Este documento discute a importância do aleitamento materno em situações de emergência no Brasil, como desastres naturais e epidemias. Ele destaca que as mães e recém-nascidos são os mais vulneráveis nessas situações e que o leite materno fornece proteção vital. Também enfatiza a necessidade de preparar as comunidades para promover e apoiar a amamentação em emergências.
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
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ALEITAMENTO MATERNO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
A idéia popular de que nascemos em um país abençoado por Deus, não se
sustenta mais. O Brasil tem passado por momentos difíceis nos últimos anos, no
que se refere a situações de emergência, principalmente relacionados a desastres
naturais e epidemias, de norte a sul do país. Os prejuízos decorrentes dessas
situações atingem vários níveis: as pessoas perdem suas casas, desarticulam-se
famílias, os sistemas de saúde ficam comprometidos, falta água, alimento, enfim,
há um colapso geral. Sem dizer o aumento da mortalidade e das doenças,
fazendo dos recém-nascidos uma das populações mais vulneráveis. Não por
acaso, todo o movimento em prol da proteção da amamentação se voltou para
essa questão e em 2009 definiu como tema na Semana Mundial do Aleitamento
Materno (SMAM) o seguinte: Aleitamento Materno: Resposta Vital em
Emergências: Estamos Preparados? A fim de reforçar as idéias que foram tão
divulgadas durante a Campanha e apresentando um pouco da nossa experiência
é que apresentamos este artigo. Iniciamos nossa reflexão citando alguns pontos
chaves que indicam ações desejáveis durante as situações de emergência e
apresentadas no manual de orientação fornecido pela IBFAN Brasil: Mães,
lactentes, gestantes e crianças pequenas devem receber atendimento
precocemente, além das crianças órfãs ou desacompanhadas. Cabe às
organizações de ajuda humanitária desenvolver políticas de promoção e apoio a
amamentação e a alimentação infantil nas situações de emergência, inclusive com
o papel de difundir as informações. Deve-se garantir que o pessoal de apoio,
técnico e não técnico seja capacitado para programar ações que favoreçam a
amamentação e a alimentação infantil, assim como integrar as principais
informações à rotina do procedimento de avaliação. Evitar doações como:
substitutos do leite materno, mamadeiras, bicos e chupetas e nunca incluí-los na
distribuição geral de alimentos, a menos sob critérios rigorosos. Como
especialistas gostaríamos de destacar, ainda, que durante as tragédias, as mães
são as pessoas mais atingidas, principalmente do ponto de vista emocional. Além
da grande carga de trabalho que assumem, sejam na reconstrução de seus lares,
no cuidado com os filhos, dos parentes etc., ainda sofrem traumas devido às
perdas quando não, pelos abusos que padeceram. Embora reconheçamos que
seja uma tarefa difícil neste momento e respeitando a sua escolha, a aleitamento
materno pode ajudar a superar estes traumas, além de fortalecer o vínculo com o
bebê. Crendices sobre o aleitamento também vão aparecer nestes momentos,
como a de que o leite seca e não é possível reverter ou de que é fraco, que
devem ser trabalhados, porque eles influenciam na escolha pelo aleitamento.
Outro problema que vem nos colocando em situação de alerta é a pandemia da
Influenza e o avanço da dengue. Poucos sabem que o leite materno protege o
bebê contra a transmissão do vírus da dengue por sua propriedade imunológica.
As autoridades da área da saúde alertam que mesmo as mães que foram
contaminadas podem continuar amamentando (dada a importância do leite
materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida do bebê) porque o vírus não é
transmitido através do leite. É claro que o leite não impede que o vírus se instale
2. no organismo se não houver os cuidados já tão recomendados. Já com relação às
ações de promoção do aleitamento materno, como atuamos há 11 anos no
PROAMA – projeto de extensão à comunidade - nos vimos na obrigação de
contribuir na Campanha e articulando com várias entidades tanto do setor público,
quanto do setor privado, organizamos a Semana no município de Rio Claro. O
PROMA se envolveu intensamente no cumprimento da seguinte meta: “mobilizar
para a ação e promover redes e cooperação entre os que têm habilidades para o
manejo de amamentação e os envolvidos na resposta às emergências”.
Destacamos os encontros que tivemos com a Defesa Civil, resultando numa
experiência muito rica. Verificamos, por exemplo, que os homens desconheciam
diversas propriedades do leite materno, mas interessaram-se pelo assunto e
durante as nossas apresentações elaboraram muitas perguntas, além de darem
depoimentos positivos de suas experiências com o tema e a demonstração de
apoio às mulheres. Apesar de constatarmos que a comunidade não estava
preparada para promover o aleitamento materno nas situações de emergência,
demos um passo a frente, pois conseguimos sensibilizá-la. É importante lembrar
que no nosso país, as campanhas são contínuas porque apesar da prevalência do
aleitamento materno ter aumentado nas últimas décadas, ainda não atingiu o
índice ideal, principalmente no que se refere à amamentação exclusiva. Por conta
das Metas de Desenvolvimento do Milênio para serem atingidas até 2015 pela
ONU, o Brasil estabeleceu um pacto para a redução da mortalidade infantil em 5%
ao ano - focando os estados do Nordeste e Amazônia Legal - sendo o
aleitamento materno uma das ações principais para este fim. É primordial que
cada município avance nas ações de promoção ao aleitamento materno, porque
“Promover, proteger e apoiar o aleitamento materno no dia a dia é a melhor forma
de se preparar para o enfrentamento de situações de emergência”.
Autora: SILVIA MARINA ANARUMA - Coordenadora do Proama (Projeto
Amamentar) e Docente do Depto de Educação, Instituto de Biociências – UNESP
– Campus de Rio Claro
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