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EIXO TEMÁTICO: ( ) Ambiente e Sustentabilidade ( ) Crítica, Documentação e Reflexão (X) Espaço Público e Cidadania ( ) Habitação e Direito à Cidade ( ) Infraestrutura e Mobilidade ( ) Novos processos e novas tecnologias ( ) Patrimônio, Cultura e Identidade 
RENASCIMENTO DA URBANIDADE EM ÁREAS INDUSTRIAIS DEGRADADAS: UM NOVO USO PARA ANTIGAS MORADIAS DE ALUGUEL - PROJETO VILA FLORES | PORTO ALEGRE | RS 
URBANITY REVIVAL IN INDUSTRIAL DEGRADED AREAS: A NEW USE FOR OLD RENTAL HOUSING – THE VILA FLORES PROJECT | PORTO ALEGRE | RS 
RENACIMIENTO DE LA URBANIDAD EN ÁREAS INDUSTRIALES DEGRADADAS: UN NUEVO USO PARA VIEJAS VIVIENDAS DE ALQUILER – PROYECTO VILA FLORES | PORTO ALEGRE | RS 
BORTOLI, Fábio (1); 
SBARDELOTTO, Gustavo (2); 
(1) Professor, Professor, Centro Univesitário Ritter dos Reis, Uniritter, Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS|PROPAR, Porto Alegre, RS, Brasil; e-mail: fabiobortoliarq@gmail.com 
(2) Arquiteto, Mestrando, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS|PROPAR, Porto Alegre, RS, Brasil; e-mail: sbar.gustavo@gmail.com
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RESUMO 
O potencial de intervenções pontuais de grande relevância comunitária para revitalização de zonas indústrias degradadas será tratado neste artigo através do estudo de caso do empreendimento Vila Flores em Porto Alegre, RS. O Conjunto Vila Flores e as características do seu atual processo de revitalização serão abordados e relacionados com exemplos de iniciativas semelhantes que tiveram sucesso na irradiação de urbanidade para o entorno e relacionarão este empreendimento ao que vem acontecendo em outras localidades. Através da ótica conceitual baseada de como as pessoas se apropriam dos espaços, será demonstrado o potencial deste tipo de empreendimento como alternativa para a revitalização de zonas industriais degradadas fora dos padrões imobiliários que, em geral, visa à ocupação destas áreas através da substituição das edificações existentes. 
PALAVRAS-CHAVE: Regeneração urbana, loose space, Porto Alegre, 4º distrito 
ABSTRACT 
The potential of local interventions of great community relevance to revitalization of degraded industrial areas will be treated in this article through the case study of the Vila Flores Project in Porto Alegre, Brazil. The Vila Flores buildings and the characteristics of its current revitalization process will be related to examples of similar initiatives that have successfully irradiated urbanity to the environment. Through conceptual view based on how people appropriate spaces, this will demonstrate the potential of this type of development as an alternative to the revitalization of degraded industrial areas outside of the property standards wich aims the ocuppation of these areas by replacing the existing buildings. 
KEY-WORDS: Urban regeneration, loose space, Porto Alegre, 4º distrito 
RESUMEN 
El potencial de las intervenciones ocasionales de gran relevancia para la revitalización de la comunidad de zonas degradadas industriales será tratado en este artículo a través del proyecto Flores Vila en Porto Alegre, Brazil. Las edificaciones del Vila Flores y las características de su proceso de revitalización se abordarán y relacionarán con iniciativas similares que tuviran éxito em la irradiación de urbanidad para el medio ambiente. A través de la vista conceptual baseado en cómo la gente se apropria de los espacios, se demostrará el potencial del proyecto como una alternativa a la revitalización de las áreas degradadas fuera de los padrones contrutivos de mercado donde se pretende la ocupación de estas áreas mediante la sustitución de los edificios existentes. 
PALABRAS-CLAVE Regeneracion Urbana, loose space, Porto Alegre, 4º distrito
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1. INTRODUÇÃO 
As cidades possuem grande dificuldade em lidar com espaços que perderam significado devido às mudanças, sejam elas, sociais, políticas, econômicas, culturais ou decorrentes do seu próprio desenvolvimento. Um dos fatores determinantes para isto é que a área urbana das cidades cresce em ritmo acelerado, mais rápido do que o previsto em qualquer planejamento. A paisagem resultante deste crescimento é complexa e de difícil interrelação entre seus elementos. 
Poderíamos afirmar que a cidade tem perdido sua forma ao constatarmos que algumas partes não se articulam, mas isto seria precipitado: é importante relacionar a cidade contemporânea com outros fatores que a modificam. O primeiro deles é como sendo parte de um território mais amplo, integrante de uma rede urbana ou metropolitana. Esta constatação pode levar- nos a enxergar articulações além dos limites físicos da cidade e constatar necessidades de desarticulações com o todo para articularem-se mais fortemente com um elemento fora deste todo no qual a cidade está inserida. 
Em segundo lugar, como sendo resultante da ação de distintos agentes sociais. A cidade não é mais somente o resultado de projetos estatais ou privados, ela é moldada pela mescla de interesses de usuários, moradores, incorporadores, construtoras, instituições financeiras, instituições governamentais, etc. Segundo Harvey (2005) a produção do espaço se dá pela relação entre estes agentes formadores do espaço urbano, com a dinâmica capitalista. Estes agentes se articulam em rede formando o que Trindade Junior (1998) define como territórios - espaços delimitados por relações de poder que sofrem domínio destes agentes e as territorialidades - formas com que estes agentes moldam a organização destes territórios e possui um sentido mais coletivo e comportamental. 
Em terceiro lugar compreender a presença de diferentes temporalidades presentes no espaço urbano: a cidade vista como a sobreposição de diversos pensamentos e diferentes modelos de relações sociais que foram sendo construídos na forma urbanística e arquitetônica. Muitas destas estruturas não se desfazem e são sobrepostas, fazendo com que a cidade seja o fruto de processos que a antecederam. Além disto, nem sempre estas sobreposições são harmônicas, podendo gerar zonas dispersas e desarticuladas com o todo, que acabam degradando-se com o passar dos anos. A maior incidência destes locais na cidade contemporânea é em zonas outrora industriais, que sofreram o processo de desindustrialização. 
Muitas cidades no mundo têm se organizado de uma forma a planejarem-se de uma forma ampliada, colocando seus projetos em ação através de novas formas de governar. É notório que não é mais possível fixar-se somente em instituições formais de governo e assim surge a necessidade de combinações dos setores público e privado, através de parcerias organizadas por meio de um planejamento estratégico. 
Pelo entendimento que o papel do setor privado interfere na tomada das decisões urbanas, cidades como Frankfurt, Milão, Barcelona e Berlin fizeram associações de maneiras diversas. Apesar do caráter empresarial presente nestas parcerias público-privadas, há uma necessidade primordial que é de encontrar outras maneiras de governar a complexidade da cidade contemporânea. As antigas formas de governo não respondem mais aos anseios da população e estratégias de desenvolvimento precisam ser revistas. 
Mesmo estas articulações publico-privadas são por muitas vezes complexas e difíceis de colocar em prática em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Elas exigem um
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grande planejamento de forma a integrar interesses dos diferentes lados envolvidos. Em virtude desta dificuldade, podemos notar alguns casos que diferem até mesmo do tipo de planejamento mencionado anteriormente, realizado por ações menos ortodoxas. Através da verificação das necessidades da comunidade ou de um despertar criativo de alguns grupos, surgem práticas que podem ser caracterizadas como “bottom-up”, ou de baixo para cima. São experiências que não esperam por um planejamento ou uma organização formal do estado ou de associações público-privadas e organizam-se para a ocupação de zonas abandonadas ou subutilizadas de formas alternativas. 
Na antiga zona industrial de Porto Alegre, denominada 4º Distrito, surge através de um grupo de atores da área criativa, a iniciativa de reutilização, fora dos padrões imobiliários, do Conjunto Vila Flores, um antigo e deteriorado conjunto edificado que serviu de moradia de aluguel para os funcionários das fábricas da região. A proposta do grupo é a reciclagem de uso de forma a agrupar comércio local, moradia temporária e conjuntos comerciais ligadas à área criativa com zonas de convivência comuns. De modo geral, como se apresentará neste artigo, o Vila Flores poderia servir como núcleo revitalizador desta antiga zona industrial, um ponto de acupuntura urbana (LERNER, 2005), que, se bem estruturado, seria capaz de disseminar esta “energia revitalizadora” no entorno. 
O potencial de intervenções pontuais de grande relevância comunitária será tratado neste artigo através do estudo de caso do Conjunto anteriormente mencionado, o Vila Flores, através da visão conceitual baseada de como as pessoas se apropriam dos espaços. Principalmente em espaços que permitam diferentes usos, os “loose spaces” (Franck and Stevens, 2007). O histórico do empreendimento Vila Flores e as características do seu atual processo de revitalização serão abordados a seguir. Exemplos de iniciativas semelhantes que tiveram sucesso na irradiação de energia revitalizadora urbana servirão de modo a relacionar este empreendimento ao que vem acontecendo em outras localidades e a fim de demonstrar o potencial do Conjunto como alternativa para a revitalização de zonas degradadas. 
2. A REVITALIZAÇÃO E O “LOOSE SPACE” 
O termo loose space é usado para designar esta apropriação dos espaços pelas pessoas e pode ser traduzido livremente, como “espaço permissivo”, seriam locais onde ações que nem sempre são as esperadas ocorrem. Um dos livros que compilam melhor esta ideia de apropriação dos espaços pelas pessoas é o “Loose Space - Possibility and diversity in urban life”, dos pesquisadores Karen Franck (Jersey Institute of Technology, Estados Unidos) e Quentin Stevens (University College London, Reino Unido). 
Segundo Lofand (1998), um dos maiores prazeres de estar em público é a sensação de estarem livre de julgamentos. Em diversos espaços urbanos as pessoas realizam atividades que nem sempre são originalmente pensadas para estes locais. Às vezes o uso fixo deste lugar não existe mais, como em uma fábrica abandonada, ou nunca existiu, como abaixo de pontes e viadutos. São as possibilidades de apropriação do espaço pelas pessoas que o confirmam como “loose”. Estes tipos de espaços possibilitam oportunidades para exploração, para o descobrimento, para o inesperado, para o não regulado, para o espontâneo e, até mesmo para o risco. Os Loose spaces dão vitalidade às cidades, pois eles permitem o encontro com a diversidade. Segundo Jane JACOBS:
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Seja de que espécie for, a diversidade gerada pelas cidades repousa no fato de que nelas muitas pessoas estão bastante próximas e elas manifestam os mais diferentes gostos, habilidades, necessidades, carências e obsessões. (Jacobs, 2000 p.161) 
A forma de ocupação, que antecede o projeto finalizado do conjunto de edificações Vila Flores, acontece de uma maneira permissiva, inclusiva e livre para a apropriação, servindo como laboratório social para experimentação de usos e soluções que por ventura poderão ser incorporados ao projeto quando finalmente concretizado. É uma nova forma de intervenção que parte do pressuposto que a utilização do espaço possa molda-lo. Na realização de eventos, nos quais os portões do Vila Flores são abertos, a comunidade é convidada a fazer parte das atividades que ali ocorrem e de apropriarem-se do local como ele sendo uma extensão do espaço público, um loose space. Este sentimento de looseness se estabelece entre estranhos porque no espaço público eles se evitam ao mesmo tempo em que se aceitam. 
Organizadas pelos empreendedores, nestes eventos a comunidade conhece o espaço e utiliza- o das mais variadas maneiras e trazem vitalidade para o entorno. No livro “Micro planejamento – Práticas urbanas criativas”, organizado por Marcos L. Rosa através de variados exemplos, é demonstrado como ações em microescala, baseadas em práticas sociais e de apropriação coletiva podem transformar a configuração da paisagem urbana. Nestes espaços de experimentação, existe uma demanda para uma vida sociocultural que pode ser possibilitada por estas ações não ortodoxas de projetos que a partir da realidade local proponham sua reinterpretação, reuso e re-significado, operando como articuladores e interagindo com o meio urbano. Estas práticas organizam o lugar do encontro, são arquiteturas em pequena escala que se apoiam em estruturas existentes ou valem-se da ocupação do vazio para produzirem espaços com presença de urbanidade. 
Dentre estas ações ocorridas até agora no local, podemos citar o projeto Simultaneidade, um evento multiartístico que aconteceu nos dias 7 e 8 de dezembro de 2 13 que buscava segundo a sua funpage oficial na rede social facebook: 
Ativar memórias locais e reinventar os usos, permanências e passagens da cidade, inspirando a revitalizar as relações cotidianas. Durante dois dias, aconteceram no espaço do Vila Flores uma série de oficinas, exposições, apresentações musicais e teatrais e rodas de conversa. As atividades foram abertas, gratuitas e destinadas ao público. (PROJETO SIMULTANEIDADE, 2013) 
Outras atividades também vêm ocorrendo no espaço, como oficinas de marcenaria, origami, pintura, concertos domésticos e até uma festa Junina que apesar de cobrar o ingresso, oferecia a população do entorno uma nova opção de entretenimento em uma zona que enfrenta a degradação e falta de espaços de encontro, afinal: 
Nós gostamos é de ver gente na rua, na rua principal – gente nos lugares – Não importa se essa gente e convocada por ícones de consumo ou se é chamada a comparecer a lugares que clonam aura e memória. O que interessa é a qualidade de pluralidade que essas chamadas determinam. A pluralidade exigida por uma sociedade plural. E urbanidade que a partir destes lugares é certamente desfrutada. (CASTELLO, L. 2005 p.369.) 
Vivemos em uma sociedade capitalista, não há como abster-se desta afirmação ao analisarmos as relações que se dão entre o meio urbano e as pessoas e entre as pessoas entre si. Estas relações se dão em espaços onde ocorrem trocas comerciais e em grande parte são em espaços que não são, mas copiam algumas características de espaço público para atrair maior número de usuários. Castello, 2007, define este tipo de lugares como lugares da clonagem.
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Apesar de clonarem características de outros lugares, estes diversificam o ambiente urbano, gerando vitalidade. 
Através de políticas urbanas de desregulamentação urbanística e de parcerias entre o poder público e o privado, formam-se clusters urbanos criativos, que catalisam a vitalidade urbana como, por exemplo: Atelier Angus, em Montreal, Misssion bay em São Francisco e 22@ em Barcelona. Estes clusters de economia criativa valem-se de uma estratégia central produtiva baseada em serviços avançados de nova economia baseada no capital humano e reinventam a metrópole, construindo a cidade dentro da cidade (LEITE,2012). Os exemplos mencionados acima, assim como o objeto de estudo deste trabalho, o Vila Flores, ocupam áreas industriais obsoletas, otimizando estruturas pré-existentes e gerando uma cidade mais compacta e sustentável. 
No entanto para uma regeneração urbana em grande escala de toda região do 4º distrito, o Vila Flores, que é apenas um núcleo, necessitaria estar inserido dentro de uma rede estratégica ligando diversos núcleos compactos geradores de urbanidade. No caso do 4º distrito, não existe uma agencia de desenvolvimento que gerencie o processo de revitalização mais abrangente, mas, ainda assim, este trabalho demonstra que a regeneração urbana, pode ser gerada através de um processo mais lento e gradual, por apenas um núcleo que espalhará sua energia para o entorno. Isto Já é visível no mapeamento das empresas da área criativa, chamado de Distrito Criativo (realizado pela agência Urbsnova), no bairro Floresta (bairro onde localiza-se o Vila Flores e integrante da região do 4º distrito) e sobre o qual falaremos mais nos capítulo: Ações paralelas. 
3. O CONJUNTO VILA FLORES - HISTÓRICO 
O Conjunto Vila Flores está localizado no miolo do bairro Floresta, na borda do centro da cidade, na região conhecida como 4º Distrito, tradicionalmente associada à produção industrial, de desenvolvimento consolidado já no início do século XX. 
O Bairro Floresta se desenvolveu já em meados do século XIX na região compreendida entre dois eixos principais de conexão a norte: o Caminho Novo (atual Rua Voluntários da Pátria) e a Rua da Floresta (atual Avenida Cristóvão Colombo). Nesta época a ocupação residencial na região era descontínua, mas os primeiros empreendimentos industriais começavam a se implantar junto aos dois principais eixos viários: fábricas de chapéus, móveis, funilarias, produtos alimentares e cervejarias (SOUZA & MULLER, 2007). Nas primeiras décadas do século XX, se consolida a ocupação do bairro, com a consolidação de seu caráter industrial com a implantação de indústrias mecânicas e siderúrgicas (FRANCO, 2008). Dado este contexto de desenvolvimento industrial, surgem no bairro Floresta diversos conjuntos residenciais que dão suporte aos operários locais. Contudo, a partir da década de 1970, toda a região passou por processo de decadência: o fechamento de indústrias e transferência do parque industrial para outras cidades da região metropolitana expôs a área à apropriação de usos menos nobres, dispersou a insegurança e afugentou os residentes. 
Construído para moradia de aluguel para trabalhadores da indústria local. O conjunto Vila Flores ocupa terreno na esquina das Ruas Hoffman e São Carlos. O projeto do Conjunto foi contratado pelo proprietário, Dr. Oscar Bastian Pinto, em meados da década de 1920, ao arquiteto José Lutzemberger, proeminente arquiteto, artista plástico e professor. Os dois edifícios que compõem o conjunto totalizam 2.332m² de área construída, onde se instalam 32 apartamentos. O terreno é grande o suficiente para que se disponha um pátio interno e um
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pavilhão de fundos, além de acessos que possibilitam a passagem de veículos. O Conjunto se mantém como seu uso original até 2010, o que explica que, mesmo em condições de decadência pelas quais passou toda a região do 4º distrito em décadas passadas, devido ao declínio das atividades industriais, tenha resistido relativamente íntegro quase um século depois de sua construção. Dadas as características do conjunto, o Vila Flores faz parte do inventário de bens de patrimônio municipal, e é listado como bem de interesse cultural para o Município. 
Figura 1: Projeto Joseph Lutzenberguer, fachada do prédio de frente para a R. São Carlos. 
Fonte: Vila Flores: Acupuntura Urbana no Quarto Distrito (2 14).
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Figura 2: Vista aérea edificações do Vila flores, Porto Alegre. Fonte: Vila Flores, 2 14 (2). 
Figura 3 e 4: Fachadas das edificações Vila Flores, Porto Alegre. 
Fonte: Vila Flores, 2 14 (2). 
Figura 5: Vista do pátio interno. 
Fonte: Goma Oficina, 2 14.
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Figura 6: Vista de satélite com marcação dos edifícios: 1 - Edifício Hoffman; 2 – Edifício São Carlos; 3 – galpão. Fonte: modificado de Vila Flores, 2 14 (2). 
A partir da década de 1990, várias inciativas de investimentos públicos e privados tornaram possível a retomada das atividades econômicas locais, agora com viés voltado ao comércio, serviços e habitação. O potencial arquitetônico do Vila Flores permaneceu latente até 2010, quando uma nova geração de proprietários encampa o Conjunto e inicia ações para a “reabilitação do Conjunto e prevê junto à comunidade do local, artistas e coletivos da cidade a readequação do seu uso como um espaço cultural, núcleo de práticas colaborativas relacionadas à economia criativa, no intuito de contribuir para a revitalização cultural do 4º Distrito” (WALLIG e SIELSKI, 2 13). 
4. O CONJUNTO VILA FLORES – PROJETO DE REVITALIZAÇÃO 
A partir de 2011, o escritório GOMA OFICINA inicia os trabalhos de levantamento e projeto para revitalização das edificações e adaptação de novos usos. A ideia central é utilizar o conjunto edificado como base de intervenções de reforma e recuperação, com o objetivo de implantar novas atividades de comércio, serviços e habitação voltadas às atividades criativas. 
“Este projeto tem como ambição a revitalização dos edifícios e adaptação de seu uso a uma demanda contemporânea. Vemos a intervenção como um grande potencial para melhoria da região e manutenção da memória e do patrimônio material de Porto Alegre” (Vila Flores (2), 2 14). 
O projeto arquitetônico, base das intervenções que vêm sendo realizadas desde o início do processo de revitalização, prevê que as fachadas principais e telhados serão restaurados, para manter as características do Conjunto. Nos dois edifícios principais, estruturas de apoio serão acopladas às fachadas internas, para instalação de infraestruturas e serviços em cada pavimento e cobertura (Figura 8). A abertura dos muros no alinhamento permitirá que o pátio seja extensão do passeio público. “O térreo é uma galeria comercial com lojas voltadas para esse pátio. O Galpão no fundo adquire então uma função diferenciada de serviço ao usuário: um restaurante, um café , uma sala de exposição ou sala de eventos” (Vila Flores (2), 2014).
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O Edifício São Carlos receberá salas comerciais: o pavimento tipo pode ser compartimentado em salas menores, com acesso pelas circulações verticais originais, diretamente da rua, são de uso exclusivo dos condôminos e eventuais clientes. O Edifício Hoffmann, continuará sendo, em seus pavimentos tipo, apartamento para habitação, em regime de aluguel tradicional (nos apartamentos maiores) ou para aluguel de curtas temporadas (nas células menores). O acesso permanece exclusivo e independente dos usos do térreo, diretamente pela Rua Hoffman. 
Figura 7: Projeto de Revitalização - Planta do pavimento térreo. 
Fonte: Vila Flores, 2 14 (2). 
Figura 8: Projeto de Revitalização – perspectiva aérea do conjunto edificado. 
Figura 9: Projeto de Revitalização – perspectiva do pátio interno 
Fonte: Vila Flores, 2 14 (2). 
Fonte: Vila Flores, 2 14 (2). 
A fim de angariar fundos para a viabilização do projeto, que não vem alavancado por alguma incorporadora, os idealizadores do projeto já iniciaram a utilização do espaço. Mesmo em precárias condições, através de aluguel subsidiado e, por vezes, articulado com a troca de melhorias no imóvel, começa a se envolver uma comunidade cativa ao projeto.
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Figura 10 - Processo de ocupação do “loose space” pátio interno do Vila Flores, Porto Alegre. Fonte: Vila Flores, 2014 (2). 
Conforme Wallig e Sielski (2013), o primeiro encontro na Vila Flores aconteceu em dezembro de 2012. Dois grupos de pesquisa que tem trazido ao cotidiano a prática colaborativa como possibilidade de troca de saberes e descontinuidades no cotidiano estavam presentes: Arte e Vida nos Limites da Representação, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), que reúne artistas e colaboradores do coletivo Geodésica Cultural Itinerante, e o Transitar, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Desde então, inúmeras atividades são conduzidas nos espaços do Vila Flores, sempre buscando integrar o caráter criativo e a ocupação comunitária do conjunto. As atividades ocorrem de maneiras variadas, sempre com o fim de apropriação do espaço de maneira semi-publica, abrindo os jardins para quem circula e logo, articulando a urbanidade para o entorno imediato. São tipicamente, oficinas criativas, workshops, seminários, atividades artísticas e shows que têm ocupado a agenda do Vila Flores de forma quase ininterrupta. Além dos eventos programados, já ocupam o Conjunto uma oficina de marcenaria, atelier e fotografia, oficina de personalização de bicicletas e sede de ativistas digitais. 
Figura 11 – Atividades que ocorreram no Vila Flores. Fonte: Vila Flores, 2 14 (2).
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5. AÇÕES PARALELAS - O DISTRITO CRIATIVO 
O processo de revitalização da região do 4º Distrito conta hoje com iniciativas públicas, coordenadas pelo Grupo de Trabalho do 4º Distrito, da Secretaria de Urbanismo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Contudo, são as ações independentes, proporcionadas por associações entre moradores e iniciativa privada, que têm surtido maior efeito na escala da urbanidade. 
Uma das inciativas que ganhou mais destaque nos últimos anos é o Projeto Distrito Criativo de Porto Alegre, “coletivo de artistas e empreendedores em Economia Criativa, Economia do Conhecimento e da Experiência” (UrbsNova, 2 14). O Projeto Distrito Criativo mapeou “63 pontos relacionados a Economia Criativa, do Conhecimento e da Experiência (em azul no mapa), que se concentram principalmente nesta região do bairro Floresta” (figura 12) e estabelece estratégias para ação em conjunto deste agentes. São atividades já estabelecidas e consolidadas, ligadas à produção e exposição de arte e atividades criativas, como atelieres de arte, galerias de arte, oficinas de artesanato, estúdios de dança e música, coworking de caráter criativo e oficinas de bonecos. O mapeamento, apresentado na figura 12, traz informações do potencial que economia possui para impulsionar a recuperação de toda esta região da cidade. 
Figura 12 – Mapa do Distrito Criativo de Porto Alegre com a localização do Conjunto Vila Flores. Fonte: Modificado de Distrito Criativo em base do Google Maps, 2 14. 
6. O POTENCIAL DA INICIATIVA – OUTROS CASOS 
É importante relacionar o que vem acontecendo no 4º distrito a partir do empreendimento Villa Flores, com outros exemplos similares. Um destes exemplos situa-se em Porto Alegre, um antigo agrupamento de galpões, que foi convertido em centro de entretenimento com restaurantes e um cinema. Segundo Ruth Verde Zein, em texto referencial no site do escritório responsável pelo projeto: 
Vila Flores
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“Remetendo-se ao tecido tradicional da cidade e à tipologia habitacional dos imigrantes italianos que o ocuparam no inicio do século; aceitando como alavanca para mover a criação às contingências formadas pelas construções existentes, quase desinteressantes e sem brilho; respeitando a rua externa como parte da vitalidade urbana e valorizando a rua interna como elemento conector despojado e quase natural – se comparado com as soluções habituais de centros comerciais, geralmente fechados em contêineres autossuficientes – os arquitetos trabalharam e criaram. E desse amálgama extraíram uma solução regular, simples e inteligente: o continuum das novas fachadas como pele, filtro, elemento de apoio e de requalificação dos espaços externos e internos. A qual se desdobra para atender particularidades de esquinas, da pequena praça, do portal, uniformemente, reiterativamente, apostando na repetição com sutis variações (lição aprendida da cidade tradicional) como viés de criação de um contexto que não é repetição do passado, mas sua reinvenção” (Ruth Verdi no site do escritório MOOMAA) 
Este local, conhecido hoje como “Nova Olaria” virou um lugar de referência na cidade Baixa, bairro contíguo ao centro de Porto Alegre. Este lugar de boêmia espalhou sua energia para primeiramente a rua no qual está localizado e logo depois para algumas ruas no entorno. Foi ele o elemento gerador da referência boêmia que é hoje em dia este bairro em porto alegre. Todas as noites este é o bairro onde se vê mais gente na rua, mais bares abertos, e a tão almejada vitalidade da qual se referia Jane Jacobs. 
Figura 13 –Fachada externa e pátio interno do Nova Olaria. 
Fonte: www.moomaa.arq.br 
Na cidade de Lisboa em Portugal o empreendimento LX Factory apropria-se de uma antiga ruína industrial de 23.000m² edificados situadas na freguesia de Alcântara e que serviu de sede para a Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense ( um dos mais importantes complexos fabris de Lisboa) para transforma-lo em um centro para os empreendedores da área criativa, um centro de artes e também de eventos. Segundo o site do empreendimento: Uma fração de cidade que durante anos permaneceu escondida é agora devolvida à cidade na forma da LXFACTORY. Uma ilha criativa ocupada por empresas e profissionais da indústria também tem sido cenário de um diverso leque de acontecimentos nas áreas da moda, publicidade, comunicação, multimídia, arte, arquitetura, música, etc. gerando uma dinâmica que tem atraído inúmeros visitantes a redescobrir esta zona de Alcântara. Em LXF, a cada passo vive-se o ambiente industrial. Uma fábrica de experiências onde se torna possível intervir, pensar, produzir, apresentar ideias e produtos num lugar que é de todos, para todos. (LX FACTORY)
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Figura 14 –Festa nos jardins da LX factory . 
Fonte: www.spottedbylocals.com/lisbon/lx- factory/ 
Figura 15 –Feira nos jardins da LX factory. 
Fonte: www.bigcitiesbrightlights.wordpress.com 
Figura 16 –empresas residentes da área criativa no LX factory. 
Fonte: www.lxfactory.com 
Em comum com o Vila Flores, estes dois empreendimentos mencionados acima, buscam trazer novo significado a um local sem abrir mão de sua história. Ambos de maneira empreendedora e criativa oferecem à cidade locais com maior vitalidade e urbanidade. Embora o empreendimento Nova Olaria, não englobe um processo de regeneração que envolva a comunidade, vemos que a população de Porto Alegre é receptiva a este tipo de empreendimento que resgata a história dos lugares e se apropria dele como se fosse um espaço de uso público. 
Contudo, o empreendimento de Lisboa é o que mais se aproxima ao objeto de estudo deste artigo. O LX Factory engloba a reciclagem de uso de uma edificação industrial, ocupando-a com atividades da economia criativa e o mais importante, faz com que a comunidade participe do processo de reconstrução do lugar. Através de atividades que a convidam a comunidade a conhecer os novos usos que agora ocupam estas edificações históricas e vivenciar o espaço diverso e apropriável. Um espaço com menos regras, um loose space.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A revitalização do Conjunto Vila Flores demonstra o potencial de ações de pequena escala na geração de urbanidade. O caminho pelo qual o empreendimento percorre para viabilizar o projeto de revitalização é o principal agente gerador de urbanidade. 
Ao concentrar as atenções na formação econômica de atividades de perfil criativo, o projeto desloca as atenções das ações físicas em si (e do próprio projeto arquitetônico), para o conjunto de ações e atividades comunitárias que têm patrocinado a ocupação real do Vila Flores, mesmo antes da realização de obras definitivas. Esta estratégia, que tem também uma motivação econômica (já que reduz o investimento inicial e viabiliza o financiamento direto das obras), acaba por proporcionar um relativo sucesso ao empreendimento, medida pela riqueza da apropriação das pessoas ao lugar, já nesta etapa inicial. Ao utilizar o caráter arquitetônico histórico do Conjunto, o projeto adota a estratégia que Castello (2007) classificou como lugares da memória, uma via de atuação possível para manutenção do patrimônio arquitetônico. 
Ao mantermos as edificações presentes na memoria dos habitantes, mantemos a memória do lugar como referência do dos acontecimentos locais. Entretanto isto não limita o uso das edificações que devem se adaptar aos novos usos e aos novos tempos. No caso do Vila flores, o que era moradia de operários das fábricas da região, tornar-se-á locais de trabalho para empreendedores da área criativa, moradia temporária para artistas, professores e alunos de faculdades, centro de atividades de aprendizagem e ainda contará com espaço para eventos e apresentações performáticas. Estas alterações de uso não descaracterizam o conjunto visualmente, que permanece como em outras épocas como lugar da memória, mas o insere também como lugar da urbanidade ao proporcionar um novo local de encontro para a comunidade CASTELLO (2007). 
Apesar do empreendimento, por si só ser gerador de urbanidade, não podemos desconsiderar a presença deste empreendimento no contexto de outras ações, brevemente coordenadas e posteriores ao Vila flores, como o Distrito Criativo que está mapeando os empreendedores da área criativa que vem instalando-se na região. O potencial retro alimentador destas ações individuais pode constituir a chave para verdadeira recuperação do bairro, sendo que é a visualização destas ações articuladas em rede uma confirmação de que a região está de fato se regenerando e revitalizando e que, cada vez mais, atrairá novas atividades para a região.
III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo 
arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva 
São Paulo, 2014 
16 
8. REFERÊNCIAS 
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CASTELLO, Lineu. Repensando o LUGAR no projeto urbano. Variação na percepção do LUGAR 
DISTRITO CRIATIVO DE PORTO ALEGRE. http://distritocriativo.wordpress.com/ 
FRANCO, Sérgio da Costa. A velha Porto Alegre: crônicas e ensaios. Porto Alegre: Canadá, 2008. 
FRANK, K. and STEVENS, Q. (eds.). Loose Space. Possibility and diversity in urban life. Londres/Nova York: Routledge, 2007. 
GOMA OFICINA. Website dos projetistas do projeto de revitalização. Disponível em <http://gomaoficina.wix.com/goma-oficina#!arquitetura/c1r64>. Acessado em 20/07/2014. 
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Ed. Annablume, 2005. Capítulos 5 e 6 p. 129-190. 
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 
LEITE, Carlos. Cidades Sustentáveis, cidades inteligentes: desenvolvimento sustentável num planeta urbano. 1ª edição. Editora Bookman, Porto Alegre, 2012. 
LERNER, Jaime. Acupuntura Urbana. 3ª edição Editora Record, Rio de Janeiro,2005. 
LOFLAND, L. The Public Realm: Exploring the CityQuintessential Social Territory, New York: Adline de Gruyter, 1998. 
LX FACTORY; Website oficial do empreendimento: http://www.lxfactory.com 
MOOMAA; Website oficial do escritório de arquitetura: http://www.moomaa.arq.br/nova_olaria.htm na virada do milênio (1985-2004). Tese de doutorado. UFRGS. Porto Alegre, 2005. 
ROSA, Marcos L. Micro planejamento – práticas urbanas criativas– São Paulo - Editora de cultura – São Paulo,2011. 
SOUZA, Célia Ferraz de; MULLER, Dóris Maria. Porto Alegre e sua evolução urbana. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2007. 2. ed. 
TRINDADE JR, S. C. A cidade dispersa: os novos espaços de assentamentos em Belém e a reestruturação metropolitana. 1998. 366 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. 
URBSNOVA. Projeto Distrito Criativo de Porto Alegre. Website do projeto. Disponível em <http://distritocriativo.wordpress.com/>. Acessado em 20/07/2014. 
VILA FLORES (1). Web blog oficial do Projeto Vila Flores. Disponível em: <http://vilaflores.wordpress.com/>. Acessado em 20/07/2014 (2). 
VILA FLORES(2). VILA FLORES: Acupuntura Urbana no Quarto Distrito. Website sobre a história do Conjunto Vila Flores. Disponível em <http://urbsnova.wordpress.com/vilaflores/>. Acessado em 12/07/2014 (1). 
WALLIG, Antonia. SIELSKI, Lucas. Projeto Vila Flores. Práticas artísticas colaborativas pela revitalização de processos criativos no meio urbano. 22º Encontro Nacional ANPAP – Ecossistemas Estéticos. Belém, 2013. Disponível em: <http://www.anpap.org.br/anais/2013/ANAIS/simposios/06/Antonia%20Wallig%20e%20Lucas%20Sielski.pdf>. Acessado em 20/07/2014.

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RENASCIMENTO DA URBANIDADE EM ÁREAS INDUSTRIAIS DEGRADADAS: UM NOVO USO PARA ANTIGAS MORADIAS DE ALUGUEL - PROJETO VILA FLORES

  • 1. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 1 EIXO TEMÁTICO: ( ) Ambiente e Sustentabilidade ( ) Crítica, Documentação e Reflexão (X) Espaço Público e Cidadania ( ) Habitação e Direito à Cidade ( ) Infraestrutura e Mobilidade ( ) Novos processos e novas tecnologias ( ) Patrimônio, Cultura e Identidade RENASCIMENTO DA URBANIDADE EM ÁREAS INDUSTRIAIS DEGRADADAS: UM NOVO USO PARA ANTIGAS MORADIAS DE ALUGUEL - PROJETO VILA FLORES | PORTO ALEGRE | RS URBANITY REVIVAL IN INDUSTRIAL DEGRADED AREAS: A NEW USE FOR OLD RENTAL HOUSING – THE VILA FLORES PROJECT | PORTO ALEGRE | RS RENACIMIENTO DE LA URBANIDAD EN ÁREAS INDUSTRIALES DEGRADADAS: UN NUEVO USO PARA VIEJAS VIVIENDAS DE ALQUILER – PROYECTO VILA FLORES | PORTO ALEGRE | RS BORTOLI, Fábio (1); SBARDELOTTO, Gustavo (2); (1) Professor, Professor, Centro Univesitário Ritter dos Reis, Uniritter, Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS|PROPAR, Porto Alegre, RS, Brasil; e-mail: fabiobortoliarq@gmail.com (2) Arquiteto, Mestrando, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS|PROPAR, Porto Alegre, RS, Brasil; e-mail: sbar.gustavo@gmail.com
  • 2. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 2 RENASCIMENTO DA URBANIDADE EM ÁREAS INDUSTRIAIS DEGRADADAS: UM NOVO USO PARA ANTIGAS MORADIAS DE ALUGUEL - PROJETO VILA FLORES | PORTO ALEGRE | RS URBANITY REVIVAL IN INDUSTRIAL DEGRADED AREAS: A NEW USE FOR OLD RENTAL HOUSING – THE VILA FLORES PROJECT | PORTO ALEGRE | RS RENACIMIENTO DE LA URBANIDAD EN ÁREAS INDUSTRIALES DEGRADADAS: UN NUEVO USO PARA VIEJAS VIVIENDAS DE ALQUILER – PROYECTO VILA FLORES | PORTO ALEGRE | RS RESUMO O potencial de intervenções pontuais de grande relevância comunitária para revitalização de zonas indústrias degradadas será tratado neste artigo através do estudo de caso do empreendimento Vila Flores em Porto Alegre, RS. O Conjunto Vila Flores e as características do seu atual processo de revitalização serão abordados e relacionados com exemplos de iniciativas semelhantes que tiveram sucesso na irradiação de urbanidade para o entorno e relacionarão este empreendimento ao que vem acontecendo em outras localidades. Através da ótica conceitual baseada de como as pessoas se apropriam dos espaços, será demonstrado o potencial deste tipo de empreendimento como alternativa para a revitalização de zonas industriais degradadas fora dos padrões imobiliários que, em geral, visa à ocupação destas áreas através da substituição das edificações existentes. PALAVRAS-CHAVE: Regeneração urbana, loose space, Porto Alegre, 4º distrito ABSTRACT The potential of local interventions of great community relevance to revitalization of degraded industrial areas will be treated in this article through the case study of the Vila Flores Project in Porto Alegre, Brazil. The Vila Flores buildings and the characteristics of its current revitalization process will be related to examples of similar initiatives that have successfully irradiated urbanity to the environment. Through conceptual view based on how people appropriate spaces, this will demonstrate the potential of this type of development as an alternative to the revitalization of degraded industrial areas outside of the property standards wich aims the ocuppation of these areas by replacing the existing buildings. KEY-WORDS: Urban regeneration, loose space, Porto Alegre, 4º distrito RESUMEN El potencial de las intervenciones ocasionales de gran relevancia para la revitalización de la comunidad de zonas degradadas industriales será tratado en este artículo a través del proyecto Flores Vila en Porto Alegre, Brazil. Las edificaciones del Vila Flores y las características de su proceso de revitalización se abordarán y relacionarán con iniciativas similares que tuviran éxito em la irradiación de urbanidad para el medio ambiente. A través de la vista conceptual baseado en cómo la gente se apropria de los espacios, se demostrará el potencial del proyecto como una alternativa a la revitalización de las áreas degradadas fuera de los padrones contrutivos de mercado donde se pretende la ocupación de estas áreas mediante la sustitución de los edificios existentes. PALABRAS-CLAVE Regeneracion Urbana, loose space, Porto Alegre, 4º distrito
  • 3. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 3 1. INTRODUÇÃO As cidades possuem grande dificuldade em lidar com espaços que perderam significado devido às mudanças, sejam elas, sociais, políticas, econômicas, culturais ou decorrentes do seu próprio desenvolvimento. Um dos fatores determinantes para isto é que a área urbana das cidades cresce em ritmo acelerado, mais rápido do que o previsto em qualquer planejamento. A paisagem resultante deste crescimento é complexa e de difícil interrelação entre seus elementos. Poderíamos afirmar que a cidade tem perdido sua forma ao constatarmos que algumas partes não se articulam, mas isto seria precipitado: é importante relacionar a cidade contemporânea com outros fatores que a modificam. O primeiro deles é como sendo parte de um território mais amplo, integrante de uma rede urbana ou metropolitana. Esta constatação pode levar- nos a enxergar articulações além dos limites físicos da cidade e constatar necessidades de desarticulações com o todo para articularem-se mais fortemente com um elemento fora deste todo no qual a cidade está inserida. Em segundo lugar, como sendo resultante da ação de distintos agentes sociais. A cidade não é mais somente o resultado de projetos estatais ou privados, ela é moldada pela mescla de interesses de usuários, moradores, incorporadores, construtoras, instituições financeiras, instituições governamentais, etc. Segundo Harvey (2005) a produção do espaço se dá pela relação entre estes agentes formadores do espaço urbano, com a dinâmica capitalista. Estes agentes se articulam em rede formando o que Trindade Junior (1998) define como territórios - espaços delimitados por relações de poder que sofrem domínio destes agentes e as territorialidades - formas com que estes agentes moldam a organização destes territórios e possui um sentido mais coletivo e comportamental. Em terceiro lugar compreender a presença de diferentes temporalidades presentes no espaço urbano: a cidade vista como a sobreposição de diversos pensamentos e diferentes modelos de relações sociais que foram sendo construídos na forma urbanística e arquitetônica. Muitas destas estruturas não se desfazem e são sobrepostas, fazendo com que a cidade seja o fruto de processos que a antecederam. Além disto, nem sempre estas sobreposições são harmônicas, podendo gerar zonas dispersas e desarticuladas com o todo, que acabam degradando-se com o passar dos anos. A maior incidência destes locais na cidade contemporânea é em zonas outrora industriais, que sofreram o processo de desindustrialização. Muitas cidades no mundo têm se organizado de uma forma a planejarem-se de uma forma ampliada, colocando seus projetos em ação através de novas formas de governar. É notório que não é mais possível fixar-se somente em instituições formais de governo e assim surge a necessidade de combinações dos setores público e privado, através de parcerias organizadas por meio de um planejamento estratégico. Pelo entendimento que o papel do setor privado interfere na tomada das decisões urbanas, cidades como Frankfurt, Milão, Barcelona e Berlin fizeram associações de maneiras diversas. Apesar do caráter empresarial presente nestas parcerias público-privadas, há uma necessidade primordial que é de encontrar outras maneiras de governar a complexidade da cidade contemporânea. As antigas formas de governo não respondem mais aos anseios da população e estratégias de desenvolvimento precisam ser revistas. Mesmo estas articulações publico-privadas são por muitas vezes complexas e difíceis de colocar em prática em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Elas exigem um
  • 4. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 4 grande planejamento de forma a integrar interesses dos diferentes lados envolvidos. Em virtude desta dificuldade, podemos notar alguns casos que diferem até mesmo do tipo de planejamento mencionado anteriormente, realizado por ações menos ortodoxas. Através da verificação das necessidades da comunidade ou de um despertar criativo de alguns grupos, surgem práticas que podem ser caracterizadas como “bottom-up”, ou de baixo para cima. São experiências que não esperam por um planejamento ou uma organização formal do estado ou de associações público-privadas e organizam-se para a ocupação de zonas abandonadas ou subutilizadas de formas alternativas. Na antiga zona industrial de Porto Alegre, denominada 4º Distrito, surge através de um grupo de atores da área criativa, a iniciativa de reutilização, fora dos padrões imobiliários, do Conjunto Vila Flores, um antigo e deteriorado conjunto edificado que serviu de moradia de aluguel para os funcionários das fábricas da região. A proposta do grupo é a reciclagem de uso de forma a agrupar comércio local, moradia temporária e conjuntos comerciais ligadas à área criativa com zonas de convivência comuns. De modo geral, como se apresentará neste artigo, o Vila Flores poderia servir como núcleo revitalizador desta antiga zona industrial, um ponto de acupuntura urbana (LERNER, 2005), que, se bem estruturado, seria capaz de disseminar esta “energia revitalizadora” no entorno. O potencial de intervenções pontuais de grande relevância comunitária será tratado neste artigo através do estudo de caso do Conjunto anteriormente mencionado, o Vila Flores, através da visão conceitual baseada de como as pessoas se apropriam dos espaços. Principalmente em espaços que permitam diferentes usos, os “loose spaces” (Franck and Stevens, 2007). O histórico do empreendimento Vila Flores e as características do seu atual processo de revitalização serão abordados a seguir. Exemplos de iniciativas semelhantes que tiveram sucesso na irradiação de energia revitalizadora urbana servirão de modo a relacionar este empreendimento ao que vem acontecendo em outras localidades e a fim de demonstrar o potencial do Conjunto como alternativa para a revitalização de zonas degradadas. 2. A REVITALIZAÇÃO E O “LOOSE SPACE” O termo loose space é usado para designar esta apropriação dos espaços pelas pessoas e pode ser traduzido livremente, como “espaço permissivo”, seriam locais onde ações que nem sempre são as esperadas ocorrem. Um dos livros que compilam melhor esta ideia de apropriação dos espaços pelas pessoas é o “Loose Space - Possibility and diversity in urban life”, dos pesquisadores Karen Franck (Jersey Institute of Technology, Estados Unidos) e Quentin Stevens (University College London, Reino Unido). Segundo Lofand (1998), um dos maiores prazeres de estar em público é a sensação de estarem livre de julgamentos. Em diversos espaços urbanos as pessoas realizam atividades que nem sempre são originalmente pensadas para estes locais. Às vezes o uso fixo deste lugar não existe mais, como em uma fábrica abandonada, ou nunca existiu, como abaixo de pontes e viadutos. São as possibilidades de apropriação do espaço pelas pessoas que o confirmam como “loose”. Estes tipos de espaços possibilitam oportunidades para exploração, para o descobrimento, para o inesperado, para o não regulado, para o espontâneo e, até mesmo para o risco. Os Loose spaces dão vitalidade às cidades, pois eles permitem o encontro com a diversidade. Segundo Jane JACOBS:
  • 5. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 5 Seja de que espécie for, a diversidade gerada pelas cidades repousa no fato de que nelas muitas pessoas estão bastante próximas e elas manifestam os mais diferentes gostos, habilidades, necessidades, carências e obsessões. (Jacobs, 2000 p.161) A forma de ocupação, que antecede o projeto finalizado do conjunto de edificações Vila Flores, acontece de uma maneira permissiva, inclusiva e livre para a apropriação, servindo como laboratório social para experimentação de usos e soluções que por ventura poderão ser incorporados ao projeto quando finalmente concretizado. É uma nova forma de intervenção que parte do pressuposto que a utilização do espaço possa molda-lo. Na realização de eventos, nos quais os portões do Vila Flores são abertos, a comunidade é convidada a fazer parte das atividades que ali ocorrem e de apropriarem-se do local como ele sendo uma extensão do espaço público, um loose space. Este sentimento de looseness se estabelece entre estranhos porque no espaço público eles se evitam ao mesmo tempo em que se aceitam. Organizadas pelos empreendedores, nestes eventos a comunidade conhece o espaço e utiliza- o das mais variadas maneiras e trazem vitalidade para o entorno. No livro “Micro planejamento – Práticas urbanas criativas”, organizado por Marcos L. Rosa através de variados exemplos, é demonstrado como ações em microescala, baseadas em práticas sociais e de apropriação coletiva podem transformar a configuração da paisagem urbana. Nestes espaços de experimentação, existe uma demanda para uma vida sociocultural que pode ser possibilitada por estas ações não ortodoxas de projetos que a partir da realidade local proponham sua reinterpretação, reuso e re-significado, operando como articuladores e interagindo com o meio urbano. Estas práticas organizam o lugar do encontro, são arquiteturas em pequena escala que se apoiam em estruturas existentes ou valem-se da ocupação do vazio para produzirem espaços com presença de urbanidade. Dentre estas ações ocorridas até agora no local, podemos citar o projeto Simultaneidade, um evento multiartístico que aconteceu nos dias 7 e 8 de dezembro de 2 13 que buscava segundo a sua funpage oficial na rede social facebook: Ativar memórias locais e reinventar os usos, permanências e passagens da cidade, inspirando a revitalizar as relações cotidianas. Durante dois dias, aconteceram no espaço do Vila Flores uma série de oficinas, exposições, apresentações musicais e teatrais e rodas de conversa. As atividades foram abertas, gratuitas e destinadas ao público. (PROJETO SIMULTANEIDADE, 2013) Outras atividades também vêm ocorrendo no espaço, como oficinas de marcenaria, origami, pintura, concertos domésticos e até uma festa Junina que apesar de cobrar o ingresso, oferecia a população do entorno uma nova opção de entretenimento em uma zona que enfrenta a degradação e falta de espaços de encontro, afinal: Nós gostamos é de ver gente na rua, na rua principal – gente nos lugares – Não importa se essa gente e convocada por ícones de consumo ou se é chamada a comparecer a lugares que clonam aura e memória. O que interessa é a qualidade de pluralidade que essas chamadas determinam. A pluralidade exigida por uma sociedade plural. E urbanidade que a partir destes lugares é certamente desfrutada. (CASTELLO, L. 2005 p.369.) Vivemos em uma sociedade capitalista, não há como abster-se desta afirmação ao analisarmos as relações que se dão entre o meio urbano e as pessoas e entre as pessoas entre si. Estas relações se dão em espaços onde ocorrem trocas comerciais e em grande parte são em espaços que não são, mas copiam algumas características de espaço público para atrair maior número de usuários. Castello, 2007, define este tipo de lugares como lugares da clonagem.
  • 6. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 6 Apesar de clonarem características de outros lugares, estes diversificam o ambiente urbano, gerando vitalidade. Através de políticas urbanas de desregulamentação urbanística e de parcerias entre o poder público e o privado, formam-se clusters urbanos criativos, que catalisam a vitalidade urbana como, por exemplo: Atelier Angus, em Montreal, Misssion bay em São Francisco e 22@ em Barcelona. Estes clusters de economia criativa valem-se de uma estratégia central produtiva baseada em serviços avançados de nova economia baseada no capital humano e reinventam a metrópole, construindo a cidade dentro da cidade (LEITE,2012). Os exemplos mencionados acima, assim como o objeto de estudo deste trabalho, o Vila Flores, ocupam áreas industriais obsoletas, otimizando estruturas pré-existentes e gerando uma cidade mais compacta e sustentável. No entanto para uma regeneração urbana em grande escala de toda região do 4º distrito, o Vila Flores, que é apenas um núcleo, necessitaria estar inserido dentro de uma rede estratégica ligando diversos núcleos compactos geradores de urbanidade. No caso do 4º distrito, não existe uma agencia de desenvolvimento que gerencie o processo de revitalização mais abrangente, mas, ainda assim, este trabalho demonstra que a regeneração urbana, pode ser gerada através de um processo mais lento e gradual, por apenas um núcleo que espalhará sua energia para o entorno. Isto Já é visível no mapeamento das empresas da área criativa, chamado de Distrito Criativo (realizado pela agência Urbsnova), no bairro Floresta (bairro onde localiza-se o Vila Flores e integrante da região do 4º distrito) e sobre o qual falaremos mais nos capítulo: Ações paralelas. 3. O CONJUNTO VILA FLORES - HISTÓRICO O Conjunto Vila Flores está localizado no miolo do bairro Floresta, na borda do centro da cidade, na região conhecida como 4º Distrito, tradicionalmente associada à produção industrial, de desenvolvimento consolidado já no início do século XX. O Bairro Floresta se desenvolveu já em meados do século XIX na região compreendida entre dois eixos principais de conexão a norte: o Caminho Novo (atual Rua Voluntários da Pátria) e a Rua da Floresta (atual Avenida Cristóvão Colombo). Nesta época a ocupação residencial na região era descontínua, mas os primeiros empreendimentos industriais começavam a se implantar junto aos dois principais eixos viários: fábricas de chapéus, móveis, funilarias, produtos alimentares e cervejarias (SOUZA & MULLER, 2007). Nas primeiras décadas do século XX, se consolida a ocupação do bairro, com a consolidação de seu caráter industrial com a implantação de indústrias mecânicas e siderúrgicas (FRANCO, 2008). Dado este contexto de desenvolvimento industrial, surgem no bairro Floresta diversos conjuntos residenciais que dão suporte aos operários locais. Contudo, a partir da década de 1970, toda a região passou por processo de decadência: o fechamento de indústrias e transferência do parque industrial para outras cidades da região metropolitana expôs a área à apropriação de usos menos nobres, dispersou a insegurança e afugentou os residentes. Construído para moradia de aluguel para trabalhadores da indústria local. O conjunto Vila Flores ocupa terreno na esquina das Ruas Hoffman e São Carlos. O projeto do Conjunto foi contratado pelo proprietário, Dr. Oscar Bastian Pinto, em meados da década de 1920, ao arquiteto José Lutzemberger, proeminente arquiteto, artista plástico e professor. Os dois edifícios que compõem o conjunto totalizam 2.332m² de área construída, onde se instalam 32 apartamentos. O terreno é grande o suficiente para que se disponha um pátio interno e um
  • 7. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 7 pavilhão de fundos, além de acessos que possibilitam a passagem de veículos. O Conjunto se mantém como seu uso original até 2010, o que explica que, mesmo em condições de decadência pelas quais passou toda a região do 4º distrito em décadas passadas, devido ao declínio das atividades industriais, tenha resistido relativamente íntegro quase um século depois de sua construção. Dadas as características do conjunto, o Vila Flores faz parte do inventário de bens de patrimônio municipal, e é listado como bem de interesse cultural para o Município. Figura 1: Projeto Joseph Lutzenberguer, fachada do prédio de frente para a R. São Carlos. Fonte: Vila Flores: Acupuntura Urbana no Quarto Distrito (2 14).
  • 8. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 8 Figura 2: Vista aérea edificações do Vila flores, Porto Alegre. Fonte: Vila Flores, 2 14 (2). Figura 3 e 4: Fachadas das edificações Vila Flores, Porto Alegre. Fonte: Vila Flores, 2 14 (2). Figura 5: Vista do pátio interno. Fonte: Goma Oficina, 2 14.
  • 9. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 9 Figura 6: Vista de satélite com marcação dos edifícios: 1 - Edifício Hoffman; 2 – Edifício São Carlos; 3 – galpão. Fonte: modificado de Vila Flores, 2 14 (2). A partir da década de 1990, várias inciativas de investimentos públicos e privados tornaram possível a retomada das atividades econômicas locais, agora com viés voltado ao comércio, serviços e habitação. O potencial arquitetônico do Vila Flores permaneceu latente até 2010, quando uma nova geração de proprietários encampa o Conjunto e inicia ações para a “reabilitação do Conjunto e prevê junto à comunidade do local, artistas e coletivos da cidade a readequação do seu uso como um espaço cultural, núcleo de práticas colaborativas relacionadas à economia criativa, no intuito de contribuir para a revitalização cultural do 4º Distrito” (WALLIG e SIELSKI, 2 13). 4. O CONJUNTO VILA FLORES – PROJETO DE REVITALIZAÇÃO A partir de 2011, o escritório GOMA OFICINA inicia os trabalhos de levantamento e projeto para revitalização das edificações e adaptação de novos usos. A ideia central é utilizar o conjunto edificado como base de intervenções de reforma e recuperação, com o objetivo de implantar novas atividades de comércio, serviços e habitação voltadas às atividades criativas. “Este projeto tem como ambição a revitalização dos edifícios e adaptação de seu uso a uma demanda contemporânea. Vemos a intervenção como um grande potencial para melhoria da região e manutenção da memória e do patrimônio material de Porto Alegre” (Vila Flores (2), 2 14). O projeto arquitetônico, base das intervenções que vêm sendo realizadas desde o início do processo de revitalização, prevê que as fachadas principais e telhados serão restaurados, para manter as características do Conjunto. Nos dois edifícios principais, estruturas de apoio serão acopladas às fachadas internas, para instalação de infraestruturas e serviços em cada pavimento e cobertura (Figura 8). A abertura dos muros no alinhamento permitirá que o pátio seja extensão do passeio público. “O térreo é uma galeria comercial com lojas voltadas para esse pátio. O Galpão no fundo adquire então uma função diferenciada de serviço ao usuário: um restaurante, um café , uma sala de exposição ou sala de eventos” (Vila Flores (2), 2014).
  • 10. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 10 O Edifício São Carlos receberá salas comerciais: o pavimento tipo pode ser compartimentado em salas menores, com acesso pelas circulações verticais originais, diretamente da rua, são de uso exclusivo dos condôminos e eventuais clientes. O Edifício Hoffmann, continuará sendo, em seus pavimentos tipo, apartamento para habitação, em regime de aluguel tradicional (nos apartamentos maiores) ou para aluguel de curtas temporadas (nas células menores). O acesso permanece exclusivo e independente dos usos do térreo, diretamente pela Rua Hoffman. Figura 7: Projeto de Revitalização - Planta do pavimento térreo. Fonte: Vila Flores, 2 14 (2). Figura 8: Projeto de Revitalização – perspectiva aérea do conjunto edificado. Figura 9: Projeto de Revitalização – perspectiva do pátio interno Fonte: Vila Flores, 2 14 (2). Fonte: Vila Flores, 2 14 (2). A fim de angariar fundos para a viabilização do projeto, que não vem alavancado por alguma incorporadora, os idealizadores do projeto já iniciaram a utilização do espaço. Mesmo em precárias condições, através de aluguel subsidiado e, por vezes, articulado com a troca de melhorias no imóvel, começa a se envolver uma comunidade cativa ao projeto.
  • 11. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 11 Figura 10 - Processo de ocupação do “loose space” pátio interno do Vila Flores, Porto Alegre. Fonte: Vila Flores, 2014 (2). Conforme Wallig e Sielski (2013), o primeiro encontro na Vila Flores aconteceu em dezembro de 2012. Dois grupos de pesquisa que tem trazido ao cotidiano a prática colaborativa como possibilidade de troca de saberes e descontinuidades no cotidiano estavam presentes: Arte e Vida nos Limites da Representação, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), que reúne artistas e colaboradores do coletivo Geodésica Cultural Itinerante, e o Transitar, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Desde então, inúmeras atividades são conduzidas nos espaços do Vila Flores, sempre buscando integrar o caráter criativo e a ocupação comunitária do conjunto. As atividades ocorrem de maneiras variadas, sempre com o fim de apropriação do espaço de maneira semi-publica, abrindo os jardins para quem circula e logo, articulando a urbanidade para o entorno imediato. São tipicamente, oficinas criativas, workshops, seminários, atividades artísticas e shows que têm ocupado a agenda do Vila Flores de forma quase ininterrupta. Além dos eventos programados, já ocupam o Conjunto uma oficina de marcenaria, atelier e fotografia, oficina de personalização de bicicletas e sede de ativistas digitais. Figura 11 – Atividades que ocorreram no Vila Flores. Fonte: Vila Flores, 2 14 (2).
  • 12. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 12 5. AÇÕES PARALELAS - O DISTRITO CRIATIVO O processo de revitalização da região do 4º Distrito conta hoje com iniciativas públicas, coordenadas pelo Grupo de Trabalho do 4º Distrito, da Secretaria de Urbanismo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Contudo, são as ações independentes, proporcionadas por associações entre moradores e iniciativa privada, que têm surtido maior efeito na escala da urbanidade. Uma das inciativas que ganhou mais destaque nos últimos anos é o Projeto Distrito Criativo de Porto Alegre, “coletivo de artistas e empreendedores em Economia Criativa, Economia do Conhecimento e da Experiência” (UrbsNova, 2 14). O Projeto Distrito Criativo mapeou “63 pontos relacionados a Economia Criativa, do Conhecimento e da Experiência (em azul no mapa), que se concentram principalmente nesta região do bairro Floresta” (figura 12) e estabelece estratégias para ação em conjunto deste agentes. São atividades já estabelecidas e consolidadas, ligadas à produção e exposição de arte e atividades criativas, como atelieres de arte, galerias de arte, oficinas de artesanato, estúdios de dança e música, coworking de caráter criativo e oficinas de bonecos. O mapeamento, apresentado na figura 12, traz informações do potencial que economia possui para impulsionar a recuperação de toda esta região da cidade. Figura 12 – Mapa do Distrito Criativo de Porto Alegre com a localização do Conjunto Vila Flores. Fonte: Modificado de Distrito Criativo em base do Google Maps, 2 14. 6. O POTENCIAL DA INICIATIVA – OUTROS CASOS É importante relacionar o que vem acontecendo no 4º distrito a partir do empreendimento Villa Flores, com outros exemplos similares. Um destes exemplos situa-se em Porto Alegre, um antigo agrupamento de galpões, que foi convertido em centro de entretenimento com restaurantes e um cinema. Segundo Ruth Verde Zein, em texto referencial no site do escritório responsável pelo projeto: Vila Flores
  • 13. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 13 “Remetendo-se ao tecido tradicional da cidade e à tipologia habitacional dos imigrantes italianos que o ocuparam no inicio do século; aceitando como alavanca para mover a criação às contingências formadas pelas construções existentes, quase desinteressantes e sem brilho; respeitando a rua externa como parte da vitalidade urbana e valorizando a rua interna como elemento conector despojado e quase natural – se comparado com as soluções habituais de centros comerciais, geralmente fechados em contêineres autossuficientes – os arquitetos trabalharam e criaram. E desse amálgama extraíram uma solução regular, simples e inteligente: o continuum das novas fachadas como pele, filtro, elemento de apoio e de requalificação dos espaços externos e internos. A qual se desdobra para atender particularidades de esquinas, da pequena praça, do portal, uniformemente, reiterativamente, apostando na repetição com sutis variações (lição aprendida da cidade tradicional) como viés de criação de um contexto que não é repetição do passado, mas sua reinvenção” (Ruth Verdi no site do escritório MOOMAA) Este local, conhecido hoje como “Nova Olaria” virou um lugar de referência na cidade Baixa, bairro contíguo ao centro de Porto Alegre. Este lugar de boêmia espalhou sua energia para primeiramente a rua no qual está localizado e logo depois para algumas ruas no entorno. Foi ele o elemento gerador da referência boêmia que é hoje em dia este bairro em porto alegre. Todas as noites este é o bairro onde se vê mais gente na rua, mais bares abertos, e a tão almejada vitalidade da qual se referia Jane Jacobs. Figura 13 –Fachada externa e pátio interno do Nova Olaria. Fonte: www.moomaa.arq.br Na cidade de Lisboa em Portugal o empreendimento LX Factory apropria-se de uma antiga ruína industrial de 23.000m² edificados situadas na freguesia de Alcântara e que serviu de sede para a Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense ( um dos mais importantes complexos fabris de Lisboa) para transforma-lo em um centro para os empreendedores da área criativa, um centro de artes e também de eventos. Segundo o site do empreendimento: Uma fração de cidade que durante anos permaneceu escondida é agora devolvida à cidade na forma da LXFACTORY. Uma ilha criativa ocupada por empresas e profissionais da indústria também tem sido cenário de um diverso leque de acontecimentos nas áreas da moda, publicidade, comunicação, multimídia, arte, arquitetura, música, etc. gerando uma dinâmica que tem atraído inúmeros visitantes a redescobrir esta zona de Alcântara. Em LXF, a cada passo vive-se o ambiente industrial. Uma fábrica de experiências onde se torna possível intervir, pensar, produzir, apresentar ideias e produtos num lugar que é de todos, para todos. (LX FACTORY)
  • 14. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 14 Figura 14 –Festa nos jardins da LX factory . Fonte: www.spottedbylocals.com/lisbon/lx- factory/ Figura 15 –Feira nos jardins da LX factory. Fonte: www.bigcitiesbrightlights.wordpress.com Figura 16 –empresas residentes da área criativa no LX factory. Fonte: www.lxfactory.com Em comum com o Vila Flores, estes dois empreendimentos mencionados acima, buscam trazer novo significado a um local sem abrir mão de sua história. Ambos de maneira empreendedora e criativa oferecem à cidade locais com maior vitalidade e urbanidade. Embora o empreendimento Nova Olaria, não englobe um processo de regeneração que envolva a comunidade, vemos que a população de Porto Alegre é receptiva a este tipo de empreendimento que resgata a história dos lugares e se apropria dele como se fosse um espaço de uso público. Contudo, o empreendimento de Lisboa é o que mais se aproxima ao objeto de estudo deste artigo. O LX Factory engloba a reciclagem de uso de uma edificação industrial, ocupando-a com atividades da economia criativa e o mais importante, faz com que a comunidade participe do processo de reconstrução do lugar. Através de atividades que a convidam a comunidade a conhecer os novos usos que agora ocupam estas edificações históricas e vivenciar o espaço diverso e apropriável. Um espaço com menos regras, um loose space.
  • 15. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 15 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A revitalização do Conjunto Vila Flores demonstra o potencial de ações de pequena escala na geração de urbanidade. O caminho pelo qual o empreendimento percorre para viabilizar o projeto de revitalização é o principal agente gerador de urbanidade. Ao concentrar as atenções na formação econômica de atividades de perfil criativo, o projeto desloca as atenções das ações físicas em si (e do próprio projeto arquitetônico), para o conjunto de ações e atividades comunitárias que têm patrocinado a ocupação real do Vila Flores, mesmo antes da realização de obras definitivas. Esta estratégia, que tem também uma motivação econômica (já que reduz o investimento inicial e viabiliza o financiamento direto das obras), acaba por proporcionar um relativo sucesso ao empreendimento, medida pela riqueza da apropriação das pessoas ao lugar, já nesta etapa inicial. Ao utilizar o caráter arquitetônico histórico do Conjunto, o projeto adota a estratégia que Castello (2007) classificou como lugares da memória, uma via de atuação possível para manutenção do patrimônio arquitetônico. Ao mantermos as edificações presentes na memoria dos habitantes, mantemos a memória do lugar como referência do dos acontecimentos locais. Entretanto isto não limita o uso das edificações que devem se adaptar aos novos usos e aos novos tempos. No caso do Vila flores, o que era moradia de operários das fábricas da região, tornar-se-á locais de trabalho para empreendedores da área criativa, moradia temporária para artistas, professores e alunos de faculdades, centro de atividades de aprendizagem e ainda contará com espaço para eventos e apresentações performáticas. Estas alterações de uso não descaracterizam o conjunto visualmente, que permanece como em outras épocas como lugar da memória, mas o insere também como lugar da urbanidade ao proporcionar um novo local de encontro para a comunidade CASTELLO (2007). Apesar do empreendimento, por si só ser gerador de urbanidade, não podemos desconsiderar a presença deste empreendimento no contexto de outras ações, brevemente coordenadas e posteriores ao Vila flores, como o Distrito Criativo que está mapeando os empreendedores da área criativa que vem instalando-se na região. O potencial retro alimentador destas ações individuais pode constituir a chave para verdadeira recuperação do bairro, sendo que é a visualização destas ações articuladas em rede uma confirmação de que a região está de fato se regenerando e revitalizando e que, cada vez mais, atrairá novas atividades para a região.
  • 16. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva São Paulo, 2014 16 8. REFERÊNCIAS CASTELLO, Lineu. A percepção de lugar: repensando o conceito de lugar em arquitetura-urbanismo. Porto Alegre: PROPAR-UFRGS, 2007. CASTELLO, Lineu. Repensando o LUGAR no projeto urbano. Variação na percepção do LUGAR DISTRITO CRIATIVO DE PORTO ALEGRE. http://distritocriativo.wordpress.com/ FRANCO, Sérgio da Costa. A velha Porto Alegre: crônicas e ensaios. Porto Alegre: Canadá, 2008. FRANK, K. and STEVENS, Q. (eds.). Loose Space. Possibility and diversity in urban life. Londres/Nova York: Routledge, 2007. GOMA OFICINA. Website dos projetistas do projeto de revitalização. Disponível em <http://gomaoficina.wix.com/goma-oficina#!arquitetura/c1r64>. Acessado em 20/07/2014. HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Ed. Annablume, 2005. Capítulos 5 e 6 p. 129-190. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. LEITE, Carlos. Cidades Sustentáveis, cidades inteligentes: desenvolvimento sustentável num planeta urbano. 1ª edição. Editora Bookman, Porto Alegre, 2012. LERNER, Jaime. Acupuntura Urbana. 3ª edição Editora Record, Rio de Janeiro,2005. LOFLAND, L. The Public Realm: Exploring the CityQuintessential Social Territory, New York: Adline de Gruyter, 1998. LX FACTORY; Website oficial do empreendimento: http://www.lxfactory.com MOOMAA; Website oficial do escritório de arquitetura: http://www.moomaa.arq.br/nova_olaria.htm na virada do milênio (1985-2004). Tese de doutorado. UFRGS. Porto Alegre, 2005. ROSA, Marcos L. Micro planejamento – práticas urbanas criativas– São Paulo - Editora de cultura – São Paulo,2011. SOUZA, Célia Ferraz de; MULLER, Dóris Maria. Porto Alegre e sua evolução urbana. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2007. 2. ed. TRINDADE JR, S. C. A cidade dispersa: os novos espaços de assentamentos em Belém e a reestruturação metropolitana. 1998. 366 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. URBSNOVA. Projeto Distrito Criativo de Porto Alegre. Website do projeto. Disponível em <http://distritocriativo.wordpress.com/>. Acessado em 20/07/2014. VILA FLORES (1). Web blog oficial do Projeto Vila Flores. Disponível em: <http://vilaflores.wordpress.com/>. Acessado em 20/07/2014 (2). VILA FLORES(2). VILA FLORES: Acupuntura Urbana no Quarto Distrito. Website sobre a história do Conjunto Vila Flores. Disponível em <http://urbsnova.wordpress.com/vilaflores/>. Acessado em 12/07/2014 (1). WALLIG, Antonia. SIELSKI, Lucas. Projeto Vila Flores. Práticas artísticas colaborativas pela revitalização de processos criativos no meio urbano. 22º Encontro Nacional ANPAP – Ecossistemas Estéticos. Belém, 2013. Disponível em: <http://www.anpap.org.br/anais/2013/ANAIS/simposios/06/Antonia%20Wallig%20e%20Lucas%20Sielski.pdf>. Acessado em 20/07/2014.