As empresas estão a mudar os seus espaços de trabalho e culturas organizacionais para atrair e reter talento. A tecnologia trouxe maior flexibilidade ao trabalho, permitindo que seja realizado remotamente. No entanto, fatores como boas instalações e ambiente de trabalho ainda são importantes para a produtividade e satisfação dos funcionários. Até 2020, as empresas irão investir mais nestas áreas e dar mais autonomia aos trabalhadores.
Del Colegio a la Oficina, por 3g office - El Comercio de Perú - Enero 2014
O futuro dos escritórios e a nova cultura corporativa
1. JUNHO 2016 • SABERVIVER.PT
A
174bem-estarcarreira
A tecnologia e os profissionais são os
grandes impulsionadores da transfor-
mação que está em curso no mundo do
trabalho. Quem o afima é Francisco Váz-
quez, presidente da consultora 3g-office.
A tecnologia, ao “mudar o conceito de
trabalho”, fez com que os profissionais
tivessem de “mudar a sua forma de traba-
lhar”, explica Vázquez, que também aler-
ta estarmos a assistir à primeira grande
revolução do mercado laboral desde a
Revolução Industrial. É que já não pre-
cisamos de nos deslocar para trabalhar.
Podemos fazê-lo remotamente, através
da tecnologia móvel e da Internet. E isto
vem eliminar o posto de trabalho tal como
o conhecemos. Mas o facto de a tecnolo-
gia ter trazido flexibilidade não significa
que as empresas poupem nos escritórios.
Pelo contrário. Segundo o presidente da
consultora 3g-office, “a produtividade
e a retenção de talento são mais condi-
cionadas por fatores como o espaço e o
ambiente de trabalho do que possamos
pensar”. Francisco Vázquez garante que as
empresas só conseguirão atrair profissio-
nais qualificados e mantê-los por mais de
um projeto, se investirem em tecnologia,
adotarem uma nova forma de trabalhar
e tiverem boas infraestruturas.
Postodetrabalhomóvel
Graças à flexibilidade que
a tecnologia trouxe ao mercado
laboral, a curto prazo deixaremos de
‘picar o ponto’ da maneira tradicional.
Até agora precisávamos de ser vistos
sentados no nosso posto de trabalho
- algumas empresas ainda o exigem.
No entanto, Miguel Paiva Couceiro,
project manager da Deloitte Hub,
declara que “o presencialismo já
não é premiado”. Entre 2016 e 2020,
vamos deixar de sentar-nos a uma
secretária que nos foi atribuída.
• O posto de trabalho passa a ser
temporário, todos os dias podemos ficar
num local diferente do escritório.
• As empresas passam a exigir uma política
de mesa limpa.
• Deixam de existir extensões e os
funcionários passam a ficar contactáveis
através do computador portátil e do
smartphone que lhes são facultados.
• A tecnologia permite trabalhar a partir
de casa, pelo que as empresas podem
adotar políticas de home office.
• Os profissionais passam a trabalhar
por objetivos, em vez de horas.
Quertrabalharaqui?
Numespaçoaberto, decolaboraçãoeaprendizagem,commais
zonassociais?Oupreferefazê-loemcasa?Até2020,
asempresasvãofazeralteraçõesnasuacultura
edesigndosespaços.ÉaconclusãodaWorkplaceConference
Beyond2020.Estivemoslá. porFilipa Basílio da Silva
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2. SABERVIVER.PT • JUNHO 2016
WEWORK;SIEMENS
bem-estar175
Melhores instalações
“A sede da empresa deve re-
fletir a cultura corporativa,
promover a criatividade e
produtividade, e tornar a vida
mais agradável para os funcio-
nários", enumera Francisco
Vázquez. Como é que isso se
faz? Tudo começa com as con-
dições do escritório. Primeiro,
avalia-se a taxa de ocupação,
depois, adapta-se o espaço às
necessidades dos trabalhado-
res e dos projetos que a em-
presa executa. Interessa que
o escritório esteja estruturado
de modo a fomentar a colabo-
ração entre os funcionários e
a criar sinergias dentro das
equipas. “As pessoas vivem e
trabalham em espaços, logo os
escritórios têm de estimular
uma cultura de trabalho cria-
tiva”, confirma Antonio Heras,
diretor da consultora 3g-office.
Maior bem-estar
Para Francisco Vázquez, é
igualmente importante que
sejam asseguradas coisas tão
simples e aparentemente tão
óbvias como “o conforto tér-
mico, a qualidade do ar, a luz
Benefícios
donovoparadigma
As novas tendências
nos espaços de trabalho
e na cultura das empresas
favorecem o empregador
e o empregado.
O empregador
1. Poupa em:
• Mudanças, sempre que entra
ou sai um funcionário. Deixa
de haver postos de trabalho.
• Energia, pois os novos
escritórios são estruturados
de forma a facultarem muita
luz natural e ainda usam uma
elevada percentagem de
iluminação LED (que tem um
baixo consumo associado).
• Papel, uma vez que
as ferramentas de trabalho
passam a estar, sobretudo,
em suportes digitais.
2. Atrai “talento”, os melhores
profissionais querem trabalhar
naquela empresa e naquele
espaço.
3. Cria sinergias, graças
ao design do local de trabalho
(escritórios dinâmicos
e funcionais).
4. Ganha em produtividade,
porque disponibiliza salas
onde os indivíduos ou equipas
possam estar concentrados
a trabalhar.
O empregado
1. Desenvolve a sua criatividade.
2. Adquire maior bem-estar,
devido às condições
de trabalho melhoradas.
3. Trabalha com mais
satisfação, por lhe ser dada
mais autonomia e por lhe ser
permitido fazer algo de que
gosta, numa área em que
se destaca.
4. Ganha atenção
individualizada, com plano de
trabalho e percurso na empresa
delineados pela hierarquia.
FONTES: ANTONIO HERAS, DIRETOR
NA CONSULTORA 3G-OFFICE; MIGUEL
PAIVA COUCEIRO, PROJECT MANAGER
DA DELOITTE HUB
“Em2020,
osmillennials
[nascidosentre
1980e2000]
játerãouma
idademédia
de30anos
e,muitosdeles,
ocuparão
cargosna
administração
dasempresas.
Éaprimeira
geraçãode
nativosdigitais
eaformacomo
trabalhamnão
teránadaaver
comaatual”
FranciscoVázquez,
presidente da
consultora 3g office
natural, a ergonomia adequada
e zonas sem ruído.” Isto não só
proporcionará um maior bem-
-estar aos empregados, como
ajudará os profissionais a cum-
prirem objetivos e as empre-
sas a conseguirem resultados.
Antonio Heras defende que “é
importante haver um espaço
onde as pessoas possam so-
cializar, dado que passamos
muito tempo no trabalho”.
A satisfação dos colaboradores
passa, assim, a estar no centro
da estratégia das empresas.
Mais personalizado
Na Workplace Conference
Beyond 2020, uma das orado-
ras, Beatriz Lara, especialista
em inovação e transformação
tecnológica e CEO da Imersi-
vo, frisou que as hierarquias
das empresas deverão passar
a elaborar um plano individua-
lizado para cada funcionário,
delineando o seu percurso com
objetivos próprios, para além
do que o profissional terá de
atingir em equipa. Porquê?
As pessoas já não ficam muito
tempo numa empresa. Ainhoa
Fornós, CEO da Mind the
Gap, informa que “os jovens
querem participar em projetos de marcas
e depois passar ao próximo desafio”. Cha-
ma-lhes knowmads, por serem pessoas que
estão só de passagem, mas trazem novos
conhecimentos, novas formas de pensar
e de trabalhar.
Liderança diferente
Para conseguirem reter o "talento" na
empresa, as atuais hierarquias terão de
“liderar como um DJ”. A expressão é de
Ainhoa Fornós e reflete a necessidade
de os líderes saírem dos seus gabinetes
e passarem a trabalhar lado a lado com
as suas equipas. Só um bom ambiente
de trabalho fará com que os colaborado-
res deem o seu melhor. Sobretudo se lhes
for atribuída mais autonomia, bem como
a possibilidade de fazerem aquilo de que
mais gostam e em que são verdadeira-
mente bons.
O Siemens Office foi
desenvolvido para
tornar mais eficiente
o uso do espaço e
fomentar o bem-estar
dos colaboradores
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