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Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002 219
ARTIGO
ORIGINAL
Efeitos do treinamento físico de alta intensidade
sobre os leucócitos de ratos diabéticos
Camila Aparecida Machado de Oliveira, Gustavo Puggina Rogatto e Eliete Luciano
Universidade Estadual Paulista-Unesp – Departamento de Educação Física – Rio Claro, SP
Recebido em 11/12/01
2a versão recebida em 12/6/02
Aceito em 29/6/02
Endereço para correspondência:
Camila Aparecida Machado de Oliveira
Rua Josias Freire Santiago, 113, DER
13870-000 – São João da Boa Vista, SP
E-mail: camilaoliv@zipmail.com.br
± 4,4%). O peso relativo do timo foi reduzido pelo treina-
mento e pelo diabetes (CS = 125,0 ± 37,7, CT* = 74,6 ± 8,2,
DS*
= 47,5 ± 12,2, DT*
= 40,1 ± 16,9mg/100g). Esses resul-
tados permitem concluir que o treinamento físico de alta
intensidade não alterou o estado geral do diabetes, mas
aumentou os monócitos, o que pode representar um efeito
positivo sobre a resposta imunológica desses animais.
Palavras-chave: Overtraining. Sistema imunológico. Diabetes mel-
litus. Treinamento físico intenso.
ABSTRACT
Effects of high intensity physical training on the leuko-
cytes of diabetic rats
Several studies have demonstrated that regular physical
activity improves diabetes conditions, favoring the periph-
eral glucose uptake, glycogen and protein metabolism.
However, the effects of high intensity physical training on
the immune system of diabetic organisms are not totally
clear. The aim of this study was to verify the effects of high
intensity physical training on the total and differential leu-
kocyte count of diabetic rats. Male young Wistar rats were
distributed into four groups: sedentary control (SC), trained
control (TC), sedentary diabetic (SD) and trained diabetic
(TD). Diabetes was induced by alloxan (30 mg/kg body
weight i.v.). During six weeks the animals of TC and TD
groups followed a high intensity physical training proto-
col which consisted of four sets of 10 jumps/day (inter-
rupted by one minute of rest interval) in a swimming pool,
with the water level corresponding to 150% of the body
length and overload equivalent to 50% of the body weight.
At the end of the experimental period, blood samples were
collected for total and differential leukocyte count. The re-
sults were analyzed by ANOVA at a significance level of 5%.
Serum glucose was increased in diabetic groups while the
insulin level was reduced in these groups. There were no
significant differences in lymphocytes, neutrophils, and
eosinophils, and in total leukocyte count when the groups
were compared. Monocytes count was higher in both
RESUMO
Estudos têm demonstrado que o exercício físico regular
melhora as condições do diabetes, facilitando a captação
periférica da glicose e o metabolismo de glicogênio, pro-
teínas, etc. Por outro lado, pouco se conhece sobre os efei-
tos do exercício intenso em diabéticos, principalmente com
relação ao sistema imune desses organismos. O presente
estudo teve como objetivo verificar os efeitos de um trei-
namento físico de alta intensidade sobre a contagem total
e diferencial de leucócitos em ratos diabéticos. Ratos ma-
chos jovens Wistar foram distribuídos em quatro grupos:
controle sedentário (CS), controle treinado (CT), diabético
sedentário (DS) e diabético treinado (DT). O diabetes foi
induzido por aloxana (35mg/kg de peso corporal). Duran-
te seis semanas os animais dos grupos CT e DT realizaram
um protocolo de treinamento físico, que consistiu na reali-
zação de quatro séries de 10 saltos (intercaladas por um
minuto de intervalo) em piscina, com o nível da água cor-
respondendo a 150% do comprimento corporal e sobrecar-
ga equivalente a 50% da massa corporal dos animais. Ao
final do período experimental, amostras de sangue foram
coletadas para a contagem total e diferencial dos leucóci-
tos. Os resultados foram avaliados estatisticamente por
ANOVA com um nível de significância de 5%. A glicemia
foi aumentada entre os diabéticos e a insulinemia diminuí-
da. Não foram observadas diferenças significativas na con-
tagem diferencial dos linfócitos, neutrófilos, eosinófilos e
contagem total de leucócitos entre os grupos estudados.
Houve aumento dos monócitos entre os treinados (CS =
10,0 ± 4,5, CT* = 25,4 ± 7,9, DS = 19,75 ± 7,4, DT* = 25,8
220 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002
trained groups (SC = 10.0 ± 4.5, TC* = 25.4 ± 7.9, SD =
19.75 ± 7.4, TD* = 25.8 ± 4.4%). The relative weight of the
thymus was reduced by diabetes and training (SC = 125.0
± 37.7, TC* =74.6 ± 8.2, SD* = 47.5 ± 12.2, TD* = 40.1 ±
16.9). In conclusion, the high intensity physical training
protocol did not change the general diabetes conditions,
but improved relative monocytes. These results can repre-
sent a positive effect on the immune response.
Key words: Overtraining. Immune system. Diabetes mellitus. High
intensity physical training.
INTRODUÇÃO
A prática crônica do exercício físico induz diversas adap-
tações bioquímicas, principalmente no sistema muscular.
O treinamento aeróbio provoca alterações que favorecem
a aerobiose, aumentando tanto o número quanto o tama-
nho das mitocôndrias. Além disso, o exercício físico crôni-
co também resulta em adaptações orgânicas de acordo com
as exigências e o tipo de atividade1-3.
Quando atletas são submetidos a treinamentos além de
suas capacidades, no entanto, alguns sintomas de overtrai-
ning, como suscetibilidade à fadiga, distúrbios do sono,
perda de peso, dores de cabeça freqüentes, podem apare-
cer4. Estudos mostram ainda que a atividade física pode
promover modificações na concentração, na proporção e
nas funções das células brancas do sangue, especialmente
nos leucócitos polimorfonucleares, nas células matadoras
naturais (natural killer), e nos linfócitos, afetando também
as imunoglobulinas e outros fatores5
. Trabalhos citados por
Weineck4 mostram que, sob estimulação máxima, os hor-
mônios de estresse adrenalina e noradrenalina podem apre-
sentar aumentos de até 10 vezes dos valores basais, por até
uma hora depois da atividade; além disso, o cortisol e as
catecolaminas não são somente metabólitos ativos, mas
também levam a uma redistribuição dos leucócitos, apre-
sentando, desse modo, um efeito imunossupressor6.
Além dos hormônios do estresse, a glutamina (aminoá-
cido mais abundante no organismo), cuja maior fonte é o
músculo esquelético, é requerida para a proliferação e sín-
tese de nucleotídeo nos linfócitos. A concentração plasmá-
tica de glutamina declina agudamente depois de quatro ho-
ras de exercício intenso e seu nível durante repouso pode
estar baixo em atletas com overtraining, comprometendo
a função imune do organismo7.
Estudos epidemiológicos recentes, por outro lado, têm
proporcionado evidências de que o nível de atividade físi-
ca está associado com a incidência de diabetes mellitus
não insulino-dependente (DMNID), mostrando que um pro-
grama de exercício regular pode reduzir o risco de desen-
volvimento deste tipo de diabetes8-10.
De acordo com Powers e Howley11, a prescrição de exer-
cícios para diabéticos tipo II deve ter a freqüência de cinco
a sete vezes por semana e intensidade correspondente a
50% do VO2
máx, a fim de assegurar aumento da sensibili-
dade à insulina e a perda ou manutenção do peso corporal.
Estudos realizados com animais experimentais também
têm demonstrado melhoria do estado geral do diabetes pela
realização crônica de exercício físico, principalmente quan-
to aos aspectos relacionados com o metabolismo de subs-
tratos energéticos e as secreções hormonais12-14.
Pouco se conhece, entretanto, sobre os efeitos do exer-
cício de alta intensidade em diabéticos, principalmente com
relação ao sistema imune desses organismos.
Portanto, o objetivo do presente trabalho foi estudar os
efeitos do exercício físico de alta intensidade sobre a con-
tagem total e diferencial de leucócitos em ratos diabéticos.
MATERIAL E MÉTODO
Animais
Para o desenvolvimento deste trabalho, foram utilizados
20 ratos machos, adultos jovens, da linhagem Wistar. Os
animais eram provenientes do Biotério Central da Unesp-
Botucatu e foram mantidos no Biotério do Departamento
de Educação Física – IB – Unesp-Rio Claro. Os animais
foram alimentados com ração balanceada padrão para roe-
dores (Purina) e água ad libitum. Os ratos foram mantidos
em gaiolas plásticas coletivas (cinco por gaiola) à tempe-
ratura ambiente de 25ºC e fotoperíodo de 12 horas de claro
e 12 de escuro.
Para a obtenção do diabetes experimental, os ratos, de-
pois de permanecer 12 horas em jejum, foram anestesia-
dos com éter etílico para receber aloxana monoidratada Sig-
ma (35mg/kg de peso corporal), dissolvida em tampão
citrato 0,01M, pH 4,5 e injetada na veia peniana dorsal.
Posteriormente, os ratos tiveram livre acesso ao alimento e
receberam solução glicosada (30%) durante 24 horas15. A
comprovação do diabetes foi realizada 48 horas após a ad-
ministração de aloxana, através de determinação dos ní-
veis glicêmicos pelo método enzimático colorimétrico da
glicose-oxidase (Kit Laborlab).
Os animais foram distribuídos em quatro grupos, da se-
guinte forma: controle sedentário (CS); controle treinado
(CT); diabético sedentário (DS) e diabético treinado (DT).
Treinamento físico
Após um período de adaptação ao meio líquido (uma
hora de natação por dia durante dois dias, sem utilização
de sobrecarga), os animais dos grupos CT e DT realizaram
um programa de atividade física que consistiu de saltos em
tanque com água, com sobrecarga equivalente a 50% do
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002 221
peso corporal de cada animal, acoplada ao tórax. A sessão
de treinamento consistiu na realização de quatro séries de
10 saltos com um minuto de intervalo entre as séries. Fo-
ram feitas cinco sessões semanais de treinamento durante
seis semanas16
.
A temperatura da água foi mantida entre 30ºC e 32ºC
por ser considerada termicamente neutra em relação à tem-
peratura corporal do rato17.
Os saltos foram realizados em um tubo de PVC com
250mm de diâmetro, visando limitar a alternativa do ani-
mal em seguir para outra direção, favorecendo dessa for-
ma o salto. O tubo com fundo vazado foi colocado em tan-
ques de amianto com 100cm de comprimento, 20cm de
largura, com água em profundidade correspondente a 150%
do comprimento corporal do rato16,18.
gotas de água destilada sobre a mesma e, após 10 minutos,
a lâmina foi lavada com água destilada. O material foi guar-
dado por um dia para a secagem. Depois de secas, as lâ-
minas foram analisadas no microscópio Zeiss, com a uti-
lização de óleo de imersão entre a objetiva e o material
observado. Foi realizada a contagem diferencial dos leu-
cócitos utilizando-se um contador mecânico, onde foram
registrados os tipos de leucócitos encontrados e posterior-
mente anotados quando completado o número total de 100
células na lâmina observada19.
Os animais foram então sacrificados por decapitação e o
sangue foi coletado e centrifugado para determinação da
glicemia (método da glicose oxidase)20 e insulinemia por
radioimunoensaio (R.I.A.) (Kit Coat-a-Count – DPC, USA).
Foi realizada laparotomia mediana para remoção e pesa-
gem do timo.
Análise estatística
Os resultados foram analisados estatisticamente pela
análise de variância (ANOVA two-way) e teste Post Hoc de
Bonferroni, com um nível de significância preestabelecido
de 5%.
RESULTADOS
A glicemia dos ratos dos grupos controle e experimental
encontra-se representada na tabela 1. Os resultados indi-
cam aumento significativo (p < 0,05) da glicose sérica en-
tre os grupos DS e DT, caracterizando o diabetes mellitus.
Observamos ainda significativa redução (p < 0,05) da in-
sulinemia nos grupos DS e DT, o que também confirma o
quadro da doença (tabela 1). Não foram observados efei-
tos decorrentes do esquema de exercício físico proposto
sobre esses aspectos.
O peso relativo do timo (PRT) foi menor nos grupos CT,
DS e DT, mostrando involução deste órgão entre os grupos
experimentais quando comparados com o controle (tabela
1). A análise estatística revelou interação no referido parâ-
metro.
Os valores obtidos no hematócrito não diferiram entre
os grupos experimentais, como mostrado na tabela 1.
Quanto à contagem total de leucócitos, os resultados
obtidos não mostram alteração significativa no número
destas células (tabela 2).
No que diz respeito à contagem diferencial de leucóci-
tos, não foi verificada diferença significativa entre os gru-
pos para os linfócitos (tabela 2).
Com relação aos monócitos, houve aumento significati-
vo no número destas células nos grupos CT e DT, conforme
a tabela 2. A análise estatística mostrou interação nesse
subgrupo de leucócitos.
250mm
H20 a
150% do
comprimento
corporal do
rato
Fig. 1 – Instrumento para a realização de saltos em piscina (reproduzi-
do com autorização de Rogatto GP e Luciano E16).
Coleta e análise de material biológico
Ao final do período experimental, foram coletadas duas
amostras de sangue da parte distal da cauda de cada rato,
sem a utilização de anestesia. A coleta foi feita 24 horas
após a última sessão de treinamento. Uma das amostras foi
obtida com pipeta específica para glóbulos brancos, com-
pletada e diluída em solução de Turk, agitando-se por três
minutos. Depois de agitada, a solução foi gotejada na câ-
mara de Neubauer e realizada a contagem total de leucóci-
tos, em microscópio Zeiss19
.
A outra amostra de sangue foi coletada em uma lâmina
de vidro e, posteriormente, feito o esfregaço desta. Despe-
jou-se corante de Leishman, deixando-o reagir sobre a su-
perfície por 15 minutos. Logo em seguida pingaram-se 10
222 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002
Os neutrófilos (tabela 2) não sofreram nenhuma altera-
ção significativa entre os grupos estudados.
Diferença significativa também não foi encontrada en-
tre os grupos na contagem de eosinófilos, como mostrado
na tabela 2.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Vários estudos têm demonstrado que o exercício físico
regular melhora as condições do diabetes, facilitando a
captação periférica da glicose, o metabolismo de glicogê-
nio, proteínas, etc.13,15. Pouco se conhece, no entanto, so-
bre os efeitos do exercício de alta intensidade em diabéti-
cos, principalmente com relação ao sistema imune desses
organismos.
De acordo com os resultados obtidos no experimento,
observamos que houve aumento significativo (p < 0,05) da
glicemia nos grupos DS e DT, que, por apresentarem produ-
ção diminuída de insulina, conseqüentemente têm prejudi-
cada a captação da glicose pelas células corporais, além de
aumento na gliconeogênese, resultando em hiperglicemia.
Os resultados mostram também que não houve diferença
significativa entre esses grupos (DS e DT). Alguns autores
mostram que a atividade física promove aumento na assi-
milação de glicose e na sensibilidade à insulina pelas célu-
las18. Entretanto, isso ocorre durante e imediatamente após
a realização aguda do exercício. Dessa forma, não se de-
tectou alteração na glicemia, uma vez que o sacrifício ocor-
reu na condição de repouso.
Na seqüência dos resultados observamos significativa
redução (p < 0,05) da insulinemia nos grupos DS e DT, com-
provando o estabelecimento do diabetes mellitus, induzi-
do experimentalmente por ação da droga aloxana, que age
destruindo as células β das ilhotas de Langerhans do pân-
creas, que produzem e secretam a insulina.
Com relação ao peso relativo do timo, os grupos CT, DS e
DT apresentaram significativa redução da massa, mostran-
do maior taxa de involução (tabela 1). Esses resultados
corroboram os encontrados na literatura. De acordo com
Concordet e Ferry21
e Domínguez-Gerpe e Rey-Méndez22
,
o timo responde ao estresse crônico (como o exercício in-
tenso e/ou diabetes) de maneiras diferentes. Involução tran-
sitória e perda reversível da massa do timo são freqüente-
mente observadas. Conforme os referidos pesquisadores,
têm sido aceitas algumas hipóteses para explicar tal altera-
ção. A ligação dos glicocorticóides na superfície dos re-
ceptores das células do timo pode levar à depleção dos timó-
citos no córtex. Outros dados sugerem que essa involução
possa ser reflexo de uma reduzida migração de células pre-
TABELA 1
Glicemia (mg/dL), insulina sérica (mUI/mL), peso relativo do timo (PRT)
(mg/100g) e hematócrito (%) dos ratos dos grupos CS, CT, DS e DT.
Resultados expressos como média ± desvio padrão
Grupos Glicose Insulina PRT Hematócrito
CS 089,9 ± 05,5 8,2 ± 2,0 125,0 ± 37,7 49,5 ± 2,3
CT 086,5 ± 09,3 7,5 ± 0,8 074,6 ± 08,2a 50,0 ± 1,5
DS 308,2 ± 33,1a,b 4,9 ± 0,6a,b 047,5 ± 12,2a,b 50,5 ± 1,0
DT 343,2 ± 49,8a,b 4,6 ± 0,3a,b 040,1 ± 16,9a,b 49,0 ± 2,0
a. ≠ CS; b. ≠ CT; c. DS ≠ DT.
TABELA 2
Contagem diferencial de linfócitos, monócitos, neutrófilos e eosinófilos
e contagem total de leucócitos (nº de células x 103 por mm3 de sangue).
Resultados expressos como média ± desvio padrão
Grupos Linfócito Monócito Neutrófilo Eosinófilo Total
CS 7,0 ± 2,9 1,6 ± 0,8 3,3 ± 1,1 0,24 ± 0,03 13,2 ± 0,7
CT 6,3 ± 2,2 4,1 ± 1,1a
2,8 ± 1,1 0,30 ± 0,05 12,6 ± 1,5
DS 6,7 ± 2,7 4,1 ± 1,5 3,9 ± 0,9 0,22 ± 0,03 18,8 ± 2,7
DT 5,8 ± 2,4 4,3 ± 1,0a
4,6 ± 2,0 0,21 ± 0,02 19,7 ± 4,5
a. ≠ CS; b. ≠ CT; c. DS ≠ DT.
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002 223
cursoras T da medula óssea para o timo. Esses mesmos
autores ainda sugerem uma terceira hipótese para explicar
essa involução, relacionada à diminuição da produção e/
ou inativação de quimioatratores do timo22. Em nosso tra-
balho, embora não tenha sido possível realizar medidas
específicas para confirmar algumas dessas hipóteses, po-
demos afirmar que as formas de intervenção utilizadas, dia-
betes e/ou exercício físico intenso, são capazes de promo-
ver a involução do timo.
A elevada taxa de glicose, comum no diabetes mellitus
não tratado, pode levar a desidratação das células teciduais,
o que pode resultar em aumento relativo da taxa de leu-
cócitos. De acordo com Guyton e Hall23, isso ocorre em
parte porque a pressão osmótica aumentada nos líquidos
extracelulares causa a transferência osmótica da água para
fora das células. E além do efeito direto da desidratação
celular, a perda de glicose na urina causa diurese osmóti-
ca. O efeito global é a grande perda de líquido na urina.
Isso então aumenta relativamente o número das células san-
guíneas, o que poderia induzir uma leucocitose fisiológi-
ca. Em nosso trabalho, tanto o diabetes quanto o treina-
mento físico não modificaram o número total dessas células.
Também não foram verificadas diferenças no hematócrito,
o que descarta a possibilidade de ocorrência de desidrata-
ção.
Com relação à contagem diferencial de leucócitos, não
encontramos diferença significativa no número de linfóci-
tos circulantes entre os grupos estudados. Esse resultado
difere dos apresentados na literatura. Conforme Eichner5
,
Nieman6,24
e Rowbottom e Green25
, ocorre linfocitopenia
(diminuição do número de leucócitos no sangue), causada
pela alta concentração de cortisol, hormônio do crescimento
e catecolaminas no plasma. Provavelmente, o fato de não
haver diferença nos linfócitos em nosso trabalho esteja re-
lacionado com o protocolo de treinamento físico utilizado,
uma vez que a freqüência e intensidade do esforço são as-
pectos importantes para interferir sobre as subpopulações
de leucócitos. O fato de a coleta de sangue ter ocorrido na
situação de repouso (cerca de 24 horas após a última ses-
são de treinamento) pode também explicar esse resultado,
uma vez que, segundo Eichner5
, após este período haveria
um retorno dessas células aos níveis basais.
Quanto aos monócitos, foi verificado aumento signifi-
cativo (p < 0,05) nos grupos treinados (CT e DT) compa-
rando-se com os outros grupos. Rowbottom e Green25
relatam diminuição transitória no número de monócitos cir-
culantes no período pós-exercício. Em nosso trabalho, os
ratos encontravam-se em repouso havia 24 horas e, por-
tanto, os efeitos observados foram decorrentes apenas do
treinamento e não da sessão aguda de exercício. Conside-
rando que essas células são precursoras dos macrófagos,
responsáveis pela fagocitose em determinadas regiões do
organismo, esse aumento pode representar uma adaptação
importante na defesa do animal treinado.
Quanto à contagem de neutrófilos, não houve diferença
significativa entre os grupos estudados. Eichner5
, Nieman6,24
e Rowbottom e Green25 citam em seus trabalhos uma neu-
trofilia, causada por ação do aumento no débito cardíaco
resultante do efeito da adrenalina. Esses dois aspectos
movimentariam os polimorfonucleares (incluindo os neu-
trófilos) ao longo dos vasos sanguíneos e os liberariam dos
pulmões, baço e fígado. O retorno dessas células à linha de
defesa leva cerca de 24 horas. É possível que não tenha-
mos verificado diferenças significativas por causa do re-
pouso de 24 horas, que eliminou a possibilidade de altera-
ções agudas. Outra possibilidade seria a ocorrência de
dessensibilização dos adrenoceptores, uma vez que, em es-
tudos citados por Tancréde et al.12
, ratos cronicamente tra-
tados com adrenalina têm aumentada a sensibilidade à in-
sulina. É importante ainda lembrar que exercícios de força
estimulam a secreção de catecolaminas4.
Os eosinófilos não apresentaram diferença significativa
entre os grupos. Eichner5 fala sobre elevação nas células
polimorfonucleares, o que inclui os eosinófilos. Os moti-
vos apresentados pelo autor para esse aumento são os mes-
mos mostrados com relação aos neutrófilos. Isso nos per-
mite reforçar as afirmações anteriores sobre os efeitos
agudos e crônicos.
Os resultados obtidos no experimento indicam que o pro-
tocolo de treinamento físico intenso não melhorou o esta-
do metabólico geral dos diabéticos, nem modificou o nú-
mero total ou diferencial da maior parte dos leucócitos. No
entanto, a elevação do número de monócitos nos grupos
treinados (CT e DT) sugere melhora da resposta imunológi-
ca em função do treinamento físico.
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  • 1. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002 219 ARTIGO ORIGINAL Efeitos do treinamento físico de alta intensidade sobre os leucócitos de ratos diabéticos Camila Aparecida Machado de Oliveira, Gustavo Puggina Rogatto e Eliete Luciano Universidade Estadual Paulista-Unesp – Departamento de Educação Física – Rio Claro, SP Recebido em 11/12/01 2a versão recebida em 12/6/02 Aceito em 29/6/02 Endereço para correspondência: Camila Aparecida Machado de Oliveira Rua Josias Freire Santiago, 113, DER 13870-000 – São João da Boa Vista, SP E-mail: camilaoliv@zipmail.com.br ± 4,4%). O peso relativo do timo foi reduzido pelo treina- mento e pelo diabetes (CS = 125,0 ± 37,7, CT* = 74,6 ± 8,2, DS* = 47,5 ± 12,2, DT* = 40,1 ± 16,9mg/100g). Esses resul- tados permitem concluir que o treinamento físico de alta intensidade não alterou o estado geral do diabetes, mas aumentou os monócitos, o que pode representar um efeito positivo sobre a resposta imunológica desses animais. Palavras-chave: Overtraining. Sistema imunológico. Diabetes mel- litus. Treinamento físico intenso. ABSTRACT Effects of high intensity physical training on the leuko- cytes of diabetic rats Several studies have demonstrated that regular physical activity improves diabetes conditions, favoring the periph- eral glucose uptake, glycogen and protein metabolism. However, the effects of high intensity physical training on the immune system of diabetic organisms are not totally clear. The aim of this study was to verify the effects of high intensity physical training on the total and differential leu- kocyte count of diabetic rats. Male young Wistar rats were distributed into four groups: sedentary control (SC), trained control (TC), sedentary diabetic (SD) and trained diabetic (TD). Diabetes was induced by alloxan (30 mg/kg body weight i.v.). During six weeks the animals of TC and TD groups followed a high intensity physical training proto- col which consisted of four sets of 10 jumps/day (inter- rupted by one minute of rest interval) in a swimming pool, with the water level corresponding to 150% of the body length and overload equivalent to 50% of the body weight. At the end of the experimental period, blood samples were collected for total and differential leukocyte count. The re- sults were analyzed by ANOVA at a significance level of 5%. Serum glucose was increased in diabetic groups while the insulin level was reduced in these groups. There were no significant differences in lymphocytes, neutrophils, and eosinophils, and in total leukocyte count when the groups were compared. Monocytes count was higher in both RESUMO Estudos têm demonstrado que o exercício físico regular melhora as condições do diabetes, facilitando a captação periférica da glicose e o metabolismo de glicogênio, pro- teínas, etc. Por outro lado, pouco se conhece sobre os efei- tos do exercício intenso em diabéticos, principalmente com relação ao sistema imune desses organismos. O presente estudo teve como objetivo verificar os efeitos de um trei- namento físico de alta intensidade sobre a contagem total e diferencial de leucócitos em ratos diabéticos. Ratos ma- chos jovens Wistar foram distribuídos em quatro grupos: controle sedentário (CS), controle treinado (CT), diabético sedentário (DS) e diabético treinado (DT). O diabetes foi induzido por aloxana (35mg/kg de peso corporal). Duran- te seis semanas os animais dos grupos CT e DT realizaram um protocolo de treinamento físico, que consistiu na reali- zação de quatro séries de 10 saltos (intercaladas por um minuto de intervalo) em piscina, com o nível da água cor- respondendo a 150% do comprimento corporal e sobrecar- ga equivalente a 50% da massa corporal dos animais. Ao final do período experimental, amostras de sangue foram coletadas para a contagem total e diferencial dos leucóci- tos. Os resultados foram avaliados estatisticamente por ANOVA com um nível de significância de 5%. A glicemia foi aumentada entre os diabéticos e a insulinemia diminuí- da. Não foram observadas diferenças significativas na con- tagem diferencial dos linfócitos, neutrófilos, eosinófilos e contagem total de leucócitos entre os grupos estudados. Houve aumento dos monócitos entre os treinados (CS = 10,0 ± 4,5, CT* = 25,4 ± 7,9, DS = 19,75 ± 7,4, DT* = 25,8
  • 2. 220 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002 trained groups (SC = 10.0 ± 4.5, TC* = 25.4 ± 7.9, SD = 19.75 ± 7.4, TD* = 25.8 ± 4.4%). The relative weight of the thymus was reduced by diabetes and training (SC = 125.0 ± 37.7, TC* =74.6 ± 8.2, SD* = 47.5 ± 12.2, TD* = 40.1 ± 16.9). In conclusion, the high intensity physical training protocol did not change the general diabetes conditions, but improved relative monocytes. These results can repre- sent a positive effect on the immune response. Key words: Overtraining. Immune system. Diabetes mellitus. High intensity physical training. INTRODUÇÃO A prática crônica do exercício físico induz diversas adap- tações bioquímicas, principalmente no sistema muscular. O treinamento aeróbio provoca alterações que favorecem a aerobiose, aumentando tanto o número quanto o tama- nho das mitocôndrias. Além disso, o exercício físico crôni- co também resulta em adaptações orgânicas de acordo com as exigências e o tipo de atividade1-3. Quando atletas são submetidos a treinamentos além de suas capacidades, no entanto, alguns sintomas de overtrai- ning, como suscetibilidade à fadiga, distúrbios do sono, perda de peso, dores de cabeça freqüentes, podem apare- cer4. Estudos mostram ainda que a atividade física pode promover modificações na concentração, na proporção e nas funções das células brancas do sangue, especialmente nos leucócitos polimorfonucleares, nas células matadoras naturais (natural killer), e nos linfócitos, afetando também as imunoglobulinas e outros fatores5 . Trabalhos citados por Weineck4 mostram que, sob estimulação máxima, os hor- mônios de estresse adrenalina e noradrenalina podem apre- sentar aumentos de até 10 vezes dos valores basais, por até uma hora depois da atividade; além disso, o cortisol e as catecolaminas não são somente metabólitos ativos, mas também levam a uma redistribuição dos leucócitos, apre- sentando, desse modo, um efeito imunossupressor6. Além dos hormônios do estresse, a glutamina (aminoá- cido mais abundante no organismo), cuja maior fonte é o músculo esquelético, é requerida para a proliferação e sín- tese de nucleotídeo nos linfócitos. A concentração plasmá- tica de glutamina declina agudamente depois de quatro ho- ras de exercício intenso e seu nível durante repouso pode estar baixo em atletas com overtraining, comprometendo a função imune do organismo7. Estudos epidemiológicos recentes, por outro lado, têm proporcionado evidências de que o nível de atividade físi- ca está associado com a incidência de diabetes mellitus não insulino-dependente (DMNID), mostrando que um pro- grama de exercício regular pode reduzir o risco de desen- volvimento deste tipo de diabetes8-10. De acordo com Powers e Howley11, a prescrição de exer- cícios para diabéticos tipo II deve ter a freqüência de cinco a sete vezes por semana e intensidade correspondente a 50% do VO2 máx, a fim de assegurar aumento da sensibili- dade à insulina e a perda ou manutenção do peso corporal. Estudos realizados com animais experimentais também têm demonstrado melhoria do estado geral do diabetes pela realização crônica de exercício físico, principalmente quan- to aos aspectos relacionados com o metabolismo de subs- tratos energéticos e as secreções hormonais12-14. Pouco se conhece, entretanto, sobre os efeitos do exer- cício de alta intensidade em diabéticos, principalmente com relação ao sistema imune desses organismos. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi estudar os efeitos do exercício físico de alta intensidade sobre a con- tagem total e diferencial de leucócitos em ratos diabéticos. MATERIAL E MÉTODO Animais Para o desenvolvimento deste trabalho, foram utilizados 20 ratos machos, adultos jovens, da linhagem Wistar. Os animais eram provenientes do Biotério Central da Unesp- Botucatu e foram mantidos no Biotério do Departamento de Educação Física – IB – Unesp-Rio Claro. Os animais foram alimentados com ração balanceada padrão para roe- dores (Purina) e água ad libitum. Os ratos foram mantidos em gaiolas plásticas coletivas (cinco por gaiola) à tempe- ratura ambiente de 25ºC e fotoperíodo de 12 horas de claro e 12 de escuro. Para a obtenção do diabetes experimental, os ratos, de- pois de permanecer 12 horas em jejum, foram anestesia- dos com éter etílico para receber aloxana monoidratada Sig- ma (35mg/kg de peso corporal), dissolvida em tampão citrato 0,01M, pH 4,5 e injetada na veia peniana dorsal. Posteriormente, os ratos tiveram livre acesso ao alimento e receberam solução glicosada (30%) durante 24 horas15. A comprovação do diabetes foi realizada 48 horas após a ad- ministração de aloxana, através de determinação dos ní- veis glicêmicos pelo método enzimático colorimétrico da glicose-oxidase (Kit Laborlab). Os animais foram distribuídos em quatro grupos, da se- guinte forma: controle sedentário (CS); controle treinado (CT); diabético sedentário (DS) e diabético treinado (DT). Treinamento físico Após um período de adaptação ao meio líquido (uma hora de natação por dia durante dois dias, sem utilização de sobrecarga), os animais dos grupos CT e DT realizaram um programa de atividade física que consistiu de saltos em tanque com água, com sobrecarga equivalente a 50% do
  • 3. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002 221 peso corporal de cada animal, acoplada ao tórax. A sessão de treinamento consistiu na realização de quatro séries de 10 saltos com um minuto de intervalo entre as séries. Fo- ram feitas cinco sessões semanais de treinamento durante seis semanas16 . A temperatura da água foi mantida entre 30ºC e 32ºC por ser considerada termicamente neutra em relação à tem- peratura corporal do rato17. Os saltos foram realizados em um tubo de PVC com 250mm de diâmetro, visando limitar a alternativa do ani- mal em seguir para outra direção, favorecendo dessa for- ma o salto. O tubo com fundo vazado foi colocado em tan- ques de amianto com 100cm de comprimento, 20cm de largura, com água em profundidade correspondente a 150% do comprimento corporal do rato16,18. gotas de água destilada sobre a mesma e, após 10 minutos, a lâmina foi lavada com água destilada. O material foi guar- dado por um dia para a secagem. Depois de secas, as lâ- minas foram analisadas no microscópio Zeiss, com a uti- lização de óleo de imersão entre a objetiva e o material observado. Foi realizada a contagem diferencial dos leu- cócitos utilizando-se um contador mecânico, onde foram registrados os tipos de leucócitos encontrados e posterior- mente anotados quando completado o número total de 100 células na lâmina observada19. Os animais foram então sacrificados por decapitação e o sangue foi coletado e centrifugado para determinação da glicemia (método da glicose oxidase)20 e insulinemia por radioimunoensaio (R.I.A.) (Kit Coat-a-Count – DPC, USA). Foi realizada laparotomia mediana para remoção e pesa- gem do timo. Análise estatística Os resultados foram analisados estatisticamente pela análise de variância (ANOVA two-way) e teste Post Hoc de Bonferroni, com um nível de significância preestabelecido de 5%. RESULTADOS A glicemia dos ratos dos grupos controle e experimental encontra-se representada na tabela 1. Os resultados indi- cam aumento significativo (p < 0,05) da glicose sérica en- tre os grupos DS e DT, caracterizando o diabetes mellitus. Observamos ainda significativa redução (p < 0,05) da in- sulinemia nos grupos DS e DT, o que também confirma o quadro da doença (tabela 1). Não foram observados efei- tos decorrentes do esquema de exercício físico proposto sobre esses aspectos. O peso relativo do timo (PRT) foi menor nos grupos CT, DS e DT, mostrando involução deste órgão entre os grupos experimentais quando comparados com o controle (tabela 1). A análise estatística revelou interação no referido parâ- metro. Os valores obtidos no hematócrito não diferiram entre os grupos experimentais, como mostrado na tabela 1. Quanto à contagem total de leucócitos, os resultados obtidos não mostram alteração significativa no número destas células (tabela 2). No que diz respeito à contagem diferencial de leucóci- tos, não foi verificada diferença significativa entre os gru- pos para os linfócitos (tabela 2). Com relação aos monócitos, houve aumento significati- vo no número destas células nos grupos CT e DT, conforme a tabela 2. A análise estatística mostrou interação nesse subgrupo de leucócitos. 250mm H20 a 150% do comprimento corporal do rato Fig. 1 – Instrumento para a realização de saltos em piscina (reproduzi- do com autorização de Rogatto GP e Luciano E16). Coleta e análise de material biológico Ao final do período experimental, foram coletadas duas amostras de sangue da parte distal da cauda de cada rato, sem a utilização de anestesia. A coleta foi feita 24 horas após a última sessão de treinamento. Uma das amostras foi obtida com pipeta específica para glóbulos brancos, com- pletada e diluída em solução de Turk, agitando-se por três minutos. Depois de agitada, a solução foi gotejada na câ- mara de Neubauer e realizada a contagem total de leucóci- tos, em microscópio Zeiss19 . A outra amostra de sangue foi coletada em uma lâmina de vidro e, posteriormente, feito o esfregaço desta. Despe- jou-se corante de Leishman, deixando-o reagir sobre a su- perfície por 15 minutos. Logo em seguida pingaram-se 10
  • 4. 222 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002 Os neutrófilos (tabela 2) não sofreram nenhuma altera- ção significativa entre os grupos estudados. Diferença significativa também não foi encontrada en- tre os grupos na contagem de eosinófilos, como mostrado na tabela 2. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Vários estudos têm demonstrado que o exercício físico regular melhora as condições do diabetes, facilitando a captação periférica da glicose, o metabolismo de glicogê- nio, proteínas, etc.13,15. Pouco se conhece, no entanto, so- bre os efeitos do exercício de alta intensidade em diabéti- cos, principalmente com relação ao sistema imune desses organismos. De acordo com os resultados obtidos no experimento, observamos que houve aumento significativo (p < 0,05) da glicemia nos grupos DS e DT, que, por apresentarem produ- ção diminuída de insulina, conseqüentemente têm prejudi- cada a captação da glicose pelas células corporais, além de aumento na gliconeogênese, resultando em hiperglicemia. Os resultados mostram também que não houve diferença significativa entre esses grupos (DS e DT). Alguns autores mostram que a atividade física promove aumento na assi- milação de glicose e na sensibilidade à insulina pelas célu- las18. Entretanto, isso ocorre durante e imediatamente após a realização aguda do exercício. Dessa forma, não se de- tectou alteração na glicemia, uma vez que o sacrifício ocor- reu na condição de repouso. Na seqüência dos resultados observamos significativa redução (p < 0,05) da insulinemia nos grupos DS e DT, com- provando o estabelecimento do diabetes mellitus, induzi- do experimentalmente por ação da droga aloxana, que age destruindo as células β das ilhotas de Langerhans do pân- creas, que produzem e secretam a insulina. Com relação ao peso relativo do timo, os grupos CT, DS e DT apresentaram significativa redução da massa, mostran- do maior taxa de involução (tabela 1). Esses resultados corroboram os encontrados na literatura. De acordo com Concordet e Ferry21 e Domínguez-Gerpe e Rey-Méndez22 , o timo responde ao estresse crônico (como o exercício in- tenso e/ou diabetes) de maneiras diferentes. Involução tran- sitória e perda reversível da massa do timo são freqüente- mente observadas. Conforme os referidos pesquisadores, têm sido aceitas algumas hipóteses para explicar tal altera- ção. A ligação dos glicocorticóides na superfície dos re- ceptores das células do timo pode levar à depleção dos timó- citos no córtex. Outros dados sugerem que essa involução possa ser reflexo de uma reduzida migração de células pre- TABELA 1 Glicemia (mg/dL), insulina sérica (mUI/mL), peso relativo do timo (PRT) (mg/100g) e hematócrito (%) dos ratos dos grupos CS, CT, DS e DT. Resultados expressos como média ± desvio padrão Grupos Glicose Insulina PRT Hematócrito CS 089,9 ± 05,5 8,2 ± 2,0 125,0 ± 37,7 49,5 ± 2,3 CT 086,5 ± 09,3 7,5 ± 0,8 074,6 ± 08,2a 50,0 ± 1,5 DS 308,2 ± 33,1a,b 4,9 ± 0,6a,b 047,5 ± 12,2a,b 50,5 ± 1,0 DT 343,2 ± 49,8a,b 4,6 ± 0,3a,b 040,1 ± 16,9a,b 49,0 ± 2,0 a. ≠ CS; b. ≠ CT; c. DS ≠ DT. TABELA 2 Contagem diferencial de linfócitos, monócitos, neutrófilos e eosinófilos e contagem total de leucócitos (nº de células x 103 por mm3 de sangue). Resultados expressos como média ± desvio padrão Grupos Linfócito Monócito Neutrófilo Eosinófilo Total CS 7,0 ± 2,9 1,6 ± 0,8 3,3 ± 1,1 0,24 ± 0,03 13,2 ± 0,7 CT 6,3 ± 2,2 4,1 ± 1,1a 2,8 ± 1,1 0,30 ± 0,05 12,6 ± 1,5 DS 6,7 ± 2,7 4,1 ± 1,5 3,9 ± 0,9 0,22 ± 0,03 18,8 ± 2,7 DT 5,8 ± 2,4 4,3 ± 1,0a 4,6 ± 2,0 0,21 ± 0,02 19,7 ± 4,5 a. ≠ CS; b. ≠ CT; c. DS ≠ DT.
  • 5. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002 223 cursoras T da medula óssea para o timo. Esses mesmos autores ainda sugerem uma terceira hipótese para explicar essa involução, relacionada à diminuição da produção e/ ou inativação de quimioatratores do timo22. Em nosso tra- balho, embora não tenha sido possível realizar medidas específicas para confirmar algumas dessas hipóteses, po- demos afirmar que as formas de intervenção utilizadas, dia- betes e/ou exercício físico intenso, são capazes de promo- ver a involução do timo. A elevada taxa de glicose, comum no diabetes mellitus não tratado, pode levar a desidratação das células teciduais, o que pode resultar em aumento relativo da taxa de leu- cócitos. De acordo com Guyton e Hall23, isso ocorre em parte porque a pressão osmótica aumentada nos líquidos extracelulares causa a transferência osmótica da água para fora das células. E além do efeito direto da desidratação celular, a perda de glicose na urina causa diurese osmóti- ca. O efeito global é a grande perda de líquido na urina. Isso então aumenta relativamente o número das células san- guíneas, o que poderia induzir uma leucocitose fisiológi- ca. Em nosso trabalho, tanto o diabetes quanto o treina- mento físico não modificaram o número total dessas células. Também não foram verificadas diferenças no hematócrito, o que descarta a possibilidade de ocorrência de desidrata- ção. Com relação à contagem diferencial de leucócitos, não encontramos diferença significativa no número de linfóci- tos circulantes entre os grupos estudados. Esse resultado difere dos apresentados na literatura. Conforme Eichner5 , Nieman6,24 e Rowbottom e Green25 , ocorre linfocitopenia (diminuição do número de leucócitos no sangue), causada pela alta concentração de cortisol, hormônio do crescimento e catecolaminas no plasma. Provavelmente, o fato de não haver diferença nos linfócitos em nosso trabalho esteja re- lacionado com o protocolo de treinamento físico utilizado, uma vez que a freqüência e intensidade do esforço são as- pectos importantes para interferir sobre as subpopulações de leucócitos. O fato de a coleta de sangue ter ocorrido na situação de repouso (cerca de 24 horas após a última ses- são de treinamento) pode também explicar esse resultado, uma vez que, segundo Eichner5 , após este período haveria um retorno dessas células aos níveis basais. Quanto aos monócitos, foi verificado aumento signifi- cativo (p < 0,05) nos grupos treinados (CT e DT) compa- rando-se com os outros grupos. Rowbottom e Green25 relatam diminuição transitória no número de monócitos cir- culantes no período pós-exercício. Em nosso trabalho, os ratos encontravam-se em repouso havia 24 horas e, por- tanto, os efeitos observados foram decorrentes apenas do treinamento e não da sessão aguda de exercício. Conside- rando que essas células são precursoras dos macrófagos, responsáveis pela fagocitose em determinadas regiões do organismo, esse aumento pode representar uma adaptação importante na defesa do animal treinado. Quanto à contagem de neutrófilos, não houve diferença significativa entre os grupos estudados. Eichner5 , Nieman6,24 e Rowbottom e Green25 citam em seus trabalhos uma neu- trofilia, causada por ação do aumento no débito cardíaco resultante do efeito da adrenalina. Esses dois aspectos movimentariam os polimorfonucleares (incluindo os neu- trófilos) ao longo dos vasos sanguíneos e os liberariam dos pulmões, baço e fígado. O retorno dessas células à linha de defesa leva cerca de 24 horas. É possível que não tenha- mos verificado diferenças significativas por causa do re- pouso de 24 horas, que eliminou a possibilidade de altera- ções agudas. Outra possibilidade seria a ocorrência de dessensibilização dos adrenoceptores, uma vez que, em es- tudos citados por Tancréde et al.12 , ratos cronicamente tra- tados com adrenalina têm aumentada a sensibilidade à in- sulina. É importante ainda lembrar que exercícios de força estimulam a secreção de catecolaminas4. Os eosinófilos não apresentaram diferença significativa entre os grupos. Eichner5 fala sobre elevação nas células polimorfonucleares, o que inclui os eosinófilos. Os moti- vos apresentados pelo autor para esse aumento são os mes- mos mostrados com relação aos neutrófilos. Isso nos per- mite reforçar as afirmações anteriores sobre os efeitos agudos e crônicos. Os resultados obtidos no experimento indicam que o pro- tocolo de treinamento físico intenso não melhorou o esta- do metabólico geral dos diabéticos, nem modificou o nú- mero total ou diferencial da maior parte dos leucócitos. No entanto, a elevação do número de monócitos nos grupos treinados (CT e DT) sugere melhora da resposta imunológi- ca em função do treinamento físico. REFERÊNCIAS 1. Snyder AC. Overtraining and glycogen depletion hypothesis. Med Sci Sports Exerc 1998;7:1146-50. 2. Murakami T, ShimomuraY, Fujitsuka N, Sokabe M, Okamura K, Saka- moto S. Enlargement glycogen store in rat liver and muscle by fructose- diet intake and exercise training. J Appl Physiol 1997;3:772-5. 3. Kudelska G, Górski J, Swiatecka J, Górska M. Effect of exercise on glycogen metabolism in muscle of triiodotyrosine-treated rats. Eur JAppl Physiol 1996;72:496-501. 4. Weineck J. Treinamento ideal: instruções técnicas sobre o desempenho fisiológico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. 9a ed. São Paulo: Manole, 1999. 5. Eichner ER. Contagious infections in competitive sports. Sports Sci- ence Exchange 1995;3:1-4. 6. Nieman DC. Immunity in athletes: current issues. 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  • 6. 224 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002 8. Manson JE, Rimm EB, Stampfer MJ, Colditz GA, Willet, WC, Krolewski AS. Physical activity and incidence of non-insulin dependent diabetes mellitus in women. Lancet 1991;338:774-8. 9. Kelley DE, Goodpaster BH. Effects of physical activity on insulin ac- tion and glucose tolerance in obesity. Med Sci Sports Exerc 1999;11: S619-23. 10. Borghouts LB, Keizer HA. Exercise and insulin sensitivity: a review. Int J Sports Med 2000;21:1-12. 11. Powers SK, Howley ET. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 3a ed. São Paulo: Manole, 2000. 12. Tancréde G, Rousseau-Migneron S, NadeauA. Beneficial effects of phys- ical training in rats with a mild streptozotocin-induced diabetes melli- tus. Diabetes 1982;31:406-9. 13. Luciano E. Influência do treinamento físico sobre o metabolismo de car- boidrato em ratos diabéticos experimentais [Tese de doutorado]. São Pau- lo: Universidade de São Paulo, 1991. 14. Luciano E, Carneiro EM, Reis MAB, Peres SB, Velloso LA, Boschero AC, et al. Endurance training modulates early steps of insulin signaling in rat muscle. Med Sci Sports Exerc 1998;30:S24. 15. Luciano E, Mello MAR. Atividade física e metabolismo de proteínas em músculo de ratos diabéticos experimentais. Revista Paulista de Edu- cação Física 1998;1:39-46. 16. Rogatto GP, Luciano E. Efeitos do treinamento físico intenso sobre o metabolismo de carboidratos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde 2001;2:39-46. 17. Azevedo JRM. Determinação de parâmetros bioquímicos em ratos se- dentários e treinados, durante e após o exercício agudo de natação [Tese de Doutorado]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1994. 18. Rogatto GP. Efeitos do treinamento físico de alta intensidade sobre pa- râmetros endócrino-metabólicos relacionados ao estresse [Dissertação de mestrado]. Rio Claro: Universidade Estadual Paulista, 2001. 19. Lima AO, Soares JB, Greco JB, Galizzi J, Cançado JR. Métodos de la- boratório aplicados à clínica. 5a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977. 20. Henry RJ, Cannon DC, Winkelman J. Clinical chemistry, principles and techniques, 2nd ed. New York: Harper and Row Publishers Inc., 1974. 21. Concordet JP, Ferry A. Physiological programmed cell death in thy- mocytes is induced by physical stress (exercise). Am J Physiol 1993;3 (pt 1):C626-9. 22. Dominguez-Gerpe L, Rey-Méndez M. Role of pré-t cells and chemoat- tractants on stress-associated thymus involution. Scand J Immunol 2000; 52:470-6. 23. Guyton AC, Hall JE. Tratado de fisiologia médica. 9a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. 24. Nieman DC. Is infection risk linked to exercise workload? Med Sci Sports Exerc 2000;7:S406-11. 25. Rowbottom DG, Green K J. Acute exercise effects on the immune sys- tem. Med Sci Sports Exerc 2000;7:S396-405.