O documento descreve um estudo sobre um programa de prevenção de lesões por esforços repetitivos (LER) implementado em um banco brasileiro. O programa inclui ginástica laboral realizada durante a jornada de trabalho para compensar posturas inadequadas e movimentos repetitivos. O estudo busca entender as motivações dos funcionários para participar ou não do programa, com o objetivo de aprimorá-lo.
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
Ler dort
1. In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 2., 2002, Recife. Anais... Recife: Observatório da
Realidade Organizacional : PROPAD/UFPE : ANPAD, 2002. 1 CD.
Programas Preventivos de Saúde: Mudança de Hábito Individual e Novo Espaço de
Regulação Conjunta
Rosana Aquery de Moraes Abreu
Serafim Firmo de Souza Ferraz
Resumo
O patrocínio de programas de prevenção contra as lesões por esforços repetitivos /
doenças osteomusculares relacionados ao trabalho (LER-DORT), por constituírem fenômeno
relativamente recente e insuficientemente regulado, propiciam espaço para mudanças
atitudinais individuais e de melhoria do relacionamento entre colaboradores e organizações
pela via do aprimoramento da qualidade de vida no trabalho. O presente estudo pretende
mapear motivações individuais favoráveis e contra a participação da pessoa nesses programas,
com o objetivo de aprimorá-los como instrumento de gestão de recursos humanos.
INTRODUÇÃO – Entre 19 e 23 de junho de 2001, o Instituto Datafolhai ouviu 1072
trabalhadores paulistanos dos setores comercial, industrial, de serviços e da construção civil,
sobre condições de trabalho em geral e incidência de sintomas passíveis de revelar existência
ou riscos de desenvolvimento de Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
O diagnóstico revelado pela pesquisa impressiona pela dimensão que o fenômeno
parece assumir nos ambientes de trabalho (escritórios e fábricas) e fora deles. A pesquisa
informa que 14% dos trabalhadores paulistanos dos referidos setores mencionam algum
sintoma relacionado às LER-DORT e que 310.000 trabalhadores (4% da população da cidade
de São Paulo) já possuem diagnóstico da doença.
Paradoxalmente, o fenômeno não é tratado em nenhum manual de gestão de recursos
humanos pesquisado (Chiavenato, Milsovich/Boudreau) seja nos capítulos relativos a
Higiene, Segurança, Saúde Ocupacional ou Qualidade de Vida no Trabalho. Mesmo o
PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (Norma Reguladora NR-7 do
Ministério do Trabalho (Portaria 24, de 29.12.94) é omisso sobre as LER-DORT. A literatura
mais completa sobre o assunto foi disponibilizada pelo Ministério da Saúde e não pelo
Ministério do Trabalho.
As LER-DORT vem adentrando nas organizações brasileiras pela via das suas áreas
jurídicas. Face à escassa jurisprudência e a inexistência de políticas corporativas ou
governamentais de prevenção, as demandas trabalhistas se avolumam. As empresas se
recusam a revelar cifras para não incentivar demandas. Mas os valores envolvidos podem ser
facilmente estimados, considerando a inabilitação para o trabalho pelo remanescente da vida
produtiva do trabalhador. Começa a interessar aos dirigentes de empresa pelo passivo
trabalhista potencial que se avoluma. Por a doença projetar os seus efeitos além das fronteiras
corporativas, avançando sobre as qualificações dos trabalhadores, porque em muitos casos
fica a pessoa inutilizada permanentemente para atividades laborais, muitas vezes relacionadas
com a moderna organização e ambiência do trabalho.
A dimensão pecuniária das demandas trabalhistas, na verdade, deverá ser o principal
motivador para o investimento de empresas em programas continuados de saúde e ergonomia.
O economista José Pastoreii estimou o custo com acidentes e doenças relacionados ao
trabalho, entre tratamento, afastamento do profissional e encargos administrativos, em R$ 20
bilhões. Comentando a mesma pesquisa, o Ministro José Serra, da Saúde, afirmou que a LER-
2. DORT representa de “80 a 90% dessas doenças”, com forte impacto no orçamento do
Ministério que ocupa.
Ocorre que as LER-DORT atingem profissionais na faixa etária de maior
produtividade, entre 30 e 40 anos, sendo as mulheres mais atingidas. Os danos à pessoa, às
famílias e sobre os orçamentos da Previdência e Saúde são, portanto, evidentes. Por isto, os
encaminhamentos que incluam programas de requalificação profissional interessam tanto a
empresas como a sindicatos e governos.
Artigos em revistas de negócios (Exame) ou de saúde (Movimento) começam a relatar
ações isoladas de empresas contra a LER-DORT. Mas as iniciativas são ainda relativamente
raras. Relatos de experiências e dos seus desdobramentos são praticamente inexistentes. As
metodologias utilizadas costumam ser classificadas pelo caráter exótico de objetivos e
práticas e, quase sempre, não legitimadas pelos hábitos culturais de parte preponderante dos
acometidos. Referência a modismo da “turma do RH” são freqüentemente mencionados pelos
profissionais em campo.
O presente artigo relata uma experiência de prevenção à doença em um Banco, pois
são os bancários os profissionais mais acometidos pelas LER-DORT (64,9% dos casos,
segundo Pastores; 26,2% dos funcionários do Banco do Brasil apresenta algum sintoma), ao
lado de metalúrgicos, digitadores, secretárias, jornalistas e operadores de telemarketing.
A pesquisa não foi realizada na perspectiva do médico do trabalho, mas sim de uma
psicóloga e de um administrador de empresa. Por essa razão, o texto privilegia uma
perspectiva de ator, não o processo em si mesmo ou os procedimentos e jargões da medicina
do trabalho.
O entendimento da tecnologia utilizada pelo Programa Ação e Saúde – Ginástica
Laboral será explicada, na busca da apreensão de opiniões e motivações dos usuários do
programa de prevenção. O estudo, portanto, privilegia elementos atitudinais relativos
atribuída à prevenção. A inspiração para o trabalho partiu da tentativa de entendermos porque
um contingente de colaboradores se recusava a participar do Programa de Ginástica Laboral.
Chamou-nos a atenção, em particular, algumas poucas ocorrências de trabalhadores que se
abrigavam em sanitários e salas fechadas, ausentavam-se do ambiente de trabalho, durante as
atividades rotineiras de prevenção.
CARACTERIZAÇÃO DAS LER-DORT – A imagem do corpo humano é
naturalmente associada ao movimento. A limitação do movimento do corpo como fator de
produtividade é produto da revolução industrial e, em especial, do Taylorismo e de todas as
abordagens por ele influenciadas. A urbanização acelerada e a tecnologia de transportes e
comunicação também contribuíram fortemente para essa mudança de perspectiva. O
sedentarismo, hoje, é aspecto importante do estilo de vida moderno.
Mas é por meio do avanço científico e tecnológico, da eletrônica em especial, que a
incidência das LER-DORT se transformam em calamidade mundial. Os escritórios em geral e
os Bancos em particular caracterizam a modernidade dos espaços de trabalho, onde, em geral,
para cada colaborador, há uma estação de trabalho. Diante desta, a pessoal passa a maior parte
da jornada de trabalho. A relação homem-máquina é apresentada como indicador de
modernidade e de competitividade de empresa. À limitação do movimento que caracteriza o
moderno espaço de trabalho costuma ser agregadas as deficiências ergonômicas de mobiliário
e da ambiência em geral. A isto agrega-se , além de má postura, para caracterizar o conjunto
de patologias que se abrigam sob a denominação LER-DORT, dentre as mais conhecidas se
incluem a tenossinovite, a tendinite, a bursite, a epicondilite a e síndrome do túnel do carpo.
As primeiras referências às LER-DORT são muito antigas, quando serviam para
caracterizar doenças como “mal dos escribas”, “mal dos pianistas” e “mal de tecelões”. Hoje,
caracterizado como fenômeno mundial, surge em proporção direta à modernização do estilo
3. de vida, onde, na dimensão profissional, potencializa-se o acumulo de atribuições, as pressões
pela produtividade intra e extra-organização, pode ser também denominada, atualmente, de
“epidemia dos escritórios”.
Costuma atingir com maior freqüência os membros superiores, a coluna e o pescoço
dos profissionais expostos a movimentos que se repetem em padrões pouco variados e
prolongados. O corpo reage ao seu modo, impactado pela rigidez de pescoço e ombros, dores
na região lombar, tensão muscular e enrijecimento de articulações. O primeiro sinal da
patologia costuma ser uma dorzinha, aparentemente inofensiva e não ameaçadora à execução
do trabalho. Na progressão, o incômodo se intensifica e a dor se reproduz por dedos, punhos,
ombros, costas e outros pontos distantes do ponto de origem da dor.. Acomete músculos,
fáscias musculares, vasos sanguíneos, tegumentos, tendões, ligamentos, articulações e nervos.
Diante do incômodo, o sujeito contribui para o agravamento do quadro, respondendo à por
meio de um maior comprometimento da postura e retração de tendões que conduz ao
enrijecimento de articulações e, no limite, da musculatura do rosto.
AÇÃO PREVENTIVA E CONSCIENTIZAÇÃO – A solução dos problemas
humanos e organizacionais decorrentes das LER-DORT não pode ser obtida, que não pela
ação conjunto de trabalhadores e suas representações, empresas e instituições governamentais.
As práticas de gestão de recursos humanos precisam evoluir no campo da qualidade de vida e
da flexibilidade do trabalho, sob novas bases de negociação, a partir da regulação conjunta
entre empregados e empregadores. As vantagens mútuas podem ser aferidas a partir da
informação cotejada por Maria Jose O’Neilliii, segundo a qual as empresas dispendem R$
89.000,00 somente no primeiro ano de afastamento de um funcionário lesionado. O
afastamento do trabalho pelas LER-DORT são, não raro prolongadas, tempo suficiente para
promover a perda de empregabilidade do profissional, de renda mensal e da não participação
em eventos de requalificação e terapias complementares para garantir a recuperação
promovidos pelas empresas.
O combate às L.E.R.-DORT, portanto, requer mudanças na organização do trabalho,
redistribuição de poderes e enriquecimento de tarefas ou mesmo do domínio de processos de
trabalho, em lugar de atividades, necessidade da polivalência profissiona. As formas flexíveis
de trabalho são muito mais favoráveis às abordagens prevencionistas, porque nelas a
composição coletiva ganha maior relevância. Adicionalmente, a motivação e a satisfação no
trabalho são comprovadamente mais intensos, com os ganhos proporcionados pelo ambiente
de trabalho saudável e participativo.
As iniciativas no sentido da promoção de uma nova ambiência no trabalho precedem
às destinadas ao trabalho de prevenção e controle das LER-DORT. As áreas de recursos
humanos contam hoje com um vasto portfólio de alternativas para obter engajamento,
satisfação e qualidade de vida. Muitas empresas promovem ações de energização e
convivialidade, integração e desenvolvimento de equipes, ginástica, Tai Chi Chuan, yoga,
caminhadas no campo, etc. Programas específicos para as patologias aqui tratadas, são menos
comuns. Falta à ações acima integração e foco na prevenção às LER-DORT.
A estratégia adotada pelo BBNN é o Programa Ação e Saúde, lançado pela empresa
em dezembro de 1998 para promover a saúde e a qualidade de vida do seu corpo de
colaboradores para promover um ambiente mais saudável e produtivo. Seu objetivo é
proporcionar informações, serviços e práticas educacionais que contribuam para a prevenção
de doenças do trabalho e a disseminação de atitudes e ações favoráveis à formação de um
estilo de vida mais saudável.
Integram o Programa seis subprojetos: saúde ocupacional, ludos, saúde corporal, times
de aprendizagem e alimentação saudável.O ação preventiva das LER-DORT é a ginástica
laboral. A ela estão associados os exames médicos periódicos do PCMSO e conjunto de
4. programas preventivos como antitabagismo, drogas e álcool, campanhas de vacinação,
atividades lúdicas e Tai Chi Chuan. Aos programas de controle de peso e alimentação
saudável junta-se alternativas variadas de ações de desenvolvimento e integração de equipes
de alta performance.
A ginástica laboral é também conhecida por ginástica de pausa ou ginástica laboral
compensatória. Ela é mais indicada para situações em que se lida com a repetição de
movimentos, no caso pelo uso intensivo de microcomputadores. Consiste na prática de
exercícios que são realizados no próprio local de trabalho, atuando de forma preventiva e
terapêutica, sem levar o trabalhador ao cansaço. De curta duração, trabalhar preferencialmente
com exercícios de alongamento e compensação das estruturas musculares envolvidas nas
tarefas operacionais diárias.
A ginástica laboral pode ser feita de três modos distintos:
• Prepatória ou de aquecimento – realizada antes da jornada de trabalho, com
duração aproximada de dez a quinze minutos, no próprio local de trabalho,
aquecendo os grupos musculares que serão mais solicitados nas tarefas;
• Compensatória – realizada durante a jornada de trabalho, provoca uma pausa ativa,
compensando posturas inadequadas e esforços repetitivos de baixa intensidade
exigidos pela função operacional. Tem a duração aproximada de dez a quinze
minutos e é indicada para funções que exigem movimentos repetitivos,
necessidade de concentração prolongada, constante atendimento ao público
externo e cargos de responsabilidade e tomadas de decisão.
• Relaxamento – realizada após o expediente, tem como objetivo principal recuperar
o trabalhador do desgaste sofrido no decorrer do expediente. São feitos
alongamentos para evitar o acúmulo de ácido lático e prevenir lesões.
Os principais objetivos da ginástica laboral são:
• prevenir a fadiga muscular;
• diminuir o número de acidentes de trabalho por falha humana;
• corrigir vícios posturais;
• prevenir doenças por traumas acumulativos;
• promover a sociabilização;
• melhorar a condição física geral;
• promover o autocondicionamento orgânico;
• diminuir o absenteísmo e procura ambulatorial;
• aumentar o ânimo e disposição para o trabalho, melhorando assim as condições de
qualidade de vida do trabalhador e da empresa;
• proporcionar consciência corporal;
• aumentar a auto-estima do trabalhador;
• melhorar a produção quantitativa e qualitativamente.
A ginástica laboral, neste caso, precede ao próprio programa guarda-chuva de saúde
ocupacional da empresa, tendo se transformado, finalmente, no seu subprojeto saúde
ocupacional. O Programa de ginástica laboral, implantado desde outubro/98 nas unidades do
Banco em Fortaleza, compreendeu, inicialmente, somente os órgãos da Direção Geral, sendo
depois estendida às agências localizadas na região metropolitana de Fortaleza.
A ginástica praticada é do tipo compensatória ou de pausa e é praticada durante o
expediente com o auxílio de facilitadores que se deslocam para as unidades em horários pré-estabelecidos.
O público-alvo da ginástica são os funcionários, bolsistas e contratados, que
dão uma pausa de aproximadamente quinze minutos no trabalho para participar das atividades
5. de alongamento. Compõe-se, inicialmente, de uma sessão vivencial de conscientização e de
autoconhecimento de cerca de 90 minutos, dirigida por facilitar qualificado. Em seguida,
séries de 10 minutos são repassados duas vezes por semana para a equipe no próprio local de
trabalho.
Decorridos quase 03 anos da sua implantação, a ginástica laboral, a despeito dos seus
benefícios, tem encontrado alguns focos de resistência. Conforme entrevistas feitas com as
facilitadoras do Programa, nos locais onde há maior aceitação a adesão chega, no máximo, a
50% da lotação, enquanto que, em algumas áreas, a adesão é inexpressiva, chegando algumas
vezes a não ocorrer atividade por falta de participantes.
Em outras áreas, a ginástica foi suspensa pela absoluta falta de adesão e mobilização.
Segundo relato das facilitadoras, as pessoas não atendiam ao convite, especialmente nas áreas
de tecnologia e financeira. O controle de freqüência é feito por meio de listas mensais. Nos
momentos de maior adesão, em meados de 2000, cerca de 700 colaboradores chegaram a
participar do Programa de Ginástica Laboral, de um contingente de 1500 colaboradores
(funcionários, bolsistas e contratados, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Em 2000, a empresa completou a fase de conscientização, onde os exercícios, em tese,
seriam apropriados pelo conjunto de colaboradores envolvidos no Programa. Nesse contexto,
o programa “paradinha produtiva” daria suporte aos colabordores, por meio de software
implantado em ambiente de rede. A cada duas horas, conforme prescrição médica, o software
alerta o funcionário para a necessidade de interromper o trabalho e exercitar rotina prescrita
para o seu caso em particular. A partir da implantação do software, a freqüência da prática da
ginástica laboral com a presença da facilitadora foi reduzida de duas para uma vez por
semana.
Considerando a situação
atual do Programa de
ginástica laboral no BBNN,
este estudo propõe-se a
efetuar uma pesquisa acerca
dos motivos que levam
contingente importantes de
funcionários do Banco a não
participar do programa de
ginástica laboral,
investigando os motivos da
sua participação ou não-participação
no programa,
tanto com a presença de
facilitadoras como pela
fórmula mediada por
computador, de modo a
79% 76% 74%
63%
DIMINUIÇÃO DE TENSÃO MUSCULAR
PREVENÇÃO DE LER/DORT
MAIS DISPOSIÇÃO
ALÍVIO DE SINTOMAS
PRÁTICA DE EXERCÍCIOS
ENTROSAMENTO ENTRE EQUIPE
58%
OUTRAS
53%
3%
permitir campanhas mais eficazes. Com esse objetivo, foram realizadas entrevistas com
profissionais de recursos humanos/Saúde Ocupacional, coordenadores do Programa, com as
facilitadoras responsáveis pela prática da ginástica nas áreas e com a sua coordenadora,
proprietária da empresa contratada pelo Banco para ministrar a ginástica laboral.
O instrumento utilizado para a pesquisa foi um questionário misto, composto de 8
questões objetivas (fechadas) e perguntas abertas, além de espaço para sugestões. As
perguntas comportavam, em geral, mais de uma escolha.
A pesquisa foi aplicada em 06 ambientes da Direção Geral do Banco e em 02 agências
da região metropolitana de Fortaleza no período entre 15/05 e 10/06/2001. A amostra foi
composta de 75 pessoas (5% do total), escolhidas aleatoriamente nos ambientes visitados.
6. Foram distribuídos 100 questionários, dos quais 75 foram devolvidos. A aplicação da
pesquisa ocorreu em dois turnos em cada local, de forma a contemplar pessoas que trabalham
pela manhã e à tarde.
A pesquisa poderia ter
sido feita virtualmente,
através da Intranet, o
que certamente
facilitaria bastante no
momento da tabulação
dos dados, mas optou-se
pela entrevista
individual, onde os
objetivos da pesquisa
eram explicitados para
promover a efetiva
46%
25%
melhoria do Programa.
29%
18 - 29 ANOS
30 - 40 ANOS
MAIS DE 40
Conforme resultado obtido na tabulação dos dados, a maioria dos que responderam
(66,6%) é formada por funcionários, seguida por contratados (26,6%) e bolsistas (6,6%),
sendo a maior parte do sexo feminino (54,6%).
Com relação à idade, os resultados mostraram a seguinte distribuição: grande parte dos
pesquisados está entre 30 e 40 anos (46%), seguida por pessoas entre 18 e 29 anos (29%) e
pessoas acima de 40 anos (25%).
Da amostra pesquisada, 51% afirmam praticar a ginástica laboral, enquanto que 49%
afirmam não praticar.
Dentre os 51% que afirmaram praticar regularmente a ginástica laboral, apresentam-se
como mais motivadores os seguintes aspectos:
• 79% dos pesquisados afirmaram se sentirem mais relaxados após a prática da
ginástica laboral, com diminuição da tensão muscular;
• 76% das pessoas afirmaram que , ao praticar a laboral, desejam prevenir o
surgimento de dores e lesões advindas de esforços repetitivos (L.E.R/D.O.R.T.);
• 74%, considera benéfica a pausa durante o expediente. Sentem-se mais dispostos
após a ginástica laboral;
• 63% dos pesquisados, há o alivio de sintomas como dormência nas mãos, dores
leves nos punhos e articulações e sensação de peso nos braços e punhos após
praticar a ginástica laboral;
• 58% das respostas, as pessoas afirmaram que praticam a laboral porque gostam de
praticar exercícios físicos;
• 53% dos que responderam a pesquisa acham que a prática da laboral gera um
maior entrosamento entre a equipe, melhorando as condições de trabalho;
• 3% dos pesquisados alegavam outros motivos, sendo a descontração apontada
como um deles.
Dentre os entre os 49% que afirmaram não praticar a ginástica laboral:
• 46% dos entrevistados afirmaram que não se sentem à vontade em praticar
exercícios no ambiente de trabalho;
• 46% alegam não ter tempo por conta de atividades de trabalho (reuniões,
trabalhos urgentes, atendimento a clientes internos e externos);
• 41% apontou outros motivos para a não-participação na laboral, como a prática de
outras atividades físicas extra empresa., tipo de atividade física e
7. incompatibilidade de horários e também a inexistência da ginástica laboral no seu
46% 46% 41%
OUTROS MOTIVOS
FALTA DE TEMPO
ambiente de trabalho;
22%
19%
14%
11%
8%
ATRAPALHA AS ATIVIDADES
TEM VERGONHA
• 22% alegou que a ginástica atrapalha o andamento das suas atividades;
• 19% considera o horário da ginástica laboral inadequado;
• 14% pensa que a ginástica laboral só funciona em perídos de 10 minutos.
• 11% alega não gostar de 0ercícios físicos;
• 8% das pessoas responderam que têm vergonha dos colegas.
A rejeição aos exercícios pela web é ainda mais pronuciada. 71٪ afirma que não
pratica ou nunca praticaram a ginástica laboral utilizando o software instalado no computador,
enquanto que 29% afirma que pratica ou já praticou em algum momento a ginástica utilizando
o software.
Daqueles que afirmaram não utilizar o software, temos:
• 47% afirmou não se sentirem motivados a se exercitar sozinhas;
• 36% declarou constragimentos em exercitar-se enquanto colegas trabalham;
• 26% alegarou não ter o software instalado no seu computador;
• 25% receiam praticar os exercícios de forma inadequada sem o acompanhamento
da facilitadora;
• 19% relacionou outros motivos para a não-adesão à ginástica laboral, com
predominância para aqueles que afirmaram achar o software frio, pouco
motivador, monótono, embaraçoso. Há, ainda, os que afirmam ter usado o software
uma vez e ficado com alguma dor que foi atribuída à prática incorreta dos
exercícios.
Quanto às questões abertas, relativas a sugestões predomínio de indicações relativas
aumento na freqüência das sessões, a presença das facilitadoras , seguida pela sugestões para
que a ginástica seja realizada em local separado do local de trabalho.
De acordo com as respostas obtidas a partir da aplicação do questionário, pudemos
obter algumas sinalizações acerca da motivação das pessoas em relação à prática da ginástica
laboral:
• Das pessoas que afirmaram praticar a ginástica laboral, a maioria o faz consciente
de seus benefícios preventivos e do alivio proporcionado diante da sintomatologia
ligadas às L.E.R./D.O.R.T. ;
8. • a motivação alegada gira, predominantemente, em torno da diminuição do stress e
tensão muscular e da prevenção das lesões advindas dos esforços repetitivos.
Ressalte-se nesses argumentos a importância da conscientização do corpo
funcional acerca dos benefícios que podem resultar da prática da ginástica laboral
e da necessidade e eficácia do trabalho preventivo.
• Dentre as pessoas que afirmaram não praticar a ginástica laboral, os motivos mais
alegados são falta de tempo e concorrência com outras atividades. No momento da
chegada das facilitadoras da ginástica laboral. Esse argumento revelou-se
particularmente justificado em dois call centers, onde as peculiaridades do serviço
impedem a adesão de 100% das pessoas, simultaneamente. Nas duas centrais, há
demanda declarada pelo aumento do número semanal de sessões da ginástica
laboral c com a facilitadora, assim como há também a demanda por exercícios
específicos para o tipo de trabalho exercido em centrais de atendimento telefônico.
• Paralelamente, uma outra parte das respostas aponta em direção a um certo
incômodo em praticar a ginástica dentro do ambiente de trabalho. Algumas
pessoas chegam a nomear esse mal-estar, afirmando que sentem vergonha em se
exercitar e que o fato de nem todos participarem acaba por propiciar a existência
de uma platéia, que constrange aqueles que estão participando e que se sentem
observados.
• Várias pessoas sugeriram a prática da ginástica em local reservado e não no
ambiente de trabalho, inclusive ao ar livre, ampliação do período da ginástica
laboral em período superior a 10 minutos por insuficiência; criação de local único,
onde facilitadores se revezariam em; criação de sala de ginástica aparelhada com
47%
36%
26%
NÃO ME SINTO
MOTIVADO
SINTO-ME
CONSTRANGIDO
NÃO TENHO O
SOFTWARE
equipamentos de musculação etc.
25%
19%
MEDO DE FAZER
ERRADO
OUTROS MOTIVOS
• Finalmente, recolhemos descontentamentos por não ocorrer mais a ginástica
laboral nas suas dependência.
Algumas dessas sugestões denotam o desconhecimento das pessoas acerca do que é a
ginástica laboral e da sua característica fundamental que é a de ser praticada no próprio local
de trabalho e por curtos períodos. A partir da análise de algumas respostas é possível perceber
que há uma certa “confusão“ entre os objetivos da ginástica laboral e os da ginástica comum,
uma vez que várias pessoas alegaram não praticar a ginástica laboral em virtude de já
9. praticarem exercícios como musculação, natação etc; ao mesmo tempo em que outras
sugeriram a criação de centros de ginástica com equipamentos para os funcionários.
A inadequação do horário foi outro motivo alegado, algumas respostas apontando para
o fato da facilitadora chegar no horário de pico, o que impossibilita a adesão do funcionário,
enquanto que outras respostas relativas ao horário abordavam a questão do desencontro entre
o seu turno de trabalho e o horário em que é praticada a ginástica laboral.
Com relação à ginástica laboral praticada com o auxílio do computador, apenas 29%
dos pesquisados praticam ou já praticaram em algum momento. A maioria das respostas
aponta para a falta de motivação em se exercitar sozinho, seguidas pelo constrangimento em
se exercitar sozinho enquanto os outros colegas estão todos trabalhando.
Algumas respostas denotam um certo receio na prática dos exercícios sem o
acompanhamento da facilitadora, tendo sido relatado, inclusive, casos de pessoas que fizeram
os exercícios e em seguida apresentaram alguma dor que foi atribuída à prática do exercício
de forma inadequada.
Em várias respostas, as pessoas fazem alusão ao fato de não se sentirem motivadas a
fazer exercício com uma máquina. Algumas colocam textualmente que o computador é
monótono, frio, não fala e não alivia o stress. As respostas deixam transparecer a resistência
das pessoas à essa prática porque não associam a ginástica feita através do computador a um
momento de relaxamento. Como a ginástica é feita sentada no mesmo local e em frente ao
computador, para muitos, é como se não houvesse a pausa e continuassem trabalhando.
Há também aqueles que alegam não ter o software instalado no seu computador, os
que dizem ter tido algum tipo de problema com a instalação e ainda os que afirmam
desconhecer a existência do software.
Dentre as sugestões para o Programa de Ginástica Laboral recebidas, registramos um
expressivo número de pedidos para que a ginástica volte a ocorrer duas ou mais vezes na
semana com a presença da facilitadora, contra apenas uma sugestão para a extinção do
Programa.
CONCLUSÃO - Com base nos resultados já relatados, obtidos a partir da amostra
pesquisada, entendemos que dois são os motivos principais para a falta de adesão à prática da
ginástica laboral.
O primeiro deles é a falta de conscientização acerca da necessidade de prevenir o
surgimento das doenças relacionadas ao trabalho (L.E.R./D.O.R.T.) . Por trás desse motivo
está o desconhecimento acerca das repercussões devastadoras que podem advir desse tipo de
doença, que impossibilita o indivíduo fisicamente não só para o trabalho como para as
atividades mais corriqueiras do dia-a-dia, isso sem falar na dimensão psicológica que
acompanha toda essa série de impossibilidades.
O segundo motivo, acanhamento. As pessoas demonstram receio à exposição pública.
Vergonha, timidez, constrangimento, são algumas das palavras usadas nas respostas dos
questionários para nomear o mal-estar de fazer a ginástica com alguns, enquanto outros
observam, mesmo em se tratando de veteranos companheiros de trabalho.
A alta incidência de não participação no programa de prevenção às LER-DORT
reproduz, entretando, característica genérica da população do BBNN acima de 30 anos, o
sedentarismo. Os exames de saúde anuais revelam altas incidências na empresa, fazendo-nos
propor a intensificação das atividades de conscientização e esclarecimento acerca dos
benefícios da ginástica laboral, abordando:
• informações sobre as L.E.R./D.O.R.T., suas conseqüências e a importância da
prevenção;
10. • compartilhar o entendimento da relação entre a idade e a incidência das
L.E.R./DORT;
• explicar a diferenciação entre a ginástica laboral e a ginástica tradicional;
• demonstrar a eficácia das fórmulas baseadas na prevenção da L.E.R./D.O.R.T.;
• Envolver na campanha todas as áreas do Banco e a CIPA, com envio de folders
sobre temas especiais.
• Veicular, sistematicamente, mensagens do Programa de Saúde Ocupacional,
esclarecendo relação os efeitos sobre a L.E.R-DORT da prática da ginástica
laboral, em seus fundamentos de prevenção
• Divulgar os resultados obtidos (bem-estar, menor incidência de doenças etc).
• Celebrar parceria com outras instituições, inclusive de saúde para promoção do
tema..
• Inserir a questão nos eventos de capacitação da empresa e momentos presenciais
de encontro de gestores.
Há, sem dúvida, uma infinidade de soluções tópicas, potencialmente capazes de
aumentar em diferentes graus a freqüência e participações nos programas preventivos de
combate às L.E.R./DORT, se o principal argumento, o da prevenção, parece ser amplamente
compartilhado pelo conjunto de atores que se interessam pelo assunto. Não há quem discorde
da premissa de que a estratégia de prevenção atende a todos os interesses em jogo e promove
menor sofrimento, menor custo de oportunidade e que, adicionalmente, garante a maior
satisfação para todos os atores, inclusive os profissionais de saúde.
Embora estejamos tratando de um programa bem concebido do ponto de vista técnico,
outras condições, a priori classificadas como capitais, a exemplo das interfaces gráficas e o
emprego da tecnologia web, as dinâmicas de grupo inovadoras, a flexibilidade da prestação
dos serviço e horários, são, na verdade acessórias. O programa, adicionalmente, pelo seu
caráter pioneiro e inovador é motivo de orgulho para a empresa. A competência técnica dos
facilitadores foi raramente questionada, sendo, pelo contrário, freqüentemente convidados
para animar workshops em diferentes pontos e situações na empresa e fora dela, inclusive em
vídeo conferência. A versão eletrônica do Programa sempre foi compreendida com acessória
ou recurso auxiliar que permitia o Programa de Ginástica Laboral atingir a pontos de venda
mais distantes, onde inexistiam facilitadores qualificados.
Da pesquisa emerge, entretanto, dois fatores certamente não tópicos, mas
estruturantes, na tentativa de explicar a baixa popularidade do programa de prevenção às
L.E.R./DORT no BBNN. Em primeiro lugar o aspecto cultural e socializante relacionado com
o sedentarismo. Mesmo trainees recém contratados sucumbem rapidamente a esse traço
cultural da organização e ao sobrepeso característico dos colaboradores da empresa. A prática
da ginástica laboral, na nossa opinião, apenas potencializa o problema, pois, por definição,
não objetiva o controle do peso corpóreo. Mas, em contrapartida, o sobrepeso torna mais
penosa a realização dos exercícios da ginástica laboral. Nesse sentido, a ginástica laboral é
fonte de stress e de sofrimento psíquico. As justificativas atinentes à não participação,
denotam, antes de tudo, defensividade e a não priorização, afinal o investimento não supera
15 minutos semanais investidos em prevenção.
São justamente as prioridades que serve de elemento de ligação para caracterizar o
segundo fator acima mencionado. Em todo o nosso estudo, há um grande ausente. As
lideranças da empresa, os dirigentes locais que deixam de assumir o seu papel de
mobilizadores para a ação e que beneficia pessoas e os resultados da organização. O programa
de ginástica laboral emerge da pesquisa como projeto das áreas médicas e de recursos
humanos. São raros os dirigentes que dão exemplo e participam dos trabalhos juntamente com
as suas equipes, transmitindo senso de propriedade. O investimento em prevenção só costuma
11. ser realizado quando assumido pela Sede, sendo, em conseqüência, gratuito para a Unidade.
Para que a questão assuma nível mais estratégico e adentre na órbita de interesse das
lideranças e dirigentes, entendemos importante a definição de indicadores de performance que
levem em consideração a variável saúde, passível de atrair engajamentos e compromissos. Se
os efeitos serão promissores apenas no longo prazo do ponto de vista da prevenção, estaremos
de imediato contribuindo para consolidar a imagem do BBNN como uma organização
preocupadas com o bem-estar e qualidade de vida dos seus funcionários.
BIBLIOGRAFIA
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