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capítulo 1

Quando a minha irmã nasceu, o meu desapontamento foi tão
evidente que a minha mãe, abafada entre lençóis e cobertoresda
cama do hospital, me disse:- ela vai crescer num instante!assim
como se me pedisse desculpa nem ela saberia ao certode
quê.num instante.num instante?num instante descia eu a rua para
ir a casa da Rita trocar cromos (não te compro mais enquanto
não colares na caderne tato dos os que tens!, dizia a mãe tantas
vezes), ou para lhe emprestar um livro, ou ela a mim.7num
instante bebia eu o leite nos dias em que me atrasava,para
apanhar a carrinha da escola, a voz de Margarida nos meus
ouvidos: «olhe que por sua causa vamos chegar tarde!»num
instante ficava em água o gelo, em tempo de calor - e oque eu e
a Rita tínhamos rido no dia em que a chica estavacheia de medo
que os cubos de gelo entupissem a pia...não, a minha irmã não ia
crescer num instante.E eu não entendia por que razão a minha
mãe tinha dito aquilo, se ela sabia, tão bem como eu, que não
era verdade.Desse dia lembro-me ainda que fui dormir a casa da
minha avó Elisa, que me encheu os bolsos de rebuçados, e me
deixou irpara a cama mais tarde e sem se importar de saber se eu
tinha lavado bem os dentes. Já deitada, ouvi o telefone tocar
muitas vezes, e sempre a minha avó respondia:- É outra
rapariga... correu tudo bem...o sono não vinha, por mais que
fechasse os olhos com muita força, como a Rita me ensinara. o
colchão da minha cama erarijo («faz bem à espinha!», dizia o
pai) e o colchão da avóera mole, tão mole, com uma cova no
meio. Além disso a avó Elisa tinha muito medo das constipações
e não me deixava abrirnem uma gretinha da janela. Além
disso...além disso faltava-me a voz da mãe («vá, dorme, que
amanhã tens de te levantar cedo para a escola!»), faltavam-me as
suas mãos a aconchegarem-me ao corpo a roupa da cama.
Faltava-me saber que ela estava ao pé de mim mesmo que não a
visse nem ouvisse.Mas isso eu não dizia a ninguém, nem à Rita.
toda a gente gritava aos quatro ventos que eu já era crescida,
havia de ser bonito se me vissem ali, encolhida na cama,
lágrimas nos olhose na garganta, com saudades de casa e da
mãe. Até a Rita haviade rir, com certeza. Mas a verdade é que
era isso mesmo que eusentia. isso mesmo:saudades. e era só por
isso que não conseguia adormecer.- correu tudo bem...e como
teria sido se tudo tivesse corrido mal?E o que quereria dizer, ao
certo, "correr bem?"a mãe e o pai tinham-me explicado como
tudo acontece, logo no momento em que a barriga dela
começara a crescer: o pequeno, invisível grão aí colocado pelo
pai, o ovo adesenvolver-se dia a dia lá dentro, isso eu
sabia.Lembro-me que um dia até achei graça ao ver mexer a
barrigada mãe.- É o bebé a virar-se cá dentro - disse ela.- com
tanto pontapé até é capaz de vir aí algum jogador de futebol disse o pai.Mas tudo agora não passava de palavras, de histórias
que metinham contado. Talvez fosse isso que a margarida queria
dizer todas as vezes que, lá na escola, lhe acontecia alguma
borrecimento e ela bichanava para a teresa:- pois é, a gente só
sabe dar o valor quando nos toca a nós!eu não sabia bem o que
quereria exactamente ela dizer comessas palavras, mas lá que
havia coisas que ficavam muito diferentes quando saíam dos
livros para a nossa vida, lá issohavia.9 capítulo 2 o pedro
avisou-nos que amanhã temos provas de avaliação.a avó Elisa
diz que no tempo dela não existiam estas coisas:uma pessoa
chegava à escola, aprendia a ler, a escrever, acontar, e no fim do
ano fazia um exame. por isso ela encolheuos ombros quando lhe
falei nas provas, e ficou toda escandalizada por eu chamar pedro
ao professor.- se alguma vez isso se admitia no meu tempo!
levávamos logo uma data de reguadas e ficávamos o dia todo no
fundo da sala virados para a parede sem podermos falar com os
outros... deresto, nem a gente se atrevia, credo! era "minha
senhora", ou"senhor professor", e tudo com grande
respeitinho...11mas vocês agora sabem lá o que isso
é...reguadas, não sei, não. (e, aqui para nós, não tenho grande
pena dessa minha ignorância.) mas respeito, sei. só que
meparece falar das mesmas coisas com palavras diferentes das
que usa a avó Elisa.No outro dia ela disse-me:- a tua amiga rita
tem grande respeito ao pai.eu não respondi porque estava
entretida a colar cromos novosna caderneta, mas fiquei a pensar
naquilo durante muito tempo.e ainda penso. sobretudo quando
converso com a rita lá emcasa. ainda aqui há poucos dias.- se eu
estivesse na minha sala com um frasco de cola e umpincel,
como tu estás, levava logo do meu pai - disse ela.- levavas o
quê? - perguntei eu.- Às vezes parece que és parvinha ou que
andas a navegar poroutros mundos... levava uma tareia, o que
havia de ser?e riu, como se tivesse acabado de contar a história
mais divertida do século xx.- mas levavas uma tareia porquê? insisti.- ora... porque podia sujar a sala, porque a sala é para
asvisitas, sei lá por que mais... por tudo... por isso é que eu
fujo logo para o meu quarto mal oiço o meu pai entrar em casa.e
mesmo assim... «rita, não desarrumes nada!, rita, não tesujes!»...
É sempre isto, mesmo quando estou quieta no meucanto... a mãe
diz que a casa tem de estar sempre arrumada eque eu desarrumo
tudo.- e não desarrumas?- não, não desarrumo. o que acontece é
que arrumo de outramaneira, e é sempre de uma maneira de que
a minha mãe nuncagosta... de resto, as coisas nunca mudam de
lugar lá em casa.um dia o meu pai bateu-me porque eu pus o
cacto em cima dasecretária dele...o cacto era meu, parecia quase
uma rosa verde com muitasfolhas, e eu pensei que ele gostasse
de ter uma planta bonitaa fazer-lhe companhia, quando estivesse
a trabalhar... mas elesó disse que eu tinha entornado terra e água
e agora asecretária estava manchada... nem sequer reparou se o
cactoera bonito ou feio... eu olhei para a mesa e não vi lá
nada,mas ele teimava que se via muitíssimo bem uma mancha
maisclara no sítio onde eu tinha posto o vaso... e que
maisdesastrada que eu não conhecia ninguém...nunca falei
nestas coisas à Rita, mas penso que é medo queela tem do pai, e
não respeito, como pensa a avó Elisa. e achoque deve ser
horrível ter medo de alguém, sobretudo se essealguém for nosso
pai ou nossa mãe. e também acho que deve sermuito triste viver
numa casa onde não podemos mexer em nada,numa casa tão
arrumada como a da rita. É claro que eu gosto decasas
arrumadas (a minha irmã irá mexer nas minhascoisas?...), mas a
casa da rita cheira a museu, não cheira acasa onde vive gente.
lembro-me de uma tarde ouvir a minha mãedizer para o meu
pai:- aquilo é um lugar sem vida, quase nem nos atrevemos
arespirar lá dentro com medo de sujar os vidros.e era da casa da
rita que estavam a falar.12 - 13onde a avó Elisa diz que há tanto
respeito. talvez no seutempo fosse assim. por isso eu gosto de
viver agora, apesar dea minha mãe ainda não estar em casa,
apesar de a minha irmãnão ser nada como eu pensava, apesar
das provas de avaliaçãomarcadas para amanhã. as tais de que a
avó Elisa nunca ouviufalar. as provas de texto livre, de desenho,
de gramática, nãome assustam. só me assusta um bocadinho a de
matemática. mas opedro disse que eu produzia o suficiente", por
isso acho quenão vai haver complicações.mesmo assim vou ver
se trabalho um pouco mais.14capítulo 3texto livrea minha irmã
nasceu há quatro dias. É muito feia, tem acára toda às rugas e eu
ainda não estou muito certa se gostodela ou não. pelo menos
penso que nunca vou gostar dela como
gosto da rita, que mora na minha rua e é a minha melhor
amiga.como diz a avó Elisa, a família aumentou. só que eu
gostavaque a gente pudesse escolher a nossa família tal qual
escolheos amigos. porque assim eu havia de gostar da família
inteira.e nela estariam a mãe, o pai, a avó, a rita, o pedro, o
sr.joão da tabacaria, que às vezes me dá mais uma carteira
decromos do que aquelas para que chega o dinheiro que
levo.15mas não a tia magda, que só tem boca para palavras
azedas, esó gosta de flores caras com nomes complicados, como
osantúrios e as estrelícias, que a minha mãe lhe compra no
diados anos. quando estou triste, gosto de ter flores ao pé
demim. mas não é preciso que cheirem ou que sejam daquelas
depés muito altos a dormir na montra das floristas. só é
precisoque estejam ao pé de mim. que eu olhe para elas e sinta
queestou tão acompanhada como se elas fossem pessoas. sinto
quehá flores que nunca me poderiam fazer companhia. os
antúrios eas estrelícias, por exemplo, a delícia da minha tia
magda.a minha mãe conta que a primeira vez que me levou a
casa datia eu passei o tempo todo a gritar dentro da alcofa.
aindahoje, para ser sincera, me apetece gritar quando a vejo.
jásou crescida e as pessoas diriam que me estava a portar
mal.mas a verdade é que não gosto muito da tia magda, embora
a avóElisa esteja constantemente a meter-me pelos ouvidos
dentroque a gente deve sempre gostar da nossa família.o que eu
não compreendo muito bem. no ano passado, chegarama minha
casa uns primos vindos do brasil, que eu nunca tinhavisto e de
quem raramente ouvia falar. estiveram comigo unsdois ou três
dias e seguiram para o norte. não voltei avê-los, nem penso
neles. e acho que ninguém me pode obrigar agostar deles só pelo
facto de serem da minha família. nãoposso gostar de pessoas que
não conheço, e de quem nada sei.mas posso gostar muito de
pessoas que não são meus primos, nemtios, nem avós. de
pessoas que não me são nada, como costumadizer a tia magda
para me arreliar. então a rita, por exemplo,não é nada para mim?
se eu não posso estar um dia sem a ver,sem brincar com ela, sem
conversar com ela - isto não éimportante? por isso eu digo que
se escolhesse a minha famíliahavia de lá pôr também a rita.e as
flores. as que me fazem companhia de gente, nunca osantúrios e
as estrelícias.e o zarolho, que nada no aquário da entrada.e a
zica, já só com um braço, um olho muito claro na carapreta, uma
carapinha roída das traças, mas ainda a bonecapreferida.e a
árvore da minha rua, com o rouxinol que todas asprimaveras
nela mora, e canta, e me faz contente nem seiporquê.e a vizinha
do prédio em frente, o dia inteiro agarrada àmáquina de
costura.e o meu quarto e tudo o que dentro dele me pertence
deverdade.e também os livros. e os patins. e as minhas
cadernetas decromos coloridos.neste momento ainda não sei se a
minha irmã que nasceu háquatro dias vai pertencer à minha
família.

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Rosa minha irma rosa PRIMEIRO CAPITULO

  • 1. capítulo 1 Quando a minha irmã nasceu, o meu desapontamento foi tão evidente que a minha mãe, abafada entre lençóis e cobertoresda cama do hospital, me disse:- ela vai crescer num instante!assim como se me pedisse desculpa nem ela saberia ao certode quê.num instante.num instante?num instante descia eu a rua para ir a casa da Rita trocar cromos (não te compro mais enquanto não colares na caderne tato dos os que tens!, dizia a mãe tantas vezes), ou para lhe emprestar um livro, ou ela a mim.7num instante bebia eu o leite nos dias em que me atrasava,para apanhar a carrinha da escola, a voz de Margarida nos meus ouvidos: «olhe que por sua causa vamos chegar tarde!»num instante ficava em água o gelo, em tempo de calor - e oque eu e a Rita tínhamos rido no dia em que a chica estavacheia de medo que os cubos de gelo entupissem a pia...não, a minha irmã não ia crescer num instante.E eu não entendia por que razão a minha mãe tinha dito aquilo, se ela sabia, tão bem como eu, que não era verdade.Desse dia lembro-me ainda que fui dormir a casa da minha avó Elisa, que me encheu os bolsos de rebuçados, e me deixou irpara a cama mais tarde e sem se importar de saber se eu tinha lavado bem os dentes. Já deitada, ouvi o telefone tocar muitas vezes, e sempre a minha avó respondia:- É outra rapariga... correu tudo bem...o sono não vinha, por mais que fechasse os olhos com muita força, como a Rita me ensinara. o colchão da minha cama erarijo («faz bem à espinha!», dizia o pai) e o colchão da avóera mole, tão mole, com uma cova no meio. Além disso a avó Elisa tinha muito medo das constipações e não me deixava abrirnem uma gretinha da janela. Além disso...além disso faltava-me a voz da mãe («vá, dorme, que amanhã tens de te levantar cedo para a escola!»), faltavam-me as suas mãos a aconchegarem-me ao corpo a roupa da cama.
  • 2. Faltava-me saber que ela estava ao pé de mim mesmo que não a visse nem ouvisse.Mas isso eu não dizia a ninguém, nem à Rita. toda a gente gritava aos quatro ventos que eu já era crescida, havia de ser bonito se me vissem ali, encolhida na cama, lágrimas nos olhose na garganta, com saudades de casa e da mãe. Até a Rita haviade rir, com certeza. Mas a verdade é que era isso mesmo que eusentia. isso mesmo:saudades. e era só por isso que não conseguia adormecer.- correu tudo bem...e como teria sido se tudo tivesse corrido mal?E o que quereria dizer, ao certo, "correr bem?"a mãe e o pai tinham-me explicado como tudo acontece, logo no momento em que a barriga dela começara a crescer: o pequeno, invisível grão aí colocado pelo pai, o ovo adesenvolver-se dia a dia lá dentro, isso eu sabia.Lembro-me que um dia até achei graça ao ver mexer a barrigada mãe.- É o bebé a virar-se cá dentro - disse ela.- com tanto pontapé até é capaz de vir aí algum jogador de futebol disse o pai.Mas tudo agora não passava de palavras, de histórias que metinham contado. Talvez fosse isso que a margarida queria dizer todas as vezes que, lá na escola, lhe acontecia alguma borrecimento e ela bichanava para a teresa:- pois é, a gente só sabe dar o valor quando nos toca a nós!eu não sabia bem o que quereria exactamente ela dizer comessas palavras, mas lá que havia coisas que ficavam muito diferentes quando saíam dos livros para a nossa vida, lá issohavia.9 capítulo 2 o pedro avisou-nos que amanhã temos provas de avaliação.a avó Elisa diz que no tempo dela não existiam estas coisas:uma pessoa chegava à escola, aprendia a ler, a escrever, acontar, e no fim do ano fazia um exame. por isso ela encolheuos ombros quando lhe falei nas provas, e ficou toda escandalizada por eu chamar pedro ao professor.- se alguma vez isso se admitia no meu tempo! levávamos logo uma data de reguadas e ficávamos o dia todo no fundo da sala virados para a parede sem podermos falar com os outros... deresto, nem a gente se atrevia, credo! era "minha senhora", ou"senhor professor", e tudo com grande respeitinho...11mas vocês agora sabem lá o que isso
  • 3. é...reguadas, não sei, não. (e, aqui para nós, não tenho grande pena dessa minha ignorância.) mas respeito, sei. só que meparece falar das mesmas coisas com palavras diferentes das que usa a avó Elisa.No outro dia ela disse-me:- a tua amiga rita tem grande respeito ao pai.eu não respondi porque estava entretida a colar cromos novosna caderneta, mas fiquei a pensar naquilo durante muito tempo.e ainda penso. sobretudo quando converso com a rita lá emcasa. ainda aqui há poucos dias.- se eu estivesse na minha sala com um frasco de cola e umpincel, como tu estás, levava logo do meu pai - disse ela.- levavas o quê? - perguntei eu.- Às vezes parece que és parvinha ou que andas a navegar poroutros mundos... levava uma tareia, o que havia de ser?e riu, como se tivesse acabado de contar a história mais divertida do século xx.- mas levavas uma tareia porquê? insisti.- ora... porque podia sujar a sala, porque a sala é para asvisitas, sei lá por que mais... por tudo... por isso é que eu fujo logo para o meu quarto mal oiço o meu pai entrar em casa.e mesmo assim... «rita, não desarrumes nada!, rita, não tesujes!»... É sempre isto, mesmo quando estou quieta no meucanto... a mãe diz que a casa tem de estar sempre arrumada eque eu desarrumo tudo.- e não desarrumas?- não, não desarrumo. o que acontece é que arrumo de outramaneira, e é sempre de uma maneira de que a minha mãe nuncagosta... de resto, as coisas nunca mudam de lugar lá em casa.um dia o meu pai bateu-me porque eu pus o cacto em cima dasecretária dele...o cacto era meu, parecia quase uma rosa verde com muitasfolhas, e eu pensei que ele gostasse de ter uma planta bonitaa fazer-lhe companhia, quando estivesse a trabalhar... mas elesó disse que eu tinha entornado terra e água e agora asecretária estava manchada... nem sequer reparou se o cactoera bonito ou feio... eu olhei para a mesa e não vi lá nada,mas ele teimava que se via muitíssimo bem uma mancha maisclara no sítio onde eu tinha posto o vaso... e que maisdesastrada que eu não conhecia ninguém...nunca falei nestas coisas à Rita, mas penso que é medo queela tem do pai, e não respeito, como pensa a avó Elisa. e achoque deve ser
  • 4. horrível ter medo de alguém, sobretudo se essealguém for nosso pai ou nossa mãe. e também acho que deve sermuito triste viver numa casa onde não podemos mexer em nada,numa casa tão arrumada como a da rita. É claro que eu gosto decasas arrumadas (a minha irmã irá mexer nas minhascoisas?...), mas a casa da rita cheira a museu, não cheira acasa onde vive gente. lembro-me de uma tarde ouvir a minha mãedizer para o meu pai:- aquilo é um lugar sem vida, quase nem nos atrevemos arespirar lá dentro com medo de sujar os vidros.e era da casa da rita que estavam a falar.12 - 13onde a avó Elisa diz que há tanto respeito. talvez no seutempo fosse assim. por isso eu gosto de viver agora, apesar dea minha mãe ainda não estar em casa, apesar de a minha irmãnão ser nada como eu pensava, apesar das provas de avaliaçãomarcadas para amanhã. as tais de que a avó Elisa nunca ouviufalar. as provas de texto livre, de desenho, de gramática, nãome assustam. só me assusta um bocadinho a de matemática. mas opedro disse que eu produzia o suficiente", por isso acho quenão vai haver complicações.mesmo assim vou ver se trabalho um pouco mais.14capítulo 3texto livrea minha irmã nasceu há quatro dias. É muito feia, tem acára toda às rugas e eu ainda não estou muito certa se gostodela ou não. pelo menos penso que nunca vou gostar dela como gosto da rita, que mora na minha rua e é a minha melhor amiga.como diz a avó Elisa, a família aumentou. só que eu gostavaque a gente pudesse escolher a nossa família tal qual escolheos amigos. porque assim eu havia de gostar da família inteira.e nela estariam a mãe, o pai, a avó, a rita, o pedro, o sr.joão da tabacaria, que às vezes me dá mais uma carteira decromos do que aquelas para que chega o dinheiro que levo.15mas não a tia magda, que só tem boca para palavras azedas, esó gosta de flores caras com nomes complicados, como osantúrios e as estrelícias, que a minha mãe lhe compra no diados anos. quando estou triste, gosto de ter flores ao pé demim. mas não é preciso que cheirem ou que sejam daquelas depés muito altos a dormir na montra das floristas. só é
  • 5. precisoque estejam ao pé de mim. que eu olhe para elas e sinta queestou tão acompanhada como se elas fossem pessoas. sinto quehá flores que nunca me poderiam fazer companhia. os antúrios eas estrelícias, por exemplo, a delícia da minha tia magda.a minha mãe conta que a primeira vez que me levou a casa datia eu passei o tempo todo a gritar dentro da alcofa. aindahoje, para ser sincera, me apetece gritar quando a vejo. jásou crescida e as pessoas diriam que me estava a portar mal.mas a verdade é que não gosto muito da tia magda, embora a avóElisa esteja constantemente a meter-me pelos ouvidos dentroque a gente deve sempre gostar da nossa família.o que eu não compreendo muito bem. no ano passado, chegarama minha casa uns primos vindos do brasil, que eu nunca tinhavisto e de quem raramente ouvia falar. estiveram comigo unsdois ou três dias e seguiram para o norte. não voltei avê-los, nem penso neles. e acho que ninguém me pode obrigar agostar deles só pelo facto de serem da minha família. nãoposso gostar de pessoas que não conheço, e de quem nada sei.mas posso gostar muito de pessoas que não são meus primos, nemtios, nem avós. de pessoas que não me são nada, como costumadizer a tia magda para me arreliar. então a rita, por exemplo,não é nada para mim? se eu não posso estar um dia sem a ver,sem brincar com ela, sem conversar com ela - isto não éimportante? por isso eu digo que se escolhesse a minha famíliahavia de lá pôr também a rita.e as flores. as que me fazem companhia de gente, nunca osantúrios e as estrelícias.e o zarolho, que nada no aquário da entrada.e a zica, já só com um braço, um olho muito claro na carapreta, uma carapinha roída das traças, mas ainda a bonecapreferida.e a árvore da minha rua, com o rouxinol que todas asprimaveras nela mora, e canta, e me faz contente nem seiporquê.e a vizinha do prédio em frente, o dia inteiro agarrada àmáquina de costura.e o meu quarto e tudo o que dentro dele me pertence deverdade.e também os livros. e os patins. e as minhas cadernetas decromos coloridos.neste momento ainda não sei se a
  • 6. minha irmã que nasceu háquatro dias vai pertencer à minha família.