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2008
UNIFICADOS
C o l e
ção
Doenças e
Acidentes de Trabalho
Sindicato Químicos Unificados
Campinas - Osasco - Vinhedo
TEMA 1
LER/DORT
COLEÇÃOCOLEÇÃO
LER/DORT
Índice
Introdução..................................... 	05
Como adoecem os trabalhadores..........	 06
O que são doenças do trabalho.............	06
O que é acidente do trabalho................	 06
O que é L.E.R. ou D.O.R.T. ............ 	07
Estágios da LER ..............................	 08
Diagnóstico..........................................	09
Tratamento..........................................	09
Quais os fatores de risco?.....................	10
Como podemos previnir
as doenças do trabalho.................	12
Direito dos trabalhadores..............	14
CAT- Comunicação de
Acidente de Trabalho..........................	14
Auxílio-doença (seguro).........................	16
Reabilitação..........................................	16
Auxílio-acidente....................................	16
Aposentadoria por invalidez acidentária..	16
Estabilidade no emprego........................16
LER/DORT e direitos humanos......	17
Conclusão: o que fazer?....................	 19
2
2008
UNIFICADOS
Apresentação
O Sindicato dos Químicos Uni-
ficados de Campinas, Osasco e
Vinhedo apresenta sua Coleção
sobre Doenças e Acidentes de
Trabalho. Este material tem o ob-
jetivo de ser um instrumento de
informação para trabalhadores
e trabalhadoras sobre o adoeci-
mento no e pelo trabalho.
Este primeiro tema trata de
questões relativas à LER/DORT,
hoje verdadeira epidemia em
nossa categoria.
Os demais números aborda-
rão.............., .................., .........
Você vende sua força de traba-
lho e não sua saúde ou sua vida
para a empresa. Defenda-se.
Procure o sindicato e denuncie
situações irregulares ou de risco
para a saúde em seu local de
trabalho.
A diretoria
UNIFICADOS 3
2008
LER/DORT
COLEÇÃO4
AS LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS/
DISTÚRBIOS OSTEO-ARTICULARES
RELACIONADOS AO TRABALHO
2008
UNIFICADOS
Introdução
As Lesões por Esforço Repetitivo
(LER) ou Distúrbios Osteomus-
culares Relacionados ao Trabalho
(DORT), como são denominados pelo
Ministério da Previdência e Assistên-
cia Social (MPAS) e pelo Ministério
da Saúde (MS), constituem-se num
dos mais sérios problemas de saúde
enfrentados pelos trabalhadores e
sindicatos nos últimos anos no Brasil
e no mundo.
Cerca de 80% a 90% dos casos de
doenças relacionadas ao trabalho
conhecidos nos 10 últimos anos no
país são representados pela LER/
DORT, o que evidencia a gravidade
e abrangência do problema. Esse
é sem dúvida um dos reflexos mais
diretos das mudanças ocorridas nas
condições e ambientes de trabalho,
com a introdução de processos au-
tomatizados, aumento do ritmo de
trabalho, novas formas de gestão
com ênfase na produtividade e lucro,
desencadeando maior pressão para
a execução das tarefas. Isso sem
mencionar a redução dos postos
de trabalho, o que vem provocando
cada vez mais competição entre os
próprios trabalhadores.
5
No dia a dia do sindicato, temos
ouvido que as empresas enxergam
estes trabalhadores adoecidos
como perigosos disseminadores
de insatisfações, queixas, dores e
incapacidades.
Os adoecidos geralmente tentam
se esconder achando que os sinto-
mas passarão. Adiam ao máximo a
procura por auxílio e quando chegam
à conclusão de que não conseguem
continuar trabalhando, procuram
assistência médica e suas vidas se
tornam uma eterna busca de provas
de seu adoecimento.
Muitos pesquisadores demonstram
que os dados oficiais só declaram um
número muito menor do que o real.
O Estado tem negligenciado ao não
fiscalizar os ambientes de trabalho
adequadamente no que toca ao gran-
de número de riscos nos ambientes
de trabalho de forma geral. Ele não
exige o cumprimento da legislação,
descumprindo então o seu papel
social de protetor da saúde e de um
meio ambiente saudável.
Por este motivo, necessitamos
de soluções reais que resgatem a
dignidade e a saúde do ser humano,
visto atualmente somente no aspec-
to produtivo.
LER/DORT
COLEÇÃO
Esta publicação visa orientar os
trabalhadores a identificar os pri-
meiros sinais e sintomas da doença,
a reivindicar seus direitos e garantir
que eles sejam respeitados.
Cabe aos trabalhadores organizar-
se e lutar para mudar este quadro,
pois somente dessa forma será pos-
sível mudar as situações de trabalho
causadoras das LER/DORT.
Como adoecem os
trabalhadores?
O processo de adoecimento dos
trabalhadores tem relação com o
modo de trabalhar, principalmente
em função das exigências do mer-
cado. De olho nos lucros, o capital
prioriza a diminuição dos custos de
produção, redução do emprego e o
aumento da produtividade, aumen-
tando muito a pressão por produção
sobre os trabalhadores. Para isso,
introduz novas formas de gestão, de
organização do trabalho, tecnologia
e equipamentos, desprezando as
consequências da saúde de quem
trabalha. Na prática, isso tem signi-
ficado a limitação da autonomia dos
trabalhadores sobre os movimentos
6
do próprio corpo, redução de sua
criatividade e liberdade de expressão
com a execução de atividades repe-
titivas por tempo prolongado.
As LER/DORT e as doenças
mentais, entre outras, são a conse-
quência mais evidente de todo esse
processo nos dias atuais.
O que são doenças
do trabalho?
São doenças geradas pelo exer-
cício de algumas atividades ou pro-
fissão e tem relação direta com as
condições de trabalho.
O que é acidente de
trabalho?
É o infortúnio relacionado a saúde
e a vida que ocorre pela realização
do trabalho, podendo provocar lesão
corporal ou distúrbio psicológico,
morte, perda, redução temporária
ou permanente da capacidade para
o trabalho.
2008
UNIFICADOS
LER- Lesões por Esforço Repetitivo/
DORT – Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho
7
O que é LER ou DORT?
A sigla LER foi criada para identificar
um conjunto de doenças que atingem
músculos,tendõesenervos,geralmen-
te em membros superiores (dedos,
LER/DORT
COLEÇÃO
mãos, punhos, antebraços, braços e
pescoço) e tem relação direta com as
condições de trabalho. Pode ocorrer
também em membros inferiores (per-
nas) e coluna vertebral.
São inflamações e lesões provoca-
das por atividades do trabalho, que
exigem do trabalhador realizar suas
tarefas em condições que não são
ergonômicas (por exemplo, trabalhar
fazendo força física, posições incô-
modas e inadequadas, repetitividade
entre outros fatores). A partir da
Instrução Normativa 98 do INSS (IN
98), este fenômeno é chamado de
LER/DORT.
Assim, as LER/DORT abrangem
doenças relacionadas a estrutura
músculo esquelético cuja ocorrên-
cia é decorrente de sobrecarga no
trabalho.
Abaixo relacionamos algumas do-
enças que podem ter relação com o
trabalho e podem ser consideradas
LER/DORT, conforme avaliação
médica:
l	Tenossinovite : inflamação de
tecido que reveste os tendões.
l	Tendinite : inflamação dos ten-
dões.
l	Epicondilite: inflamação de
tendões do cotovelo.
8
l	Bursite: inflamação das bursas
(pequenas bolsas que se situam
entre os ossos e tendões das ar-
ticulações do ombro).
l	Miosites: inflamação de grupos
musculares em várias regiões do
corpo.
l	Síndrome do Túnel do Car-
po: compressão do nervo mediano
ao nível do punho.
l	Síndrome Cervicobraquial:
dor difusa em membros superiores
e região da coluna cervical.
l	Síndrome do Ombro Dolo-
roso: compressão de nervos e
vasos na região do ombro
l	Cisto Sinovial: tumoração
esférica no tecido perto da articu-
lação ou tendão.
l	Doença de Quervain: Infla-
mação da bainha de tendões do
polegar.
Estágios da LER:
As LER podem ser controladas se
forem diagnosticadas no seu início
e tiverem o tratamento adequado.
É bom ressaltar que temos casos
2008
UNIFICADOS
inclusive de cura se o caso for diag-
nosticado e tratado corretamente
logo no começo, além, é claro,
de ser afastado das condições
de risco que ocasionaram o caso.
Entretanto, a grande maioria dos
casos que conhecemos já são crô-
nicos, sem possibilidade de cura,
uma vez que foram diagnosticados
tardiamente.
Diagnóstico:
O diagnóstico desta doença, se-
gundo as normativas da Previdên-
9
cia Social e do Ministério de Saúde
é clínico. Isto significa dizer que
basta um médico especializado,
que conheça sobre a doença, exa-
minar as pessoas corretamente,
para que se tenha um diagnóstico.
Os exames subsidiários, como por
exemplo, ultra-som, radiografia,
eletroneuromiografia ou ressonân-
cia magnética podem auxiliar neste
processo de diagnóstico. Atual-
mente, um novo exame conhecido
como termografia cutânea tem
apresentado grandes perspectivas
de tornar o diagnóstico mais preci-
so, melhorando com isto as possi-
bilidades de dar um tratamento de
saúde mais adequado.
Tratamento:
O afastamento do
trabalho é muitas ve-
zes obrigatório pois
significa poupar o
trabalhador da expo-
sição aos fatores de
risco (esforços re-
petitivos, pressões,
LER/DORT
COLEÇÃO
excessos no ritmo e na jornada de
trabalho) e propiciar-lhe maior dispo-
nibilidade de tempo para realização
do tratamento .
Os casos que forem diagnostica-
dos e tratados precocemente podem
até curar. Mas, infelizmente, a maior
parte dos casos só é diagnosticado
em fases mais avançadas, e na sua
imensa maioria já são crônicos e
incuráveis.
O tratamento dos pacientes com
LER deve ter como objetivo melho-
rar sua qualidade de vida, propiciar
alívio dos sintomas (sobretudo da
dor) e recuperar a capacidade do
trabalho .
Vários recursos terapêuticos po-
dem ser utilizados, entre eles medi-
camentos, homeopatia, acupuntura,
fisioterapia, eletrotermoterapia,
massoterapia, técnicas de terapias
corporais, psicoterapia individual e
em grupo, biodança, yoga, técnicas
de respiração adequada, etc.
Os grupos de qualidade de vida
têm se mostrado um recurso eficien-
te para minorar o quadro doloroso
e de limitações dos portadores de
LER/DORT. Assim, atividades cole-
tivas como grupos informativos nos
sindicatos e instituições públicas
têm permitido a socialização das
informações, a discussão e reflexão
10
sobre a doença além de propiciar
ações e o diagnóstico, tratamento e
reabilitação.
É importante também que haja uma
abordagem multiprofissional e inter-
disciplinar (vários profissionais com
vários conteúdos de conhecimentos
técnicos), pois nenhum profissional
de saúde detém todos os conheci-
mentos e recursos para desenvolver
um programa integral de assistência
e reabilitação.
As imobilizações (colocar gesso,
tala gessada ou as “munhequeiras”)
têm indicações bastante restritas
e não devem ocorrer por períodos
prolongados, pois favorecem o
surgimento de outros problemas no
membro afetado. O uso de órtese
de posicionamento deve ser cuida-
doso e orientado por profissional
competente.
	
Quais os fatores de
risco?
l	Trabalho automatizado onde o tra-
balhador não tem controle sobre
suas atividades.
l	Trabalho onde os funcionários tem
2008
UNIFICADOS
que manter uma posição inadequa-
da para produzir.
l	Obrigatoriedade de manter o ritmo
de trabalho acelerado para garan-
tir a produção.
l	Trabalho fragmentado em que
cada um exerce uma única tarefa
de forma repetitiva.
l	Trabalho sob pressão permanente
das chefias.
l	Quadro reduzido de funcionários,
intensificação do trabalho com
jornada prolongada e frequente
11
realização de horas extras.
l	Ausência de pausas e micro-pau-
sas durante a jornada de traba-
lho.
l	Trabalho realizado em ambientes
frios, ruidosos e mal ventilados.
l	Mobiliário inadequado, que obriga
a adoção de posturas incorretas
do corpo durante a jornada de
trabalho.
l	Equipamentos e máquinas com de-
feitos ou mal adaptadas ao posto
de trabalho.
LER/DORT
COLEÇÃO
Como podemos
prevenir as
doenças do
trabalho?
Para preveni-las, é preciso reestru-
turar o processo de trabalho.
Para se chegar a este estágio os
trabalhadores deverão reivindicar:
l	Controle do ritmo de trabalho pela
pessoa que o executa.
l	Diminuição da jornada de trabalho
com eliminação das horas extras.
12
l	Pausas e micro-pausas durante
a jornada de trabalho para que
músculos e tendões descansem,
sem que por isso haja aumento do
ritmo ou do volume de trabalho.
l	Adequação dos postos de trabalho
para evitar a adoção de posturas
corporais incorretas.
l	O mobiliário e as máquinas devem
ser ajustados às características físi-
cas individuais dos trabalhadores.
l	Ambiente de trabalho com tem-
peratura, ruído e iluminação ade-
quados, propiciando conforto
ambiental.
2008
UNIFICADOS
l	Vigilância da saúde dos trabalha-
dores, com monitoramento con-
tínuo e programas de prevenção
voltados prioritariamente para
as doenças de maior prevalência,
para que possam ser detectados
precocemente (os protocolos de
alguns países da Europa já come-
çam a buscar o possível portador
a partir da busca dos sintomáticos,
o que vai levar a um diagnóstico e
intervenção bastante precoces).
l	Cobrar do poder público a formu-
lação de política para prevenir do-
enças relacionadas ao trabalho.
l	Cláusulas nos acordos coletivos
de trabalho que privilegiem a pre-
venção de doenças do trabalho
13
ou profissionais, tratamento e
reabilitação dos trabalhadores.
l	Postura ética dos médicos assis-
tentes das empresas e peritos do
INSS no atendimento aos trabalha-
dores vítimas de doenças profis-
sionais ou acidentes de trabalho. É
frequente o relato de trabalhadores
informando que os médicos têm
se negado a diagnosticar as LER,
enquanto o INSS, descumprindo
suas próprias normas técnicas,
cria obstáculos para caracterizar as
lesões como doenças do trabalho.
O código de ética médica é claro:
o compromisso do médico deve ser
com a pessoa que está a sua frente,
reclamando de dor.
LER/DORT
COLEÇÃO
Direitos dos
trabalhadores:
CAT- Comunicação
de Acidente de
Trabalho
Ao suspeitar que o trabalhador seja
portador de LER/DORT, a empresa
é obrigada a emitir a CAT (CLT
art. 169 e IN 98 do INSS), encami-
nhando-a ao INSS para notificação
e regularização do afastamento do
trabalho quando couber. Se a empre-
sa se recusar a emitir CAT, podem
fazê-lo o médico que atende o lesio-
nado, qualquer autoridade pública, o
sindicato ou o próprio trabalhador.
A CAT é emitida em seis vias,
sendo que uma delas deve ser en-
tregue ao próprio trabalhador e outra
encaminhada ao sindicato e ao SUS
(Sistema Único de Saúde).
A empresa que dispuser de serviço
médico próprio ou de convênio terá a
seu cargo o exame médico devendo
encaminhar o trabalhador ao INSS
quando a incapacidade ultrapassar
quinze dias. No entanto, a CAT
deve ser emitida logo nos primeiros
14
momentos em que há diagnóstico ou
indícios de que se trata de doença
do trabalho.
A comunicação de doença do tra-
balho ao INSS é importante não só
para o tratamento, mas também para
que o trabalhador possa receber be-
nefícios acidentários previstos em lei,
bem como se readaptar ao exercício
de outra função. Além disto, os dados
coletados pelas CATs podem ajudar a
construçãodeeficientesprogramasde
prevenção para os trabalhadores que
ainda não têm LER/DORT.
Muitos juristas são enfáticos em
afirmar que a não notificação da
doença no trabalho é crime (art.269
do código penal combinado com o
art.169 da CLT) .
Expedida a CAT, o INSS deve ime-
diatamente registrar o fato e encami-
nharotrabalhadoràperíciaparacarac-
terizaçãodonexocausal(relaçãoentre
a doença e o trabalho) e avaliação da
capacidade para o trabalho.
Para fixação do nexo causal é
fundamental que o trabalhador re-
late detalhadamente as atividades
por ele desenvolvidas na empresa,
desde a sua admissão até os dias
atuais. Outra reclamação comum
dos trabalhadores é de que, infeliz-
mente, o INSS, quando muito, ouve
apenas o relato do trabalho que a
2008
UNIFICADOS
empresa faz. Este relato, em geral,
não corresponde aquilo que o traba-
lhador realmente fazia, levando-se
a crer que o trabalho relatado pela
empresa não poderia ser causador
de LER/DORT. Uma sugestão dos
trabalhadores que discutiram cole-
tivamente esta cartilha é de lembrar
que é importante protocolar a CAT
no INSS, pois mesmo que não tenha
seu nexo causal aceita pelo perito,
este protocolo da CAT poderá servir
futuramente como prova judicial.
Constatada a relação entre a doen-
ça e o trabalho, o médico avalia se o
15
trabalhador encontra-se incapacitado
para o trabalho. Para tanto baseia-se
na história ocupacional, diagnóstico
clínico e em exames complementares
se necessário. Se caracterizada a do-
ença como relacionada ao trabalho, o
trabalhador receberá o benefício do
INSS conhecido como B 91 (auxílio
doença por acidente do trabalho).
Caso o acidente de trabalho não
seja caracterizado como relacionado
ao trabalho, será classificado como
um afastamento por doença que não
foi adquirida no trabalho, conhecido
como B 31 (auxílio doença).
LER/DORT
COLEÇÃO
Auxilio-doença
(seguro)
É um benefício mensal em dinhei-
ro que corresponde a uma média
salarial.
Reabilitação
Ao final do tratamento, entendendo
a perícia do INSS que o trabalhador
nãotemmaiscondiçõesdeexercersua
função mas que pode executar outras,
o encaminhará ao CRP (Centro de Re-
abilitação Profissional). Após a reabili-
tação e encontrada nova função que o
trabalhador possa exercer, é dada alta
médica com retorno ao trabalho em
uma função compatível com o estágio
atual da sua limitação.
Auxílio-acidente
Se após o acidente resultar se-
quela que implique em redução
da capacidade para o trabalho, o
trabalhador fará jus ao recebimen-
to, como indenização, do benefício
denominado auxilio acidente, pago
pelo INSS. O auxílio-acidente será
16
pago mensalmente e corresponde
a 50% do salário de benefício do
segurado, sendo pago a partir da
data da alta médica até a concessão
de qualquer aposentadoria (validade
a partir da edição da lei 9528 de
11/12/97).
Aposentadoria por
invalidez acidentária
Caso ao final do tratamento o
INSS entenda que em razão da se-
quela o trabalhador não reúna mais
condições de ser recuperado para
o exercício de qualquer trabalho, é
concedida a aposentadoria por inva-
lidez acidentária, que corresponderá
a 100% do salário de benefício.
Estabilidade no
emprego
Se for assim caracterizado como
doença ocupacional (B 91), após a
alta do INSS o trabalhador terá esta-
bilidade de 1 ano. Se o afastamento
for menor que 15 dias, mesmo com a
abertura de CAT, é bom lembrar que
não há esta estabilidade.
2008
UNIFICADOS
LER/DORT E
DIREITOS HUMANOS
Em janeiro de 2004, com o apoio de
diversas entidades de direitos huma-
nos e sindicais, entre elas o Sindicato
dos Químicos Unificados, ocorreu a
1ª. Audiência Pública para discussão
sobre o fenômeno da LER/DORT no
mundo atual, a partir da perspectiva
dos princípios dos Direitos Humanos,
na Câmara Municipal de Sorocaba.
A tese, que vem sendo desenvol-
17
vida a partir da missão de voluntá-
rios nacionais (do Brasil) ligados
ao setor de saúde da Comissão de
Direitos Humanos da ONU, é de que
ao contrário da definição de um aci-
dente, que ocorre devido a um fator
desconhecido e muitas vezes não
previsível, a LER/DORT ocorre por
fatores conhecidos e previsíveis.
Isto significa dizer que quando um
trabalhador é lesionado e afastado, o
seu posto de trabalho será ocupado
por um outro trabalhador que neste
primeiro momento está sadio, sem
LER/DORT, mas que, após um pe-
LER/DORT
COLEÇÃO
ríodo, tem uma chance muito grande
de também desenvolver a doença.
E assim, mais uma vez, este ciclo
macabro se repetirá!
Portanto, a LER/DORT não é um
acidente ou infortúnio, mas sim um
risco conhecido que fatalmente irá
lesionar os trabalhadores. Desta
18
forma, isto pode ser entendido como
uma violência. E uma violência contra
um direito elementar de todo cida-
dão: o direito a saúde!
Logo, é uma violência que pode
ser traduzida como uma violação
aos direitos humanos relacionados
a saúde!
2008
UNIFICADOS 19
Conclusão: o que
fazer?
Não há nenhuma receita mágica.
Para se proteger, os trabalhadores
e trabalhadoras deste nosso país só
têm uma alternativa: organizarem-
se. Seja sindicalizado, procure seu
sindicato!
Boa luta na defesa dos
direitos relacionados à
sua saúde e sua vida!
LER/DORT
COLEÇÃO
ANEXO 1	
Normas Regulamentadoras (NR):
são as normas contidas na Conso-
lidação das Leis Trabalhistas -CLT-
que regulamentam, entre outras
coisas, o exercício do trabalho sau-
dável. Iremos aqui ressaltar algumas
importantes para prevenção das
doenças do trabalho, como as LER
/ DORT.
NR 5- CIPAS: regulamenta a CIPA
(Comissão Interna de Prevenção
Acidentes), que é composta por
representantes do empregador e
dos empregados, que tem como
objetivo principal levantar os riscos
existentes no ambiente de trabalho
e solicitar medidas para reduzi-los
ou eliminá-los. Os representantes
dos trabalhadores são eleitos em
votação secreta e tem mandato de
1 ano, com direito a estabilidade do
emprego, que vai desde o dia da
inscrição até 1 ano após o término
do mandato. Uma das obrigações
da CIPA, é a elaboração de mapas
de risco ambientais nas empresas,
após ouvir todos os trabalhadores.
A participação coletiva permite cor-
reções necessárias nos ambientes
de trabalho e é fundamental para
identificar fatores geradores das
20
LER/DORT.
NR 7- Exames médicos: trata dos
exames médicos e institui o Progra-
ma de Controle Médico de Saúde
Ocupacional - PCMSO, visando
prevenir o aparecimento de doenças
e promover a saúde do conjunto dos
trabalhadores. A empresa é obri-
gada a realizar os exames médicos
admissional, periódico, de retorno
ao trabalho, de mudança de função
e o exame demissional. Lembre-se:
um dos deveres dos médicos da
empresa, é de proteger a saúde dos
trabalhadores.
NR 17- ERGONOMIA: Estabelece
parâmetros que permitem a adap-
tação das condições de trabalho às
características do trabalhador, de
modo a propiciar o máximo de con-
forto, segurança e desempenho. Ela
é aplicável a todas as categorias.
ANEXO 2
Orientação para Atividades da vida
diária de pacientes portadores de
LER/DORT
Arrumando a casa:
2008
UNIFICADOS
1 – Simplifique o trabalho, conserve
energia, reveja as tarefas e elimine
os passos que forem possíveis.
Determine o que é necessário e por
que é necessário, bem como o que
acontece se você não fizer isto. Veja
algumas sugestões:
w tecidos de tergal eliminam a
necessidade de passar a ferro;
w alimentos ensopados eliminam
a necessidade de picá-los;
w deixar a louça escorrer elimina
a necessidade de secá-las;
w o passo de guardar a louça no
armário pode ser eliminado se
usá-las diretamente do escorredor
ou da pia;
w uso de toalhas de plástico na
mesa elimina a necessidade de
lavagem da mesma;
w usar a mesma panela tanto para
preparar como para servir os ali-
mentos diminui a quantidade de
louças a lavar;
2 – Planejar com antecedência as
atividades da semana, de modo que
as tarefas sejam distribuídas por
todos os dias e não concentradas em
alguns apenas. Este planejamento
deve incluir o repouso entre as ta-
refas. Deve alternar trabalho ativo
e trabalho parado.
21
3 – Usar equipamentos corretos:
adaptação de cabos (por exemplo,
engrossando o cabo das facas, te-
souras, cabos de panelas, cabos de
escova de dente e cabelo, etc.), para
diminuir a necessidade de força de
pressão.
4 – Usar métodos eficientes:
wsempre que possível usar os dois
braços em movimentos simétricos
e paralelos;
w usar a força disponível das arti-
culações próximas (mais próximas
ao tronco) ao invés das articula-
ções e músculos menores e mais
distantes;
w deslizar objetos ao invés de
levantá-los;
w arrumar móveis e eletrodomés-
ticos de modo a haver espaços
contínuos, especialmente entre
pia, fogão e geladeira. Se possível,
adaptá-los em balcões;
w usar carrinho com rodas e ces-
tos para transportar coisas;
w evitar segurar objetos por muito
tempo, usando suporte ou base,
se possível;
w usar estabilizante como tapetes
antiderrapantes e toalhas úmidas
sobre a pia;
5 – Descanso:
LER/DORT
COLEÇÃO
w a fadiga leva a mecânica cor-
poral falha e inconsciência sobre
a segurança;
w os períodos regulares de des-
canso devem ser incorporados ao
plano de trabalho diário;
w as mães de crianças pequenas
são aconselhadas a descansar
quando a criança dorme, mesmo
que estejam usando este tempo
para terminar uma tarefa inter-
rompida;
6 – Compensação para variação de
movimento limitado:
w se suas condições financeiras
permitem, diminua esforços uti-
lizando eletrodomésticos como
máquina de lavar roupa, liquidifi-
cador, etc.
7 – Compensação para as fraquezas
dos membros afetados:
w comprar alimentos já picados
ou moídos;
w utilizar utensílios leves, facas e
22
tesouras afiadas, que não preci-
sam de muito esforço para serem
suados;
w lavar louça dentro da pia cheia
de água, de preferência morna (a
água deixa a louça mais leve);
w adaptar cabos engrossados dos
dois lados das panelas;
w usar lençóis com elásticos nas
extremidades para facilitar quando
arrumar as camas;
w enrolar os cobertores ao invés
de dobrá-los;
w como hora de lazer das crian-
ças, ensiná-las a enrolar cober-
tores, amarrar sapatos e abotoar
camisas;
w rosquear tampa usando as duas
mãos sobre suporte antiaderente;
w puxar gavetas com as duas
mãos. Empurrá-las com o corpo.
Estasorientaçõesforamdesenvolvidas
pelo Centro de Referência em Saúde
doTrabalhadordeSãoPaulo(CEREST
– SP), em novembro de 1992.
2008
UNIFICADOS 23
A COLEÇÃO - DOENÇAS E ACIDENTES DE TRABALHO é uma publicação do Sindi-
cato Químicos Unificados (Campinas, Osasco e Vinhedo). O TEMA 1 - LER/DORT foi
compilado e organizado pelos doutores Mirdney Jensen e Roberto C. Ruiz.
Contatos: Regional Campinas - fone (19) 3735.4900; Regional Osasco - fone (11)
3608.5411; Regional Vinhedo (19) 3876.2915
quimicosunificados@quimicosunificados.com.br www.quimicosunificados.com.br
Bibliografia:
Este material foi baseado na Car-
tilha sobre LER do INST (Instituto
Nacional de Saúde no Trabalho/
CUT) e na Cartilha do Sindicato dos
Bancários de São Paulo e Osasco.
EXPEDIENTE
Sindicato Químicos Unificados
Campinas - Osasco - Vinhedo
www.quimicosunificados.com.br

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LER/DORT: Entendendo as Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

  • 1. 2008 UNIFICADOS C o l e ção Doenças e Acidentes de Trabalho Sindicato Químicos Unificados Campinas - Osasco - Vinhedo TEMA 1
  • 2. LER/DORT COLEÇÃOCOLEÇÃO LER/DORT Índice Introdução..................................... 05 Como adoecem os trabalhadores.......... 06 O que são doenças do trabalho............. 06 O que é acidente do trabalho................ 06 O que é L.E.R. ou D.O.R.T. ............ 07 Estágios da LER .............................. 08 Diagnóstico.......................................... 09 Tratamento.......................................... 09 Quais os fatores de risco?..................... 10 Como podemos previnir as doenças do trabalho................. 12 Direito dos trabalhadores.............. 14 CAT- Comunicação de Acidente de Trabalho.......................... 14 Auxílio-doença (seguro)......................... 16 Reabilitação.......................................... 16 Auxílio-acidente.................................... 16 Aposentadoria por invalidez acidentária.. 16 Estabilidade no emprego........................16 LER/DORT e direitos humanos...... 17 Conclusão: o que fazer?.................... 19 2
  • 3. 2008 UNIFICADOS Apresentação O Sindicato dos Químicos Uni- ficados de Campinas, Osasco e Vinhedo apresenta sua Coleção sobre Doenças e Acidentes de Trabalho. Este material tem o ob- jetivo de ser um instrumento de informação para trabalhadores e trabalhadoras sobre o adoeci- mento no e pelo trabalho. Este primeiro tema trata de questões relativas à LER/DORT, hoje verdadeira epidemia em nossa categoria. Os demais números aborda- rão.............., .................., ......... Você vende sua força de traba- lho e não sua saúde ou sua vida para a empresa. Defenda-se. Procure o sindicato e denuncie situações irregulares ou de risco para a saúde em seu local de trabalho. A diretoria UNIFICADOS 3 2008
  • 4. LER/DORT COLEÇÃO4 AS LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS/ DISTÚRBIOS OSTEO-ARTICULARES RELACIONADOS AO TRABALHO
  • 5. 2008 UNIFICADOS Introdução As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbios Osteomus- culares Relacionados ao Trabalho (DORT), como são denominados pelo Ministério da Previdência e Assistên- cia Social (MPAS) e pelo Ministério da Saúde (MS), constituem-se num dos mais sérios problemas de saúde enfrentados pelos trabalhadores e sindicatos nos últimos anos no Brasil e no mundo. Cerca de 80% a 90% dos casos de doenças relacionadas ao trabalho conhecidos nos 10 últimos anos no país são representados pela LER/ DORT, o que evidencia a gravidade e abrangência do problema. Esse é sem dúvida um dos reflexos mais diretos das mudanças ocorridas nas condições e ambientes de trabalho, com a introdução de processos au- tomatizados, aumento do ritmo de trabalho, novas formas de gestão com ênfase na produtividade e lucro, desencadeando maior pressão para a execução das tarefas. Isso sem mencionar a redução dos postos de trabalho, o que vem provocando cada vez mais competição entre os próprios trabalhadores. 5 No dia a dia do sindicato, temos ouvido que as empresas enxergam estes trabalhadores adoecidos como perigosos disseminadores de insatisfações, queixas, dores e incapacidades. Os adoecidos geralmente tentam se esconder achando que os sinto- mas passarão. Adiam ao máximo a procura por auxílio e quando chegam à conclusão de que não conseguem continuar trabalhando, procuram assistência médica e suas vidas se tornam uma eterna busca de provas de seu adoecimento. Muitos pesquisadores demonstram que os dados oficiais só declaram um número muito menor do que o real. O Estado tem negligenciado ao não fiscalizar os ambientes de trabalho adequadamente no que toca ao gran- de número de riscos nos ambientes de trabalho de forma geral. Ele não exige o cumprimento da legislação, descumprindo então o seu papel social de protetor da saúde e de um meio ambiente saudável. Por este motivo, necessitamos de soluções reais que resgatem a dignidade e a saúde do ser humano, visto atualmente somente no aspec- to produtivo.
  • 6. LER/DORT COLEÇÃO Esta publicação visa orientar os trabalhadores a identificar os pri- meiros sinais e sintomas da doença, a reivindicar seus direitos e garantir que eles sejam respeitados. Cabe aos trabalhadores organizar- se e lutar para mudar este quadro, pois somente dessa forma será pos- sível mudar as situações de trabalho causadoras das LER/DORT. Como adoecem os trabalhadores? O processo de adoecimento dos trabalhadores tem relação com o modo de trabalhar, principalmente em função das exigências do mer- cado. De olho nos lucros, o capital prioriza a diminuição dos custos de produção, redução do emprego e o aumento da produtividade, aumen- tando muito a pressão por produção sobre os trabalhadores. Para isso, introduz novas formas de gestão, de organização do trabalho, tecnologia e equipamentos, desprezando as consequências da saúde de quem trabalha. Na prática, isso tem signi- ficado a limitação da autonomia dos trabalhadores sobre os movimentos 6 do próprio corpo, redução de sua criatividade e liberdade de expressão com a execução de atividades repe- titivas por tempo prolongado. As LER/DORT e as doenças mentais, entre outras, são a conse- quência mais evidente de todo esse processo nos dias atuais. O que são doenças do trabalho? São doenças geradas pelo exer- cício de algumas atividades ou pro- fissão e tem relação direta com as condições de trabalho. O que é acidente de trabalho? É o infortúnio relacionado a saúde e a vida que ocorre pela realização do trabalho, podendo provocar lesão corporal ou distúrbio psicológico, morte, perda, redução temporária ou permanente da capacidade para o trabalho.
  • 7. 2008 UNIFICADOS LER- Lesões por Esforço Repetitivo/ DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho 7 O que é LER ou DORT? A sigla LER foi criada para identificar um conjunto de doenças que atingem músculos,tendõesenervos,geralmen- te em membros superiores (dedos,
  • 8. LER/DORT COLEÇÃO mãos, punhos, antebraços, braços e pescoço) e tem relação direta com as condições de trabalho. Pode ocorrer também em membros inferiores (per- nas) e coluna vertebral. São inflamações e lesões provoca- das por atividades do trabalho, que exigem do trabalhador realizar suas tarefas em condições que não são ergonômicas (por exemplo, trabalhar fazendo força física, posições incô- modas e inadequadas, repetitividade entre outros fatores). A partir da Instrução Normativa 98 do INSS (IN 98), este fenômeno é chamado de LER/DORT. Assim, as LER/DORT abrangem doenças relacionadas a estrutura músculo esquelético cuja ocorrên- cia é decorrente de sobrecarga no trabalho. Abaixo relacionamos algumas do- enças que podem ter relação com o trabalho e podem ser consideradas LER/DORT, conforme avaliação médica: l Tenossinovite : inflamação de tecido que reveste os tendões. l Tendinite : inflamação dos ten- dões. l Epicondilite: inflamação de tendões do cotovelo. 8 l Bursite: inflamação das bursas (pequenas bolsas que se situam entre os ossos e tendões das ar- ticulações do ombro). l Miosites: inflamação de grupos musculares em várias regiões do corpo. l Síndrome do Túnel do Car- po: compressão do nervo mediano ao nível do punho. l Síndrome Cervicobraquial: dor difusa em membros superiores e região da coluna cervical. l Síndrome do Ombro Dolo- roso: compressão de nervos e vasos na região do ombro l Cisto Sinovial: tumoração esférica no tecido perto da articu- lação ou tendão. l Doença de Quervain: Infla- mação da bainha de tendões do polegar. Estágios da LER: As LER podem ser controladas se forem diagnosticadas no seu início e tiverem o tratamento adequado. É bom ressaltar que temos casos
  • 9. 2008 UNIFICADOS inclusive de cura se o caso for diag- nosticado e tratado corretamente logo no começo, além, é claro, de ser afastado das condições de risco que ocasionaram o caso. Entretanto, a grande maioria dos casos que conhecemos já são crô- nicos, sem possibilidade de cura, uma vez que foram diagnosticados tardiamente. Diagnóstico: O diagnóstico desta doença, se- gundo as normativas da Previdên- 9 cia Social e do Ministério de Saúde é clínico. Isto significa dizer que basta um médico especializado, que conheça sobre a doença, exa- minar as pessoas corretamente, para que se tenha um diagnóstico. Os exames subsidiários, como por exemplo, ultra-som, radiografia, eletroneuromiografia ou ressonân- cia magnética podem auxiliar neste processo de diagnóstico. Atual- mente, um novo exame conhecido como termografia cutânea tem apresentado grandes perspectivas de tornar o diagnóstico mais preci- so, melhorando com isto as possi- bilidades de dar um tratamento de saúde mais adequado. Tratamento: O afastamento do trabalho é muitas ve- zes obrigatório pois significa poupar o trabalhador da expo- sição aos fatores de risco (esforços re- petitivos, pressões,
  • 10. LER/DORT COLEÇÃO excessos no ritmo e na jornada de trabalho) e propiciar-lhe maior dispo- nibilidade de tempo para realização do tratamento . Os casos que forem diagnostica- dos e tratados precocemente podem até curar. Mas, infelizmente, a maior parte dos casos só é diagnosticado em fases mais avançadas, e na sua imensa maioria já são crônicos e incuráveis. O tratamento dos pacientes com LER deve ter como objetivo melho- rar sua qualidade de vida, propiciar alívio dos sintomas (sobretudo da dor) e recuperar a capacidade do trabalho . Vários recursos terapêuticos po- dem ser utilizados, entre eles medi- camentos, homeopatia, acupuntura, fisioterapia, eletrotermoterapia, massoterapia, técnicas de terapias corporais, psicoterapia individual e em grupo, biodança, yoga, técnicas de respiração adequada, etc. Os grupos de qualidade de vida têm se mostrado um recurso eficien- te para minorar o quadro doloroso e de limitações dos portadores de LER/DORT. Assim, atividades cole- tivas como grupos informativos nos sindicatos e instituições públicas têm permitido a socialização das informações, a discussão e reflexão 10 sobre a doença além de propiciar ações e o diagnóstico, tratamento e reabilitação. É importante também que haja uma abordagem multiprofissional e inter- disciplinar (vários profissionais com vários conteúdos de conhecimentos técnicos), pois nenhum profissional de saúde detém todos os conheci- mentos e recursos para desenvolver um programa integral de assistência e reabilitação. As imobilizações (colocar gesso, tala gessada ou as “munhequeiras”) têm indicações bastante restritas e não devem ocorrer por períodos prolongados, pois favorecem o surgimento de outros problemas no membro afetado. O uso de órtese de posicionamento deve ser cuida- doso e orientado por profissional competente. Quais os fatores de risco? l Trabalho automatizado onde o tra- balhador não tem controle sobre suas atividades. l Trabalho onde os funcionários tem
  • 11. 2008 UNIFICADOS que manter uma posição inadequa- da para produzir. l Obrigatoriedade de manter o ritmo de trabalho acelerado para garan- tir a produção. l Trabalho fragmentado em que cada um exerce uma única tarefa de forma repetitiva. l Trabalho sob pressão permanente das chefias. l Quadro reduzido de funcionários, intensificação do trabalho com jornada prolongada e frequente 11 realização de horas extras. l Ausência de pausas e micro-pau- sas durante a jornada de traba- lho. l Trabalho realizado em ambientes frios, ruidosos e mal ventilados. l Mobiliário inadequado, que obriga a adoção de posturas incorretas do corpo durante a jornada de trabalho. l Equipamentos e máquinas com de- feitos ou mal adaptadas ao posto de trabalho.
  • 12. LER/DORT COLEÇÃO Como podemos prevenir as doenças do trabalho? Para preveni-las, é preciso reestru- turar o processo de trabalho. Para se chegar a este estágio os trabalhadores deverão reivindicar: l Controle do ritmo de trabalho pela pessoa que o executa. l Diminuição da jornada de trabalho com eliminação das horas extras. 12 l Pausas e micro-pausas durante a jornada de trabalho para que músculos e tendões descansem, sem que por isso haja aumento do ritmo ou do volume de trabalho. l Adequação dos postos de trabalho para evitar a adoção de posturas corporais incorretas. l O mobiliário e as máquinas devem ser ajustados às características físi- cas individuais dos trabalhadores. l Ambiente de trabalho com tem- peratura, ruído e iluminação ade- quados, propiciando conforto ambiental.
  • 13. 2008 UNIFICADOS l Vigilância da saúde dos trabalha- dores, com monitoramento con- tínuo e programas de prevenção voltados prioritariamente para as doenças de maior prevalência, para que possam ser detectados precocemente (os protocolos de alguns países da Europa já come- çam a buscar o possível portador a partir da busca dos sintomáticos, o que vai levar a um diagnóstico e intervenção bastante precoces). l Cobrar do poder público a formu- lação de política para prevenir do- enças relacionadas ao trabalho. l Cláusulas nos acordos coletivos de trabalho que privilegiem a pre- venção de doenças do trabalho 13 ou profissionais, tratamento e reabilitação dos trabalhadores. l Postura ética dos médicos assis- tentes das empresas e peritos do INSS no atendimento aos trabalha- dores vítimas de doenças profis- sionais ou acidentes de trabalho. É frequente o relato de trabalhadores informando que os médicos têm se negado a diagnosticar as LER, enquanto o INSS, descumprindo suas próprias normas técnicas, cria obstáculos para caracterizar as lesões como doenças do trabalho. O código de ética médica é claro: o compromisso do médico deve ser com a pessoa que está a sua frente, reclamando de dor.
  • 14. LER/DORT COLEÇÃO Direitos dos trabalhadores: CAT- Comunicação de Acidente de Trabalho Ao suspeitar que o trabalhador seja portador de LER/DORT, a empresa é obrigada a emitir a CAT (CLT art. 169 e IN 98 do INSS), encami- nhando-a ao INSS para notificação e regularização do afastamento do trabalho quando couber. Se a empre- sa se recusar a emitir CAT, podem fazê-lo o médico que atende o lesio- nado, qualquer autoridade pública, o sindicato ou o próprio trabalhador. A CAT é emitida em seis vias, sendo que uma delas deve ser en- tregue ao próprio trabalhador e outra encaminhada ao sindicato e ao SUS (Sistema Único de Saúde). A empresa que dispuser de serviço médico próprio ou de convênio terá a seu cargo o exame médico devendo encaminhar o trabalhador ao INSS quando a incapacidade ultrapassar quinze dias. No entanto, a CAT deve ser emitida logo nos primeiros 14 momentos em que há diagnóstico ou indícios de que se trata de doença do trabalho. A comunicação de doença do tra- balho ao INSS é importante não só para o tratamento, mas também para que o trabalhador possa receber be- nefícios acidentários previstos em lei, bem como se readaptar ao exercício de outra função. Além disto, os dados coletados pelas CATs podem ajudar a construçãodeeficientesprogramasde prevenção para os trabalhadores que ainda não têm LER/DORT. Muitos juristas são enfáticos em afirmar que a não notificação da doença no trabalho é crime (art.269 do código penal combinado com o art.169 da CLT) . Expedida a CAT, o INSS deve ime- diatamente registrar o fato e encami- nharotrabalhadoràperíciaparacarac- terizaçãodonexocausal(relaçãoentre a doença e o trabalho) e avaliação da capacidade para o trabalho. Para fixação do nexo causal é fundamental que o trabalhador re- late detalhadamente as atividades por ele desenvolvidas na empresa, desde a sua admissão até os dias atuais. Outra reclamação comum dos trabalhadores é de que, infeliz- mente, o INSS, quando muito, ouve apenas o relato do trabalho que a
  • 15. 2008 UNIFICADOS empresa faz. Este relato, em geral, não corresponde aquilo que o traba- lhador realmente fazia, levando-se a crer que o trabalho relatado pela empresa não poderia ser causador de LER/DORT. Uma sugestão dos trabalhadores que discutiram cole- tivamente esta cartilha é de lembrar que é importante protocolar a CAT no INSS, pois mesmo que não tenha seu nexo causal aceita pelo perito, este protocolo da CAT poderá servir futuramente como prova judicial. Constatada a relação entre a doen- ça e o trabalho, o médico avalia se o 15 trabalhador encontra-se incapacitado para o trabalho. Para tanto baseia-se na história ocupacional, diagnóstico clínico e em exames complementares se necessário. Se caracterizada a do- ença como relacionada ao trabalho, o trabalhador receberá o benefício do INSS conhecido como B 91 (auxílio doença por acidente do trabalho). Caso o acidente de trabalho não seja caracterizado como relacionado ao trabalho, será classificado como um afastamento por doença que não foi adquirida no trabalho, conhecido como B 31 (auxílio doença).
  • 16. LER/DORT COLEÇÃO Auxilio-doença (seguro) É um benefício mensal em dinhei- ro que corresponde a uma média salarial. Reabilitação Ao final do tratamento, entendendo a perícia do INSS que o trabalhador nãotemmaiscondiçõesdeexercersua função mas que pode executar outras, o encaminhará ao CRP (Centro de Re- abilitação Profissional). Após a reabili- tação e encontrada nova função que o trabalhador possa exercer, é dada alta médica com retorno ao trabalho em uma função compatível com o estágio atual da sua limitação. Auxílio-acidente Se após o acidente resultar se- quela que implique em redução da capacidade para o trabalho, o trabalhador fará jus ao recebimen- to, como indenização, do benefício denominado auxilio acidente, pago pelo INSS. O auxílio-acidente será 16 pago mensalmente e corresponde a 50% do salário de benefício do segurado, sendo pago a partir da data da alta médica até a concessão de qualquer aposentadoria (validade a partir da edição da lei 9528 de 11/12/97). Aposentadoria por invalidez acidentária Caso ao final do tratamento o INSS entenda que em razão da se- quela o trabalhador não reúna mais condições de ser recuperado para o exercício de qualquer trabalho, é concedida a aposentadoria por inva- lidez acidentária, que corresponderá a 100% do salário de benefício. Estabilidade no emprego Se for assim caracterizado como doença ocupacional (B 91), após a alta do INSS o trabalhador terá esta- bilidade de 1 ano. Se o afastamento for menor que 15 dias, mesmo com a abertura de CAT, é bom lembrar que não há esta estabilidade.
  • 17. 2008 UNIFICADOS LER/DORT E DIREITOS HUMANOS Em janeiro de 2004, com o apoio de diversas entidades de direitos huma- nos e sindicais, entre elas o Sindicato dos Químicos Unificados, ocorreu a 1ª. Audiência Pública para discussão sobre o fenômeno da LER/DORT no mundo atual, a partir da perspectiva dos princípios dos Direitos Humanos, na Câmara Municipal de Sorocaba. A tese, que vem sendo desenvol- 17 vida a partir da missão de voluntá- rios nacionais (do Brasil) ligados ao setor de saúde da Comissão de Direitos Humanos da ONU, é de que ao contrário da definição de um aci- dente, que ocorre devido a um fator desconhecido e muitas vezes não previsível, a LER/DORT ocorre por fatores conhecidos e previsíveis. Isto significa dizer que quando um trabalhador é lesionado e afastado, o seu posto de trabalho será ocupado por um outro trabalhador que neste primeiro momento está sadio, sem LER/DORT, mas que, após um pe-
  • 18. LER/DORT COLEÇÃO ríodo, tem uma chance muito grande de também desenvolver a doença. E assim, mais uma vez, este ciclo macabro se repetirá! Portanto, a LER/DORT não é um acidente ou infortúnio, mas sim um risco conhecido que fatalmente irá lesionar os trabalhadores. Desta 18 forma, isto pode ser entendido como uma violência. E uma violência contra um direito elementar de todo cida- dão: o direito a saúde! Logo, é uma violência que pode ser traduzida como uma violação aos direitos humanos relacionados a saúde!
  • 19. 2008 UNIFICADOS 19 Conclusão: o que fazer? Não há nenhuma receita mágica. Para se proteger, os trabalhadores e trabalhadoras deste nosso país só têm uma alternativa: organizarem- se. Seja sindicalizado, procure seu sindicato! Boa luta na defesa dos direitos relacionados à sua saúde e sua vida!
  • 20. LER/DORT COLEÇÃO ANEXO 1 Normas Regulamentadoras (NR): são as normas contidas na Conso- lidação das Leis Trabalhistas -CLT- que regulamentam, entre outras coisas, o exercício do trabalho sau- dável. Iremos aqui ressaltar algumas importantes para prevenção das doenças do trabalho, como as LER / DORT. NR 5- CIPAS: regulamenta a CIPA (Comissão Interna de Prevenção Acidentes), que é composta por representantes do empregador e dos empregados, que tem como objetivo principal levantar os riscos existentes no ambiente de trabalho e solicitar medidas para reduzi-los ou eliminá-los. Os representantes dos trabalhadores são eleitos em votação secreta e tem mandato de 1 ano, com direito a estabilidade do emprego, que vai desde o dia da inscrição até 1 ano após o término do mandato. Uma das obrigações da CIPA, é a elaboração de mapas de risco ambientais nas empresas, após ouvir todos os trabalhadores. A participação coletiva permite cor- reções necessárias nos ambientes de trabalho e é fundamental para identificar fatores geradores das 20 LER/DORT. NR 7- Exames médicos: trata dos exames médicos e institui o Progra- ma de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, visando prevenir o aparecimento de doenças e promover a saúde do conjunto dos trabalhadores. A empresa é obri- gada a realizar os exames médicos admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função e o exame demissional. Lembre-se: um dos deveres dos médicos da empresa, é de proteger a saúde dos trabalhadores. NR 17- ERGONOMIA: Estabelece parâmetros que permitem a adap- tação das condições de trabalho às características do trabalhador, de modo a propiciar o máximo de con- forto, segurança e desempenho. Ela é aplicável a todas as categorias. ANEXO 2 Orientação para Atividades da vida diária de pacientes portadores de LER/DORT Arrumando a casa:
  • 21. 2008 UNIFICADOS 1 – Simplifique o trabalho, conserve energia, reveja as tarefas e elimine os passos que forem possíveis. Determine o que é necessário e por que é necessário, bem como o que acontece se você não fizer isto. Veja algumas sugestões: w tecidos de tergal eliminam a necessidade de passar a ferro; w alimentos ensopados eliminam a necessidade de picá-los; w deixar a louça escorrer elimina a necessidade de secá-las; w o passo de guardar a louça no armário pode ser eliminado se usá-las diretamente do escorredor ou da pia; w uso de toalhas de plástico na mesa elimina a necessidade de lavagem da mesma; w usar a mesma panela tanto para preparar como para servir os ali- mentos diminui a quantidade de louças a lavar; 2 – Planejar com antecedência as atividades da semana, de modo que as tarefas sejam distribuídas por todos os dias e não concentradas em alguns apenas. Este planejamento deve incluir o repouso entre as ta- refas. Deve alternar trabalho ativo e trabalho parado. 21 3 – Usar equipamentos corretos: adaptação de cabos (por exemplo, engrossando o cabo das facas, te- souras, cabos de panelas, cabos de escova de dente e cabelo, etc.), para diminuir a necessidade de força de pressão. 4 – Usar métodos eficientes: wsempre que possível usar os dois braços em movimentos simétricos e paralelos; w usar a força disponível das arti- culações próximas (mais próximas ao tronco) ao invés das articula- ções e músculos menores e mais distantes; w deslizar objetos ao invés de levantá-los; w arrumar móveis e eletrodomés- ticos de modo a haver espaços contínuos, especialmente entre pia, fogão e geladeira. Se possível, adaptá-los em balcões; w usar carrinho com rodas e ces- tos para transportar coisas; w evitar segurar objetos por muito tempo, usando suporte ou base, se possível; w usar estabilizante como tapetes antiderrapantes e toalhas úmidas sobre a pia; 5 – Descanso:
  • 22. LER/DORT COLEÇÃO w a fadiga leva a mecânica cor- poral falha e inconsciência sobre a segurança; w os períodos regulares de des- canso devem ser incorporados ao plano de trabalho diário; w as mães de crianças pequenas são aconselhadas a descansar quando a criança dorme, mesmo que estejam usando este tempo para terminar uma tarefa inter- rompida; 6 – Compensação para variação de movimento limitado: w se suas condições financeiras permitem, diminua esforços uti- lizando eletrodomésticos como máquina de lavar roupa, liquidifi- cador, etc. 7 – Compensação para as fraquezas dos membros afetados: w comprar alimentos já picados ou moídos; w utilizar utensílios leves, facas e 22 tesouras afiadas, que não preci- sam de muito esforço para serem suados; w lavar louça dentro da pia cheia de água, de preferência morna (a água deixa a louça mais leve); w adaptar cabos engrossados dos dois lados das panelas; w usar lençóis com elásticos nas extremidades para facilitar quando arrumar as camas; w enrolar os cobertores ao invés de dobrá-los; w como hora de lazer das crian- ças, ensiná-las a enrolar cober- tores, amarrar sapatos e abotoar camisas; w rosquear tampa usando as duas mãos sobre suporte antiaderente; w puxar gavetas com as duas mãos. Empurrá-las com o corpo. Estasorientaçõesforamdesenvolvidas pelo Centro de Referência em Saúde doTrabalhadordeSãoPaulo(CEREST – SP), em novembro de 1992.
  • 23. 2008 UNIFICADOS 23 A COLEÇÃO - DOENÇAS E ACIDENTES DE TRABALHO é uma publicação do Sindi- cato Químicos Unificados (Campinas, Osasco e Vinhedo). O TEMA 1 - LER/DORT foi compilado e organizado pelos doutores Mirdney Jensen e Roberto C. Ruiz. Contatos: Regional Campinas - fone (19) 3735.4900; Regional Osasco - fone (11) 3608.5411; Regional Vinhedo (19) 3876.2915 quimicosunificados@quimicosunificados.com.br www.quimicosunificados.com.br Bibliografia: Este material foi baseado na Car- tilha sobre LER do INST (Instituto Nacional de Saúde no Trabalho/ CUT) e na Cartilha do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco. EXPEDIENTE
  • 24. Sindicato Químicos Unificados Campinas - Osasco - Vinhedo www.quimicosunificados.com.br