, várias políticas públicas apontam para a 
inclusão da tecnologia na escola como forma de superar as desigualdades de acesso às 
tecnologias e de seus textos. 
Em uma análise mais detida da produção acadêmica e das diretrizes das políticas 
públicas em torno das questões que envolvem essa relação, é possível dizer que configuram 
três tendências dominantes de inserção das tecnologias na escola, que acabam por promover a 
inclusão degradada (MARTINS, 2007), isto é, a ampliação da oferta de vagas escolares e a 
presença da tecnologia na escola são conjugadas com uma crescente degradação material e 
simbólica da escola pública: (a) a primeira aborda o papel das tecnologias como instrumentos 
que possibilitam a Educação a Distância; (b) a segunda pensa no ensino via TIC para diversos 
1 Trabalho produzido a partir de duas teses de doutoramento orientadas por Raquel Goulart Barreto: “A 
articulação de linguagens na TV: questões educacionais para a sociedade multimidiática” (ProPEd-UERJ, 2006), 
defendida por Gláucia Campos Guimarães e “Formação e trabalho docente: os sentidos atribuídos às tecnologias 
da informação e da comunicação”, defendida por Ligia Karam Corrêa de Magalhães. Incorpora, ainda, resultados 
da pesquisa “Articulação de linguagens na TV e leitura na escola: a apropriação dos textos multimidiáticos nas 
práticas pedagógicas”, desenvolvida com financiamento do Programa Prociência da UERJ/FAPERJ.
usos, destinos e finalidades (para compor a grade de programação de TV educativa; para 
ensino lúdico através de jogos multimídia; para registro e ilustração de fenômenos que não 
podem ser presenciados facilmente; para auxiliar no ensino para portadores de necessidades 
especiais; para ser usado como simulador de situações; para aprendizagem eletrônica através 
de TV digital etc.); (c) a terceira propõe a inserção das TIC no ensino escolar – geralmente 
aquele destinado à maioria da população, como veremos na terceira seção deste artigo –, 
privilegiando sua dimensão técnica ou lúdica, com vistas a redimensionar ou modernizar as 
práticas escolares, amenizando as agruras didáticas do ensino formal ou com a finalidade de 
preparar o sujeito para o mercado de trabalho2. 
2 
Ocorre que apesar da contribuição valiosa que os estudos e algumas políticas públicas 
realizados no âmbito dessas três tendências trouxeram para a área, é preciso reconhecer que 
elas, na maioria das vezes, reduziram o meio, ora à sua dimensão técnica, ora à sua dimensão 
lúdica. Assim, acabaram ignorando outras possibilidades da relação entre a Escola e as TIC, 
entre a Educação e a Comunicação e, do nosso ponto de vista e de autores como Mattelart 
(2002; 2009), contribuíram para agravar ainda mais o fosso entre as escolas voltadas às 
classes dominantes e as destinadas às classes subalternas, em particular, no que diz respeito à 
linguagem, à leitura, ao acesso às tecnologias e seus textos contemporâneos. 
Isso porque, ao propor a inserção das tecnologias na escola apenas como mais um 
recurso, alimentando a esperança de que ela pudesse tornar as instituições de ensino mais 
contemporâneas e as aulas mais lúdicas, essas abordagens deixaram de lado o rico espaço de 
produção de sentidos dos textos contemporâneos na formação social, bem como questões 
como o novo-apartheid (Mattelart, 2009), o tecno-apartheid para Sibilia (2008), que nos 
parecem fundamentais na crise que a sociedade e que a escola enfrentam. 
Afinal, apesar das TIC terem transformado nossos modos de ver e ler, de conhecer e 
aprender (MARTÍN-BARBERO & REY, 2001), as práticas escolares, além de, na maioria das 
vezes, não trabalharem com esses modos, acabam ignorando o processo de produção de 
sentidos hegemônicos que se dão na articulação de linguagens nos textos multimidiáticos. 
Os textos multimidiáticos são aqueles que possibilitam a articulação de linguagens sob 
forma digital. De uma perspectiva técnica, multimídia é a tecnologia caracterizada por 
permitir a combinação, em um mesmo programa e sob forma digital, de mídias diversas: 
textos impressos, imagens, sons, etc., em movimento. Discursivamente, multimídia é a 
2 Esta análise tem como fundamento o Estado do Conhecimento em Educação e Tecnologia (Barreto et al, 2006), 
em que foram analisadas teses, dissertações e artigos produzidos entre 1996 e 2002 e o estudo de Magalhães 
(2008) que focaliza a dualidade escolar caracterizada pela coexistência de projetos de inserção da tecnologia na 
escola diferenciados para classes sociais distintas.
tecnologia que permite “a coexistência de distintas ordens de materialidade em um mesmo 
espaço" (Nunes, 1999, p.38). Mais ainda, em nossa perspectiva, os textos multimidiáticos 
possibilitam a articulação de linguagens e novos processos de produção de sentidos, 
diferentes daqueles produzidos por textos que privilegiam uma linguagem em detrimento de 
outras. 
3 
Neste contexto, objetivamos verificar como os textos produzidos e veiculados por 
meio das tecnologias circulam na escola, focalizando-os como espaços de produção de 
sentidos em sua constituição multimidiática: a leitura e a produção de textos que articulam 
linguagens (imagem, som, palavra) nas escolas, com a finalidade de superar a concepção 
instrumental que ainda sustenta muitas propostas e processos de inserção das TIC na 
educação. 
A constituição multimidiática dos textos contemporâneos produzidos na mediação 
tecnológica 
Há algum tempo, meios de comunicação como a carta, o jornal, a revista, o livro, 
privilegiavam a mediação através da linguagem verbal escrita. Por meio da imagem, 
podíamos nos comunicar usando desenhos, ilustrações ou fotografias, através de aparatos 
como a máquina fotográfica. A partir da linguagem sonora, configurávamos interlocuções 
veiculadas por tecnologias como o rádio e o telefone. Cada meio de comunicação estabelecia 
mediação específica, privilegiando uma linguagem: ou verbal, ou sonora ou imagética. Havia, 
então, um universo que recorria mais ao escrito, outro que privilegiava o som e ainda aquele 
que concedia mais importância à imagem (RAMONET, 2003). 
Atualmente, a tecnologia digital tem possibilitado a veiculação em grande escala de 
textos multimidiáticos que articulam as linguagens verbal, imagética e sonora (BARRETO, 
2002; GUIMARÃES, 2006). Estes textos, diferentes dos de antigamente, compõem grande 
parte das mediações sociais contemporâneas, por meio de diferentes suportes tecnológicos, 
como a TV digital, a internet e os telefones celulares. 
Hoje não existem mais aparelhos apenas sonoros, como eram os telefones. Agora os 
telefones, assim como o computador com acesso à internet e a TV digital, veiculam 
articulações entre imagens fotográficas, imagens em movimento, textos audiovisuais, vídeos, 
“torpedos”, textos escritos com emoticons ou com carinhas [ ; ) =/ ; p =( :] ] feitas com 
sinais gráficos, hipertextos etc.
4 
Estes textos têm produzido novas mediações e estão cada vez mais presentes na vida 
dos sujeitos, suscitando novos desafios para os processos de “comunicação, significação e 
demarcação” (KRISTEVA, 1988). Diante da complexificação dos textos, é importante 
assinalar que, como sempre, os sentidos produzidos em determinada sociedade não se 
originam em uma das partes dessa mediação, mas na relação entre os interlocutores sociais e 
sob determinadas condições de produção. Em nossa perspectiva, uma das condições 
fundamentais para a produção de tendências discursivas e da cultura contemporânea é a 
articulação de linguagens no processo de produção dos sentidos. Em outras palavras, a 
articulação de linguagens produz novos textos e incitam novas leituras diferentes das 
produzidas a partir dos textos que privilegiavam uma linguagem em detrimento das outras, 
portanto, é necessário que se considere a constituição multimidiática das práticas sociais de 
leitura e de produção destes textos na escola. 
A perspectiva discursiva da articulação de linguagens dos textos contemporâneos 
Extrapolando a Linguística, em nossa perspectiva, a linguagem verbal, a sonora, a 
imagética são linguagens plurais e que, além disso, elas se articulam nos textos 
contemporâneos, produzindo uma nova linguagem, própria dos textos multimidiáticos. 
Os modos de articulação de linguagens, além da possibilidade tecnológica de serem 
veiculados em diversos suportes (celular, computador, TV digital), são importantes condições 
de produção destes textos e de sentidos nas mediações contemporâneas. Deste modo, 
consideramos que as linguagens não são apenas coexistentes, como afirma Nunes (1999) ou 
apenas complementares (BARTHES, 1990; SOUZA, 2001), mas articuladas, remetendo a 
sentidos plurais, produzidos a partir de um dado contexto histórico. As articulações de 
linguagens produzem efeitos de sentido (PÊCHEUX, 1988) complexos, pois uma das 
linguagens é capaz de enfraquecer ou reforçar a outra, o que pode dissimular, legitimar e 
nortear determinados sentidos historicamente possíveis, ainda que não os garantam 
(BARRETO, 2002; GUIMARÃES, 2006). 
Muitos autores já consideravam a imagem e o som como formas simbólicas, sem 
considerá-las linguagens, como fica claro na afirmação de Fairclough (2001, p.23): “A ênfase 
[na análise do discurso] é sobre a linguagem e, portanto, textos linguísticos, mas é muito 
apropriado estender a noção de discurso a outras formas simbólicas, tais como imagens 
visuais e textos que são combinações de palavras e imagens”. 
Bakhtin (2004) também já ressaltava a importância que outras formas simbólicas
possuem nas análises dos processos de significação. Para ele, o “tema” da enunciação, como a 
expressão de uma situação histórica concreta que lhe deu origem, não pode ser reduzido à 
análise apenas de sua linguagem verbal, porque ele “é determinado não só pelas formas 
lingüísticas que entram na composição (as palavras, as formas morfológicas e/ou sintáticas, 
os sons, as entoações), mas igualmente pelos elementos não verbais da situação” 
(BAKHTIN, 2004, p.128) e admite a participação de outros signos ideológicos (BAKHTIN, 
2004, p.38): 
5 
Todas as manifestações da criação ideológica – todos os signos não-verbais – banham-se 
no discurso e não podem ser totalmente isoladas nem totalmente separadas dele. Isto não 
significa, obviamente, que a palavra possa suplantar qualquer outro signo ideológico. 
Nenhum dos signos ideológicos específicos, fundamentais, é inteiramente substituível por 
palavras. É impossível, em última análise, exprimir em palavras, de modo adequado, uma 
composição musical ou uma representação pictórica. Um ritual religioso não pode ser 
inteiramente substituído por palavras. Nem sequer existe um substituto verbal realmente 
adequado para o mais simples gesto humano. Negar isto conduz ao racionalismo e ao 
simplismo mais grosseiros. Todavia, embora nenhum desses signos ideológicos seja 
substituível por palavras, cada um deles, ao mesmo tempo, se apóia nas palavras e é 
acompanhado por elas, exatamente como no caso do canto e de seu acompanhamento 
musical (grifo nosso). 
Desta forma, podemos inferir que estes e outros autores privilegiam a palavra como 
“elemento essencial que acompanha toda criação ideológica, seja ela qual for” (BAKHTIN, 
2004, p.37) e consideram que em todo ato ideológico há outras matérias significantes que 
fazem parte do processo de significação e de renovação ideológica, tais como a música, a 
imagem, a entonação, movimentos, expressões etc. 
Em outras palavras, consideram que as linguagens possuem sua “consistência 
significativa”, isto é, “há coisas que podem ser melhor ‘ditas’ em palavras, outras através das 
imagens, assim por diante e uma nunca traduz integralmente a outra, mas não focalizam a 
articulação entre elas na produção de sentidos. 
A noção de “consistência significativa” é fundamental para se compreender a 
necessidade material das diferentes linguagens, pois “cada matéria significativa significa a 
seu modo” (Orlandi, 1995, p.7). Há sentidos que podem ser mais bem trabalhados na música, 
outros através da imagem, outros por meio das palavras e, ainda, há textos multimidiáticos 
que significam na articulação das linguagens. Então, em nossa perspectiva, a articulação das 
diversas linguagens, e não apenas a consistência significativa de cada uma delas, é uma das 
mais importantes condições de produção dos sentidos e das tendências discursivas que 
norteiam nossas interlocuções e mediações contemporâneas.
6 
Por este motivo, nas práticas contemporâneas de produção e de leitura de textos, é 
preciso que se leve em conta não só as diferentes linguagens, mas, também, e sobretudo, os 
modos de articulação entre elas. Em outras palavras, para participarmos da sociedade em que 
vivemos, mais dos que conhecermos as tecnologias, cada vez mais temos que produzir e ler 
textos produzidos na/pela articulação de linguagens. Daí a sua importância para entendermos 
e nos apropriarmos das TIC e de seus textos contemporâneos que circulam socialmente. 
Considerar as matérias significantes como linguagens e a articulação destas como 
condições fundamentais de produção de tendências discursivas contemporâneas significa que: 
(1) nos novos suportes digitais, as formas simbólicas e as articulações entre elas podem 
assumir múltiplos sentidos, sem perda da dimensão histórica; (2) as matérias significantes, 
também como necessidade histórica, não são articuladas aleatoriamente, mas em função da 
sua “consistência significativa”: matérias diferentes significam diferentemente; e (3) a 
presença de mais de uma forma simbólica não pode ser pensada como alternativa e nem como 
complementar às outras, mas objetivada a partir dos modos da sua articulação (GUIMARÃES 
& BARRETO, 2007). 
Então, apesar de haver alguns significantes imagéticos muito usados nos textos 
audiovisuais que tendem a produzir determinado efeito de sentido, há que se observar que eles 
não produzem sentidos isoladamente, muito menos um único para todas as ocasiões em que 
são exibidos e nem para todos os modos de articulação em que estejam inscritos. Por 
exemplo, uma imagem escura pode representar tristeza, mas, ao mesmo tempo, dependendo 
de sua articulação com o som e a palavra e em função do contexto, pode representar 
sofisticação3. 
Com efeito, os discursos são produzidos na articulação das linguagens e não somente 
por meio da imagem ou do som ou do verbal. As entonações de voz, os fundos musicais, etc. 
também participam do processo de produção dos sentidos. Nessa articulação, dados são 
ocultados ou exibidos em excesso, produzindo um efeito de sentido que induz a visões 
particulares e parciais. 
Analisando textos e tendências discursivas contemporâneas, Barreto (2002) identificou 
três modos básicos de articulação de linguagens: (1) a convergência, ou seja, o reforço mútuo 
de sentidos entre as matérias significantes; (2) a divergência, que consiste em articular 
matérias significantes apontando para sentidos diferentes (por exemplo, com a imagem e a 
3 Bullara e Monteiro (1991, p.37) chamam atenção para o fato de que o “claro-escuro” era muito usado nos 
filmes brasileiros para dar a sensação de sofisticação: “os antigos fotógrafos, principalmente aqueles da época da 
Vera Cruz, utilizavam um claro-escuro rebuscado, tentando imitar os filmes europeus e norte-americanos da 
época”.
linguagem verbal parecendo não tratar do mesmo assunto); e (3) a contiguidade, como 
proximidade muitas vezes associada à supressão de elementos que fariam parte de 
configurações textuais específicas, como foto e legenda em textos impressos e, ainda, a 
sequência de temas apresentados em textos multimidiáticos. 
7 
Estes modos de articulação de linguagens têm favorecido a produção de efeitos e 
tendências discursivas. Dentre os efeitos de sentidos, encontramos na análise de textos 
televisivos: (1) o “efeito de interlocução”; (2) o “efeito de real”; e (3) o “efeito de hiper-real” 
(GUIMARÃES, 2006). 
Atualmente, nos textos multimidiáticos, imagens, palavras e sons são “capturados” de 
situações reais (efeito de real) e de pessoas comuns (efeito de interlocução), transformando 
qualquer coisa ou pessoa em espetáculo (efeito de hiper-real). Através destes efeitos, a 
representação difundida nos textos contemporâneos pode ser inspirada e também pode 
inspirar a realidade, ou (re)criá-la, produzindo movimentos efêmeros, personalidades, 
formações, valores, etc. 
Estes efeitos de sentido configuram as tendências discursivas que Fairclough (2001) 
chama de “democratização” e “comodificação”. A primeira delas é uma espécie de 
democratismo que inclui a aceitação de dialetos sociais e variações lingüísticas, a “eliminação 
de marcadores explícitos de poder em tipos de discurso institucionais com relações desiguais 
de poder, a tendência à informalidade das línguas, e mudanças nas práticas referentes ao 
gênero na linguagem” (FAIRCLOUGH, 2001, p.250), sugerindo que todos ocupam lugares 
sociais iguais e têm a mesma possibilidade de acesso aos bens culturais. 
A comodificação é “a colonização de ordens de discurso institucionais e mais 
largamente da ordem de discurso societária por tipos de discurso associados à produção de 
mercadoria”, como marketing, publicidade, etc. (FAIRCLOUGH, 2001, p.255). Ou seja, com 
a “aquiescência” dos mais diversos espectadores (efeito de interlocução/”democratização”), 
tudo pode ser transformado discursivamente em mercadoria, em um “real espetacular” 
(efeitos de real e hiper-real) que apaga os limites entre o real e o ficcional, assim como entre 
as esferas pública e privada, gerando cada vez mais dividendos para as empresas da 
comunicação e da informação. 
Estas tendências discursivas supervalorizam qualquer ato, discurso ou movimento que 
pareça democrático, seja pelo aspecto da participação (produzido pelo efeito de interlocução), 
seja pela impressão de realidade espetacular ou de acesso livre à “realidade” (efeito de real e 
hiper-real). As tendências à “democratização” (ou democratismo) e à “comodificação” 
(coisificação: produtos culturais reduzidos à condição de mercadorias) transformam a
representação de pessoas e particularidades em espetáculo e em objetos consumíveis (“tudo e 
todos têm o seu preço”). A noção de democratização e a idéia de acesso e de atendimento aos 
desejos mais subjetivos pelo consumo são a chave para a persuasão nas interlocuções e 
relações sociais contemporâneas. 
8 
Neste movimento, outra tendência discursiva pode ser identificada: a tecnologização. 
Como as duas tendências anteriores denotam “mudanças efetivas nas práticas de discurso” 
(FAIRCLOUGH, 2001, p.247), a inscrição dos seus elementos-chave no horizonte da 
democracia e do consumo possibilita a produção de “novos” discursos com estes elementos 
persuasivos. Na tecnologização, a “intervenção consciente nas práticas discursivas é um fator 
cada vez mais importante na produção de mudança” (idem, ibidem). Portanto, junto às duas 
outras tendências, a tecnologização também tem participação central na mudança discursiva e 
social. 
Com efeito, a tecnologização é o uso do apelo à democracia e ao consumo (ao “livre 
acesso” – desde que se tenha dinheiro – a informações, pessoas, sentimentos representados 
como produtos). Desta forma, o aparato tecnológico, articulando linguagens, se oculta 
discursivamente como veículo ou como mediação, dando uma aparência de neutralidade na 
narração de fatos. Através das estratégias de produção de efeitos de sentidos, sugere que seu 
texto não seja apenas democrático (efeito de interlocução), mas transparente (efeito de real), 
promovendo o acesso e o consumo de todos a pessoas, situações e particularidades, 
espetacularizando-as, coisificando-as (efeito de hiper-real). 
Diante de todo este processo de produção de sentidos, não podemos ignorá-lo em 
qualquer proposta de inserção da tecnologia na escola. Como veremos mais adiante, a prática 
escolar de leitura e circulação dos textos produzidos a partir da mediação midiática é 
primordial para a apropriação da tecnologia pela escola. 
Os modos de acesso e os sentidos atribuídos às tecnologias na escola 
Em um dos estudos que fundamentam este artigo, foi realizada uma pesquisa de 
campo com o propósito de investigar os modos pelos quais as tecnologias têm sido 
introduzidas e os sentidos atribuídos a elas por parte de professores e alunos, em duas escolas 
inscritas em realidades distintas, localizadas em bairros da Zona Sul do município do Rio de 
Janeiro: a Escola X, pública voltada para as classes subalternas; e a Escola Y, privada e “de 
ponta”, voltada para atender às classes dominantes.
9 
A Escola X possui apenas um laboratório de informática com 20 computadores 
conectados à internet para atender a todas as turmas e, pelo que foi possível verificar, em 
situações e horários muito limitados. Seus alunos, de classe média baixa, são oriundos de 
vários bairros: Botafogo, Cidade de Deus, Copacabana, Gávea, Jacarepaguá, Leblon, Rio das 
Pedras, Rocinha e Vidigal. Enquanto isso, a Escola Y possui uma gama de tecnologias em 
laboratórios e em salas de aula para fins específicos, além de dois setores de coordenação de 
projetos na área de Informática e de Mídia e Educação. 
Nestes dois contextos, as entrevistas com os professores se basearam em questões do 
tipo: (1) De que forma as TIC estão entrando na escola? e (2) Qual é a contribuição das TIC 
para as suas práticas pedagógicas? E para o desempenho de seus alunos? Com os alunos, as 
perguntas básicas foram: (1) Que sentido(s) você atribui aos usos das TIC: como as TIC 
entram na sua vida escolar e extraescolar? Qual a contribuição das tecnologias para o seu 
desempenho escolar? e (2) Que relação pode ser estabelecida entre as TIC e o mundo do 
trabalho (futuro profissional)? 
Na escola X, o discurso dos professores e dos alunos atribui à presença das TIC a 
solução dos problemas como o “atraso” da escola em relação a outras instituições sociais e 
como “a saída” para “preparar o aluno para o mercado de trabalho”, como podemos observar 
em uma fala de um dos professores: “as TIC [na escola] seriam tudo: mudança paradigmática 
e ferramenta: peças fundamentais para a vida moderna que a globalização não pode 
prescindir. Para conseguir trabalho o nosso aluno tem que saber informática, mexer com 
computador”. 
Já na Escola Y, as enunciações dos professores e dos alunos também convergem para 
um mesmo sentido: encaram as TIC como meio de participar da vida social, seja dentro ou 
fora da escola. Consideram as TIC como suportes para a produção de sentidos e circulação de 
seus textos e leituras diversas, como podemos observar em fala de alunos: “pessoas que não 
usam tecnologias são marginalizadas na nossa sociedade [...] As tecnologias são muito 
importantes para estudar, pesquisar, para me comunicar com meus amigos. Elas são 
imprescindíveis no meu dia a dia, pois me auxiliam em todas as tarefas da escola e mesmo 
fora da escola”. 
A Escola X, de acordo com o discurso hegemônico presente nas práticas relacionadas 
às políticas educacionais (BARRETO, 2009), prioriza a presença das TIC sem remeter às suas 
apropriações pedagógicas, na medida em que busca garantir o simples acesso às TIC, em si, 
em detrimento de modos de acesso que viessem a conferir múltiplas possibilidades de usos, 
com vistas a propostas pedagógicas inovadoras, ao desenvolvimento de projetos pessoais e
profissionais de sucesso (MAGALHÃES, 2008). Já na Escola Y, os modos de acesso estão 
presentes, mas considerando as tecnologias como suportes na produção de sentidos e práticas 
sociais, como meio de veiculação de textos, leituras e sentidos produzidos na mediação 
possibilitada pelas TIC. Nesta tendência, os textos multimidiáticos são considerados como 
espaço de produção de sentidos e como condição fundamental para a apropriação das TIC 
pela escola. 
10 
Na primeira, o discurso docente sugere que o acesso às TIC corresponda à saída para a 
“empregabilidade” dos alunos, considerando as deficiências da escolarização e as poucas 
oportunidades extraescolares. As tecnologias são ditas salvadoras do processo ensino-aprendizagem. 
Questões alusivas ao para quê TIC na educação são postas em perspectiva 
instrumental, sendo negadas condições favoráveis para sua incorporação no trabalho escolar. 
Resta então o fetiche de que, se presentes, as TIC equacionariam as questões estruturais do 
ensino. 
Na segunda, o discurso assume as TIC como suporte que pode conferir agilidade e 
inovação ao trabalho, através de modos de acesso que contribuam no processo ensino-aprendizagem, 
por estarem integradas tanto na vida escolar, quanto na vida pessoal e futuro 
profissional dos alunos, contemplando suas necessidades e interesses e sustentando 
possibilidades de trabalho autônomo e criativo. 
A dualidade escolar, presente nos discursos dos professores, nos remete à teoria 
política de Gramsci (1991), na discussão sobre a “escola interessada”, com sua função de 
reprodução social e a escola unitária, “desinteressada”, como instrumento crucial na luta pela 
transformação política e social, bem como sobre o papel dos educadores como intelectuais 
orgânicos das camadas populares, comprometidos com a transformação das atuais condições 
políticas, econômicas e sociais, de modo a não perpetuar escolas diferenciadas por classes: 
subalternas e dominantes. 
O discurso dos professores apontou o fortalecimento da escola “interessada”, com a 
incorporação das TIC aprofundando a dualidade, na medida em que é reforçada a divisão 
entre a escola profissionalizante/técnica, para as classes subalternas, atendendo ao mercado de 
trabalho, no cenário da “globalização”; e a escola para as classes dominantes, cujos processos 
formativos são pensados para manter esta condição, em que as TIC se constituem como parte 
do trabalho docente e como espaço de produção de sentidos, seja para o professor, seja para o 
aluno, seja para as relações entre estes sujeitos. 
Em síntese, a dualidade escolar é caracterizada pela coexistência de projetos de 
educação diferenciados para classes sociais distintas, a serviço da manutenção da ordem
social hegemônica, fortalecendo a função reprodutora da atividade educacional (BARRETO e 
MAGALHÃES, 2009, p.128), bem como a redução das questões envolvidas à sua dimensão 
técnica. 
O trabalho pedagógico com textos multimidiáticos como forma de apropriação das TIC 
nas escolas: pela superação da concepção instrumental hegemônica de inserção 
educacional das TIC 
11 
Desde a infância, desenvolvemos práticas de linguagem para vivermos em sociedade e 
isto significa que nossa cultura, modos de ser, de interagir e pleitear nossos valores são 
motivados em boa parte pelo local em que vivemos. No entanto, hoje não vivemos limitados 
ao espaço físico em que habitamos, há uma mistura dinâmica de culturas em que, no 
movimento intercultural (CANCLINI, 2009), na mediação (MARTÍN-BARBERO, 1997) 
produzida pelos textos veiculados pelas TIC, traçamos “as linhas imaginárias de uma nova 
cartografia cultural” (SARLO, 2000, p.101). Diante destas novas configurações culturais e 
tendências discursivas, desde muito cedo aprendemos que, se quisermos ser ouvidos, 
precisamos usar os mesmos meios, textos e apelos discursivos contemporâneos a nós. 
No entanto, como vimos nas seções anteriores, as escolas destinadas à massa, tendem 
privilegiar a presença das TIC, sem remeter às apropriações pedagógicas de seus textos e 
mediação multimidiática. Neste movimento de garantir o simples acesso, tendem a ignorar a 
condição de produção específica dos textos contemporâneos, privilegiando a linguagem 
verbal escrita em detrimento da articulação das linguagens. Desta maneira, são 
negligenciados, não apenas a tecnologia ou os seus textos, mas as novas formas de 
comunicação estabelecidas na mediação multimidiática. O que devia ser uma das 
preocupações primárias da escola – democratizar subsídios para participarmos melhor da 
sociedade em que estamos inseridos – é posto de lado. Afinal, novos textos precisam ser lidos 
de forma contemporânea. 
Então, a condição fundamental para promover a apropriação das TIC na escola é 
trabalhar com seus textos, com a finalidade de pavimentar a participação das pessoas via 
leitura e produção de textos multimidiáticos na escola. Como vimos na seção anterior, para 
nos apropriarmos das tecnologias na escola não é suficiente possibilitar o acesso material à 
elas, nem tampouco o ensino “técnico” para aprendermos a “mexer” nas TIC. Afinal, não é 
necessário, por exemplo, aprender como funciona a TV para interagir criticamente com seus 
textos audiovisuais, assim como não precisamos saber tecnicamente como a internet funciona
para participarmos de várias instituições e relações estabelecidas no acesso, leituras, textos e 
sentidos produzidos e veiculados pela internet. 
12 
A partir desta convicção, outra pesquisa de campo que fundamenta este artigo foi 
realizada em uma escola situada em uma região metropolitana do Rio de Janeiro. Nesta 
escola, nem mesmo um só computador havia para ser usado, nem por professores e o que dirá 
com alunos, exceto aquele bem obsoleto para uso nas tarefas burocráticas da direção. 
Trabalhamos com uma de suas turmas leituras de textos contemporâneos, seja no 
suporte livro, televisão, DVD. Quando conhecemos a turma, percebemos muitas brincadeiras 
preconceituosas e apelidos jocosos que incomodavam a todos. Então, trabalhamos com 
diversos textos, alguns livros, como o “Até as princesas soltam pum” (BRENMAN & 
ZILBERMAN, 2008), “Pandolfo Bereba” (FURNARI, 2000), “O frio pode ser quente?” 
(MANSUR, 2004), “Menina bonita do laço de fita” (MACHADO, 2005), “O cabelo de Lelê” 
(BELÉM, 2007); “Minhas contas” (ANTÔNIO, 2008) e “Tudo bem ser diferente” (PARR, 
2009). Trabalhamos também algumas campanhas multimidiáticas, que circulam na TV e na 
internet em sites como Youtube, como “Free Hugs (Abraço de graça)”, “Niños con cáncer”, 
“Racismo: teste das bonecas”, “Onde você guarda o seu racismo?”, “Balablok”. 
Depois de conversarmos sobre estes textos, fazíamos novos. Nos encontros finais do 
ano passado resolvemos que faríamos uma campanha contra o preconceito. Os alunos 
decidiram fazer textos que pudessem compor a campanha. Fizeram cartazes para espalhar pela 
escola, como este abaixo, mas concluíram que o tipo de texto que poderia atingir mais gente 
seria o que pudesse ser veiculado pela internet, televisão e/ou celular. 
O mais interessante foi o fato deles se mobilizarem para elaborar os textos. Alguns 
faziam pesquisas, orientadas pelos pares, no “computador da igreja” e enviavam material por 
e-mail para pesquisadora e para as bolsistas. Pediam para bolsistas editarem os filmes que 
foram feitos com os alunos na câmera filmadora do projeto e, quando possível, tentávamos 
editar o material juntos no notebook da pesquisa.
13 
Neste momento da pesquisa, ficamos de fazer novos filmes e campanhas 
multimidiáticas contra preconceitos e sobre outros temas para divulgar no Youtube. 
Diante dos resultados destes estudos, é possível afirmar que o artefato tecnológico em 
si é importante, mas não é essencial para um trabalho para apropriação das TIC e seus textos 
pelos sujeitos envolvidos em um processo educativo. Em tempos de excitação tecnológica 
(WOLTON, 2010), em que “as relações sociais e os processos de produção simbólica estão 
cada vez mais midiatizados” (MORAES, 2006, p.11), o fundamental é considerar os textos 
contemporâneos como espaços de produção de sentidos e práticas na formação e participação 
social dos sujeitos. 
Referências Bibliográficas 
ANTÔNIO, L. & KONDO, D. Minhas contas. São Paulo: Cosac Naify, 2008. 
BACCEGA, M. A. Televisão e escola: uma mediação possível? São Paulo: SENAC, 2003. 
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 11ª ed. São Paulo: Hucitec, 2004. 
BARRETO, R. G. Discursos, tecnologias, educação. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2009. 
BARRETO, R. G. & MAGALHÃES, L. K. C. de. Dualidade escolar: os sentidos das TIC. In: 
BARRETO, R. G. Discursos, tecnologias, educação. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2009. 
BARRETO, R. G. et al. Educação e Tecnologia (1996-2002). Brasília: INEP, 2006. v. 1. 
213p. 
BARRETO, R. G. Formação de professores, tecnologias e linguagens: mapeando novos e 
velhos (des)encontros. São Paulo: Loyola, 2002. 
BARTHES, R. O óbvio e o obtuso: ensaios sobre fotografia, cinema, pintura, teatro e música. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. 
BAUDRILLARD, J. Tela total: mitos e ironias da era do virtual e da imagem. Porto Alegre: 
Sulina, 1997.
BELÉM, V & MENDONÇA, A. O cabelo de Lelê. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 
2007. 
BRENMAN, I. & ZILBERMAN, I. Até as princesas soltam pum. São Paulo: Brinque-Book, 
2008. 
BULLARA, B.; MONTEIRO, M. Cinema: uma janela mágica. Rio de Janeiro: Memórias 
Futuras: Cineduc, 1991. 
CANCLINI, N. G. Diferentes, desiguais e desconectados. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 
2009. 
DEBORD, G. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo. São 
Paulo: Contraponto, 1997. 
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da ANPEd. Caxambu, 2006. 
FURNARI, E. Pandolfo Bereba. São Paulo: Moderna, 2000. 
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 1991, 244p 
GUIMARÃES, G. A articulação de linguagens na TV. Tese (Doutorado em Educação) – 
Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. 
GUIMARÃES, G. & BARRETO, R. G. Mecanismos discursivos: articulação de linguagens 
na TV. Anais da 29ª Reunião Anual da ANPEd. Caxambu, 2007. 
KRISTEVA, J. História da linguagem. Lisboa: Edições 70, 1988. 
MACHADO, A. M. & CLAUDIUS. Menina bonita do laço de fita. 7ª Ed. São Paulo: Ática, 
2005. 
MAGALHÃES, L. K. C. Formação e trabalho docente: os sentidos atribuídos às tecnologias 
da informação e da comunicação. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, 
Programa de Pós-Graduação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 
2008. 
MANSUR, J. & MICHELE. O frio pode ser quente? 11 Ed. São Paulo: Ática, 2004. 
MARTÍN-BARBERO, J. & REY, G. Os exercícios do ver. São Paulo: Editora SENAC, 2001. 
MARTINS, J.de S. Exclusão social e a nova desigualdade. 3 ed. São Paulo: Edusp, 2008. 
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em http://processocom.wordpress.com/2009/04/08/comunicacao-e-controle-entrevista-com-armand- 
14 
mattelart/ Acesso em abr. 2009.
MATTELART, A. História da Sociedade da Informação. São Paulo: Edições Loyola, 2002. 
MORAES, D. de (Org.). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006 
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Eni P. (Org.) A leitura e os leitores. Campinas: Pontes, 1999. 
ORLANDI, E. P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: 
Pontes, 1987. 
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Desenvolvimento da Criatividade (NUDECRI), n. 01, 1995. 
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mundialização cultural e poder. São Paulo: Record, 2003. 
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de Janeiro: Editora da UFRJ, 2000. 
SFEZ, L. Crítica da comunicação. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 2000. 
SIBILIA, P. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
2008. 
SOUZA, T C. C de. A análise do não verbal e os usos da imagem nos meios de comunicação. 
Ciberlegenda, n.6, 2001. Disponível em <www.uff.br/mestcii/tania3.htm>. Acesso em: 30 
jan. 2003. 
WOLTON, D. Informar não é comunicar. Porto Alegre: Sulina, 2010. 
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  • 1. TEXTOS MULTIMIDIÁTICOS NA ESCOLA Glaucia Guimarães1 – UERJ - glauguimaraes23@gmail.com Ligia Karam Corrêa de Magalhães – UFRJ - ligiakaram@gmail.com Raquel Goulart Barreto – UERJ - raquel@uol.com.br Agência Financiadora: FAPERJ Os novos textos mediados pelas tecnologias da informação e da comunicação (TIC) possibilitaram novas formas de comunicar e, talvez não seja exagero afirmar, a produção destes textos multimídiáticos tem papel importante nas relações sociais e na formação educativa dos sujeitos. A partir da própria estruturação de seus textos, sons e imagens, a mídia vai estabelecendo modos de ensinar a ser (FISCHER, 2006), atuando na formação dos sujeitos, de forma tão ou mais decisiva que a escola, afinal o “ecossistema comunicativo da sociedade atual” é produzida pela mediação da mídia contemporânea (MARTÍN-BARBERO & REY, 2001, p.59). Nessa mediação, na interação entre o espaço da produção e o da recepção, o que se produz, por exemplo, na televisão não atende unicamente às necessidades da indústria cultural e às estratégias comerciais, mas também a exigências que vêm da trama cultural e dos modos de ver. A mídia não funciona sem assumir – e, ao assumir, legitimar – as demandas que vêm dos grupos receptores; mas, por sua vez, não pode legitimar essas demandas sem ressignificá-las em função do discurso social hegemônico (cf. MARTÍN-BARBERO, 1997). Com efeito, diante deste fenômeno muitos estudos se dedicam a investigar a relação entre mídia e processos formativos. Além disso, várias políticas públicas apontam para a inclusão da tecnologia na escola como forma de superar as desigualdades de acesso às tecnologias e de seus textos. Em uma análise mais detida da produção acadêmica e das diretrizes das políticas públicas em torno das questões que envolvem essa relação, é possível dizer que configuram três tendências dominantes de inserção das tecnologias na escola, que acabam por promover a inclusão degradada (MARTINS, 2007), isto é, a ampliação da oferta de vagas escolares e a presença da tecnologia na escola são conjugadas com uma crescente degradação material e simbólica da escola pública: (a) a primeira aborda o papel das tecnologias como instrumentos que possibilitam a Educação a Distância; (b) a segunda pensa no ensino via TIC para diversos 1 Trabalho produzido a partir de duas teses de doutoramento orientadas por Raquel Goulart Barreto: “A articulação de linguagens na TV: questões educacionais para a sociedade multimidiática” (ProPEd-UERJ, 2006), defendida por Gláucia Campos Guimarães e “Formação e trabalho docente: os sentidos atribuídos às tecnologias da informação e da comunicação”, defendida por Ligia Karam Corrêa de Magalhães. Incorpora, ainda, resultados da pesquisa “Articulação de linguagens na TV e leitura na escola: a apropriação dos textos multimidiáticos nas práticas pedagógicas”, desenvolvida com financiamento do Programa Prociência da UERJ/FAPERJ.
  • 2. usos, destinos e finalidades (para compor a grade de programação de TV educativa; para ensino lúdico através de jogos multimídia; para registro e ilustração de fenômenos que não podem ser presenciados facilmente; para auxiliar no ensino para portadores de necessidades especiais; para ser usado como simulador de situações; para aprendizagem eletrônica através de TV digital etc.); (c) a terceira propõe a inserção das TIC no ensino escolar – geralmente aquele destinado à maioria da população, como veremos na terceira seção deste artigo –, privilegiando sua dimensão técnica ou lúdica, com vistas a redimensionar ou modernizar as práticas escolares, amenizando as agruras didáticas do ensino formal ou com a finalidade de preparar o sujeito para o mercado de trabalho2. 2 Ocorre que apesar da contribuição valiosa que os estudos e algumas políticas públicas realizados no âmbito dessas três tendências trouxeram para a área, é preciso reconhecer que elas, na maioria das vezes, reduziram o meio, ora à sua dimensão técnica, ora à sua dimensão lúdica. Assim, acabaram ignorando outras possibilidades da relação entre a Escola e as TIC, entre a Educação e a Comunicação e, do nosso ponto de vista e de autores como Mattelart (2002; 2009), contribuíram para agravar ainda mais o fosso entre as escolas voltadas às classes dominantes e as destinadas às classes subalternas, em particular, no que diz respeito à linguagem, à leitura, ao acesso às tecnologias e seus textos contemporâneos. Isso porque, ao propor a inserção das tecnologias na escola apenas como mais um recurso, alimentando a esperança de que ela pudesse tornar as instituições de ensino mais contemporâneas e as aulas mais lúdicas, essas abordagens deixaram de lado o rico espaço de produção de sentidos dos textos contemporâneos na formação social, bem como questões como o novo-apartheid (Mattelart, 2009), o tecno-apartheid para Sibilia (2008), que nos parecem fundamentais na crise que a sociedade e que a escola enfrentam. Afinal, apesar das TIC terem transformado nossos modos de ver e ler, de conhecer e aprender (MARTÍN-BARBERO & REY, 2001), as práticas escolares, além de, na maioria das vezes, não trabalharem com esses modos, acabam ignorando o processo de produção de sentidos hegemônicos que se dão na articulação de linguagens nos textos multimidiáticos. Os textos multimidiáticos são aqueles que possibilitam a articulação de linguagens sob forma digital. De uma perspectiva técnica, multimídia é a tecnologia caracterizada por permitir a combinação, em um mesmo programa e sob forma digital, de mídias diversas: textos impressos, imagens, sons, etc., em movimento. Discursivamente, multimídia é a 2 Esta análise tem como fundamento o Estado do Conhecimento em Educação e Tecnologia (Barreto et al, 2006), em que foram analisadas teses, dissertações e artigos produzidos entre 1996 e 2002 e o estudo de Magalhães (2008) que focaliza a dualidade escolar caracterizada pela coexistência de projetos de inserção da tecnologia na escola diferenciados para classes sociais distintas.
  • 3. tecnologia que permite “a coexistência de distintas ordens de materialidade em um mesmo espaço" (Nunes, 1999, p.38). Mais ainda, em nossa perspectiva, os textos multimidiáticos possibilitam a articulação de linguagens e novos processos de produção de sentidos, diferentes daqueles produzidos por textos que privilegiam uma linguagem em detrimento de outras. 3 Neste contexto, objetivamos verificar como os textos produzidos e veiculados por meio das tecnologias circulam na escola, focalizando-os como espaços de produção de sentidos em sua constituição multimidiática: a leitura e a produção de textos que articulam linguagens (imagem, som, palavra) nas escolas, com a finalidade de superar a concepção instrumental que ainda sustenta muitas propostas e processos de inserção das TIC na educação. A constituição multimidiática dos textos contemporâneos produzidos na mediação tecnológica Há algum tempo, meios de comunicação como a carta, o jornal, a revista, o livro, privilegiavam a mediação através da linguagem verbal escrita. Por meio da imagem, podíamos nos comunicar usando desenhos, ilustrações ou fotografias, através de aparatos como a máquina fotográfica. A partir da linguagem sonora, configurávamos interlocuções veiculadas por tecnologias como o rádio e o telefone. Cada meio de comunicação estabelecia mediação específica, privilegiando uma linguagem: ou verbal, ou sonora ou imagética. Havia, então, um universo que recorria mais ao escrito, outro que privilegiava o som e ainda aquele que concedia mais importância à imagem (RAMONET, 2003). Atualmente, a tecnologia digital tem possibilitado a veiculação em grande escala de textos multimidiáticos que articulam as linguagens verbal, imagética e sonora (BARRETO, 2002; GUIMARÃES, 2006). Estes textos, diferentes dos de antigamente, compõem grande parte das mediações sociais contemporâneas, por meio de diferentes suportes tecnológicos, como a TV digital, a internet e os telefones celulares. Hoje não existem mais aparelhos apenas sonoros, como eram os telefones. Agora os telefones, assim como o computador com acesso à internet e a TV digital, veiculam articulações entre imagens fotográficas, imagens em movimento, textos audiovisuais, vídeos, “torpedos”, textos escritos com emoticons ou com carinhas [ ; ) =/ ; p =( :] ] feitas com sinais gráficos, hipertextos etc.
  • 4. 4 Estes textos têm produzido novas mediações e estão cada vez mais presentes na vida dos sujeitos, suscitando novos desafios para os processos de “comunicação, significação e demarcação” (KRISTEVA, 1988). Diante da complexificação dos textos, é importante assinalar que, como sempre, os sentidos produzidos em determinada sociedade não se originam em uma das partes dessa mediação, mas na relação entre os interlocutores sociais e sob determinadas condições de produção. Em nossa perspectiva, uma das condições fundamentais para a produção de tendências discursivas e da cultura contemporânea é a articulação de linguagens no processo de produção dos sentidos. Em outras palavras, a articulação de linguagens produz novos textos e incitam novas leituras diferentes das produzidas a partir dos textos que privilegiavam uma linguagem em detrimento das outras, portanto, é necessário que se considere a constituição multimidiática das práticas sociais de leitura e de produção destes textos na escola. A perspectiva discursiva da articulação de linguagens dos textos contemporâneos Extrapolando a Linguística, em nossa perspectiva, a linguagem verbal, a sonora, a imagética são linguagens plurais e que, além disso, elas se articulam nos textos contemporâneos, produzindo uma nova linguagem, própria dos textos multimidiáticos. Os modos de articulação de linguagens, além da possibilidade tecnológica de serem veiculados em diversos suportes (celular, computador, TV digital), são importantes condições de produção destes textos e de sentidos nas mediações contemporâneas. Deste modo, consideramos que as linguagens não são apenas coexistentes, como afirma Nunes (1999) ou apenas complementares (BARTHES, 1990; SOUZA, 2001), mas articuladas, remetendo a sentidos plurais, produzidos a partir de um dado contexto histórico. As articulações de linguagens produzem efeitos de sentido (PÊCHEUX, 1988) complexos, pois uma das linguagens é capaz de enfraquecer ou reforçar a outra, o que pode dissimular, legitimar e nortear determinados sentidos historicamente possíveis, ainda que não os garantam (BARRETO, 2002; GUIMARÃES, 2006). Muitos autores já consideravam a imagem e o som como formas simbólicas, sem considerá-las linguagens, como fica claro na afirmação de Fairclough (2001, p.23): “A ênfase [na análise do discurso] é sobre a linguagem e, portanto, textos linguísticos, mas é muito apropriado estender a noção de discurso a outras formas simbólicas, tais como imagens visuais e textos que são combinações de palavras e imagens”. Bakhtin (2004) também já ressaltava a importância que outras formas simbólicas
  • 5. possuem nas análises dos processos de significação. Para ele, o “tema” da enunciação, como a expressão de uma situação histórica concreta que lhe deu origem, não pode ser reduzido à análise apenas de sua linguagem verbal, porque ele “é determinado não só pelas formas lingüísticas que entram na composição (as palavras, as formas morfológicas e/ou sintáticas, os sons, as entoações), mas igualmente pelos elementos não verbais da situação” (BAKHTIN, 2004, p.128) e admite a participação de outros signos ideológicos (BAKHTIN, 2004, p.38): 5 Todas as manifestações da criação ideológica – todos os signos não-verbais – banham-se no discurso e não podem ser totalmente isoladas nem totalmente separadas dele. Isto não significa, obviamente, que a palavra possa suplantar qualquer outro signo ideológico. Nenhum dos signos ideológicos específicos, fundamentais, é inteiramente substituível por palavras. É impossível, em última análise, exprimir em palavras, de modo adequado, uma composição musical ou uma representação pictórica. Um ritual religioso não pode ser inteiramente substituído por palavras. Nem sequer existe um substituto verbal realmente adequado para o mais simples gesto humano. Negar isto conduz ao racionalismo e ao simplismo mais grosseiros. Todavia, embora nenhum desses signos ideológicos seja substituível por palavras, cada um deles, ao mesmo tempo, se apóia nas palavras e é acompanhado por elas, exatamente como no caso do canto e de seu acompanhamento musical (grifo nosso). Desta forma, podemos inferir que estes e outros autores privilegiam a palavra como “elemento essencial que acompanha toda criação ideológica, seja ela qual for” (BAKHTIN, 2004, p.37) e consideram que em todo ato ideológico há outras matérias significantes que fazem parte do processo de significação e de renovação ideológica, tais como a música, a imagem, a entonação, movimentos, expressões etc. Em outras palavras, consideram que as linguagens possuem sua “consistência significativa”, isto é, “há coisas que podem ser melhor ‘ditas’ em palavras, outras através das imagens, assim por diante e uma nunca traduz integralmente a outra, mas não focalizam a articulação entre elas na produção de sentidos. A noção de “consistência significativa” é fundamental para se compreender a necessidade material das diferentes linguagens, pois “cada matéria significativa significa a seu modo” (Orlandi, 1995, p.7). Há sentidos que podem ser mais bem trabalhados na música, outros através da imagem, outros por meio das palavras e, ainda, há textos multimidiáticos que significam na articulação das linguagens. Então, em nossa perspectiva, a articulação das diversas linguagens, e não apenas a consistência significativa de cada uma delas, é uma das mais importantes condições de produção dos sentidos e das tendências discursivas que norteiam nossas interlocuções e mediações contemporâneas.
  • 6. 6 Por este motivo, nas práticas contemporâneas de produção e de leitura de textos, é preciso que se leve em conta não só as diferentes linguagens, mas, também, e sobretudo, os modos de articulação entre elas. Em outras palavras, para participarmos da sociedade em que vivemos, mais dos que conhecermos as tecnologias, cada vez mais temos que produzir e ler textos produzidos na/pela articulação de linguagens. Daí a sua importância para entendermos e nos apropriarmos das TIC e de seus textos contemporâneos que circulam socialmente. Considerar as matérias significantes como linguagens e a articulação destas como condições fundamentais de produção de tendências discursivas contemporâneas significa que: (1) nos novos suportes digitais, as formas simbólicas e as articulações entre elas podem assumir múltiplos sentidos, sem perda da dimensão histórica; (2) as matérias significantes, também como necessidade histórica, não são articuladas aleatoriamente, mas em função da sua “consistência significativa”: matérias diferentes significam diferentemente; e (3) a presença de mais de uma forma simbólica não pode ser pensada como alternativa e nem como complementar às outras, mas objetivada a partir dos modos da sua articulação (GUIMARÃES & BARRETO, 2007). Então, apesar de haver alguns significantes imagéticos muito usados nos textos audiovisuais que tendem a produzir determinado efeito de sentido, há que se observar que eles não produzem sentidos isoladamente, muito menos um único para todas as ocasiões em que são exibidos e nem para todos os modos de articulação em que estejam inscritos. Por exemplo, uma imagem escura pode representar tristeza, mas, ao mesmo tempo, dependendo de sua articulação com o som e a palavra e em função do contexto, pode representar sofisticação3. Com efeito, os discursos são produzidos na articulação das linguagens e não somente por meio da imagem ou do som ou do verbal. As entonações de voz, os fundos musicais, etc. também participam do processo de produção dos sentidos. Nessa articulação, dados são ocultados ou exibidos em excesso, produzindo um efeito de sentido que induz a visões particulares e parciais. Analisando textos e tendências discursivas contemporâneas, Barreto (2002) identificou três modos básicos de articulação de linguagens: (1) a convergência, ou seja, o reforço mútuo de sentidos entre as matérias significantes; (2) a divergência, que consiste em articular matérias significantes apontando para sentidos diferentes (por exemplo, com a imagem e a 3 Bullara e Monteiro (1991, p.37) chamam atenção para o fato de que o “claro-escuro” era muito usado nos filmes brasileiros para dar a sensação de sofisticação: “os antigos fotógrafos, principalmente aqueles da época da Vera Cruz, utilizavam um claro-escuro rebuscado, tentando imitar os filmes europeus e norte-americanos da época”.
  • 7. linguagem verbal parecendo não tratar do mesmo assunto); e (3) a contiguidade, como proximidade muitas vezes associada à supressão de elementos que fariam parte de configurações textuais específicas, como foto e legenda em textos impressos e, ainda, a sequência de temas apresentados em textos multimidiáticos. 7 Estes modos de articulação de linguagens têm favorecido a produção de efeitos e tendências discursivas. Dentre os efeitos de sentidos, encontramos na análise de textos televisivos: (1) o “efeito de interlocução”; (2) o “efeito de real”; e (3) o “efeito de hiper-real” (GUIMARÃES, 2006). Atualmente, nos textos multimidiáticos, imagens, palavras e sons são “capturados” de situações reais (efeito de real) e de pessoas comuns (efeito de interlocução), transformando qualquer coisa ou pessoa em espetáculo (efeito de hiper-real). Através destes efeitos, a representação difundida nos textos contemporâneos pode ser inspirada e também pode inspirar a realidade, ou (re)criá-la, produzindo movimentos efêmeros, personalidades, formações, valores, etc. Estes efeitos de sentido configuram as tendências discursivas que Fairclough (2001) chama de “democratização” e “comodificação”. A primeira delas é uma espécie de democratismo que inclui a aceitação de dialetos sociais e variações lingüísticas, a “eliminação de marcadores explícitos de poder em tipos de discurso institucionais com relações desiguais de poder, a tendência à informalidade das línguas, e mudanças nas práticas referentes ao gênero na linguagem” (FAIRCLOUGH, 2001, p.250), sugerindo que todos ocupam lugares sociais iguais e têm a mesma possibilidade de acesso aos bens culturais. A comodificação é “a colonização de ordens de discurso institucionais e mais largamente da ordem de discurso societária por tipos de discurso associados à produção de mercadoria”, como marketing, publicidade, etc. (FAIRCLOUGH, 2001, p.255). Ou seja, com a “aquiescência” dos mais diversos espectadores (efeito de interlocução/”democratização”), tudo pode ser transformado discursivamente em mercadoria, em um “real espetacular” (efeitos de real e hiper-real) que apaga os limites entre o real e o ficcional, assim como entre as esferas pública e privada, gerando cada vez mais dividendos para as empresas da comunicação e da informação. Estas tendências discursivas supervalorizam qualquer ato, discurso ou movimento que pareça democrático, seja pelo aspecto da participação (produzido pelo efeito de interlocução), seja pela impressão de realidade espetacular ou de acesso livre à “realidade” (efeito de real e hiper-real). As tendências à “democratização” (ou democratismo) e à “comodificação” (coisificação: produtos culturais reduzidos à condição de mercadorias) transformam a
  • 8. representação de pessoas e particularidades em espetáculo e em objetos consumíveis (“tudo e todos têm o seu preço”). A noção de democratização e a idéia de acesso e de atendimento aos desejos mais subjetivos pelo consumo são a chave para a persuasão nas interlocuções e relações sociais contemporâneas. 8 Neste movimento, outra tendência discursiva pode ser identificada: a tecnologização. Como as duas tendências anteriores denotam “mudanças efetivas nas práticas de discurso” (FAIRCLOUGH, 2001, p.247), a inscrição dos seus elementos-chave no horizonte da democracia e do consumo possibilita a produção de “novos” discursos com estes elementos persuasivos. Na tecnologização, a “intervenção consciente nas práticas discursivas é um fator cada vez mais importante na produção de mudança” (idem, ibidem). Portanto, junto às duas outras tendências, a tecnologização também tem participação central na mudança discursiva e social. Com efeito, a tecnologização é o uso do apelo à democracia e ao consumo (ao “livre acesso” – desde que se tenha dinheiro – a informações, pessoas, sentimentos representados como produtos). Desta forma, o aparato tecnológico, articulando linguagens, se oculta discursivamente como veículo ou como mediação, dando uma aparência de neutralidade na narração de fatos. Através das estratégias de produção de efeitos de sentidos, sugere que seu texto não seja apenas democrático (efeito de interlocução), mas transparente (efeito de real), promovendo o acesso e o consumo de todos a pessoas, situações e particularidades, espetacularizando-as, coisificando-as (efeito de hiper-real). Diante de todo este processo de produção de sentidos, não podemos ignorá-lo em qualquer proposta de inserção da tecnologia na escola. Como veremos mais adiante, a prática escolar de leitura e circulação dos textos produzidos a partir da mediação midiática é primordial para a apropriação da tecnologia pela escola. Os modos de acesso e os sentidos atribuídos às tecnologias na escola Em um dos estudos que fundamentam este artigo, foi realizada uma pesquisa de campo com o propósito de investigar os modos pelos quais as tecnologias têm sido introduzidas e os sentidos atribuídos a elas por parte de professores e alunos, em duas escolas inscritas em realidades distintas, localizadas em bairros da Zona Sul do município do Rio de Janeiro: a Escola X, pública voltada para as classes subalternas; e a Escola Y, privada e “de ponta”, voltada para atender às classes dominantes.
  • 9. 9 A Escola X possui apenas um laboratório de informática com 20 computadores conectados à internet para atender a todas as turmas e, pelo que foi possível verificar, em situações e horários muito limitados. Seus alunos, de classe média baixa, são oriundos de vários bairros: Botafogo, Cidade de Deus, Copacabana, Gávea, Jacarepaguá, Leblon, Rio das Pedras, Rocinha e Vidigal. Enquanto isso, a Escola Y possui uma gama de tecnologias em laboratórios e em salas de aula para fins específicos, além de dois setores de coordenação de projetos na área de Informática e de Mídia e Educação. Nestes dois contextos, as entrevistas com os professores se basearam em questões do tipo: (1) De que forma as TIC estão entrando na escola? e (2) Qual é a contribuição das TIC para as suas práticas pedagógicas? E para o desempenho de seus alunos? Com os alunos, as perguntas básicas foram: (1) Que sentido(s) você atribui aos usos das TIC: como as TIC entram na sua vida escolar e extraescolar? Qual a contribuição das tecnologias para o seu desempenho escolar? e (2) Que relação pode ser estabelecida entre as TIC e o mundo do trabalho (futuro profissional)? Na escola X, o discurso dos professores e dos alunos atribui à presença das TIC a solução dos problemas como o “atraso” da escola em relação a outras instituições sociais e como “a saída” para “preparar o aluno para o mercado de trabalho”, como podemos observar em uma fala de um dos professores: “as TIC [na escola] seriam tudo: mudança paradigmática e ferramenta: peças fundamentais para a vida moderna que a globalização não pode prescindir. Para conseguir trabalho o nosso aluno tem que saber informática, mexer com computador”. Já na Escola Y, as enunciações dos professores e dos alunos também convergem para um mesmo sentido: encaram as TIC como meio de participar da vida social, seja dentro ou fora da escola. Consideram as TIC como suportes para a produção de sentidos e circulação de seus textos e leituras diversas, como podemos observar em fala de alunos: “pessoas que não usam tecnologias são marginalizadas na nossa sociedade [...] As tecnologias são muito importantes para estudar, pesquisar, para me comunicar com meus amigos. Elas são imprescindíveis no meu dia a dia, pois me auxiliam em todas as tarefas da escola e mesmo fora da escola”. A Escola X, de acordo com o discurso hegemônico presente nas práticas relacionadas às políticas educacionais (BARRETO, 2009), prioriza a presença das TIC sem remeter às suas apropriações pedagógicas, na medida em que busca garantir o simples acesso às TIC, em si, em detrimento de modos de acesso que viessem a conferir múltiplas possibilidades de usos, com vistas a propostas pedagógicas inovadoras, ao desenvolvimento de projetos pessoais e
  • 10. profissionais de sucesso (MAGALHÃES, 2008). Já na Escola Y, os modos de acesso estão presentes, mas considerando as tecnologias como suportes na produção de sentidos e práticas sociais, como meio de veiculação de textos, leituras e sentidos produzidos na mediação possibilitada pelas TIC. Nesta tendência, os textos multimidiáticos são considerados como espaço de produção de sentidos e como condição fundamental para a apropriação das TIC pela escola. 10 Na primeira, o discurso docente sugere que o acesso às TIC corresponda à saída para a “empregabilidade” dos alunos, considerando as deficiências da escolarização e as poucas oportunidades extraescolares. As tecnologias são ditas salvadoras do processo ensino-aprendizagem. Questões alusivas ao para quê TIC na educação são postas em perspectiva instrumental, sendo negadas condições favoráveis para sua incorporação no trabalho escolar. Resta então o fetiche de que, se presentes, as TIC equacionariam as questões estruturais do ensino. Na segunda, o discurso assume as TIC como suporte que pode conferir agilidade e inovação ao trabalho, através de modos de acesso que contribuam no processo ensino-aprendizagem, por estarem integradas tanto na vida escolar, quanto na vida pessoal e futuro profissional dos alunos, contemplando suas necessidades e interesses e sustentando possibilidades de trabalho autônomo e criativo. A dualidade escolar, presente nos discursos dos professores, nos remete à teoria política de Gramsci (1991), na discussão sobre a “escola interessada”, com sua função de reprodução social e a escola unitária, “desinteressada”, como instrumento crucial na luta pela transformação política e social, bem como sobre o papel dos educadores como intelectuais orgânicos das camadas populares, comprometidos com a transformação das atuais condições políticas, econômicas e sociais, de modo a não perpetuar escolas diferenciadas por classes: subalternas e dominantes. O discurso dos professores apontou o fortalecimento da escola “interessada”, com a incorporação das TIC aprofundando a dualidade, na medida em que é reforçada a divisão entre a escola profissionalizante/técnica, para as classes subalternas, atendendo ao mercado de trabalho, no cenário da “globalização”; e a escola para as classes dominantes, cujos processos formativos são pensados para manter esta condição, em que as TIC se constituem como parte do trabalho docente e como espaço de produção de sentidos, seja para o professor, seja para o aluno, seja para as relações entre estes sujeitos. Em síntese, a dualidade escolar é caracterizada pela coexistência de projetos de educação diferenciados para classes sociais distintas, a serviço da manutenção da ordem
  • 11. social hegemônica, fortalecendo a função reprodutora da atividade educacional (BARRETO e MAGALHÃES, 2009, p.128), bem como a redução das questões envolvidas à sua dimensão técnica. O trabalho pedagógico com textos multimidiáticos como forma de apropriação das TIC nas escolas: pela superação da concepção instrumental hegemônica de inserção educacional das TIC 11 Desde a infância, desenvolvemos práticas de linguagem para vivermos em sociedade e isto significa que nossa cultura, modos de ser, de interagir e pleitear nossos valores são motivados em boa parte pelo local em que vivemos. No entanto, hoje não vivemos limitados ao espaço físico em que habitamos, há uma mistura dinâmica de culturas em que, no movimento intercultural (CANCLINI, 2009), na mediação (MARTÍN-BARBERO, 1997) produzida pelos textos veiculados pelas TIC, traçamos “as linhas imaginárias de uma nova cartografia cultural” (SARLO, 2000, p.101). Diante destas novas configurações culturais e tendências discursivas, desde muito cedo aprendemos que, se quisermos ser ouvidos, precisamos usar os mesmos meios, textos e apelos discursivos contemporâneos a nós. No entanto, como vimos nas seções anteriores, as escolas destinadas à massa, tendem privilegiar a presença das TIC, sem remeter às apropriações pedagógicas de seus textos e mediação multimidiática. Neste movimento de garantir o simples acesso, tendem a ignorar a condição de produção específica dos textos contemporâneos, privilegiando a linguagem verbal escrita em detrimento da articulação das linguagens. Desta maneira, são negligenciados, não apenas a tecnologia ou os seus textos, mas as novas formas de comunicação estabelecidas na mediação multimidiática. O que devia ser uma das preocupações primárias da escola – democratizar subsídios para participarmos melhor da sociedade em que estamos inseridos – é posto de lado. Afinal, novos textos precisam ser lidos de forma contemporânea. Então, a condição fundamental para promover a apropriação das TIC na escola é trabalhar com seus textos, com a finalidade de pavimentar a participação das pessoas via leitura e produção de textos multimidiáticos na escola. Como vimos na seção anterior, para nos apropriarmos das tecnologias na escola não é suficiente possibilitar o acesso material à elas, nem tampouco o ensino “técnico” para aprendermos a “mexer” nas TIC. Afinal, não é necessário, por exemplo, aprender como funciona a TV para interagir criticamente com seus textos audiovisuais, assim como não precisamos saber tecnicamente como a internet funciona
  • 12. para participarmos de várias instituições e relações estabelecidas no acesso, leituras, textos e sentidos produzidos e veiculados pela internet. 12 A partir desta convicção, outra pesquisa de campo que fundamenta este artigo foi realizada em uma escola situada em uma região metropolitana do Rio de Janeiro. Nesta escola, nem mesmo um só computador havia para ser usado, nem por professores e o que dirá com alunos, exceto aquele bem obsoleto para uso nas tarefas burocráticas da direção. Trabalhamos com uma de suas turmas leituras de textos contemporâneos, seja no suporte livro, televisão, DVD. Quando conhecemos a turma, percebemos muitas brincadeiras preconceituosas e apelidos jocosos que incomodavam a todos. Então, trabalhamos com diversos textos, alguns livros, como o “Até as princesas soltam pum” (BRENMAN & ZILBERMAN, 2008), “Pandolfo Bereba” (FURNARI, 2000), “O frio pode ser quente?” (MANSUR, 2004), “Menina bonita do laço de fita” (MACHADO, 2005), “O cabelo de Lelê” (BELÉM, 2007); “Minhas contas” (ANTÔNIO, 2008) e “Tudo bem ser diferente” (PARR, 2009). Trabalhamos também algumas campanhas multimidiáticas, que circulam na TV e na internet em sites como Youtube, como “Free Hugs (Abraço de graça)”, “Niños con cáncer”, “Racismo: teste das bonecas”, “Onde você guarda o seu racismo?”, “Balablok”. Depois de conversarmos sobre estes textos, fazíamos novos. Nos encontros finais do ano passado resolvemos que faríamos uma campanha contra o preconceito. Os alunos decidiram fazer textos que pudessem compor a campanha. Fizeram cartazes para espalhar pela escola, como este abaixo, mas concluíram que o tipo de texto que poderia atingir mais gente seria o que pudesse ser veiculado pela internet, televisão e/ou celular. O mais interessante foi o fato deles se mobilizarem para elaborar os textos. Alguns faziam pesquisas, orientadas pelos pares, no “computador da igreja” e enviavam material por e-mail para pesquisadora e para as bolsistas. Pediam para bolsistas editarem os filmes que foram feitos com os alunos na câmera filmadora do projeto e, quando possível, tentávamos editar o material juntos no notebook da pesquisa.
  • 13. 13 Neste momento da pesquisa, ficamos de fazer novos filmes e campanhas multimidiáticas contra preconceitos e sobre outros temas para divulgar no Youtube. Diante dos resultados destes estudos, é possível afirmar que o artefato tecnológico em si é importante, mas não é essencial para um trabalho para apropriação das TIC e seus textos pelos sujeitos envolvidos em um processo educativo. Em tempos de excitação tecnológica (WOLTON, 2010), em que “as relações sociais e os processos de produção simbólica estão cada vez mais midiatizados” (MORAES, 2006, p.11), o fundamental é considerar os textos contemporâneos como espaços de produção de sentidos e práticas na formação e participação social dos sujeitos. Referências Bibliográficas ANTÔNIO, L. & KONDO, D. Minhas contas. São Paulo: Cosac Naify, 2008. BACCEGA, M. A. Televisão e escola: uma mediação possível? São Paulo: SENAC, 2003. BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 11ª ed. São Paulo: Hucitec, 2004. BARRETO, R. G. Discursos, tecnologias, educação. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2009. BARRETO, R. G. & MAGALHÃES, L. K. C. de. Dualidade escolar: os sentidos das TIC. In: BARRETO, R. G. Discursos, tecnologias, educação. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2009. BARRETO, R. G. et al. Educação e Tecnologia (1996-2002). Brasília: INEP, 2006. v. 1. 213p. BARRETO, R. G. Formação de professores, tecnologias e linguagens: mapeando novos e velhos (des)encontros. São Paulo: Loyola, 2002. BARTHES, R. O óbvio e o obtuso: ensaios sobre fotografia, cinema, pintura, teatro e música. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. BAUDRILLARD, J. Tela total: mitos e ironias da era do virtual e da imagem. Porto Alegre: Sulina, 1997.
  • 14. BELÉM, V & MENDONÇA, A. O cabelo de Lelê. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2007. BRENMAN, I. & ZILBERMAN, I. Até as princesas soltam pum. São Paulo: Brinque-Book, 2008. BULLARA, B.; MONTEIRO, M. Cinema: uma janela mágica. Rio de Janeiro: Memórias Futuras: Cineduc, 1991. CANCLINI, N. G. Diferentes, desiguais e desconectados. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009. DEBORD, G. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo. São Paulo: Contraponto, 1997. FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: Universidade de Brasília, 2001. FISCHER, R. M. Mídia, máquinas de imagens e práticas pedagógicas. Anais da 28ª Reunião da ANPEd. Caxambu, 2006. FURNARI, E. Pandolfo Bereba. São Paulo: Moderna, 2000. GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991, 244p GUIMARÃES, G. A articulação de linguagens na TV. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. GUIMARÃES, G. & BARRETO, R. G. Mecanismos discursivos: articulação de linguagens na TV. Anais da 29ª Reunião Anual da ANPEd. Caxambu, 2007. KRISTEVA, J. História da linguagem. Lisboa: Edições 70, 1988. MACHADO, A. M. & CLAUDIUS. Menina bonita do laço de fita. 7ª Ed. São Paulo: Ática, 2005. MAGALHÃES, L. K. C. Formação e trabalho docente: os sentidos atribuídos às tecnologias da informação e da comunicação. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. MANSUR, J. & MICHELE. O frio pode ser quente? 11 Ed. São Paulo: Ática, 2004. MARTÍN-BARBERO, J. & REY, G. Os exercícios do ver. São Paulo: Editora SENAC, 2001. MARTINS, J.de S. Exclusão social e a nova desigualdade. 3 ed. São Paulo: Edusp, 2008. MATTELART, A. Comunicação e controle: entrevista com Armand Mattelart. Disponível em http://processocom.wordpress.com/2009/04/08/comunicacao-e-controle-entrevista-com-armand- 14 mattelart/ Acesso em abr. 2009.
  • 15. MATTELART, A. História da Sociedade da Informação. São Paulo: Edições Loyola, 2002. MORAES, D. de (Org.). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006 NUNES, J. H. Aspectos da forma histórica do leitor brasileiro na atualidade. In: ORLANDI, Eni P. (Org.) A leitura e os leitores. Campinas: Pontes, 1999. ORLANDI, E. P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1987. ORLANDI, E. P. Efeitos do verbal sobre o não verbal. Rua (Revista do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade (NUDECRI), n. 01, 1995. PÊCHEUX, M. Semântica e discurso. Campinas, UNICAMP Editora, 1988. RAMONET, I. O poder midiático. In: MORAES, D. (Org.) Por outra comunicação: mídia, mundialização cultural e poder. São Paulo: Record, 2003. SARLO, B. Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte e videocultura na Argentina. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2000. SFEZ, L. Crítica da comunicação. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 2000. SIBILIA, P. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. SOUZA, T C. C de. A análise do não verbal e os usos da imagem nos meios de comunicação. Ciberlegenda, n.6, 2001. Disponível em <www.uff.br/mestcii/tania3.htm>. Acesso em: 30 jan. 2003. WOLTON, D. Informar não é comunicar. Porto Alegre: Sulina, 2010. 15