1. O documento apresenta um curso sobre recuperação de áreas degradadas com diversos módulos de conteúdo.
2. O Módulo I introduz conceitos básicos como áreas degradadas, recuperação, recursos naturais, solo e causas da degradação.
3. São definidos conceitos como áreas degradadas, recuperação, recursos naturais e solo, e explicadas as principais causas antrópicas e naturais da degradação.
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Rad módulo i
1. Programa de Educação
Continuada a Distância
Curso de
Recuperação de Áreas
Degradadas
Aluno:
EAD - Educação a Distância
Parceria entre Portal Educação e Sites Associados
2. 2
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Curso de
Recuperação de Áreas
Degradadas
MÓDULO I
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mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos nas Referências Bibliográficas.
3. 3
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1 NOÇÕES BÁSICAS ESSENCIAIS SOBRE ÁREAS DEGRADADAS
2 CONCEITOS
2.1 ÁREAS DEGRADADAS
2.2 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
2.3 RECURSOS NATURAIS
2.4 SOLO
2.5 ÁREAS ÁRIDAS, SEMIÁRIDAS E SUBÚMIDAS
2.6 DESERTIFICAÇÃO
2.7 MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
2.8 IMPACTOS AMBIENTAIS, PASSIVOS AMBIENTAIS E POLUIÇÃO
AMBIENTAL
2.8.1 Impactos Ambientais e Poluição Ambiental
2.8.2 Áreas de Influências: Direta e Indireta
2.8.3 Passivo Ambiental
2.8.4 Degradação Ambiental
3 CAUSAS DA DEGRADAÇÃO DOS SOLOS
3.1 OS FATORES CAUSADORES
3.2 DESMATAMENTO E SUPEREXPLORAÇÃO DA VEGETAÇÃO
4 TIPOLOGIA
4.1 EROSÃO
4.2 DETERIORAÇÃO QUÍMICA
4.3 DETERIORAÇÃO FÍSICA
4.4 EXTENSÃO E IMPACTO DA DEGRADAÇÃO
4. 4
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MÓDULO II
5 LEVANTAMENTO HISTÓRICO
5.1 LEVANTAMENTO HISTÓRICO GERAL
5.2 LEVANTAMENTO HISTÓRICO ESPECÍFICO DO CASO
5.3 DADOS HIDROLÓGICOS
5.4 DADOS METEOROLÓGICOS
6 LEVANTAMENTOS EM CAMPO
6.1 MÉTODOS E TÉCNICAS APLICÁVEIS
6.2 AMOSTRAGEM
6.3 QUANTIDADE DOS PONTOS AMOSTRADOS
6.4 PROFUNDIDADE DOS PONTOS AMOSTRADOS
6.5 QUANTIDADE DE AMOSTRAS
7 TESTES EM LABORATÓRIO
7.1 ANÁLISE QUÍMICA
7.2 ANÁLISE FÍSICA
8 AVALIAÇÃO DA PERICULOSIDADE
MÓDULO III
9 OBJETIVOS E PLANEJAMENTO DA RECUPERAÇÃO
9.1 PLANEJAMENTO DA RECUPERAÇÃO E PRAD
10 TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO
10.1 CLASSIFICAÇÃO
10.1.1 Processo In-site
10.1.2 Processo On-site
10.1.3 Processo Off-site
10.2 BIOENGENHARIA
10.2.1 Método de Estacas Vivas
10.2.2 Método de Caniçadas Vivas
10.2.3 Camadas de Ramos ou Vassouras (Brushlayering)
5. 5
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10.2.4 Critérios para Escolha dos Métodos de Bioengenharia
10.3 ESCOLHA DA TÉCNICA DE RECUPERAÇÃO
11 MEDIDAS DE SEGURANÇA
11.1 REMANEJAMENTO
11.2 SISTEMA DE BARREIRAS
11.3 IMOBILIZAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS NOCIVAS
12 AÇÕES DE RECUPERAÇÃO
12.1 PROCESSOS BIOLÓGICOS (BIORREMEDIAÇÃO)
12.1.1 Método Landfarming
12.1.2 Método Leiras de Regeneração
12.2 PROCESSOS TÉRMICOS
12.2.1 Processos de Alta Temperatura
12.2.2 Processos de Baixa Temperatura
12.3 PROCESSOS DE LAVAGEM DO SOLO
12.4 PROCESSOS DE SUCÇÃO DE AR DO SOLO
MÓDULO IV
13 ESTUDO DE CASO: BIOENGENHARIA
13.1 HISTÓRIA DA BIOENGENHARIA
13.2 VANTAGENS DOS MÉTODOS BIOTÉCNICOS
13.3 CONCEITOS BÁSICOS DA BIOENGENHARIA
13.4 REVEGETAÇÃO
13.5 ESTUDO DE CASO: EROSÃO E BIOENGENHARIA
14 BIORREMEDIAÇÃO
14.1 ESTUDO DE CASO: BIORREMEDIAÇÃO
15 VOCABULÁRIO ÚTIL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6. 6
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MÓDULO I
1 NOÇÕES BÁSICAS ESSENCIAIS SOBRE ÁREAS DEGRADADAS
O objetivo maior deste curso é contribuir com a difusão do conhecimento,
das técnicas e do manejo para a recuperação de áreas degradadas no contexto
brasileiro. Nos diversos módulos procura-se mostrar os procedimentos de como
recuperar áreas degradadas e a importância dessa recuperação pelos impactos
positivos propiciados, não só para o meio ambiente, mas também para a sociedade
como um todo.
Antes de aprofundar o conteúdo é necessário introduzir alguns conceitos e
explicar o porquê da importância crescente da adoção de técnicas de controle
ambiental no mundo globalizado. Afinal, a gestão ambiental, o desenvolvimento
sustentável e seus imperativos visam, acima de tudo, prevenir a degradação
ambiental, minimizando a necessidade de recuperação de áreas degradadas. O
público-alvo do curso são os estudantes, empresários, profissionais autônomos,
associações e organizações que trabalham com a área ambiental ou não, e desejam
conhecer mais sobre este tema.
2 CONCEITOS
Para uma boa compreensão das práticas e técnicas ensinadas durante este
curso é de grande importância que se tenha conhecimento sobre alguns conceitos
básicos que serão constantemente abordados daqui em diante. Como o tema deste
curso é a Recuperação de Áreas Degradadas, logo, o primeiro conceito que
veremos será áreas degradadas.
7. 7
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2.1 ÁREAS DEGRADADAS
O conceito de áreas degradadas é multidisciplinar, isto é, ele é utilizado em
várias frentes do conhecimento. Por conta disso, é amplamente interpretado,
variando entre utilizado para representar a depredação de uma mata até a
exploração de uma área de tal forma que ela perca suas características de solo e
vegetação, podendo culminar até mesmo em uma modificação de relevo.
“Entretanto, para este curso, consideraremos como área degradada toda área que
por ação natural ou antrópica* teve suas características originais alteradas além do
limite de recuperação natural dos solos, exigindo, assim, a intervenção do homem
para sua recuperação.” (NOFFS, 2000).
*ação antrópica: ação do homem sobre o ambiente.
O Decreto Federal 97.632/89 define o conceito de degradação ambiental
como sendo “processos resultantes de danos ao meio ambiente, pelos quais se
perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a qualidade
produtiva dos recursos naturais.” Agora que já sabemos o que são áreas
degradadas passaremos para outro conceito, a Recuperação de Áreas Degradadas.
2.2 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
A legislação brasileira diz que o objetivo da recuperação é o “retorno do sítio
degradado* a uma forma de utilização, de acordo com um plano** preestabelecido
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para o uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente”
(Decreto Federal 97.632/89).
*sítio degradado:
**
local degradado.
PRAD: Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
Analisando esse conceito percebemos que a recuperação de áreas
degradadas visa à recuperação de uma determinada área, que antes da degradação
foi fértil e abrigava a vida, mas que por ações naturais ou antrópicas perdeu essa
capacidade. Essa recuperação visa sempre o retorno das condições naturais o mais
próximo dos que eram encontrados antes da degradação. No entanto, muitas vezes
esse retorno se torna impossível, devido ao grau da degradação sofrido pelo solo,
ou seja, pela área. Sabendo que o solo é um recurso natural, a seguir definiremos o
conceito de recursos naturais.
2.3 RECURSOS NATURAIS
Os recursos naturais são fundamentais para a sobrevivência da
humanidade, pois além de propiciarem o desenvolvimento tecnológico, eles são
responsáveis pela manutenção da vida na Terra, pois estão diretamente ligados aos
processos energéticos e aos ciclos biogeoquímicos, como o ciclo hidrológico, o ciclo
do carbono, do fósforo e etc.
Em sua definição, recursos naturais são elementos da natureza com
utilidade para o homem, com o objetivo de desenvolvimento da civilização,
sobrevivência e conforto da sociedade em geral. Podem ser renováveis, ou seja,
após certo tempo serão naturalmente repostos, como a energia do Sol e do vento, e
não renováveis, como o petróleo, o gás natural e minérios em geral, recursos estes
com estoques limitados.
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FIGURA 1 - CICLOS NATURAIS DE RECICLAGEM DOS RECURSOS NATURAIS
EVIDENCIAM QUE NA NATUREZA NÃO EXISTEM RESÍDUOS
Na natureza não existe lixo, pois o resíduo de um processo natural é
matéria-prima de outro, estabelecendo uma contínua reciclagem de matéria e
energia, o que garante a renovação dos recursos naturais (observe a Figura 1),
exemplo: animais comem as plantas, animais morrem, bactérias decompositoras
decompõem o corpo do animal em nutrientes e minerais que nutrem o solo, plantas
precisam de nutrientes do solo para crescer, animais precisam das plantas para se
alimentar e crescer, fechando assim o ciclo (Figura 2).
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FIGURA 2 - CICLO NATURAL DA VIDA
2.4 SOLO
Um dos recursos mais importantes para o homem é o solo (terra), pois o
mesmo possui múltiplas funções no ciclo de nutrientes, no ciclo das águas e também
é muito importante na sustentabilidade (capacidade de se manter sustentável) dos
sistemas naturais, como florestas primárias e campos, sendo um fator de muita
relevância para os mesmos.
Dentro das mais variadas áreas do conhecimento (geologia, agronomia,
engenharia, ecologia, botânica, e outros), dependendo da especialidade, a definição
de solo assume conceitos variados. Pelo Dicionário Aurélio, “solo é a porção da
superfície da terra, terreno, chão, parte inconsolidada do manto de intemperismo e
que contém matéria orgânica e vida bacteriana, que possibilitam o desenvolvimento
11. 11
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das plantas.” (FERREIRA, 1999). Já pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT):
“Solo é a matéria natural que compõe a parte superficial do planeta Terra,
constituído por horizontes (camadas) de compostos minerais e/ou orgânicos e
resultante da alteração e evolução de um material original (rocha ou mesmo outro
solo), diferindo deste por características físicas, químicas, morfológicas,
mineralógicas e biológicas”. (ABNT, 1989).
Assim, tem-se que o solo é um corpo tridimensional que forma a camada
superior da crosta terrestre e que apresenta propriedades diferentes da camada de
rocha inferior, ou dos materiais que lhe deram origem, como resultados das
interações entre o clima, o material original, os organismos vivos e o homem. Dentro
do enfoque ambiental temos que “o solo é o principal suporte para a vida e o bem-
estar, constituindo-se em um recurso natural vital e limitado, embora facilmente
destrutível.” (CASTRO NETO et al., 2000).
A formação do solo se dá por meio da fragmentação e alterações químicas
das rochas. Com essa fragmentação, os micro-organismos se estabelecem e
começam a liberar os nutrientes necessários para sua sobrevivência e com isso
possibilitando o crescimento de pequenos vegetais. Quando morrem, os restos
desses micro-organismos vão sendo decompostos e passam a formar o húmus
(camada fértil do solo). Ao passar dos anos, os sais minerais vão sendo
transportados por ação da água que infiltra, e lentamente começa a se formar o solo,
organizado em camadas (Figura 3).
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FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO DAS ETAPAS DE FORMAÇÃO DO SOLO
FONTE: Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/>. Acesso em: 26/02/2010.
FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DOS HORIZONTES DO SOLO
FONTE: Disponível em: <www.dct.uminho.pt>. Acesso em: 26/02/2010.
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Quando o solo atinge a maturidade, apresenta camadas distintas que se
distinguem por horizontes. O solo pode apresentar um perfil mais ou menos
constante com cinco horizontes, O, A, B, C, D, sendo que esses horizontes têm
espessura variada (Figura 4).
Horizonte O
É a camada mais superficial do solo, geralmente de cor escura por
apresentar muita matéria orgânica e, por esse motivo, é rico em nutrientes.
Horizonte A
Faixa formada pela mistura de húmus com material mineral (cálcio, potássio,
sílica, sódio, ferro e alumínio), também de cor escura e com bastante nutrientes.
Esses dois primeiros horizontes são cheios de vida: bactérias, fungos, insetos,
roedores, vegetais, entre outros.
Horizonte B
Nesse horizonte já é encontrado muito pouco da matéria orgânica, porém é
rico em sais minerais solúveis em água, essenciais para o crescimento das plantas.
Horizonte C
O horizonte C é marcado pela ausência de matéria orgânica. Nele é
encontrado material mineral decorrente da decomposição da rocha mãe.
Horizonte D
Esse horizonte corresponde à rocha mãe, que está em processo de
decomposição. Os grãos que compõem o solo estão reunidos de tal forma que se
tocam entre si, deixando espaços vazios que são preenchidos com ar e/ou água.
Denomina-se textura o tamanho relativo dos grãos no solo. Chama-se granulometria
a medida da textura. Estrutura do solo é a disposição relativa dos grãos em relação
aos poros (CASTRO NETO et al., 2000).
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O tipo de solo irá depender muito da rocha de origem, das ações exercidas
pelo clima e pelos micro-organismos sobre este material (intemperismo), e dos
mecanismos de transporte. Sendo assim, o solo pode constituir-se de areias, siltes
ou argila. Dentre os variados tipos de solos destacam-se os arenosos, argilosos,
calcários e orgânicos.
Solos Arenosos
São solos com granulometria grossa, apresentando forma de grãos
relativamente grandes, ricos em areia. Esse tipo de solo não consegue reter água
por muito tempo. A água se infiltra pelos espaços existentes entre os grãos, indo se
acumular nas camadas mais profundas. Com isso sua superfície seca muito
rapidamente, dificultando assim o surgimento de plantas. Esse tipo de solo é muito
comum na região nordeste do Brasil.
Solos Argilosos
Os solos argilosos contêm muitos materiais de granulometria pequena, como
a argila, isso faz com que suas partículas fiquem muito juntas umas das outras,
fazendo com que a água não consiga infiltrar como deveria, tornando esse tipo de
solo constantemente encharcado na presença de água e por isso também dificulta o
crescimento de plantas. Porém, quando a quantidade de partículas finas não é muito
elevada ou as partículas não são finíssimas, esse solo se torna muito produtivo,
sendo amplamente explorado pela agricultura. Esse tipo de solo argiloso é
conhecido como terra roxa e é encontrado principalmente nos estados de São
Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Solos Calcários
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Esse tipo de solo, formado por partículas de rochas, é um solo muito seco
que tem grande tendência a esquentar quando exposto aos raios solares, tornando a
vida nele praticamente nula. É muito comum em regiões desérticas.
Solos Orgânicos
São solos presentes em lugares com grande presença de matéria orgânica
em decomposição (húmus), ricos em nutrientes, principalmente o nitrogênio, e de cor
escura. O húmus age como um cimento e liga os minerais do solo, modificando sua
porosidade e, portanto, aumentando sua capacidade de retenção de água.
Os solos orgânicos apresentam alta fertilidade e excelentes condições de
crescimento para as plantas, tornando-se muito utilizado para a prática de
agricultura. Assim como encontramos diferenciação entre as características de cada
solo, cada ambiente também tem suas próprias peculiares e, de acordo com elas,
um determinado tipo de solo. A seguir veremos os principais aspectos de diferentes
ambientes encontrados no nosso planeta.
2.5 ÁREAS ÁRIDAS, SEMIÁRIDAS E SUBÚMIDAS
O solo, assim como a água, é um recurso natural muito importante para a
manutenção da vida da humanidade, mas frequentemente esse recurso é mal
gerenciado. Somente 11% da área total do planeta não apresentam restrições para
o uso agrícola; em 28% o clima é muito seco, em 10% é muito úmido; em 23% o
solo é quimicamente desequilibrado e em 22% é muito raso; e o restante, cerca de
6%, está sempre congelado (FAO, 1980).
De acordo com a tipologia do solo e a característica climática de cada
região, podemos ter diferentes definições quanto à presença de água. Quanto mais
seco for o solo mais árido ele é. Segundo o Minidicionário Ruth Rocha, árido é
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definido como “seco, estéril, áspero, sem amenidade”. Portanto, quanto menos
umidade tem um solo, maior é a aridez da região.
As regiões são definidas em áridas, semiáridas ou subúmidas quanto ao seu
aspecto de aridez por meio da combinação de duas variáveis climáticas: regime
hidrológico (chuvas e evaporação) e de temperatura. Porém, essa classificação só
dá uma ideia da aridez ou umidade do clima e não leva em relação o potencial
agrícola e de pastoreio da região, que depende mais do tamanho no ano em que a
precipitação e armazenamento de água no solo seja suficiente para o crescimento
de culturas ou da vegetação.
2.6 DESERTIFICAÇÃO
Em alguns casos a aridez é tão grande que o ambiente inteiro passa por um
processo de transformação: o solo começa a perder nutrientes e passa a ficar
arenoso, tornando o nível de umidade ainda menor e por fim se transformando em
um deserto. Desertificação é definida como “A degradação de terras em áreas
áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, incluindo
variação climática e atividades humanas.” (Capítulo 12 da Agenda 21 da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1992).
Agora que conhecemos os principais aspectos e características dos solos,
falaremos sobre a relação entre meio ambiente e desenvolvimento econômico e
sobre a capacidade de suporte dos recursos naturais.
2.7 MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
É necessário entender o conceito de capacidade de suporte do meio, que é
o nível de utilização dos recursos naturais que um sistema ambiental ou um
ecossistema pode suportar, garantindo-se a sustentabilidade e a conservação de
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
tais recursos e o respeito aos padrões de qualidade ambiental (Vide figura 5). Não
importa se o recurso é renovável ou não renovável, o meio ambiente sempre tem
uma capacidade máxima de suporte relacionada ao tempo que aquele recurso leva
para se regenerar naturalmente (exemplo: fixação de nitrogênio pelos micro-
organismos no solo).
FIGURA 5 - POPULAÇÃO MÁXIMA SUSTENTÁVEL PELO BRASIL
CONSIDERANDO O IMPACTO AMBIENTAL DE CADA HABITANTE
FONTE: Revista Veja, edição 2071, de 30 de julho de 2008.
Podemos dizer que a capacidade de suporte de utilização de um recurso
natural foi ultrapassada a partir do momento em que ele começa a ser consumido
mais rapidamente do que sua capacidade de reposição. Todos os problemas
ambientais atuais são resultantes de um padrão de desenvolvimento econômico que
não buscava mitigar os impactos ambientais de sua produção e desenvolvimento
tecnológico, ou seja, não adotava posturas ambientalmente corretas ou trabalhava
dentro da capacidade de suporte do meio ambiente.
A Figura 6, a seguir, ilustra a relação entre meio ambiente e
desenvolvimento econômico: o meio ambiente fornece os insumos e energia
necessária, ou seja, toda a matéria-prima que entra nas diversas fases de uma
cadeia produtiva: desde a extração do recurso natural até o uso e consumo final do
produto, e em todas as fases são gerados resíduos que são dispostos no meio
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
ambiente, muitas vezes sem o tratamento adequado ou acima da capacidade de
suporte do meio.
Foi esta interação insustentável entre o homem e o ambiente que gerou os
problemas ambientais atuais, que causam consequências adversas principalmente à
saúde humana e para a economia mundial.
FIGURA 6 - EFEITOS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SOBRE O MEIO
AMBIENTE
A maneira de gerir a utilização dos recursos naturais é o fator que determina
o grau de impacto das ações antrópicas sobre o ambiente natural. O grau de
impacto é função de três variáveis:
1. A diversidade dos recursos extraídos do ambiente;
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
2. A velocidade de extração destes recursos (se permite ou não a sua reposição,
isto é, se está dentro da sua capacidade de suporte);
3. E a forma de disposição e tratamento dos seus resíduos e efluentes.
Agora que já falamos sobre recursos naturais e capacidade de suporte,
vamos relembrar o conceito de área degradada, que é toda área que por ação
natural ou antrópica* teve suas características originais alteradas além do limite de
recuperação natural dos solos, exigindo, assim, a intervenção do homem para sua
recuperação (NOFFS, 2000).
Uma análise da United Nations Environment Programme (UNEP) ou
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente sobre os grandes problemas
mundiais da atualidade levantou 12 grandes itens que preocupam pesquisadores,
administradores e gerentes da área ambiental, são eles:
1. Crescimento demográfico rápido (vide tabela 1): Mesmo considerando
que a taxa de fecundidade das mulheres está diminuindo nos países
desenvolvidos, o crescimento demográfico aliado ao desenvolvimento
tecnológico acelera a pressão sobre os sistemas e recursos naturais, e em
geral traz como consequência mais impactos ambientais, devido ao
aumento na produção industrial e nos padrões de consumo.
2. Urbanização acelerada: além do rápido crescimento demográfico, a
aglomeração de população em áreas urbanas está gerando grandes
centros com 15 milhões de habitantes ou mais. Esses centros de alta
densidade populacional demandam maiores recursos, energia e
infraestrutura, além de criarem problemas complexos de caráter ambiental,
econômicos e principalmente sociais.
3. Desmatamento: a taxa anual de desmatamento das florestas,
especialmente das tropicais, ocasiona diversos problemas como erosão,
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
diminuição da produtividade dos solos, perda de biodiversidade,
assoreamento de corpos hídricos, etc.
4. Poluição marinha: a poluição marinha está se agravando cada vez mais
devido a: descargas de esgotos domésticos e industriais por meio de
emissários submarinos, desastres ecológicos de grandes proporções,
como naufrágio de petroleiros, acúmulo de metais pesados no sedimento
marinho nas regiões costeiras e estuários, perda de biodiversidade
(exemplo: espécies frágeis de corais), poluição térmica de efluentes de
usinas nucleares e etc.
TABELA 1 - VARIAÇÃO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL ESTIMADO EM
1992, PARA O PERÍODO DE 1965 A 2025
FONTE: Sebrae, 2004
5. Poluição do ar e do solo: ocasionada principalmente pelas indústrias,
agroindústria e automóveis, por meio de emissões atmosféricas das
indústrias, disposição inadequada de resíduos sólidos (exemplo: lixões) e
de resíduos industriais que causam poluição do solo, acúmulo de
aerossóis na atmosfera proveniente da poluição veicular e industrial,
contaminação do solo por pesticidas e herbicidas, etc.
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6. Poluição e eutrofização de águas interiores – rios, lagos e represas: a
poluição orgânica proveniente dos centros urbanos e atividades
agropecuárias gera uma variedade de efeitos sobre os recursos hídricos
continentais, os quais são fundamentais para o abastecimento público das
populações. Essa pressão resulta na deterioração da qualidade da água,
causada pelo fenômeno da eutrofização, acúmulo de metais pesados no
sedimento, alterações no estoque pesqueiro e geralmente inviabiliza
alguns dos usos múltiplos dos recursos hídricos.
7. Perda da diversidade genética: o desmatamento e outros problemas
ambientais acarretam perda de biodiversidade, ou seja, extinção de
espécies e perda da variabilidade da flora e da fauna. A biodiversidade e
seus recursos genéticos são fundamentais para futuros desenvolvimentos
tecnológicos.
8. Efeitos de grandes obras civis: a construção de obras civis de grande
porte, como represas de usinas hidrelétricas, portos e canais, gera
impactos consideráveis e difíceis de mensurar sobre sistemas aquáticos e
terrestres.
9. Alteração global do clima: o aumento da concentração dos gases estufa
na troposfera terrestre (primeira camada da atmosfera) e de partículas de
poluentes está causando um fenômeno conhecido como aquecimento
global, que é o aumento da temperatura do planeta, devido à maior
retenção da radiação infravermelha térmica na atmosfera. Cada grau
Celsius de aumento da temperatura terrestre irá trazer consequências
diferentes, e estas são acumulativas, segundo o 2º relatório do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) apenas 1º C a mais já
é suficiente para derreter as geleiras de topos de montanha do mundo
todo, comprometendo os abastecimentos locais de água, e se o aumento
chegar a 4º C estima-se que até 3,2 bilhões de pessoas poderão sofrer
com a falta d’água e que a subida do nível do mar irá ameaçar a existência
de cidades costeiras em todo o mundo. As previsões de aquecimento para
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o fim deste século estimam entre 1,8º C e 4º C a mais na média da
temperatura mundial.
10. Aumento progressivo das necessidades energéticas e suas
consequências ambientais: o aumento da demanda energética devido
ao crescimento populacional, urbanização e crescente desenvolvimento
tecnológico geram a necessidade da construção de novas usinas
hidrelétricas e termelétricas, grandes e pequenas usinas nucleares, etc. E
quanto maior a utilização de combustíveis fósseis (termelétricas, carvão
mineral) mais gases de efeito estufa são lançados na atmosfera. Outros
tipos de matrizes energéticas como hidrelétricas e usinas nucleares
possuem impactos ambientais associados a sua construção e operação
(exemplo: falta de tratamento para os resíduos nucleares).
11. Produção de alimentos e agricultura: A agricultura de alta produção é
uma grande consumidora de energia, de pesticidas e de fertilizantes. A
expansão das fronteiras agrícolas aumenta as taxas de desmatamento e
perda de biodiversidade.
12. Falta de saneamento básico: principalmente nos países
subdesenvolvidos, a falta de saneamento básico é um problema crucial
devido às inter-relações entre doenças de veiculação hídrica, distribuição
de vetores e expectativa de vida adulta e taxa de mortalidade infantil. E
também pela poluição orgânica gerada pelo aporte de esgotos domésticos
e drenagem pluvial em corpos d’água devido à falta de infraestrutura
adequada e a lançamentos irregulares.
Dentre os problemas ambientais que afetam o Brasil, podemos listar como
os mais críticos:
1. Desmatamento, que acarreta perda de Biodiversidade;
2. Erosão devido a desmatamento e manejo inadequado do solo na
agricultura e pecuária;
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3. Poluição das águas e solos devido à falta de saneamento básico
nas áreas urbanas e rurais;
4. Falta de políticas de gerenciamento de resíduos sólidos nas áreas
urbanas, gerando “lixões”;
5. Poluição industrial.
No entanto, a partir da década de 70 a humanidade começou a tomar
consciência dos seus impactos sobre a natureza, devido principalmente às
consequências econômicas que as reações da natureza a esses impactos geravam,
como mais gastos com saúde pública. Isso levou ao surgimento de uma nova
abordagem de desenvolvimento econômico conciliatório com a preservação
ambiental.
Nasceu assim o conceito de desenvolvimento sustentável, que pode ser
definido como o desenvolvimento que atende às necessidades das presentes
gerações sem prejudicar o atendimento das necessidades das gerações futuras e
que deve ser ao mesmo tempo ecologicamente equilibrado, economicamente viável
e socialmente justo. Porém, para que possamos entender bem esse conceito de
desenvolvimento sustentável é necessária a compreensão de outros conceitos
básicos como impactos, passivos ambientais e poluição ambiental.
2.8 IMPACTOS AMBIENTAIS, PASSIVOS AMBIENTAIS E POLUIÇÃO
AMBIENTAL
A definição de conceitos é fundamental nesta área do conhecimento, pois
uma recuperação de área degradada bem feita depende, acima de tudo, da
capacidade do técnico ou da equipe técnica responsável.
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2.8.1 Impactos Ambientais e Poluição Ambiental
A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA no
1, de
1986, em seu Artigo 1º, considera impacto ambiental como sendo:
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I. A saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II. As atividades sociais e econômicas;
III. A biota;
IV. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V. A qualidade dos recursos ambientais.
Todo impacto ambiental tem uma ou mais causas e constitui-se no resultado
das ações humanas sobre os aspectos ambientais (Vide Figura 7).
FIGURA 7 – RELAÇÃO ENTRE AÇÕES HUMANAS, ASPECTOS E IMPACTOS
AMBIENTAIS
FONTE: Sánchez, 2006.
A causa do impacto ambiental, muitas vezes, tem relação direta e indireta
com a poluição ambiental. A definição de poluição ambiental é muito semelhante à
25. 25
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definição de impacto ambiental, no entanto, um impacto ambiental pode ser negativo
ou positivo, ou seja, ele pode tanto trazer prejuízos como benefícios.
Podemos dizer também que um impacto ambiental é significativo quando
este é importante em relação a outros impactos, que poderiam ser julgados mais
como efeitos, ou seja, como simples consequências de uma modificação induzida
pelo homem, sem um valor econômico. A lei nº 6.938, de 1981, que trata da Política
Nacional de Meio Ambiente, traz duas definições fundamentais: degradação da
qualidade ambiental e poluição; são elas:
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das
características do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
É muito importante interpretar o item e) da definição acima: a poluição pode
ser causada por empreendimentos que disponham no meio ambiente efluentes,
emissões, resíduos ou energia acima dos padrões ambientais, isto é, valores limites
estabelecidos. O estabelecimento de padrões ambientais está relacionado ao
conceito de capacidade de suporte do meio, que, como vimos anteriormente, é o
nível de utilização dos recursos naturais que um sistema ambiental ou um
ecossistema pode suportar, garantindo-se a conservação de tais recursos.
Assim, o estabelecimento de padrões ambientais visa manter a exploração
dos recursos naturais dentro da capacidade de suporte do meio, impedindo a
degradação ambiental, e consequentemente eliminando a necessidade futura de
recuperação de áreas degradadas.
A Figura 8 abaixo exemplifica o processo de geração de um impacto
ambiental.
É preciso lembrar sempre que é a maneira de
gerenciar a utilização dos recursos naturais que determina os impactos ambientais
das ações antrópicas que serão gerados sobre o meio ambiente.
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FIGURA 8 – EXEMPLIFICAÇÃO DO PROCESSO DE GERAÇÃO DE UM IMPACTO
AMBIENTAL
FONTE: Sánchez, 2006.
Juntamente com o aumento exponencial da população mundial e o seu
processo de urbanização, o avanço do consumo de energia e a intensificação do
processo de industrialização têm colaborado intensamente com a geração de
poluição e impactos ambientais por meio das emissões de poluentes e resíduos
gerados pela utilização de diferentes recursos naturais.
Em geral, empresas do ramo industrial possuem os mais altos impactos
ambientais justamente porque os seus processos produtivos geram inúmeros
poluentes, o que explica também porque as indústrias oferecem mais riscos
ocupacionais para aos seus trabalhadores e para o meio ambiente. A grande
conclusão é que a geração de impactos ambientais está relacionada aos aspectos
ambientais das atividades humanas, conforme exemplifica a Figura 9 abaixo.
27. 27
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FIGURA 9 – EXEMPLOS DE RELAÇÕES ATIVIDADE-ASPECTO-IMPACTO
AMBIENTAL
FONTE: Sánchez, 2006.
2.8.2 Áreas de Influências: Direta e Indireta
As áreas de influência são as áreas em que podem ser observados os
efeitos do impacto ambiental. Como vimos anteriormente, a avaliação de impacto
ambiental é um processo de exame dos impactos ambientes que podem ser gerados
futuramente a partir de uma ação proposta. Assim, em geral, é no âmbito do estudo
de impacto ambiental que são determinadas as futuras áreas de influência direta e
indireta do empreendimento.
A área de influência indireta compreende a faixa em que os efeitos são
sentidos de modo diluído ou indireto. Geralmente estes impactos estão relacionados
com os conflitos potenciais resultantes da instalação da atividade no espaço rural ou
urbano, ou com a perturbação de usos consolidados da área. Já a área de
influência direta na maioria das vezes envolve a área em que o empreendimento
será instalado e que será afetada diretamente, por exemplo, desmatamento e
terraplanagem para a execução da obra, o rio que será o corpo receptor do efluente
da atividade, etc.
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É nessa área que aparecem os principais impactos ambientais decorrentes
da instalação e operação da atividade. Os impactos ambientais significativos
geralmente ocorrem na área de influência direta do empreendimento. Algumas vezes
esse impacto é tamanho que provoca alterações profundas na região, mudando
completamente a paisagem.
2.8.3 Passivo Ambiental
Segundo Sánchez (2001), o passivo ambiental representa o acúmulo de
danos ambientais que devem ser reparados a fim de que seja mantida a qualidade
ambiental de um determinado local. Assim, o passivo ambiental representa uma
obrigação, a obrigação de promover investimentos em ações para a extinção ou
amenização da degradação ambiental causada por uma determinada atividade ao
meio ambiente.
O passivo ambiental também pode ser entendido como o valor econômico
de um impacto ambiental que não foi mitigado, isto é, o valor econômico da
recuperação de uma área degradada. Após o término da obra, o custo necessário
para a recuperação das áreas degradadas, ou seja, dos impactos ambientais não
mitigados, é o passivo ambiental.
“A essência do passivo ambiental está no controle e reversão dos impactos das
atividades econômicas sobre o meio natural, envolvendo, portanto, todos os custos
das atividades que sejam desenvolvidas nesse sentido, podendo os danos
ambientais serem relativos a recursos hídricos, à atmosfera, ao solo e ao subsolo,
perda da biodiversidade, danos à saúde e à qualidade de vida, impactos na
atividade econômica e, por fim, impactos sociais e culturais”. (MALAFAIA, 2004).
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Analisando a Figura 10 abaixo percebemos que a avaliação de impacto
ambiental está relacionada aos danos futuros, enquanto a avaliação de dano
ambiental está ligada a danos que aconteceram no passado e que, portanto,
precisam ser recuperados, constituindo-se assim no passivo ambiental da atividade
em questão.
FIGURA 10- DIFERENÇA ENTRE PASSIVO E IMPACTO AMBIENTAL
FONTE: Sánchez, 2006.
Para acabar com um passivo ambiental é necessário um investimento
financeiro que muitas vezes não trará nenhum outro benefício a não ser o ambiental,
assim, ocorre frequentemente de ninguém querer assumir a responsabilidade de um
passivo ambiental. No entanto, os agentes degradadores deviam assumir sua
responsabilidade social, pois ainda que os investimentos na área ambiental e,
portanto, o reconhecimento de seus passivos ambientais e recuperação de áreas
degradadas possam gerar custos diretos, com certeza em períodos futuros eles
trarão alguns benefícios, já que evitarão multas e todas as demais formas de
penalidades, contribuirão para a redução de custos e para a melhoria da imagem da
empresa perante a sociedade.
A Figura 11 abaixo traz um exemplo de área degradada que se tornou um
passivo ambiental: uma voçoroca (tipo de erosão em estágio avançado) causada por
desvio de drenagem pluvial em Campo Grande (MS).
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FIGURA 11 – EXEMPLO DE PASSIVO AMBIENTAL: VOÇOROCA (TIPO DE
EROSÃO EM ESTÁGIO AVANÇADO) CAUSADA POR DESVIO DE DRENAGEM
PLUVIAL EM CAMPO GRANDE – MS
FONTE: Arquivo Pessoal
2.8.4 Degradação Ambiental
A degradação ambiental é o processo pela qual se tem uma redução dos
potenciais recursos renováveis provocada por uma combinação de agentes agindo
sobre o ambiente em questão. A desertificação é uma forma de degradação
ambiental. Qualquer processo que diminua a capacidade de um determinado
ambiente em sustentar a vida é chamado de degradação ambiental.
Essa redução, que leva ao abandono do ambiente, pode ser causada por
processos naturais, como, por exemplo, ressecamento do clima atmosférico,
processos de formação dos solos ou de erosão e até mesmo uma invasão natural de
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animais ou plantas nocivas. Pode ocorrer também, direta ou indiretamente, por
ações antrópicas, ou seja, aquelas causadas pelo homem.
Veremos agora algumas definições importantes relacionadas a áreas
degradadas e à sua recuperação:
− Degradação: De acordo com o Decreto Federal 97.632/89, é definido como o
aglomerado de “processos resultantes de danos ao meio ambiente, pelos
quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a
qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais”.
− Degradação dos Solos: “Refere-se à deterioração ou perda total da
capacidade dos solos para uso presente e futuro.” (FAO, 1980).
− Restauração: “Restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre
degradada o mais próximo possível da sua condição original.” (Lei n°
9.985/2000, SNUC).
− Recuperação: Retornar o local degradado a condições ambientais próximas
às que eram vistas antes da degradação.
− PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas: Documento que
contém o planejamento e os procedimentos para a recuperação da área
degradada.
− Recuperação do solo: Processo de manejo do solo no qual são criadas
condições para que uma área perturbada ou mesmo natural, seja adequada a
novos usos (ABNT, 1989).
− Reabilitação: Tornar a área reocupada, ou seja, depois de remediada a área é
utilizada para nova atividade.
− Reabilitação do solo: Forma de recuperação do solo em que uma área
perturbada é adequada a um uso determinado e novo ou àquele de antes da
perturbação, segundo um projeto prévio (ABNT, 1989).
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− Remediação: Tecnologia e ações que visam a neutralizar, eliminar ou
transformar substâncias que estão contaminando o ambiente (terra e água).
3 CAUSAS DA DEGRADAÇÃO DOS SOLOS
A degradação dos solos pode ser considerada um dos maiores problemas
ambientais dos dias atuais, isso porque ela afeta não só as terras agrícolas, mas
também as áreas de vegetação natural. E o Brasil não está livre desse desastre,
inúmeras fontes de literatura e estudos de casos têm destacado uma grande área do
nosso território como sendo de solo bastante degradado.
A degradação do solo está intimamente ligada à agricultura. Atualmente, o
grande problema da degradação dos solos no Brasil resulta da combinação entre o
clima implacável, um rápido desenvolvimento econômico e solos extremamente
frágeis.
3.1 OS FATORES CAUSADORES
São inúmeros os fatores causadores da degradação dos solos, podendo ser
diretos ou simplesmente facilitadores para que ocorra a degradação, também
chamado de fatores aceleradores. Por exemplo, a salinização do solo pode ter como
fatores causadores diretos uma combinação do uso excessivo de irrigação e uma
drenagem insuficiente, enquanto que o fator acelerador seria a aridez.
Em outro caso, a ação do vento e da água sobre o solo causando a erosão é
um fator direto enquanto que um fator facilitador a essa ação pode ser antrópico
(desmatamento), ou natural (declividade). Conforme demonstra a Tabela 2 (abaixo),
podemos separar os fatores diretos e fatores facilitadores em ações antrópicas e
condições naturais.
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TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DOS FATORES DE DEGRADAÇÃO DAS TERRAS
EM AÇÕES ANTRÓPICAS E CONDIÇÕES NATURAIS
Ações Antrópicas Condições Naturais
Fatores
Facilitadores ou
Fatores
Aceleradores
- desmatamento - topografia
- permissão do superpastoreio - textura do solo
- uso excessivo da vegetação - composição do solo
- taludes de corte - cobertura vegetal
- remoção da cobertura - regimes hidrográficos
vegetal para o cultivo
Fatores
Causadores
Diretos
- uso de máquinas - chuvas fortes
- condução do gado
- encurtamento do pousio
- entrada excessiva de
água/drenagem insuficiente
- alagamentos
- excesso de fertilização ácida
- uso excessivo de produtos
químicos/estrume
- ventos fortes
- disposição de resíduos
domésticos/industriais
FONTE: FAO (1980).
Os processos erosivos causados pela água e pelo vento são encontrados
em todo o território mundial e acontecem naturalmente, devido a fatores causadores
diretos. Assim, embora a erosão possa ocorrer sem a intervenção humana,
geralmente ela é iniciada e/ou acelerada pela atividade antrópica, que causa o
desaparecimento da cobertura vegetal natural, o que se constitui então em um fator
acelerador.
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Um estudo chamado de projeto GLASOD (Global Assessment of human-
induced soil degradation ou Avaliação Global da Degradação do Solo Induzida pelo
Homem quantificou todas as atividades prejudiciais feitas pelo homem e classificou
em cinco grandes categorias (ISRIC/UNEP, 1991) (Tabela 3):
(i) Desmatamento para a agricultura ou pastagem, florestas comerciais de
grande escala, construção de estradas, desenvolvimento urbano, etc.;
(ii) Superpastoreio (destrói a cobertura do solo, causa compactação e
acelera a invasão de espécies arbustivas indesejáveis);
(iii) Atividades agrícolas. O manejo inadequado da terra inclui o cultivo de
solo frágil, pousio reduzido, uso indiscriminado do fogo, práticas que resultam
na exportação de nutrientes do solo, transposição de rios para fins de
irrigação ou irrigação inadequada de solos (FAO, 1993);
(iv) Superexploração da vegetação para uso doméstico (uso da vegetação
como combustível, cercas etc., em que a vegetação remanescente não
fornece mais proteção suficiente contra a erosão do solo);
(v) Atividades industriais que causem poluição.
TABELA 3 - INCIDÊNCIA DOS CINCO FATORES CAUSADORES DA
DEGRADAÇÃO POR REGIÃO (POR PORCENTAGEM DE ÁREA DEGRADADA)
Desmatamento
(%)
Superpastoreio
(%)
Atividades
agrícolas
(%)
Superexploração
da vegetação
(%)
Industriais
(%)
África 14 49 24 13 0
América do
Norte e
Central
11 24 57 7 0
América do
Sul
41 28 26 5 0
Ásia 40 26 27 6 0
Oceania 12 80 8 0 0
Europa 38 23 29 0 9
MUNDO 29 35 28 7 1
FONTE: ISRIC/UNEP (1991).
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3.2 DESMATAMENTO E SUPEREXPLORAÇÃO DA VEGETAÇÃO
Não é de hoje que se têm notícias de que as florestas estão sendo
derrubadas para dar lugar à agricultura. Em 1983 foi descrita a expansão do cultivo
como sendo:
O corte de árvores, arbustos e herbáceas, a queima da serapilheira, o
plantio de culturas por dois a cinco anos nas clareiras abertas, e só então se
permite o retorno da cobertura natural para regeneração do solo, podendo o
período de pousio durar cinco a quinze anos, dependendo do solo e do tipo
de vegetação. (FAO, 1983).
Com o vertiginoso crescimento populacional, a busca por alimento e, por
consequência, a procura por novas áreas agricultáveis vem se tornando um
problema para a humanidade. Cada vez mais as florestas estão sendo derrubadas
para dar lugar para o plantio e pecuária, tanto por agricultura de comércio como para
de subsistência.
A prática de queimar campos com vegetação para abrir grandes áreas de
pastagem para criação de animais vem sendo cada vez mais crescente no Brasil. As
florestas estão dando lugar para grandes lavouras e gigantescas pastagens, que são
utilizados ao esgotamento pelos proprietários que depois abandonam essas áreas e
partem em busca de uma nova área fértil.
Nos dias atuais, a agricultura é forçada a encurtar o tempo de repouso do
solo para que se possa retirar mais produtos e abastecer o mercado em curto prazo.
Com isso um conjunto de diferentes práticas impróprias está sendo relacionado a
esse tipo de manejo: redução do repouso da terra (pousio), fertilização insuficiente
ou excessiva e várias formas de gestão inadequadas das áreas irrigadas.
Outra forma de desmatamento, que também é responsável por grande parte
da derrubada de florestas no Brasil, é o corte de árvores para a obtenção de lenha.
O problema dessa prática está no fato de que geralmente a capacidade de
regeneração da natureza é ultrapassada com a utilização pela população, com isso
as áreas com vegetação são destruídas gradualmente dando espaço para terrenos
descampados, acelerando assim o processo de degradação do solo.
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4 TIPOLOGIA
Como vimos anteriormente, as degradações de terras são causadas por
práticas inadequadas ou empregadas de maneiras erradas. Vimos também que o
conceito de degradação dos solos é descrito como sendo a perda da capacidade de
uso dos solos. Agora veremos que tais perdas ocorrem principalmente em
decorrência das principais formas de erosão (pelo vento e pela água), e das
deteriorações químicas e físicas.
4.1 EROSÃO
As erosões são encontradas pelo mundo todo causando grandes estragos
em algumas regiões.
A erosão é um processo natural e muito importante na formação dos relevos da
terra, mas práticas antrópicas aceleram este processo, tornando-o um problema, e
um dos principais causadores da degradação do solo.
As erosões acontecem pela ação dos ventos e/ou da água sobre o solo
descoberto, por isso a grande importância da vegetação como fator de prevenção à
degradação do solo. A água ou o vento, ao se chocar com a superfície de um solo
desmatado, desprende e carrega as partículas superficiais para uma parte mais
baixa do relevo, causando pequenas ravinas, que são sulcos formados no solo
(Figura 12(a)).
Com o passar do tempo essas ravinas vão evoluindo e se tornando maiores,
até chegarem a uma voçoroca, que são grandes fendas e geralmente difíceis de
serem controladas (Figura 12(b)). Todo esse processo torna o solo pobre e ainda
mais difícil o controle de seu avanço.
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FIGURA 12 – REPRESENTAÇÃO DE PROCESSOS EROSIVOS: (A) RAVINAS, (B)
VOÇOROCAS
FONTE: ARQUIVO PESSOAL.
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4.2 DETERIORAÇÃO QUÍMICA
A deterioração química dos solos pode ser dividida em perda de nutrientes
do solo, salinização, acidificação e poluição de diversas origens.
A perda de nutrientes do solo é um problema causado, na maioria das
vezes, pela chuva em terrenos desmatados (sem vegetação), isso porque quando o
solo se encontra saturado com a água das chuvas aparecem poças na superfície
dos solos e tem início o escoamento superficial. É justamente o escoamento
superficial que leva embora os nutrientes (principalmente nitrogênio, fósforo e
potássio), ou a parte mais fértil do solo (matéria orgânica).
Perda de Nutrientes do Solo:
Em 1983, a FAO descreveu que “nos trópicos úmidos, muitos nutrientes são
levados durante as tempestades intensas, especialmente em terras não protegidas”.
Entretanto, essa não é a única maneira de esgotar os nutrientes do solo, podendo
ser “esgotados pela própria cultura, particularmente se esta for cultivada na mesma
terra ano após ano” (FAO, 1983).
A salinização é o processo que pela qual o solo fica com níveis de sais tão
elevados que se torna tóxico para as plantas, chegando a ser tão salino que se torna
impossível ou inviável economicamente a sua recuperação. A salinização pode
ocorrer pela má utilização da irrigação, sendo pela falta de atenção com a drenagem
ou pelo uso de água com alto índice de salinidade.
Salinização:
Pode ser causada, também, pela invasão da água do mar ou pela invasão
de águas subterrâneas salinas em reservas de águas de boa qualidade. Um último
caso de ocorrência de salinização é quando atividades humanas que elevam a
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evaporação em solos com materiais salinos ou com lenços freático salino são
realizadas sem controle.
A acidificação dos solos acontece quando seu pH fica abaixo de 7,0. A
principal causa da acidificação é o uso excessivo de fertilizantes ácidos ou pela
drenagem em determinados tipos de solo.
Acidificação:
A degradação do solo por poluição pode ocorrer por meio do acúmulo de
lixo, por derramamento de óleo ou outros combustíveis, pelo uso discriminado de
agrotóxicos e/ou fertilizantes ou qualquer outro acúmulo ou despejo que prejudique a
capacidade do solo de sustentar a vida.
Poluição de diversas origens:
4.3 DETERIORAÇÃO FÍSICA
Assim como na deterioração química, encontramos três diferentes tipos de
deterioração física: a compactação dos solos, a elevação do lençol freático e a
subsidência. A compactação dos solos é frequentemente decorrente do uso de
máquinas pesadas em solos instáveis, mas pode ser verificada também em locais
onde há pisoteio de animais, como o gado, por exemplo, ou então o selamento ou
encrostamento do solo, que é causado pelo impacto das gotas de chuvas em solos
descobertos.
A compactação dos solos causa problemas como o aumento do custo de
preparo da terra. Causa também uma maior dificuldade de infiltração da água que,
por consequência, ocasiona maior escoamento superficial, aumentando a
probabilidade de ocorrerem erosões hídricas (erosões causadas pela água). Outra
degradação física é o aumento do lençol freático, podendo chegar até a zona
radicular das plantas (camada do solo onde estão as raízes das plantas), que pode
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ser causada por manejo inadequado da irrigação ou por enchentes. Essa elevação
do lençol freático pode ocasionar também a salinização dos solos.
Já a última forma de degradação física é a subsidência, ou seja, o
rebaixamento da superfície de terra, onde os solos orgânicos, pelo processo de
escoamento superficial ou pela oxidação do próprio solo, perdem seu horizonte
(primeira camada do solo, a camada orgânica).
FIGURA 13 - PRINCIPAIS TIPOS DE DEGRADAÇÃO DO SOLO
FONTE: GACGC, 1994 apud PNUMA, 2004.
4.4 EXTENSÃO E IMPACTO DA DEGRADAÇÃO
As degradações ambientais atingem o planeta como um todo, mesmo em
áreas intocadas pelo homem. A grande diferença está na rapidez em que ela ocorre.
O GLASOD, um estudo que cobriu quase toda superfície terrestre, mostra que 15%
das terras estavam degradadas por atividades humanas (ISRIC/UNEP, 1991). A
Figura 14 mostra a extensão e o grau da degradação das terras nos diferentes
continentes. Não se tem um dado concreto com relação à taxa de expansão de
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
áreas degradadas, porém estimativas variam entre 5 a 12 milhões de hectares de
solos perdidos anualmente.
Se for comparado esse dado ao total de área com solo cultivável e de
pastagem, que é de 4,8 bilhões de hectares no mundo todo, fica claro que a
extensão dessa ameaça é considerável. A FAO (1992) estima que aproximadamente
25 bilhões de toneladas de solo (17 toneladas por hectare cultivado), são erodidos a
cada ano.
FIGURA 14 - EXTENSÃO E GRAU DA DEGRADAÇÃO DAS TERRAS NOS
CONTINENTES
FONTE: PNUMA, 2004.
Para a comunidade rural, o maior efeito da degradação ambiental é a perda
da capacidade produtiva dos solos, o que leva a uma necessidade crescente por uso
de fertilizantes para que se mantenha a mesma produtividade, aumentando os
custos de produção. A Figura 15 mostra a abrangência das principais formas de
degradação no mundo.
Mas o problema não para por aí. A adição de fertilizantes não é suficiente
para recuperar os nutrientes perdidos pelo solo quando sua camada superior erode
(FAO, 1983). Nos locais onde a degradação é séria, as terras vão sendo
abandonadas e dando lugar a outras práticas menos “nobres”, que continuam com a
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
degradação, por exemplo: solo degradado pela prática da agricultura passa a dar
lugar a uma pastagem e solos degradados pela prática da pecuária são
abandonados.
FIGURA 15 - DISTRIBUIÇÃO E OCORRÊNCIA DAS PRINCIPAIS FORMAS DE
DEGRADAÇÃO DO SOLO NO GLOBO
FONTE: ISRIC/UNEP, 1991
LEGENDA DA FIGURA 15
Soil degradation types:
Formas de degradação do
solo
Water erosion: erosão
causada pela água
Wind erosion: erosão
causada pelo vento
Chemical deterioration:
degradação química
Physical deterioration:
degradação física
Severe degradation:
degradação severa
Stable terrain: terreno
estável
Non-used wasteland: áreas
inadequadas para uso
(inóspitas)
Water bodies: corpos
hídricos
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Embora haja uma melhoria nas técnicas de manejo do solo visando a
prevenção à degradação e à conservação, mesmo os melhores solos de países em
desenvolvimento estão sendo degradados pela prática insustentável da agricultura.
Muitas áreas são pressionadas a produzirem de maneira esgotante para suprir o
aumento vertiginoso e urgente do consumo pela população, deixando o solo dessas
regiões cada vez mais pobres.
Segundo o Sfeir-Younis (1986), o cultivo de alimentos proveniente de áreas
não irrigadas pode decair de 19% a 28% durante o período de 1985 a 2010. Em
casos mais raros, a degradação ambiental força o deslocamento da população. A
cada ano, centenas de milhares de hectares são abandonados por estarem
degradados demais para o cultivo ou até mesmo para pastagens, limitando cada vez
mais as áreas de cultivo para a população mundial.
--------------------------FIM DO MÓDULO I----------------------