O documento analisa os dados de notificações de atendimento antirrábico humano no Pará entre 2000-2015. Os cães foram responsáveis pela maioria das agressões, porém morcegos hematófagos causaram mais mortes humanas. Há necessidade de melhorar o acompanhamento dos pacientes e reduzir abandono do tratamento para controlar a raiva no estado.
SINAIS VITAIS guia prático do cuidador de idoso.pdf
Avaliação das notificações do atendimento antirrábico humano no periodo de 2000 a 2015 no estado do Pará-Brasil
1. O atendimento antirrábico humano é agravo de notificação compulsória
de maior ocorrência no Estado do Pará. Em uma avaliação no Sistema
de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, no período de
2000 a 2015, representa das 1.049.519 notificações de todos os
agravos, 454.302 registros de atendimento do agravo (32,89%, 𝑥 anual
30.287), seguido de Dengue com 271.103 ocorrências (19,63%, 𝑥 anual
18.074), Síndrome do Corrimento Cervical em Mulheres 140.084
(10,14%, 𝑥 anual 9.339), Acidentes por Animais Peçonhentos 98.959
(7,16%, 𝑥 anual 6.597), Hanseníase 85.071 (6,16%, 𝑥 anual 5.671) e
outros agravos 331.865 (24,02%; 𝑥 anual 22.124) (Gráfico 1).
No mesmo período, os caninos representam a espécie agressora de
maior frequência com 78,84% (358.151) dos registros, seguido de
felino 10,72% (48.689), quirópteros 5,16% (23.448), primatas não
humanos 1,79% (8.154), raposa 0,04% (192), outras espécies 2,02%
(9.197) e ignoradas/branco 1,42% (6.471) (Gráfico 2).
Embora os quirópteros ocupem a terceira posição em frequência de
agressões, foi a espécie, particularmente Desmodus rotundus,
responsável pelo maior número de casos de raiva humana no estado,
com 40 óbitos no período de 2004 a 2005 que abrangeram os
municípios de Portel, Augusto Correa e Viseu, isto após 6 óbitos no
município de Juruti em 1975; considerado o primeiro registro de raiva
humana provocada por morcegos hematófagos no Brasil e que não
consta nos bancos de dados do SINAN, uma vez que o Sistema
somente foi implantado na década de 90 com o objetivo de coletar e
processar os dados dos agravos de notificação em todo o território
nacional. Entretanto, em consequência das alterações de Sistemas de
Programação entre SINAN DOS, SINAN W e SINAN NET, somente a
partir de 2000 pode-se analisar os bancos de dados de forma contínua e
sem perda de dados. Registro de um óbito humano também ocorreu em
Floreta do Araguaia-2004, por contato com bovino doente pela raiva
(Figura 1).
Gráfico 1: Número de notificações e percentual dos
cinco maiores agravos registrados no Estado do
Pará.
Gráfico 2: Número de notificações e percentual de
notificações segundo a espécie agressora. Apesar
dos cães representarem o maior números de
ocorrências, as agressões por morcego hematófago
(D. rotundus) foram os responsáveis pela maioria
dos óbitos humanos.
Gráfico 3: Apesar do elevado número de
notificações com registro ignorado e/ou em
branco, 46,59% dos atendimentos não
interrompem o tratamento antirrábico
Gráfico 4: Quando aos motivos que levam a
interrupção de tratamento antirrábico humano,
o abandono representa elevado registro de
16,94%.
Gráfico 5: A busca ativa de pacientes faltosos
ao tratamento antirrábico humano pela
Unidade de Saúde tem representado baixos
registros (5,35%), o que pode ocasionar
possíveis casos de raiva humana.
Rabies in the Americas (Reunião Internacional da Raiva nas Américas)
23 a 28/10/2016XXVII RITA
Apesar do atendimento antirrábico ser agravo de maior registro no estado, considera-se que há
significativa ausência de notificações no tocante a agressões por morcegos devido a grande
dispersão antrópica por áreas de difícil acesso decorrente das dimensões amazônicas do Pará.
Os dados do SINAN apontam a necessidade de adoção de estratégias como o
acompanhamento contínuo, periódico e adequado das fichas de atendimento antirrábico ao
nível de município e estado, supervisões com vistas na maior atuação em relação à busca ativa
de pacientes faltosos ao tratamento; reduzindo assim a proporção de abandono, bem como
minimizar as frequências de notificações ignoradas e/ou bem brancos, as quais interferem na
análise estatística real do atendimento antirrábico. Falhas no programa do SINAN podem estar
ligadas aos números elevado de registros de notificações com variáveis em branco e/ou
ignorados.
FIGURA 1 - MAPA ESTADO DO PARÁ
Localização de casos de óbitos em humanos
por raiva no Estado do Pará-Brasil
Juruti
Portel
Atendiment
o
Antirrábico
Humano
Dengue
Sind. Corr.
Cervical em
Mulheres
Acidentes
por Animais
Peçonhento
s
Hanseniase
Outros
Agravos
Nº de
Notificações
454,302 271,103 140,084 98,959 85,071 331,865
% 32.89% 19.63% 10.14% 7.16% 6.16% 24.02%
Ign/bran Canina Felina Quiroptero
Primata
(macaco)
Raposa
Outras
espécies
Nº Notificações 6,471 358,151 48,689 23,448 8,154 192 9,197
% 1.42% 78.84% 10.72% 5.16% 1.79% 0.04% 2.02%
Ignorado/Branco Sim Não
Nº Notif. Interr. TTO 150,026 92,609 211,667
% 33.02% 20.38% 46.59%
Ignorado/Branco Sim Não
Nº de Notificações 393,281 24,306 36,715
% 86.57% 5.35% 8.08%
Ignorado/Branco Abandono US indicou Transferência
Nº de Notificações 361,689 76,970 13,729 1,914
% 79.61% 16.94% 3.02% 0.42%
Nesses registros observou-se que a frequência de interrupção de qualquer
tipo de tratamento antirrábico humano indicado foi 20,38% (92.609), não
interromperam 46,59% (211.667) e ignoradas/branca 33,02% (150.026)
(Gráfico 3), enquanto que o abandono representou 16,94% (76.970) dos
motivos de interrupção de tratamento, a Unidade de Saúde indicou 3,02%
(13.729), Transferência 0,42% (1.914) e Ignorado/branco 79,61%
(361.689) (Gráfico 4). Das interrupções de tratamento a Unidade de Saúde
procurou os pacientes somente 5,35% (24.306) dos faltosos, não procurou
8,08% (36.715) e ignoradas/branco 87,57% (393.281) (Gráfico 5).
Silva NWF, Andrade JAA, Lima RJS, Abrel EMN,
Begot AL, Esteves FAL, Brito RMO, Baptista ZMF
Secretaria de Estado de Saúde do Pará – SESPA, Belém-Pará-Brasil
GOVERNO DO
ESTADO DO PARÁ
Em memória de Reynaldo José da Silva Lima
Augusto
Correa
Viseu
GOVERNO DO
ESTADO DO PARÁ
AVALIAÇÃO DAS NOTIFICAÇÕES DO ATENDIMENTO
ANTIRRÁBICO HUMANO NO PERIODO DE 2000 A 2015
NO ESTADO DO PARÁ- BRASIL
Floresta do
Araguaia