Estudo epidemiológico da Dengue em Cardoso Moreira RJ 2009-2018
1. Estudo epidemiológico da Dengue no Município de Cardoso
Moreira/RJ, 2009 à 2018
Lucinéa Nogueira Neves
Secretária de Saúde de Cardoso Moreira
Coordenação de Atenção Primária de Saúde
Tutora: Viviane
2. Dados do Município
Cardoso Moreira pertence à Região Norte Fluminense, que também
abrange os municípios de Campos dos Goytacazes, Carapebus, Conceição de
Macabu, Macaé, Quissamã, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana e São
João da Barra.
Composto de 3 comunidades de maior porte: Centro(sede do município),
São Joaquim e Outeiro, além de outras comunidades menores: São Luiz,
Palestina, Valão dos Pires, Santa margarida, Olhos D’água, Baú, Dr. Mattos e
outras. Limítrofe com os municípios de Campos, São Fidelis e Italva. Em 2009,
o município passou a pertencer a região Noroeste no quesito saúde.
O município tem uma área total de 517,2 quilômetros quadrados,
correspondentes a 5,3% da área da Região Norte Fluminense.
O principal acesso a Cardoso Moreira é pela BR-356 que liga a cidade a
Campos dos Goytacazes, Itaperuna e ao Estado de Minas Gerais.
De acordo com o censo de 2010, Cardoso Moreira tem uma população de
12.600 habitantes, correspondentes a 1,8% do contingente da Região Norte
Fluminense, com uma proporção de 99,7 homens para cada 100 mulheres. A
densidade demográfica era de 24 habitantes por km2, contra 74 habitantes por
km2 de sua região.
O município possui quantitativo populacional de 218 assentados e 195
acampados (MST).
Dengue
A dengue é uma doença infecciosa causada por um vírus chamado
flavivírus e transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, que ao picar um ser
humano sadio, transmite o vírus para o sangue desse pessoa.
Manifestações clínicas: febre alta (39º a 40º) associada a cefaleia,
astenia, mialgia, artralgia, dor retroorbitária e exantema presente em 50% dos
casos.
3. A infecção pelo vírus da dengue pode evoluir para formas graves (dengue
hemorrágica) podendo levar a óbito.
O diagnóstico é feito pelo quadro clínico apresentado e por exames
laboratoriais.
Exames específicos – pesquisa de anticorpos IgM, por testes sorológicos
(ELISA), isolamento viral e RT-PCR e NS1.
Exames inespecíficas – hematócrito, contagem de plaquetas e dosagem
de albumina.
Tratamento
Baseia-se principalmente na hidratação adequada, levando em
consideração o estadiamente da doença (grupo A, B, C e D) segundo os sinais
e sintomas apresentados pelo paciente, assim como no reconhecimento precoce
dos sinais de alarme.
Em 1986 ocorreram epidemias no Rio de Janeiro e em algumas capitais
da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma
continuada, intercalando-se com epidemias,geralmente associadosà introdução
de novos sorotipos em áreas anteriormente indenes ou à alteração do sorotipo
predominante.
Justificativa
O crescimento desordenado das cidades, deficiência no abastecimento
regular de água e na coleta e no destino adequado do lixo, aumentam em muito
os criadores do mosquito da dengue e o município de Cardoso Moreira está
dentro dessa realidade, daí a necessidade de saber oficialmente os casos
notificadas e confirmadas da doenças.
4. Objetivo Geral
Conhecer o número de casos notificados e confirmados de Dengue, no
município de Cardoso Moreira-RJ nos anos de 2009 a 2018.
Objetivo Específico
Avaliar a qualidade dos dados no Sistema de Informação de Agravos de
Notificação – SINAN municipal;
Propor medidas de prevenção e controle.
Métodos
Estudo descritivo no qual foi considerado os casos
notificados/confirmados em residentes de Cardoso Moreira-RJ e registrados no
banco do SINAN municipal no período de 2009 a 2018.
Os dados são processados no SINAN. O SINAN é um sistema de
informação de registro contínuo de dados sobre doenças e agravos de
notificação compulsória da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde.
Resultados
a) Doença de Notificação compulsória semanal conforme a Portaria de
Consolidação nº 4/2017.
Definição de caso
Suspeito
Indivíduo que resida em área onde se registram casos de dengue, ou
que tenha viajado no últimos 14 dias para área com ocorrência de transmissão
de dengue (ou presença de Ae. Aegypti). Deve apresentar febre, usualmente
entre 2 e 7 dias, e duas ou mais das seguintes manifestações:
Naúsea e/ou vômitos;
5. Exantema;
Mialgia e/ou artralgia;
Cefaleia com dor retroorbital;
Petéquias;
Prova do laço positivo;
Leucopenia.
Também pode ser considerado caso suspeito toda criança proveniente
de (ou residente em) área com transmissão de dengue, com quadro febril
agudo, usualmente entre 2 a 7 dias, e sem foco de infecção aparente.
Caso suspeito de dengue com sinais de alarme
É todo caso de dengue que, no período de defervescência da febre,
apresenta um ou mais dos seguintes sinais de alarme:
Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e continua;
Vômitos persistentes;
Acúmulos de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico);
Hipotensão postural e/ou lipotimia;
Hepatomegalia maior do que 2cm abaixo do rebordo costal;
Sangramento de mucosa;
Aumento progressivo do hemotócrito.
Caso suspeito de dengue grave
É todo caso de dengue que apresenta uma ou mais das condições
abaixo:
Choque devido ao extravasamento grave de plasma, evidenciado por
taquicardia, extremidades frias e tempo de enchimento capilar igual ou
maios a 3 segundos, pulso débil ou indetectável, pressão diferencial
convergente ≤20mmHg, hipotensão arterial em fase tardia, acumulação
de líquidos com insuficiência respiratória;
6. Sangramento grave, segundo a avaliação do médico (exemplos:
hematêmese, melena, metrorragia, volumoso, sangramento do sistema
nervoso central);
Comprometimento grave de órgãos, a exemplo de dano hepático
importante (AST / ALT>1.000), do sistema nervoso central (alteração da
consciência), do coração (miocardite) ou de outros órgãos.
Compete a vigilância epidemiológica: acompanhar sistematicamente a
evolução temporal da incidência de dengue, chikungunya e Zika, comparando-
a com os índices de infestação vetorial e dados laboratoriais; e organizar
discussões conjuntas com equipes de controle de vetores, assistência e todas
as instâncias de prevenção e controle dessas doenças, visando à adoção de
medidas capazes de reduzir sua magnitude e gravidade.
Objetivos
Investigar oportunamente os óbitos suspeitos ou confirmados de
dengue, chikungunya e Zika, mediante identificação de seus possíveis
determinantes e definição de estratégias para aprimoramento de
assistência aos casos, evitando a ocorrência de novos óbitos;
Reduzir a magnitude de ocorrência de dengue, chikungunya e Zika, por
meio de identificação precoce de áreas com maior número de casos,
visando orientar ações integradas de prevenção, controle e organização
da assistência;
Realizar monitoramento para detecção precoce da circulação viral de
dengue e mudança no padrão dos sorotipos;
Construir, manter e alimentar sistemas de informação sobre dengue,
chikungunya e Zika, visando ao acompanhamento de tendência e à
construção de indicadores epidemiológicos com o propósito de orientar
ações, avaliar efetividade dos programas de prevenção e controle, bem
como apoiar estudos e pesquisas voltadas ao aprimoramento da
vigilância e controle;
7. Monitorar a ocorrência de casos graves de dengue, manifestações
atípicas e casos crônicos de chikungunya, ocorrência de Zika em
gestantes e casos de manifestações neurológicas possivelmente
relacionadas à infecção prévia por esses arbovírus;
Fornecer indicadores epidemiológicos que apoiem a definição de grupos
e áreas prioritárias para uso de novas tecnologias de controle, seguras e
efetivas.
b) Qualidade dos dados
Completude: encontradas variáveis em branco ou preenchidas de forma
errada como por exemplo código 08 na classificação da doença, quanto a
consistência havia coerência entre os dados informados.
c) Perfil epidemiológico
Residentes do município de Cardoso Moreira-RJ no período de 2009 a
2018.
Gráfico 1 - Casos suspeitos e notificados de Dengue, no Município de Cardoso
Moreira, anos de 2009 a 2018.
Fonte: SINAN/SMS Cardoso Moreira
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Casos suspeitos enotificados de Dengue, no município de
Cardoso Moreira, anos de2009 a 2018.
Casos
8. Gráfico 2 - Casos suspeitos e notificados de Dengue, no Município de
Cardoso Moreira, anos de 2009 a 2018.
Fonte: SINAN/SMS Cardoso Moreira
Tabela 1 - Proporção de casos notificados e confirmados de Dengue, no
município de Cardoso Moreira, no período de 2009 a 2018.
Ano
Notificados Confirmados
Nº % Nº %
2009 15 1,59 1 0,31
2010 21 2,23 1 0,31
2011 68 7,21 8 2,52
2012 75 7,95 14 4,40
2013 277 29,37 131 41,19
2014 13 1,38 1 0,31
2015 42 4,45 16 5,03
2016 390 41,36 139 43,71
15 21
68 75
277
13
42
390
12
30
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Casos suspeitos e notificados de Dengue, no
município de CardosoMoreira, anos 2009 a
2018
Casos
9. 2017 12 1,27 0 0,00
2018 30 3,18 7 2,20
Total 943 100 318 100
Fonte: SINAN/SMS Cardoso Moreira
Tabela 2 - Distribuição dos casos confirmados de Dengue por sexo, no
município de Cardoso Moreira, período de 2009 a 2018.
Ano
Masculino Feminino Total
Nº % Nº % Nº %
2009 6 1,33 9 1,83 15 1,59
2010 10 2,22 11 2,24 21 2,23
2011 36 7,98 32 6,50 68 7,21
2012 37 8,20 38 7,72 75 7,95
2013 111 24,61 166 33,74 277 29,37
2014 7 1,55 6 1,22 13 1,38
2015 15 3,33 27 5,49 42 4,45
2016 213 47,23 177 35,98 390 41,36
0
100
200
300
400
500
600
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Notificados x Confirmados
Confirmados Notificados
10. 2017 2 0,44 10 2,03 12 1,27
2018 14 3,10 16 3,25 30 3,18
Total 451 100 492 100 943 100
Fonte: SINAN/SMS Cardoso Moreira
Tabela 3 - Distribuuição dos casos confirmados de Dengue, por critérios de
confirmação, no município de Cardoso Moreira, no período de 2009 a 2018.
Ano Laboratorial Clínico Epidemiológico Total
2009 0 1 1
2010 1 0 1
2011 7 1 8
2012 13 1 14
2013 11 20 31
2014 1 0 1
2015 3 13 16
2016 86 53 139
2017 0 0 0
0
50
100
150
200
250
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Homens X Mulheres
Masculino Feminino
11. 2018 3 4 7
Fonte: SINAN/SMS Cardoso Moreira.
Conclusão e discussão
As informações observadas no gráfico 1 e tabela 1 orientam para a
necessidade de seguir os critérios de investigação e preenchimento correto da
ficha de notificação antes de inserir no sistema (SINAN). A importância da
coleta oportuna do material para análise laboratorial, facilitam na conclusão e
critérios de confirmação ou descarte dos casos notificados.
A distribuição dos casos ocorre proporcionalmente tanto no sexo
masculino como no sexo feminino.
Anos epidêmicos...
Recomendações
Capacitação dos profissionais da Atenção Primária de Saúde quanto a
importância da notificação/investigação dos casos suspeitos das
doenças passíveis de notificação segundo Portaria de Consolidação nº
04/2017.
Implementação das ações de vigilância em saúde para o controle das
arboviroses.
Melhorar o monitoramento pela vigilância epidemiológica (análise
periódico do banco de Dados).
Referência bibliográfica