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Burnout
Curso de Auxiliar de Acção Médica
Formadora Patrícia Lima
2
O stresse pode ser positivo, mas o burnout é sempre negativo
Frustração do sujeito pelo não alcance dos resultados para os quais se
empenhou (Freudenberger, 1974)
Sentimento do sujeito de que dá muito mais do que aquilo que recebe
(Farber, 1999)
O sujeito percepciona incapacidade para fazer face às exigências, mas
empenha-se ainda mais, o que pode provocar exaustão emocional,
despersonalização e falta de realização pessoal (Maslach & Jackson,
1981)
3
Conceito de Burnout
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Exaustão física
(fadiga, ausência de energia)
Exaustão emocional
(depressão, desespero)
Exaustão atitudinal
(cinismo, percepção negativa
dos outros)
Stressores
pessoais
(elevada ambição)
Stressores
organizacionais
(sobrecarga de
trabalho)
Sentimentos de fraca
realização pessoal
Reacções
atitudinais e
comportamentais
(baixo desempenho,
perturbações no sono,
conflitos relacionais)
Esgotamento
(Pina e Cunha e col., 2006)
Modelo explicativo do esgotamento (burnout)
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Professores
Psicólogos
Médicos
Enfermeiros
Assistentes sociais
5
Factores intrínsecos a cada profissão
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Mais de metade dos trabalhadores da U.E. afirmam trabalhar a um
ritmo muito elevado e com prazos muito reduzidos;
Mais de um terço não exerce qualquer influência na sequência das
tarefas que lhe são confinadas;
Mais de um quarto não tem influência no seu ritmo de trabalho;
Cerca de metade afirmam executar tarefas monótonas e repetitivas;
13% queixam-se de dores de cabeça, 20% de fadiga e 28% de stress;
Estima-se em 20 mil milhões de euros anuais os custos causados pelo
stress no trabalho.
6
Dados estatísticos apresentados no Guia de Stress Ocupacional
da comissão europeia (1999; cit. em Pina e Cunha e col., 2006)
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
7
Definição de stress ocupacional
“Padrão de reacções emocionais, cognitivas, comportamentais e
psicológicas a aspectos adversos e nocivos relacionados com o
conteúdo, a organização e o ambiente de trabalho. (…) O
stresse é causado pelo desajustamento entre nós e o nosso
trabalho, pelos conflitos entre os nossos papéis relacionados com
o trabalho e outros papéis que lhe são exteriores, e pela ausência
de um razoável grau de controlo sobre o nosso próprio trabalho e
a nossa vida.”
Guia de Stresse Ocupacional da Comissão Europeia
(1999; cit. em Pina e Cunha e col., 2006)
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
O stress ocupacional ou das profissões é entendido como um
desajuste entre as exigências da profissão e as competênicas do
indivíduo.
(French et al., 1974; Kyriacou & Sutclife, 1979; Karasek et al., 1981, Cooper, 1988).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considerou em
1981, a profissão docente com uma profissão de risco físico e
mental.
8
Definição de stress ocupacional (década de 70)
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Stress intrínseco ao trabalho
(condições e características do
trabalho).
Papel organizacional
Relações interpessoais
Carreira profissional
Estrutura e clima organizacional
Relação entre o trabalho
e a família
9
Principais fontes de stress ocupacional (Cooper, 1988, Travers & Cooper, 1993)
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
10
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Auto Avaliação Burnout
Escala de tipo likert de 7 pontos (de 0 = nunca a 6 = todos os dias), com 22 itens,
distribuídos por três sub-escalas:
Exaustão emocional (itens 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e 20)
Despersonalização (itens 5, 10, 11, 15 e 22)
Realização pessoal (itens 4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21)
11
Maslach Burnout Inventory (MBI) (Maslach, Jackson & Leiter, 1996)
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Mudanças no ciclo de vida
Alterações que implicam uma enorme
capacidade de adaptação: morte de um
ente querido, divórcio, separação,
casamento, gravidez, doença...
Conflitos e dificuldades diários
Obstáculos que diariamente perturbam:
conflitos laborais, familiares, conflitos
internos...
Acontecimentos traumáticos
Situações de perigo extremo que não fazem
parte habitual do quotidiano: guerras,
desastres naturais, acidentes de viação,
violação, homicídio, assaltos violentos, maus
tratos...
Principais Desencadeadores
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
 Morte do parceiro
 Divórcio ou separação conjugal
 Pena de prisão
 Morte de familiar
 Casamento
 Reforma
 Mudança de emprego
 Problemas financeiros
 Grande hipoteca ou empréstimo
 Saída de filho de casa
 Mudança escola
 Férias
 Natal
Circunstâncias indutoras de stress
Acontecimentos de vida
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
14
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Factores de Stress
Alterações na vida dos indivíduos
 Ritmo acelerado
 Excessiva ambição
 Instabilidade profissional
 Elevada exigência e sobrecarga profissional
 Elevada competitividade
 Necessidade de apresentar “máscara de eficácia”
 Falta de controlo das situações
15
Factores gerais
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Para além de factores específicos da profissão, há factores pessoais
que influenciam o bem/mal-estar do indivíduo.
Nível de stresse = acontecimentos potencialmente stressantes
+ reacção pessoal aos acontecimentos (física, emocional, cognitiva ou
comportamental)
+ importância dos acontecimentos para o sujeito (feliz / triste;
preocupado / indiferente)
(Wilkinson, 2004)
Diferenças individuais na vulnerabilidade ao stresse
16
Factores pessoais
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Pouca capacidade auto-afirmativa
Fraca tolerância à frustração
Dificuldade em confrontar e resolver os problemas
Preocupação excessiva pelos acontecimentos do dia-a-dia
Marcada emocionalidade
17
Perfil do indivíduo vulnerável
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Úlceras e doenças inflamatórias
Asma
Dor de cabeça crónica
Cancro
Outras
Hipertensão
Doenças coronárias
18
Consequências
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Desordens Psicofisiológicas Desordens cardiovasculares
19
Inicio mais
provável
Mais
Recaídas
Maior quantidade
consumida
> >
1. Consumo de
Tabaco
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
20
> >
Humor
negativo:
(Ansiedade
e depressão)
>
2. Consumo de
álcool
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
21
3. Efeitos paradoxais na alimentação
Ingestão
insuficiente de
alimentos
Ingestão
exagerada de
alimentos
>
>
<
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
22
4. Comportamento
s que aumentam
a probabilidade
de adoecer ou
ferir-se
> >
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
23
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
24
Respostas induzida pelo stress
Stress
Alterações
biológicas
Alterações
cognitivas
Emoções
Alterações do
comportament
o observável
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
 Tensão muscular
 Taquicardia
 Respiração acelerada
 Sudação
 Rubor
 Alerta extremo
 Alterações apetite, sono e libido
 Fraqueza muscular ou tremores
 Sensação de enjoo
 Desconforto no peito
 Cansaço ou fraqueza
 Dores de cabeça e/ou costas
 Boca ou garganta secas
25
Sintomas físicos
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
26
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
27
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
 Dificuldades no processo de tomadas de decisão “Não sou
capaz...não sei...”
 Diminuição da tolerância à frustração
 Porque experiencia maior ansiedade é facilmente irritável
 Estado de maior preocupação com o futuro: ansiedade antecipatória
 Falta de concentração
 Dificuldade em reter informação
28
Sintomas cognitivos
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
O stress desorganiza o desempenho do comportamento humano.
Níveis demasiado baixos ou demasiado altos de stress tornam-se prejudiciais
para o desempennho.
Lei de Yerbes-Dodson (1908)
O stress interfere com o desempenho do indivíduo: quanto maior for a sua
intensidade do stress pior o desempenho se torna.
Dificuldade em tomar decisões: + agressivo ou + passivo
Recurso a drogas; consumo excessivo de bebidas alcoólicas; tabaco ou
comida.
Conflitos
Evitamentos
Absentismo
29
Modificações comportamentais
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
• Cólera
• Inveja
• Ciúme
• Ansiedade
• Medo
• Culpabilidade
• Vergonha
• Alívio
• Esperança
• Tristeza
• Felicidade
• Orgulho
• Amor
• Gratidão
• Compaixão
30
Sinais emocionais
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
Lazarus (1999) considera 15 tipos de emoções que podem ocorrer durante o
stress.
Prevenir e
controlar o
stresse
Mudar
comportamentos
individuais
Mudar
comportamento
s em contextos
profissionais
Promover
estilos de vida
saudáveis
31
O stress faz parte do dia-a-dia
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
 Repouse
 Preveja sempre algum tempo para “imprevistos”
 Não procure fazer demasiado
 Faça o melhor possível em função das suas
capacidades e limitações
 Optimize o seu insucesso
 Saboreie os seus sucessos
 Tenha tempo para si
 Agrade a si proprio(a)
 Saiba dizer não
 Fuja das pessoas pessimistas
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
 Há 7 acções principais que ajudam a eliminar os efeitos negativos
do stress. :
› Clarifique os seus valores: faça as coisas ao seu ritmo
› Melhore a relação consigo próprio: é sabido que todos as pessoas falam
consigo mesmas, só que muitas vezes negativamente, prevendo o
fracasso. Seja positivista e agressivo consigo mesmo.
› Aprenda a relaxar: retire-se para um sitio isolado, confortável e tente
relaxar afastando todas as distracções por 10 a 15 minutos.
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
› Faça exercício regularmente: Tente fazer exercício físico pelo menos
três vezes por semana.
› Divirta-se: A melhor maneira de evitar o esgotamento é divertir-se
um pouco de modo a renovar a sua orientação no trabalho e para
recarregar as baterias.
› Faça dieta: Mantenha o peso e tome sempre um pequeno almoço
normal.
› Evite as "substâncias": Evite o abuso da tabaco, do álcool e de
drogas.
34
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
35
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  • 1. Burnout Curso de Auxiliar de Acção Médica Formadora Patrícia Lima
  • 2. 2
  • 3. O stresse pode ser positivo, mas o burnout é sempre negativo Frustração do sujeito pelo não alcance dos resultados para os quais se empenhou (Freudenberger, 1974) Sentimento do sujeito de que dá muito mais do que aquilo que recebe (Farber, 1999) O sujeito percepciona incapacidade para fazer face às exigências, mas empenha-se ainda mais, o que pode provocar exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal (Maslach & Jackson, 1981) 3 Conceito de Burnout Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 4. Exaustão física (fadiga, ausência de energia) Exaustão emocional (depressão, desespero) Exaustão atitudinal (cinismo, percepção negativa dos outros) Stressores pessoais (elevada ambição) Stressores organizacionais (sobrecarga de trabalho) Sentimentos de fraca realização pessoal Reacções atitudinais e comportamentais (baixo desempenho, perturbações no sono, conflitos relacionais) Esgotamento (Pina e Cunha e col., 2006) Modelo explicativo do esgotamento (burnout) Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 5. Professores Psicólogos Médicos Enfermeiros Assistentes sociais 5 Factores intrínsecos a cada profissão Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 6. Mais de metade dos trabalhadores da U.E. afirmam trabalhar a um ritmo muito elevado e com prazos muito reduzidos; Mais de um terço não exerce qualquer influência na sequência das tarefas que lhe são confinadas; Mais de um quarto não tem influência no seu ritmo de trabalho; Cerca de metade afirmam executar tarefas monótonas e repetitivas; 13% queixam-se de dores de cabeça, 20% de fadiga e 28% de stress; Estima-se em 20 mil milhões de euros anuais os custos causados pelo stress no trabalho. 6 Dados estatísticos apresentados no Guia de Stress Ocupacional da comissão europeia (1999; cit. em Pina e Cunha e col., 2006) Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 7. 7 Definição de stress ocupacional “Padrão de reacções emocionais, cognitivas, comportamentais e psicológicas a aspectos adversos e nocivos relacionados com o conteúdo, a organização e o ambiente de trabalho. (…) O stresse é causado pelo desajustamento entre nós e o nosso trabalho, pelos conflitos entre os nossos papéis relacionados com o trabalho e outros papéis que lhe são exteriores, e pela ausência de um razoável grau de controlo sobre o nosso próprio trabalho e a nossa vida.” Guia de Stresse Ocupacional da Comissão Europeia (1999; cit. em Pina e Cunha e col., 2006) Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 8. O stress ocupacional ou das profissões é entendido como um desajuste entre as exigências da profissão e as competênicas do indivíduo. (French et al., 1974; Kyriacou & Sutclife, 1979; Karasek et al., 1981, Cooper, 1988). A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considerou em 1981, a profissão docente com uma profissão de risco físico e mental. 8 Definição de stress ocupacional (década de 70) Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 9. Stress intrínseco ao trabalho (condições e características do trabalho). Papel organizacional Relações interpessoais Carreira profissional Estrutura e clima organizacional Relação entre o trabalho e a família 9 Principais fontes de stress ocupacional (Cooper, 1988, Travers & Cooper, 1993) Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 10. 10 Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira Auto Avaliação Burnout
  • 11. Escala de tipo likert de 7 pontos (de 0 = nunca a 6 = todos os dias), com 22 itens, distribuídos por três sub-escalas: Exaustão emocional (itens 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e 20) Despersonalização (itens 5, 10, 11, 15 e 22) Realização pessoal (itens 4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21) 11 Maslach Burnout Inventory (MBI) (Maslach, Jackson & Leiter, 1996) Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 12. Mudanças no ciclo de vida Alterações que implicam uma enorme capacidade de adaptação: morte de um ente querido, divórcio, separação, casamento, gravidez, doença... Conflitos e dificuldades diários Obstáculos que diariamente perturbam: conflitos laborais, familiares, conflitos internos... Acontecimentos traumáticos Situações de perigo extremo que não fazem parte habitual do quotidiano: guerras, desastres naturais, acidentes de viação, violação, homicídio, assaltos violentos, maus tratos... Principais Desencadeadores Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 13.  Morte do parceiro  Divórcio ou separação conjugal  Pena de prisão  Morte de familiar  Casamento  Reforma  Mudança de emprego  Problemas financeiros  Grande hipoteca ou empréstimo  Saída de filho de casa  Mudança escola  Férias  Natal Circunstâncias indutoras de stress Acontecimentos de vida Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 14. 14 Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira Factores de Stress
  • 15. Alterações na vida dos indivíduos  Ritmo acelerado  Excessiva ambição  Instabilidade profissional  Elevada exigência e sobrecarga profissional  Elevada competitividade  Necessidade de apresentar “máscara de eficácia”  Falta de controlo das situações 15 Factores gerais Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 16. Para além de factores específicos da profissão, há factores pessoais que influenciam o bem/mal-estar do indivíduo. Nível de stresse = acontecimentos potencialmente stressantes + reacção pessoal aos acontecimentos (física, emocional, cognitiva ou comportamental) + importância dos acontecimentos para o sujeito (feliz / triste; preocupado / indiferente) (Wilkinson, 2004) Diferenças individuais na vulnerabilidade ao stresse 16 Factores pessoais Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 17. Pouca capacidade auto-afirmativa Fraca tolerância à frustração Dificuldade em confrontar e resolver os problemas Preocupação excessiva pelos acontecimentos do dia-a-dia Marcada emocionalidade 17 Perfil do indivíduo vulnerável Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 18. Úlceras e doenças inflamatórias Asma Dor de cabeça crónica Cancro Outras Hipertensão Doenças coronárias 18 Consequências Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira Desordens Psicofisiológicas Desordens cardiovasculares
  • 19. 19 Inicio mais provável Mais Recaídas Maior quantidade consumida > > 1. Consumo de Tabaco Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 20. 20 > > Humor negativo: (Ansiedade e depressão) > 2. Consumo de álcool Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 21. 21 3. Efeitos paradoxais na alimentação Ingestão insuficiente de alimentos Ingestão exagerada de alimentos > > < Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 22. 22 4. Comportamento s que aumentam a probabilidade de adoecer ou ferir-se > > Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 23. 23 Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 24. 24 Respostas induzida pelo stress Stress Alterações biológicas Alterações cognitivas Emoções Alterações do comportament o observável Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 25.  Tensão muscular  Taquicardia  Respiração acelerada  Sudação  Rubor  Alerta extremo  Alterações apetite, sono e libido  Fraqueza muscular ou tremores  Sensação de enjoo  Desconforto no peito  Cansaço ou fraqueza  Dores de cabeça e/ou costas  Boca ou garganta secas 25 Sintomas físicos Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 26. 26 Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 27. 27 Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 28.  Dificuldades no processo de tomadas de decisão “Não sou capaz...não sei...”  Diminuição da tolerância à frustração  Porque experiencia maior ansiedade é facilmente irritável  Estado de maior preocupação com o futuro: ansiedade antecipatória  Falta de concentração  Dificuldade em reter informação 28 Sintomas cognitivos Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 29. O stress desorganiza o desempenho do comportamento humano. Níveis demasiado baixos ou demasiado altos de stress tornam-se prejudiciais para o desempennho. Lei de Yerbes-Dodson (1908) O stress interfere com o desempenho do indivíduo: quanto maior for a sua intensidade do stress pior o desempenho se torna. Dificuldade em tomar decisões: + agressivo ou + passivo Recurso a drogas; consumo excessivo de bebidas alcoólicas; tabaco ou comida. Conflitos Evitamentos Absentismo 29 Modificações comportamentais Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 30. • Cólera • Inveja • Ciúme • Ansiedade • Medo • Culpabilidade • Vergonha • Alívio • Esperança • Tristeza • Felicidade • Orgulho • Amor • Gratidão • Compaixão 30 Sinais emocionais Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira Lazarus (1999) considera 15 tipos de emoções que podem ocorrer durante o stress.
  • 31. Prevenir e controlar o stresse Mudar comportamentos individuais Mudar comportamento s em contextos profissionais Promover estilos de vida saudáveis 31 O stress faz parte do dia-a-dia Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 32.  Repouse  Preveja sempre algum tempo para “imprevistos”  Não procure fazer demasiado  Faça o melhor possível em função das suas capacidades e limitações  Optimize o seu insucesso  Saboreie os seus sucessos  Tenha tempo para si  Agrade a si proprio(a)  Saiba dizer não  Fuja das pessoas pessimistas Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 33.  Há 7 acções principais que ajudam a eliminar os efeitos negativos do stress. : › Clarifique os seus valores: faça as coisas ao seu ritmo › Melhore a relação consigo próprio: é sabido que todos as pessoas falam consigo mesmas, só que muitas vezes negativamente, prevendo o fracasso. Seja positivista e agressivo consigo mesmo. › Aprenda a relaxar: retire-se para um sitio isolado, confortável e tente relaxar afastando todas as distracções por 10 a 15 minutos. Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 34. › Faça exercício regularmente: Tente fazer exercício físico pelo menos três vezes por semana. › Divirta-se: A melhor maneira de evitar o esgotamento é divertir-se um pouco de modo a renovar a sua orientação no trabalho e para recarregar as baterias. › Faça dieta: Mantenha o peso e tome sempre um pequeno almoço normal. › Evite as "substâncias": Evite o abuso da tabaco, do álcool e de drogas. 34 Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Tavira
  • 35. 35
  • 36. 36