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ROBERTO ROHREGGER




BREVE INTRODUÇÃO À CARTA AOS HEBREUS
ÍNDICE REMISSIVO

  1.    INTRODUÇÃO................................................2
  2.    AUTORIA.......................................................3
  3.    OS DESTINATÁRIOS......................................6
  4.    DATA E LOCAL DA REDAÇÃO.........................8
  5.    CANONICIDADE.............................................9
  6.    MOTIVO E PROPÓSITO................................10
  7.    TEOLOGIA...................................................13
  8.    CONCLUSÃO...............................................14
  9.    BIBLIOGRAFIA.............................................15
  10.    NOTAS.....................................................16




   1. Introdução.

Da mesma forma com que Donald Guthrie iniciou a sua introdução e comentário à
Carta aos Hebreus[1], começaremos o nosso estudo, constatando que há uma
série de perguntas que não são totalmente respondidas, havendo uma variação de
respostas muito grande e não raras vezes conflitantes sobre está carta. A sua


                                                                             2
canocidade hoje é algo inquestionável, salta-nos aos olhos o Espírito Santo nos
ensinando e exortando, quanto a isto nada há de se duvidar. Nosso objetivo neste
trabalho de introdução á Carta aos Hebreus é exatamente examinarmos mais
detalhadamente as questões inerentes ao redor da carta, sua autoria, local onde
foi escrita, motivo pelo qual o autor despendeu-se a escreve-la, seus destinatários,
etc... , para tanto efetuei uma pesquisa entre vários autores visando apresentar
uma síntese analítica do que se tem pesquisado e concluído sobre essa
maravilhosa epístola, isto posto iniciemos o trabalho.




   2. Autoria.

Contrariando o que seria o usual de qualquer escritor, o autor de hebreus não se
identifica, em nenhum momento do decorrer da carta. A saudação inicial que se
fazia normalmente nas cartas da época onde ficava claro quem era o autor não se
faz presente nesta.

Fritz Laubach salienta ainda que, “Em Hebreus faltam todas as indicações mais
diretas sobre o autor e os destinatários....” [2]

Devemos salientar que até a igreja primitiva tinha dificuldades com ela, Conforme
Guthrie afirma, porém não deixando de notar os paralelos entre o escrito de 1
Clemente, com Hebreus[3], o que no mínimo pode atestar o conteúdo da carta,
mas não o autor.Dattler, em sua obra “A Carta aos Hebreus”[4] faz algumas
considerações com relação ao autor:

            Apesar de se manter estritamente anônimo, o autor está presente em
          cada página de sua missiva. Logo no primeiro versículo ele se revela
          como judeu ao se identificar como descendente dos “ nossos pais”. A
          maneira de falar é tipicamente judaica e semítica. Igualmente a
          menção respeitosa dos profetas faz sentido somente para um judeu.
          Mas isso não é tudo que sabemos o escritor da carta.


                                                                                   3
A partir de 2.1 ele emprega constantemente a primeira pessoa do plural
           como alguém que participa intimamente da situação comum de todos
           os cristãos, mormente dos seus leitores com os quais ele forma uma
           comunidade de interesses e de sofrimentos. (...)

           O autor revela-se ainda como teólogo exímio, conhecedor abalizado da
           Bíblia e mestre no manejo do idioma grego, possuindo um estilo e um
           vocabulário pessoais ; não imita a ninguém, contrariamente àqueles
           hagiógrafos do NT que se ocultam atrás de nomes famosos (...).
           Contanto, no decorrer do comentário deverão ser assinaladas as suas
           analogias e talvez até dependências das teologias de Paulo e de João.
           (...) O que ele nos diz sobre a vida terrestre de Jesus de Nazaré é muito
           vago e tão voluntarioso que somos obrigados a concluir que ele, ou
           não tomava conhecimento dos Evangelhos, ou então que ele escreveu
           antes da redação final dos mesmos.




Culto, pensador profundo, familiarizado com o                 AT, hebreu, conhecedor de
elementos da teologia paulina, porém não um dos que estavam com Cristo, e
também não Paulo. Parece ser este o perfil do autor que surge da análise de
Dattler.

 Já Laubach o coloca próximo aos apóstolos, concorda em dizer que o autor não
reclama a posição de apóstolo, mas, afirma : “... temos de localiza-lo, não
obstante, na proximidade imediata dos apóstolos...”[5] , o que conflita com a
afirmação de Dattler de que o autor não tomava conhecimento dos Evangelhos,
porém Laubach afirma inicialmente que o autor não faz parte dos primeiros
apóstolos, mas alinha-se na segunda ou terceira geração.




                                                                                       4
Champlin faz uma análise do estilo e característica do texto de hebreus
comparando-o com os textos universalmente aceitos como de autoria paulina, e
desta análise salienta-se o que segue:




        (...)O estilo de Paulo é caracterizado por freqüente irregularidades,
        anacolutos, parênteses extensos, alguns dos quais nunca retornam ao
        tema original, metáforas misturadas, explosões súbitas de eloqüência,
        com base em sentenças que expressam algo de maneira bastante
        prosaica. A epístola de Hebreus, em contraste com isso, foi escrita em
        estilo fluente e simétrico, e até mesmo artístico, evidenciando
        considerável habilidade literária e bom senso estético.
        O grego usado é melhor e mais clássico que o bom grego de Paulo
        mas que geralmente é o comum grego “Koiné”.(...) [6]




Fecharemos nossas considerações com relação a autoria da carta aos hebreus
com a opinião de Guthrie , que também afirma que a carta não foi escrita por
Paulo, concluindo que o apóstolo jamais admitiria que recebeu o núcleo do seu
evangelho em segunda mão, como o autor parece fazer.[7]

Afirma ainda que restam poucas outras possibilidades, Lucas, Clemente e
Barnabé. Porém nenhuma destas alternativas tem indícios suficientes para se
sustentarem.

Um outro nome surge nas conjecturas mais modernas : Apolo, baseado na
suposição de que, como alexandrino teria familiaridade com os modos de pensar
do seu concidadão alexandrino Filo, que supostamente estão refletidos na
Epístolas.

Por todos os motivos expostos acima, apoiado nas considerações dos escritores
citados, em que fica constatado tanto a diferença de estilo literário, a ausência de

                                                                                       5
temas caros e comuns nas epístolas paulinas, e na falta de uma indicação de
autoria no corpo da carta, podemos afirmar com uma margem muito grande de
segurança de que o autor da carta aos hebreus não foi Paulo. Isso de maneira
alguma a desautoriza como documento inspirado e de canocidade comprovada.

Porém o nome verdadeiro do autor continua um mistério, e como disse Orígenes :
“Mas só Deus sabe quem realmente escreveu a epístola.”[8], e tudo leva a crer
que é assim que ficará.




   3. Os Destinatários.

 Aparentemente este é mais um mistério da carta, pois tudo o que sabemos para
identificar os destinatários é o título que possivelmente deu-se pelo teor da carta.
O título ligado a está carta no manuscrito mais antigo que existente é “ Aos
Hebreus”, e pelo que nos relata Guthrie, não há manuscrito da carta que não
tenha esse título. O próprio Guthrie afirma na sua introdução que nos tempos de
Clemente de Alexandria e de Tertuliano a epístola era conhecida por esse nome.

Algumas hipóteses interessantes com relação aos destinatários originais da carta
foram levantadas, baseados no teor da carta, Guthrie[9] por exemplo expõe
alguns indícios para a identificação dos mesmos :




        (...)Certamente o autor sabe algo a cerca da historia e situação.(dos
        destinatários específicos.). Sabe que foram abusados pela sua fé e que
        reagiram bem ao despojamento das suas propriedades (10.33, 34).
        Tem consciência da generosidade dos seus leitores (6.10) e conhece o
        estado de mente atual deles (5.11ss.; 6.9ss). Certos problemas práticos
        tais como sua atitude para com seus líderes (13.17) e questões de
        dinheiro e de casamento(13.4,5) são mencionados. Se este for a


                                                                                  6
verdade o título é claramente enganoso. (O título como endereçado a
        toda a comunidade hebraica, mas deporia a favor de um grupo mais
        específico, de conhecimento intimo do autor.) (...) Outra indicação da
        natureza do grupo pode ser deduzida de referencias tais como 5.12 e
        10.25. A primeira é dirigida àqueles que nesta altura já deviam ser
        mestres, e isto deu origem à sugestão de que os leitores eram uma
        parte pequena de um grupo maior de cristãos. A sugestão mais
        favorável pe que formavam um grupo numa casa que se separara da
        igreja principal. A exortação em 10.25 apoiaria esta opinião. Ali, o
        escritor conclama os leitores a não deixarem de congregar-se juntos.
        Parece razoavelmente conclusivo que a totalidade de um igreja não
        teria sido considerada mestres em potencial, e é altamente provável
        que um grupo separatista pudesse ter se considerado superior aos
        demais, especialmente se foram dotados com dons maiores. O tema
        que nesta Epístola é argumentado de modo compacto está de acordo
        com a sugestão de que um grupo de pessoas com um maior calibre
        intelectual está em mente. (...)

 Laubach, também afirma que a exortação constante em Hb 5.11 – 14 sugira a
suposição de que a carta talvez seja dirigida apenas a um determinado grupo de
fiéis específicos de uma comunidade, do qual estariam excluídos os irmãos
dirigentes, os líderes da comunidade[10].

Porém a opinião mais comum, principalmente entre os comentaristas mais
antigos é de que a localização dos destinatários estaria entre os judaico-cristãos
da Palestina ou de Roma, ou outras cidades em que houvesse judeus-cristãos de
formação helenista, p. ex. , em Éfeso, Tessalônica, Alexandria. Também é
levantada a hipótese de que os receptores da carta seriam judeus – cristãos de
origem sacerdotal.

Por ultimo podemos citar a hipótese de que os destinatários seriam membros
antigos da comunidade dos essênios em Cunrã que se converteram ao



                                                                                 7
cristianismo, este ponto é citado tanto por Guthrie[11] como de passagem por
Dattler[12] , mas como esta hipótese não é melhor desenvolvida por nenhum dos
autores concluímos que é pouco sustentável.

Constatamos então que assim como a autoria é desconhecida, o destinatário
também não é por completo de identificação clara. Apesar das conjecturas não
terminarem aqui, Guthrie mesmo levanta a questão da possibilidade dos leitores
originais serem gentios[13], cremos que há uma sustentação um pouco maior por
serem judeus-cristãos de uma comunidade específica, porém de localização vaga.




   4. Data e Local da Redação.

 Se não conseguimos identificar o autor, verificar com clareza os destinatários,
seria uma surpresa se conseguíssemos a data em que foi escrita com uma certa
exatidão.

O que tentaremos será identificar o período em que ela pode ter sido
escrita.Guthrie[14] afirma que podemos pelo menos concluir que foi escrita antes
da carta de Clemente de Roma ( 95 d. C.), a não ser, naturalmente que
aleguemos que Hebreus usou Clemente. No nosso entender isso é pouco
provável, o que mais parece é o contrario, conforme podemos ver no item Autoria,
na citação de rodapé 3.

A Bíblia de Jerusalém afirma que baseado no Cap. 13, 24, pode-se supor que foi
enviada da Itália, e que tenha sido escrita antes da queda de Jerusalém.

Fato este também mencionado por Guthrie, pois o autor não cita o templo
destruído por Tito em 70 d. C., porém levanta-se a hipótese do autor não fazer
referências mais ao tabernáculo que ao Templo justamente porque este não mais
existia. Contudo o próprio Guthrie argumente que os tempos usados no presente,




                                                                               8
como por exemplo em 9.6-9 indicam que o ritual do Templo ainda estivesse sendo
observado, pelo menos evidenciam isso.

O Novo Comentário da Bíblia (NCB)[15] afirma que é não é possível fixar uma
data para Hebreus :

             (..) impossível fixar a data da epístola com certeza absoluta, ainda
            que se possa dizer com considerável confiança que, muito
            provavelmente, ela foi escrita entre 60 e 70 D. C. Seus leitores já eram
            crentes há muitos anos (Hb 5.12; Hb 10.32). Alguns de seus líderes
            originais já haviam falecido (Hb 13.7). Por outro lado, Timóteo ainda
            estava vivo (Hb 13.23). Parece possível argumentar que, se a
            destruição de Jerusalém tivesse tido lugar, o escritor não deixaria de
            referir-se ao fato, particularmente em vista de que isso foi um
            significativo julgamento de Deus contra a antiga ordem de adoração
            judaica.(...)

   Somos obrigados a concordar com os autores de que, se a destruição do
   templo houvesse ocorrido ou estivesse na eminência de ocorrer, este fato de
   uma forma ou outra ( como um evento escatológico, p. ex.) apareceria na
   carta.

   A maioria dos escritores coloca a data em que a epistola foi escrita em torno do
   ano 70 d. C.


   5. Canonicidade

   Pelo que vimos até agora não é de se estranhar que está carta estivesse entre
   os que alguns pais da igreja questionavam, e por isso ainda no séc. IV ainda
   não haviam obtido o reconhecimento universal.

   Foi basicamente a anonimidade do autor que suscitou dúvidas sobre
   Hebreus.Face o autor não se identificar e não afirmar ter sido um dos


                                                                                       9
apóstolos ( Hb 2.3), o livro permaneceu sob suspeita entre os cristão do
   Oriente, que não tinham ciência que os crentes do Ocidente o haviam aceito
   como autorizado e dotado de inspiração. O fato do montanistas heréticos terem
   recorrido a Hebreus para apoiar alguma de suas concepções errôneas fez
   demorar ainda mais sua aceitação nos círculos ortodoxos. Apenas ao redor do
   séc. IV, sob influência de Jerônimo e de Agostinho, a carta aos Hebreus
   encontrou seu lugar permanente no cânon.

   Com o passar do tempo , a igreja evidentemente resolveu a questão do
   anonimato da carta atribuindo a autoria a Paulo, o que resolveria a questão.
   Uma vez que o Ocidente estava convencido do cunho apostólico desse livro,
   nenhum, obstáculo permaneceu no caminho de sua aceitação plena e
   irrevogável no cânon. O teor do livro é claramente confiável, tanto quanto sua
   reivindicação de deter autoridade divina ( cf. 1.1; 2.3,4; 13.22).[16]




   6. Motivo e Propósito

A condição espiritual se reveste dos receptores da epistola tem muito maior
significação que sua localização geográfica. O escritor claramente contrasta o
estado em que seus leitores se encontram com o estado em que estavam
anteriormente, com o em que deveriam estar, e com o estado em que pareciam
estar no perigo de cair. Ainda que crentes eram indolentes (Hb 5.11-6.12) e
desanimados (Hb 12.3-12). Haviam perdido seu entusiasmo inicial pela fé (Hb
3.6,14; Hb 4.14; Hb 10.23,35). Haviam deixado de crescer, ou melhor, de
progredir, e sofriam de séria deficiência no que tange à compreensão e ao
discernimento espirituais (Hb 5.12-14). Estavam deixando de freqüentar as
reuniões cristãs (Hb 10.25) e de ser ativamente leais a seus líderes cristãos (Hb



                                                                              10
13.17). Necessitavam ser novamente exortados a imitar a fé daqueles que os
tinham precedido na viagem para a glória (Hb 13.7). Tendiam para ser facilmente
levados ao redor por ensinos novos e estranhos (Hb 13.9). Corriam o perigo de
não estarem à altura das promessas de Deus (Hb 4.1), desviando-se daquilo que
tinham ouvido (Hb 2.1). Estavam mesmo no perigo de abandonar completamente
a fé, numa deliberada e persistente apostasia (Hb 3.12; Hb 10.26); e esse perigo
tornar-se-ia mais grave se deixassem de freiar qualquer dentre seu número que
estivesse se movendo nessa direção (Hb 3.13; Hb 12.15). Caso cederem a tal
tentação e vierem a rejeitar realmente o Evangelho de Cristo, não poderão esperar
senão o julgamento (Hb 10.26-31).

Particularmente na qualidade de quem anteriormente haviam sido zelosos
aderentes do judaísmo, parece muito provável que os leitores originais da epístola
tinham ficado pessoalmente desapontados com o Cristianismo porque, por um
lado, ele não lhes tinha proporcionado qualquer reino visível terreno e, por outro
lado, o Cristianismo havia sido decisivamente rejeitado pela grande maioria dos
seus irmãos de raça, os judeus. Além disso o continuo apego ao Evangelho
parecia apenas envolvê-los na participação das repreensões injuriosas de um
Messias sofredor e crucificado, e no ter de enfrentar a possibilidade de violenta
perseguição anti-cristã. É bem possível, portanto que se sentissem seriamente
tentados a renegar a Jesus como o Messias e tornar a abraçar os bens visíveis e
preferíveis, que o judaísmo parecia continuar a oferecer-lhes.

Guthrie[17] acrescenta que o cristianismo não poderia oferecer paralelo com
relação à pompa ritual que eles haviam conhecido como costume.Ao contrário do
Templo, que todos os judeus respeitavam como o centro do culto, os cristão
reuniam-se em lares diferentes sem sequer terem um lugar central para suas
reuniões. Não tinham nem altar, nem sacerdotes, nem sacrifícios. O judaísmo
dispunha de um reconhecimento não só das autoridades como do povo em geral.
Todas estas questões poderiam levar o convertido a querer rever suas posições.




                                                                                 11
Que era o judaísmo que assim os atraía, em detrimento do Cristianismo, parece
confirmado pelo modo óbvio com que o escritor resolve, desde o início da epístola,
demonstrar   a   superioridade   do   novo    pacto   sobre   o   antigo,   exibindo
particularmente a proeminente excelência de Jesus, o Filho de Deus, em
comparação com os profetas e os anjos, os líderes e os sumos sacerdotes que
operavam na antiga dispensação. Portanto, o escritor mostra que se a antiga
ordem era imperfeita e provisória, o Cristianismo trouxe perfeição (Hb 7.19), e
perfeição que é eterna (Hb 5.9; Hb 9.12,15; Hb 13.20). Tanto o autor como seus
leitores originais aparentemente eram judeus helenistas que tinham alguma
familiaridade com o pensamento filosófico dos gregos, e parece que o autor lança
mão de idéias baseadas em tais origens ao declarar que a antiga ordem continha
meramente "figura do verdadeiro" (Hb 9.24) ou então apenas a "sombra dos bens
vindouros, não a imagem real das cousas" (Hb 10.1). Por outro lado, o
Cristianismo é a própria verdade, a celestial e ideal realidade, que possui real e
absolutamente todos aqueles valores inerentes que naquela ordem antiga, quando
muito, podem apenas ser refletidos ou prefigurados. Não obstante, visto que seus
leitores reconheciam a autoridade divina das Escrituras do Antigo Testamento, seu
argumento final em favor do reconhecimento da superioridade de Cristo sobre os
anjos e sobre o sacerdócio levítico, e a favor da superioridade de Seu sacrifício de
Si mesmo-sobre os sacrifícios de touros e bodes, é o testemunho profético do
próprio Antigo Testamento. Ver Hb 1.5-13; Hb 7.15-22; Hb 10.5-10.

O propósito do escritor, por conseguinte, era tornar seus leitores plenamente
cônscios, primeiramente, da admirável revelação e salvação dada por Deus aos
homens, na pessoa de Cristo; em segundo lugar, deixá-los plenamente cônscios
do verdadeiro caráter celestial e eterno das bênçãos assim livremente oferecidas e
apropriadas pela fé; e em terceiro lugar, para dar-lhes plena consciência do lugar
de sofrimento e paciente persistência (mediante a fé) no presente caminho terreno
até o alvo do propósito de Deus, conforme demonstrado na experiência e na obra
do Capitão de nossa salvação e na disciplina de Deus aplicada a todos os Seus
filhos. Em quarto lugar, ainda, para proporcionar-lhes consciência do terrível
julgamento que certamente sobrevirá a qualquer que, conhecendo tudo isso,


                                                                                 12
rejeitar tal revelação em Cristo. Tendo-se esforçado para torná-los cônscios de
tudo isso, o propósito complementar do escritor é impeli-los a agir de
conformidade com esse conhecimento. Tais propósitos são apresentados através
da epístola inteira mediante o emprego de exposição racional, exortação
desafiadora e solene advertência. [18]

O texto da carta conforme vimos anteriormente tinha a clara intenção de
demonstrar que apesar de tudo que o culto judaico poderia oferecer, o cristianismo
era de sobremaneira melhor, e caberia aos irmãos caminharem na fé.




   7. Teologia

Notamos no decorrer da carta um encadeamento de idéias e uma crescente
revelação dos objetivos do autor, a forma como o autor inicia a carta apresentando
a singularidade de Cristo, parece deixar claro que a mesma versará sobre esse
tópico.

   Guthrie divide o texto de Hebreus em alguns tópicos teológicos, quais sejam:

   O caráter do Filho, onde a apresentação de Cristo é indubitavelmente exaltada,
   onde fica claro a divisão da cristologia em três aspectos: a pré-existencia, a
   humanidade, e a exaltação do Filho.

   Outro ponto de vital importância é a afirmação da superioridade do Filho sobre
   outros, sejam homens, sejam anjos. Acrescenta ainda o autor afirmando a
   superioridade   de     Cristo   a   Moisés   (3.1-6),   está   é   uma   afirmação
   importantíssima se considerarmos o que foi descrito com relação aos
   receptores da carta.

   A apresentação de Cristo como sumo sacerdote comparativamente com
   Melquisedeque é um dos pontos focais da epístola, uma vez que o sacerdócio



                                                                                   13
de Melquisedeque é real e para sempre, assim é com Cristo e ainda mais,
uma vez que é infinitamente superior. O autor desenvolve ainda a questão da
obra do Filho como Sumo Sacerdote, diz Guthrie:

  O fato de que o escritor entre em pormenores ao descrever o Santo dos
  Santos ( 9.1ss) demonstra que para ele, havia uma estreita conexão entre o
  ritual arônico e o sacrifício que Cristo fez de Si mesmo. O ritual levitico era
  considerado uma “figura e sombra” (8.5) do santuário celestial. O
  pensamento passa do tabernáculo terrestre para o celestial.

Na continuação o autor desenvolve o tema da Nova Aliança feita pelo Filho,
onde fica claro a substituição da antiga pela nova aliança, porem tem o cuidado
de deixar claro que apesar da antiga aliança estar obsoleta, há alguma
continuidade da antiga para a nova, tanto uma como a outra foram ordenadas
por Deus e foram provisão para seu povo.




8. Conclusão

Como afirmamos na apresentação, apesar de todos os mistérios que rodeiam
a carta aos Hebreus, podemos constatar que o autor independente de quem
seja foi inspirado, todo o texto de Hebreus nos mostra e afirma a superioridade
de Cristo a qualquer outra forma de buscarmos a Deus. O texto flui e somos
arrastados pela coerência do autor aos pés de Jesus, onde pela perspectiva da
carta podemos vislumbrar a grandiosidade de Cristo e de seu sacrifício na
cruz.




                                                                                    14
Indubitavelmente a falta de certezas com relação ao autor, destinatários,
   locais, caem por terra após uma análise mais detalhada, pois fica claro que o
   autor é o Espírito Santo, os destinatários são todos os cristãos que possam
   estar abatidos ou desanimados, a época em que foi escrita é todo o momento
   em que é lida e inflama nosso coração coma a alegria da promessa de
   estarmos nos braços do Pai.




   9. Bibliografia

GUTHRIE, Donald – A Carta aos Hebreus Introdução e Comentário; São
Paulo; 1999; Ed. Vida Nova

DATTLER, Frederic - A Carta aos Hebreus – São Paulo; SP; 1980, 1ª Edição;
Editora Paulina

LAUBACH, Fritz – Carta Aos Hebreus - Curitiba; Pr; 1ª Edição; Editora
Evangélica Esperança


                                                                              15
GEISLER, Norman ; NIX, William – Introdução Bíblica – São Paulo SP; 1997, 1
ª Edição; Editora Vida.

DAVIDSON, Francis (ed.), STIBBS, A. M. (colab.), KEVAN, E. F. (colab.),
SHEDD, Russell P. (ed. em português). - O Novo Comentário da Bíblia. 3ed.
São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1995

CHAMPLIN, Russel Norman Ph.D. – Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia; São Paulo; 2001, 5 ed.; vl. 3; Ed. Hagnos

 EUSÉBIO DE CESÁREA - História Eclesiástica            – Editora CPAD – São Paulo;
SP -1999

---------- - Bíblia de Jerusalém – São Paulo; SP; 2002 – Editora Paulus




   10. Notas

[1] Hebreus – introdução e comentários. – Donald Guthrie –Editora Vida Nova –1ª
edição 1984- pg 13

[2] Cartas aos Hebreus – Comentários Esperança – Fritz Laubach – Editora
Evangélica Esperança – 1ª edição

[3] Gunthrie cita a seleção de 1 Clemente 36,: acerca de Cristo : “Ele que é o
resplendor da sua majestade, é tão superior aos anjos, quanto herdou mais


                                                                                 16
excelente nome[ conf. Hb. 1.3-4]. Porque está escrito assim; “Aquele que a seus
anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo”[ conf. Hb 1.7].Mas acerca
do Filho o Senhor disse assim: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”[conf. Hb
1.5] ...” (Hebreus – introdução e comentários. – Donald Guthrie –Editora Vida
Nova –1ª edição 1984- pg 14)

[4] A Carta aos Hebreus – Frederico Dattler – 1ª Edição – Editora Paulina – São
Paulo. SP.

[5] Carta aos Hebreus – Comentário Esperança – Fritz Laubach – Editora
Evangélica Esperança – 1ª Ed.

[6] Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – R. N. Champlin – Editora Hagnos
– 5ª Edição – Volume 3 – pg. 45

[7] Hebreus – introdução e comentários. – Donald Guthrie –Editora Vida Nova –1ª
edição 1984- pg 18

[8] História Eclesiástica - Eusébio de Cesárea – Editora CPAD – 1999. pg 227.

[9] Hebreus – introdução e comentários. – Donald Guthrie –Editora Vida Nova –1ª
edição 1984- pg 18




[10] Carta aos Hebreus – Comentário Esperança – Fritz Laubach – Editora
Evangélica Esperança – 1ª Ed.




[11] Hebreus – introdução e comentários. – Donald Guthrie –Editora Vida Nova –
1ª edição 1984- pg 21

 [12] A Carta aos Hebreus – Frederico Dattler – 1ª Edição – Editora Paulina - pg
61


                                                                                  17
[13] ver Hebreus pg 22

[14] Hebreus – introdução e comentários, pg 25

[15] DAVIDSON, Francis (ed.), STIBBS, A. M. (colab.), KEVAN, E. F. (colab.),
SHEDD, Russell P. (ed. em português). - O Novo Comentário da Bíblia. 3ed. São
Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1995.

[16] Introdução Bíblica – Norman Geisler, William Nix – pg 115.

[17] Hebreus – introdução e comentários, pg 29

[18] DAVIDSON, Francis (ed.), STIBBS, A. M. (colab.), KEVAN, E. F. (colab.),
SHEDD, Russell P. (ed. em português). - O Novo Comentário da Bíblia. 3ed. São
Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1995




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  • 2. ÍNDICE REMISSIVO 1. INTRODUÇÃO................................................2 2. AUTORIA.......................................................3 3. OS DESTINATÁRIOS......................................6 4. DATA E LOCAL DA REDAÇÃO.........................8 5. CANONICIDADE.............................................9 6. MOTIVO E PROPÓSITO................................10 7. TEOLOGIA...................................................13 8. CONCLUSÃO...............................................14 9. BIBLIOGRAFIA.............................................15 10. NOTAS.....................................................16 1. Introdução. Da mesma forma com que Donald Guthrie iniciou a sua introdução e comentário à Carta aos Hebreus[1], começaremos o nosso estudo, constatando que há uma série de perguntas que não são totalmente respondidas, havendo uma variação de respostas muito grande e não raras vezes conflitantes sobre está carta. A sua 2
  • 3. canocidade hoje é algo inquestionável, salta-nos aos olhos o Espírito Santo nos ensinando e exortando, quanto a isto nada há de se duvidar. Nosso objetivo neste trabalho de introdução á Carta aos Hebreus é exatamente examinarmos mais detalhadamente as questões inerentes ao redor da carta, sua autoria, local onde foi escrita, motivo pelo qual o autor despendeu-se a escreve-la, seus destinatários, etc... , para tanto efetuei uma pesquisa entre vários autores visando apresentar uma síntese analítica do que se tem pesquisado e concluído sobre essa maravilhosa epístola, isto posto iniciemos o trabalho. 2. Autoria. Contrariando o que seria o usual de qualquer escritor, o autor de hebreus não se identifica, em nenhum momento do decorrer da carta. A saudação inicial que se fazia normalmente nas cartas da época onde ficava claro quem era o autor não se faz presente nesta. Fritz Laubach salienta ainda que, “Em Hebreus faltam todas as indicações mais diretas sobre o autor e os destinatários....” [2] Devemos salientar que até a igreja primitiva tinha dificuldades com ela, Conforme Guthrie afirma, porém não deixando de notar os paralelos entre o escrito de 1 Clemente, com Hebreus[3], o que no mínimo pode atestar o conteúdo da carta, mas não o autor.Dattler, em sua obra “A Carta aos Hebreus”[4] faz algumas considerações com relação ao autor: Apesar de se manter estritamente anônimo, o autor está presente em cada página de sua missiva. Logo no primeiro versículo ele se revela como judeu ao se identificar como descendente dos “ nossos pais”. A maneira de falar é tipicamente judaica e semítica. Igualmente a menção respeitosa dos profetas faz sentido somente para um judeu. Mas isso não é tudo que sabemos o escritor da carta. 3
  • 4. A partir de 2.1 ele emprega constantemente a primeira pessoa do plural como alguém que participa intimamente da situação comum de todos os cristãos, mormente dos seus leitores com os quais ele forma uma comunidade de interesses e de sofrimentos. (...) O autor revela-se ainda como teólogo exímio, conhecedor abalizado da Bíblia e mestre no manejo do idioma grego, possuindo um estilo e um vocabulário pessoais ; não imita a ninguém, contrariamente àqueles hagiógrafos do NT que se ocultam atrás de nomes famosos (...). Contanto, no decorrer do comentário deverão ser assinaladas as suas analogias e talvez até dependências das teologias de Paulo e de João. (...) O que ele nos diz sobre a vida terrestre de Jesus de Nazaré é muito vago e tão voluntarioso que somos obrigados a concluir que ele, ou não tomava conhecimento dos Evangelhos, ou então que ele escreveu antes da redação final dos mesmos. Culto, pensador profundo, familiarizado com o AT, hebreu, conhecedor de elementos da teologia paulina, porém não um dos que estavam com Cristo, e também não Paulo. Parece ser este o perfil do autor que surge da análise de Dattler. Já Laubach o coloca próximo aos apóstolos, concorda em dizer que o autor não reclama a posição de apóstolo, mas, afirma : “... temos de localiza-lo, não obstante, na proximidade imediata dos apóstolos...”[5] , o que conflita com a afirmação de Dattler de que o autor não tomava conhecimento dos Evangelhos, porém Laubach afirma inicialmente que o autor não faz parte dos primeiros apóstolos, mas alinha-se na segunda ou terceira geração. 4
  • 5. Champlin faz uma análise do estilo e característica do texto de hebreus comparando-o com os textos universalmente aceitos como de autoria paulina, e desta análise salienta-se o que segue: (...)O estilo de Paulo é caracterizado por freqüente irregularidades, anacolutos, parênteses extensos, alguns dos quais nunca retornam ao tema original, metáforas misturadas, explosões súbitas de eloqüência, com base em sentenças que expressam algo de maneira bastante prosaica. A epístola de Hebreus, em contraste com isso, foi escrita em estilo fluente e simétrico, e até mesmo artístico, evidenciando considerável habilidade literária e bom senso estético. O grego usado é melhor e mais clássico que o bom grego de Paulo mas que geralmente é o comum grego “Koiné”.(...) [6] Fecharemos nossas considerações com relação a autoria da carta aos hebreus com a opinião de Guthrie , que também afirma que a carta não foi escrita por Paulo, concluindo que o apóstolo jamais admitiria que recebeu o núcleo do seu evangelho em segunda mão, como o autor parece fazer.[7] Afirma ainda que restam poucas outras possibilidades, Lucas, Clemente e Barnabé. Porém nenhuma destas alternativas tem indícios suficientes para se sustentarem. Um outro nome surge nas conjecturas mais modernas : Apolo, baseado na suposição de que, como alexandrino teria familiaridade com os modos de pensar do seu concidadão alexandrino Filo, que supostamente estão refletidos na Epístolas. Por todos os motivos expostos acima, apoiado nas considerações dos escritores citados, em que fica constatado tanto a diferença de estilo literário, a ausência de 5
  • 6. temas caros e comuns nas epístolas paulinas, e na falta de uma indicação de autoria no corpo da carta, podemos afirmar com uma margem muito grande de segurança de que o autor da carta aos hebreus não foi Paulo. Isso de maneira alguma a desautoriza como documento inspirado e de canocidade comprovada. Porém o nome verdadeiro do autor continua um mistério, e como disse Orígenes : “Mas só Deus sabe quem realmente escreveu a epístola.”[8], e tudo leva a crer que é assim que ficará. 3. Os Destinatários. Aparentemente este é mais um mistério da carta, pois tudo o que sabemos para identificar os destinatários é o título que possivelmente deu-se pelo teor da carta. O título ligado a está carta no manuscrito mais antigo que existente é “ Aos Hebreus”, e pelo que nos relata Guthrie, não há manuscrito da carta que não tenha esse título. O próprio Guthrie afirma na sua introdução que nos tempos de Clemente de Alexandria e de Tertuliano a epístola era conhecida por esse nome. Algumas hipóteses interessantes com relação aos destinatários originais da carta foram levantadas, baseados no teor da carta, Guthrie[9] por exemplo expõe alguns indícios para a identificação dos mesmos : (...)Certamente o autor sabe algo a cerca da historia e situação.(dos destinatários específicos.). Sabe que foram abusados pela sua fé e que reagiram bem ao despojamento das suas propriedades (10.33, 34). Tem consciência da generosidade dos seus leitores (6.10) e conhece o estado de mente atual deles (5.11ss.; 6.9ss). Certos problemas práticos tais como sua atitude para com seus líderes (13.17) e questões de dinheiro e de casamento(13.4,5) são mencionados. Se este for a 6
  • 7. verdade o título é claramente enganoso. (O título como endereçado a toda a comunidade hebraica, mas deporia a favor de um grupo mais específico, de conhecimento intimo do autor.) (...) Outra indicação da natureza do grupo pode ser deduzida de referencias tais como 5.12 e 10.25. A primeira é dirigida àqueles que nesta altura já deviam ser mestres, e isto deu origem à sugestão de que os leitores eram uma parte pequena de um grupo maior de cristãos. A sugestão mais favorável pe que formavam um grupo numa casa que se separara da igreja principal. A exortação em 10.25 apoiaria esta opinião. Ali, o escritor conclama os leitores a não deixarem de congregar-se juntos. Parece razoavelmente conclusivo que a totalidade de um igreja não teria sido considerada mestres em potencial, e é altamente provável que um grupo separatista pudesse ter se considerado superior aos demais, especialmente se foram dotados com dons maiores. O tema que nesta Epístola é argumentado de modo compacto está de acordo com a sugestão de que um grupo de pessoas com um maior calibre intelectual está em mente. (...) Laubach, também afirma que a exortação constante em Hb 5.11 – 14 sugira a suposição de que a carta talvez seja dirigida apenas a um determinado grupo de fiéis específicos de uma comunidade, do qual estariam excluídos os irmãos dirigentes, os líderes da comunidade[10]. Porém a opinião mais comum, principalmente entre os comentaristas mais antigos é de que a localização dos destinatários estaria entre os judaico-cristãos da Palestina ou de Roma, ou outras cidades em que houvesse judeus-cristãos de formação helenista, p. ex. , em Éfeso, Tessalônica, Alexandria. Também é levantada a hipótese de que os receptores da carta seriam judeus – cristãos de origem sacerdotal. Por ultimo podemos citar a hipótese de que os destinatários seriam membros antigos da comunidade dos essênios em Cunrã que se converteram ao 7
  • 8. cristianismo, este ponto é citado tanto por Guthrie[11] como de passagem por Dattler[12] , mas como esta hipótese não é melhor desenvolvida por nenhum dos autores concluímos que é pouco sustentável. Constatamos então que assim como a autoria é desconhecida, o destinatário também não é por completo de identificação clara. Apesar das conjecturas não terminarem aqui, Guthrie mesmo levanta a questão da possibilidade dos leitores originais serem gentios[13], cremos que há uma sustentação um pouco maior por serem judeus-cristãos de uma comunidade específica, porém de localização vaga. 4. Data e Local da Redação. Se não conseguimos identificar o autor, verificar com clareza os destinatários, seria uma surpresa se conseguíssemos a data em que foi escrita com uma certa exatidão. O que tentaremos será identificar o período em que ela pode ter sido escrita.Guthrie[14] afirma que podemos pelo menos concluir que foi escrita antes da carta de Clemente de Roma ( 95 d. C.), a não ser, naturalmente que aleguemos que Hebreus usou Clemente. No nosso entender isso é pouco provável, o que mais parece é o contrario, conforme podemos ver no item Autoria, na citação de rodapé 3. A Bíblia de Jerusalém afirma que baseado no Cap. 13, 24, pode-se supor que foi enviada da Itália, e que tenha sido escrita antes da queda de Jerusalém. Fato este também mencionado por Guthrie, pois o autor não cita o templo destruído por Tito em 70 d. C., porém levanta-se a hipótese do autor não fazer referências mais ao tabernáculo que ao Templo justamente porque este não mais existia. Contudo o próprio Guthrie argumente que os tempos usados no presente, 8
  • 9. como por exemplo em 9.6-9 indicam que o ritual do Templo ainda estivesse sendo observado, pelo menos evidenciam isso. O Novo Comentário da Bíblia (NCB)[15] afirma que é não é possível fixar uma data para Hebreus : (..) impossível fixar a data da epístola com certeza absoluta, ainda que se possa dizer com considerável confiança que, muito provavelmente, ela foi escrita entre 60 e 70 D. C. Seus leitores já eram crentes há muitos anos (Hb 5.12; Hb 10.32). Alguns de seus líderes originais já haviam falecido (Hb 13.7). Por outro lado, Timóteo ainda estava vivo (Hb 13.23). Parece possível argumentar que, se a destruição de Jerusalém tivesse tido lugar, o escritor não deixaria de referir-se ao fato, particularmente em vista de que isso foi um significativo julgamento de Deus contra a antiga ordem de adoração judaica.(...) Somos obrigados a concordar com os autores de que, se a destruição do templo houvesse ocorrido ou estivesse na eminência de ocorrer, este fato de uma forma ou outra ( como um evento escatológico, p. ex.) apareceria na carta. A maioria dos escritores coloca a data em que a epistola foi escrita em torno do ano 70 d. C. 5. Canonicidade Pelo que vimos até agora não é de se estranhar que está carta estivesse entre os que alguns pais da igreja questionavam, e por isso ainda no séc. IV ainda não haviam obtido o reconhecimento universal. Foi basicamente a anonimidade do autor que suscitou dúvidas sobre Hebreus.Face o autor não se identificar e não afirmar ter sido um dos 9
  • 10. apóstolos ( Hb 2.3), o livro permaneceu sob suspeita entre os cristão do Oriente, que não tinham ciência que os crentes do Ocidente o haviam aceito como autorizado e dotado de inspiração. O fato do montanistas heréticos terem recorrido a Hebreus para apoiar alguma de suas concepções errôneas fez demorar ainda mais sua aceitação nos círculos ortodoxos. Apenas ao redor do séc. IV, sob influência de Jerônimo e de Agostinho, a carta aos Hebreus encontrou seu lugar permanente no cânon. Com o passar do tempo , a igreja evidentemente resolveu a questão do anonimato da carta atribuindo a autoria a Paulo, o que resolveria a questão. Uma vez que o Ocidente estava convencido do cunho apostólico desse livro, nenhum, obstáculo permaneceu no caminho de sua aceitação plena e irrevogável no cânon. O teor do livro é claramente confiável, tanto quanto sua reivindicação de deter autoridade divina ( cf. 1.1; 2.3,4; 13.22).[16] 6. Motivo e Propósito A condição espiritual se reveste dos receptores da epistola tem muito maior significação que sua localização geográfica. O escritor claramente contrasta o estado em que seus leitores se encontram com o estado em que estavam anteriormente, com o em que deveriam estar, e com o estado em que pareciam estar no perigo de cair. Ainda que crentes eram indolentes (Hb 5.11-6.12) e desanimados (Hb 12.3-12). Haviam perdido seu entusiasmo inicial pela fé (Hb 3.6,14; Hb 4.14; Hb 10.23,35). Haviam deixado de crescer, ou melhor, de progredir, e sofriam de séria deficiência no que tange à compreensão e ao discernimento espirituais (Hb 5.12-14). Estavam deixando de freqüentar as reuniões cristãs (Hb 10.25) e de ser ativamente leais a seus líderes cristãos (Hb 10
  • 11. 13.17). Necessitavam ser novamente exortados a imitar a fé daqueles que os tinham precedido na viagem para a glória (Hb 13.7). Tendiam para ser facilmente levados ao redor por ensinos novos e estranhos (Hb 13.9). Corriam o perigo de não estarem à altura das promessas de Deus (Hb 4.1), desviando-se daquilo que tinham ouvido (Hb 2.1). Estavam mesmo no perigo de abandonar completamente a fé, numa deliberada e persistente apostasia (Hb 3.12; Hb 10.26); e esse perigo tornar-se-ia mais grave se deixassem de freiar qualquer dentre seu número que estivesse se movendo nessa direção (Hb 3.13; Hb 12.15). Caso cederem a tal tentação e vierem a rejeitar realmente o Evangelho de Cristo, não poderão esperar senão o julgamento (Hb 10.26-31). Particularmente na qualidade de quem anteriormente haviam sido zelosos aderentes do judaísmo, parece muito provável que os leitores originais da epístola tinham ficado pessoalmente desapontados com o Cristianismo porque, por um lado, ele não lhes tinha proporcionado qualquer reino visível terreno e, por outro lado, o Cristianismo havia sido decisivamente rejeitado pela grande maioria dos seus irmãos de raça, os judeus. Além disso o continuo apego ao Evangelho parecia apenas envolvê-los na participação das repreensões injuriosas de um Messias sofredor e crucificado, e no ter de enfrentar a possibilidade de violenta perseguição anti-cristã. É bem possível, portanto que se sentissem seriamente tentados a renegar a Jesus como o Messias e tornar a abraçar os bens visíveis e preferíveis, que o judaísmo parecia continuar a oferecer-lhes. Guthrie[17] acrescenta que o cristianismo não poderia oferecer paralelo com relação à pompa ritual que eles haviam conhecido como costume.Ao contrário do Templo, que todos os judeus respeitavam como o centro do culto, os cristão reuniam-se em lares diferentes sem sequer terem um lugar central para suas reuniões. Não tinham nem altar, nem sacerdotes, nem sacrifícios. O judaísmo dispunha de um reconhecimento não só das autoridades como do povo em geral. Todas estas questões poderiam levar o convertido a querer rever suas posições. 11
  • 12. Que era o judaísmo que assim os atraía, em detrimento do Cristianismo, parece confirmado pelo modo óbvio com que o escritor resolve, desde o início da epístola, demonstrar a superioridade do novo pacto sobre o antigo, exibindo particularmente a proeminente excelência de Jesus, o Filho de Deus, em comparação com os profetas e os anjos, os líderes e os sumos sacerdotes que operavam na antiga dispensação. Portanto, o escritor mostra que se a antiga ordem era imperfeita e provisória, o Cristianismo trouxe perfeição (Hb 7.19), e perfeição que é eterna (Hb 5.9; Hb 9.12,15; Hb 13.20). Tanto o autor como seus leitores originais aparentemente eram judeus helenistas que tinham alguma familiaridade com o pensamento filosófico dos gregos, e parece que o autor lança mão de idéias baseadas em tais origens ao declarar que a antiga ordem continha meramente "figura do verdadeiro" (Hb 9.24) ou então apenas a "sombra dos bens vindouros, não a imagem real das cousas" (Hb 10.1). Por outro lado, o Cristianismo é a própria verdade, a celestial e ideal realidade, que possui real e absolutamente todos aqueles valores inerentes que naquela ordem antiga, quando muito, podem apenas ser refletidos ou prefigurados. Não obstante, visto que seus leitores reconheciam a autoridade divina das Escrituras do Antigo Testamento, seu argumento final em favor do reconhecimento da superioridade de Cristo sobre os anjos e sobre o sacerdócio levítico, e a favor da superioridade de Seu sacrifício de Si mesmo-sobre os sacrifícios de touros e bodes, é o testemunho profético do próprio Antigo Testamento. Ver Hb 1.5-13; Hb 7.15-22; Hb 10.5-10. O propósito do escritor, por conseguinte, era tornar seus leitores plenamente cônscios, primeiramente, da admirável revelação e salvação dada por Deus aos homens, na pessoa de Cristo; em segundo lugar, deixá-los plenamente cônscios do verdadeiro caráter celestial e eterno das bênçãos assim livremente oferecidas e apropriadas pela fé; e em terceiro lugar, para dar-lhes plena consciência do lugar de sofrimento e paciente persistência (mediante a fé) no presente caminho terreno até o alvo do propósito de Deus, conforme demonstrado na experiência e na obra do Capitão de nossa salvação e na disciplina de Deus aplicada a todos os Seus filhos. Em quarto lugar, ainda, para proporcionar-lhes consciência do terrível julgamento que certamente sobrevirá a qualquer que, conhecendo tudo isso, 12
  • 13. rejeitar tal revelação em Cristo. Tendo-se esforçado para torná-los cônscios de tudo isso, o propósito complementar do escritor é impeli-los a agir de conformidade com esse conhecimento. Tais propósitos são apresentados através da epístola inteira mediante o emprego de exposição racional, exortação desafiadora e solene advertência. [18] O texto da carta conforme vimos anteriormente tinha a clara intenção de demonstrar que apesar de tudo que o culto judaico poderia oferecer, o cristianismo era de sobremaneira melhor, e caberia aos irmãos caminharem na fé. 7. Teologia Notamos no decorrer da carta um encadeamento de idéias e uma crescente revelação dos objetivos do autor, a forma como o autor inicia a carta apresentando a singularidade de Cristo, parece deixar claro que a mesma versará sobre esse tópico. Guthrie divide o texto de Hebreus em alguns tópicos teológicos, quais sejam: O caráter do Filho, onde a apresentação de Cristo é indubitavelmente exaltada, onde fica claro a divisão da cristologia em três aspectos: a pré-existencia, a humanidade, e a exaltação do Filho. Outro ponto de vital importância é a afirmação da superioridade do Filho sobre outros, sejam homens, sejam anjos. Acrescenta ainda o autor afirmando a superioridade de Cristo a Moisés (3.1-6), está é uma afirmação importantíssima se considerarmos o que foi descrito com relação aos receptores da carta. A apresentação de Cristo como sumo sacerdote comparativamente com Melquisedeque é um dos pontos focais da epístola, uma vez que o sacerdócio 13
  • 14. de Melquisedeque é real e para sempre, assim é com Cristo e ainda mais, uma vez que é infinitamente superior. O autor desenvolve ainda a questão da obra do Filho como Sumo Sacerdote, diz Guthrie: O fato de que o escritor entre em pormenores ao descrever o Santo dos Santos ( 9.1ss) demonstra que para ele, havia uma estreita conexão entre o ritual arônico e o sacrifício que Cristo fez de Si mesmo. O ritual levitico era considerado uma “figura e sombra” (8.5) do santuário celestial. O pensamento passa do tabernáculo terrestre para o celestial. Na continuação o autor desenvolve o tema da Nova Aliança feita pelo Filho, onde fica claro a substituição da antiga pela nova aliança, porem tem o cuidado de deixar claro que apesar da antiga aliança estar obsoleta, há alguma continuidade da antiga para a nova, tanto uma como a outra foram ordenadas por Deus e foram provisão para seu povo. 8. Conclusão Como afirmamos na apresentação, apesar de todos os mistérios que rodeiam a carta aos Hebreus, podemos constatar que o autor independente de quem seja foi inspirado, todo o texto de Hebreus nos mostra e afirma a superioridade de Cristo a qualquer outra forma de buscarmos a Deus. O texto flui e somos arrastados pela coerência do autor aos pés de Jesus, onde pela perspectiva da carta podemos vislumbrar a grandiosidade de Cristo e de seu sacrifício na cruz. 14
  • 15. Indubitavelmente a falta de certezas com relação ao autor, destinatários, locais, caem por terra após uma análise mais detalhada, pois fica claro que o autor é o Espírito Santo, os destinatários são todos os cristãos que possam estar abatidos ou desanimados, a época em que foi escrita é todo o momento em que é lida e inflama nosso coração coma a alegria da promessa de estarmos nos braços do Pai. 9. Bibliografia GUTHRIE, Donald – A Carta aos Hebreus Introdução e Comentário; São Paulo; 1999; Ed. Vida Nova DATTLER, Frederic - A Carta aos Hebreus – São Paulo; SP; 1980, 1ª Edição; Editora Paulina LAUBACH, Fritz – Carta Aos Hebreus - Curitiba; Pr; 1ª Edição; Editora Evangélica Esperança 15
  • 16. GEISLER, Norman ; NIX, William – Introdução Bíblica – São Paulo SP; 1997, 1 ª Edição; Editora Vida. DAVIDSON, Francis (ed.), STIBBS, A. M. (colab.), KEVAN, E. F. (colab.), SHEDD, Russell P. (ed. em português). - O Novo Comentário da Bíblia. 3ed. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1995 CHAMPLIN, Russel Norman Ph.D. – Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia; São Paulo; 2001, 5 ed.; vl. 3; Ed. Hagnos EUSÉBIO DE CESÁREA - História Eclesiástica – Editora CPAD – São Paulo; SP -1999 ---------- - Bíblia de Jerusalém – São Paulo; SP; 2002 – Editora Paulus 10. Notas [1] Hebreus – introdução e comentários. – Donald Guthrie –Editora Vida Nova –1ª edição 1984- pg 13 [2] Cartas aos Hebreus – Comentários Esperança – Fritz Laubach – Editora Evangélica Esperança – 1ª edição [3] Gunthrie cita a seleção de 1 Clemente 36,: acerca de Cristo : “Ele que é o resplendor da sua majestade, é tão superior aos anjos, quanto herdou mais 16
  • 17. excelente nome[ conf. Hb. 1.3-4]. Porque está escrito assim; “Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo”[ conf. Hb 1.7].Mas acerca do Filho o Senhor disse assim: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”[conf. Hb 1.5] ...” (Hebreus – introdução e comentários. – Donald Guthrie –Editora Vida Nova –1ª edição 1984- pg 14) [4] A Carta aos Hebreus – Frederico Dattler – 1ª Edição – Editora Paulina – São Paulo. SP. [5] Carta aos Hebreus – Comentário Esperança – Fritz Laubach – Editora Evangélica Esperança – 1ª Ed. [6] Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – R. N. Champlin – Editora Hagnos – 5ª Edição – Volume 3 – pg. 45 [7] Hebreus – introdução e comentários. – Donald Guthrie –Editora Vida Nova –1ª edição 1984- pg 18 [8] História Eclesiástica - Eusébio de Cesárea – Editora CPAD – 1999. pg 227. [9] Hebreus – introdução e comentários. – Donald Guthrie –Editora Vida Nova –1ª edição 1984- pg 18 [10] Carta aos Hebreus – Comentário Esperança – Fritz Laubach – Editora Evangélica Esperança – 1ª Ed. [11] Hebreus – introdução e comentários. – Donald Guthrie –Editora Vida Nova – 1ª edição 1984- pg 21 [12] A Carta aos Hebreus – Frederico Dattler – 1ª Edição – Editora Paulina - pg 61 17
  • 18. [13] ver Hebreus pg 22 [14] Hebreus – introdução e comentários, pg 25 [15] DAVIDSON, Francis (ed.), STIBBS, A. M. (colab.), KEVAN, E. F. (colab.), SHEDD, Russell P. (ed. em português). - O Novo Comentário da Bíblia. 3ed. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1995. [16] Introdução Bíblica – Norman Geisler, William Nix – pg 115. [17] Hebreus – introdução e comentários, pg 29 [18] DAVIDSON, Francis (ed.), STIBBS, A. M. (colab.), KEVAN, E. F. (colab.), SHEDD, Russell P. (ed. em português). - O Novo Comentário da Bíblia. 3ed. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1995 18