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A rua Paraíba foi meu quintal e jardim durante a infância e
adolescência , brinquei de casinha e joguei muita queimada...
Quintal pedacinho da gente
Professora: Mônica Meyer
monicameyer2007@gmail.com
Faculdade de Educação da UFMG
BH, novembro de 2014
Meu quintal é maior do que o mundo.
( Manoel de Barros)
ARTE DE INFANTILIZAR FORMIGAS
1.
As coisas tinham para nós uma desutilidade poética.
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A gente inventou um truque pra fabricar brinquedos com
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Entender, aprender, expressar
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A RUA PARAIBA COMO QUINTAL
A rua é um grande
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O quintal é um
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natureza de
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Michelia champaca
Magnólia-amarela , Champaca-laranja ,
Champaca-fragrante , Magnólia.
Família: Magnoliaceae.
Altura: 10 m.
Diâmetro: 6 m.
Ambiente: Pleno Sol.
Clima: Tropical de altitude, Subtropical.
Origem: Índia, Himalaia.
Época de Floração: Primavera.
Propagação: Sementes.
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Persistência das folhas: Semi-permanente.
Obs: O óleo de champaca é retirado das flores. O perfume
das flores pode ser percebido a vários metros de distância. A
copa é piramidal na juventude.
Pierre Magnol
Montpellier *08/06/1638
+21/05/1715
Médico e Botânico francês
responsável pelo notável
estudo da flora dos
arredores de Montpellier,
dos Alpes e dos Pirenéus.
Em 1696 dirigiu o Jardim
Botânico da Universidade
de Montpellier, França.
As flores laranjas,
delicadas de perfume
discreto, possuem um
receptáculo cônico onde
se encontram, separados
e livres, carpelos e
estames.
O fruto múltiplo e deiscente, se
abre espontaneamente liberando
uma semente vermelha, que
adultos e crianças adoram pisar e
estalar na calçada. Mas quem
gosta mesmo destas sementes
são as saíras
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Na época da frutificação, elas voam para o
bairro à procura de alimento. Os machos
coloridos de azul-metálico e as fêmeas
verdes comem a casca (sarcotesta) e pelas
fezes fazem a dispersão das sementes
O QUINTAL DE CASA
No meu quintal tem uma casa mangueira. Tanto
bicho mora lá: bem-te-vi, pardal, formiga,
besouro, beija-flor, morcego, papagaio, jabuti,
abelha, zangão , joaninha....
as flores em cachos amarelo-areia-pálido
atraem as abelhas.
Depois nascem as primeiras manguinhas,
bem verdes,
como brincos enfeitando a árvore.
“Os “textos”, as “palavras”, as “letras”, daquele
contexto se encarnavam no corpo das árvores,
na casca dos frutos. Na tonalidade
diferente de cores de um mesmo fruto em
momentos distintos: o verde da manga-espada,
o verde da manga-espada inchada; o amarelo
esverdeado da mesma manga
amadurecendo, as pintas negras da manga
mais além de madura.” (Paulo Freire)
No tempo de fruta madura,
o cheirinho de manga espada
enche o ar de sabor,
a barriga da gente,
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Lia a história de Robinson Crusoé.
( Carlos Drummond de Andrade, Infancia)
A mangueira se avista da rua,
uma mancha verde espremida
entre os prédios
que avançam na redondeza.
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as famílias vivem encaixotadas
em apartamentos decorados com flores artificiais”
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“O governo deveria incluir no plano diretor das cidades
a obrigatoriedade de quintais em prédios residenciais. “
(Frei Betto)
Se eu tivesse um pomar, um pequeno pomar que fosse,
não lhe poria grades à roda, como os outros proprietários.
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O meu pomar seria assim: toda aberto, para todos.
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as árvores ficassem cheias de frutos amarelos e vermelhos,
nenhum pobrezinho teria fome,
nenhuma criança choraria de sede, passando pelo meu pomar ...
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quando chovesse muito ou fizesse muito frio ...
Se eu tivesse um pomar, ele estaria sempre em festa,
cheio de borboletas e de pássaros ...
Como eu seria feliz, se tivesse um pomar !
.
Cecília Meireles ( Criança meu amor, Ed, Nova Fronteira, p. 53)
Não sei se a Gruta de Maquiné me tocou tão
fundo quanto o quintal da casa do hoje João
Guimarães Rosa. Gostei dele mais do que da
própria casa; da casa, gostei mais da cozinha
do que de tudo o mais. O quintal, fundo, longo,
assombreado, foi reformado. Há, agora, um
piso de tijolos e as plantas, muitas, estão
cercadas e cuidadas como coisa pública, dadas
a ver, mais do que a conviver. Por isso, mineiro
como os outros não havia naquela ordem nada
do que fora na verdade o quintal desordeiro
das velhas casas de Minas Gerais. Carlos
Rodrigues Brandão, Cordisburgo, 19/07/1989)
Frei Betto. Estado de Mina , 18/03/2010
Acho que o quintal onde a gente brincou é
maior do que a cidade. A gente só descobre
isso depois de grande. A gente descobre que o
tamanho das coisas há que ser medido pela
intimidade que temos com as coisas. Há de ser
como acontece com o amor. Assim, as
pedrinhas do nosso quintal são sempre
maiores do que as outras pedras do mundo.
Justo pelo motivo da intimidade.
Manuel de Barros

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Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 

Quintal - MÔNICA MEYER

  • 1. A rua Paraíba foi meu quintal e jardim durante a infância e adolescência , brinquei de casinha e joguei muita queimada... Quintal pedacinho da gente Professora: Mônica Meyer monicameyer2007@gmail.com Faculdade de Educação da UFMG BH, novembro de 2014
  • 2. Meu quintal é maior do que o mundo. ( Manoel de Barros)
  • 3. ARTE DE INFANTILIZAR FORMIGAS 1. As coisas tinham para nós uma desutilidade poética. Nos fundos do quintal era muito riquíssimo o nosso dessaber. A gente inventou um truque pra fabricar brinquedos com palavras. O truque era só virar bocó. Como dizer: Eu pendurei um bentevi no sol... O que disse Bugrinha: Por dentro de nossa casa passava um rio inventado. O que nosso avô falou: O olho do gafanhoto é sem princípios. Mano Preto perguntava: Será que fizeram o beija-flor diminuído só para ele voar parado? As distâncias somavam a gente para menos. ( Manoel de Barros)
  • 4. Observar o que tá pertinho da gente meu corpo - minha casa minha cidade - nossa casa Observar Exercitar a percepção Buscar sentidos e sentimentos Interpretar , conhecer Entender, aprender, expressar Cuidar, agir
  • 5. A RUA PARAIBA COMO QUINTAL
  • 6.
  • 7. A rua é um grande laboratório, O quintal é um grande laboratório, natureza de aprender natureza para aprender
  • 8. Michelia champaca Magnólia-amarela , Champaca-laranja , Champaca-fragrante , Magnólia. Família: Magnoliaceae. Altura: 10 m. Diâmetro: 6 m. Ambiente: Pleno Sol. Clima: Tropical de altitude, Subtropical. Origem: Índia, Himalaia. Época de Floração: Primavera. Propagação: Sementes. Mes(es) da Propagação: Verao. Persistência das folhas: Semi-permanente. Obs: O óleo de champaca é retirado das flores. O perfume das flores pode ser percebido a vários metros de distância. A copa é piramidal na juventude.
  • 9. Pierre Magnol Montpellier *08/06/1638 +21/05/1715 Médico e Botânico francês responsável pelo notável estudo da flora dos arredores de Montpellier, dos Alpes e dos Pirenéus. Em 1696 dirigiu o Jardim Botânico da Universidade de Montpellier, França.
  • 10.
  • 11. As flores laranjas, delicadas de perfume discreto, possuem um receptáculo cônico onde se encontram, separados e livres, carpelos e estames.
  • 12.
  • 13. O fruto múltiplo e deiscente, se abre espontaneamente liberando uma semente vermelha, que adultos e crianças adoram pisar e estalar na calçada. Mas quem gosta mesmo destas sementes são as saíras
  • 14.
  • 15. Saíra-verde Tangara desmaresti Na época da frutificação, elas voam para o bairro à procura de alimento. Os machos coloridos de azul-metálico e as fêmeas verdes comem a casca (sarcotesta) e pelas fezes fazem a dispersão das sementes
  • 16. O QUINTAL DE CASA
  • 17. No meu quintal tem uma casa mangueira. Tanto bicho mora lá: bem-te-vi, pardal, formiga, besouro, beija-flor, morcego, papagaio, jabuti, abelha, zangão , joaninha....
  • 18. as flores em cachos amarelo-areia-pálido atraem as abelhas. Depois nascem as primeiras manguinhas, bem verdes, como brincos enfeitando a árvore.
  • 19. “Os “textos”, as “palavras”, as “letras”, daquele contexto se encarnavam no corpo das árvores, na casca dos frutos. Na tonalidade diferente de cores de um mesmo fruto em momentos distintos: o verde da manga-espada, o verde da manga-espada inchada; o amarelo esverdeado da mesma manga amadurecendo, as pintas negras da manga mais além de madura.” (Paulo Freire)
  • 20.
  • 21. No tempo de fruta madura, o cheirinho de manga espada enche o ar de sabor, a barriga da gente, e da bicharada.
  • 22. Eu sozinho menino entre mangueiras Lia a história de Robinson Crusoé. ( Carlos Drummond de Andrade, Infancia)
  • 23. A mangueira se avista da rua, uma mancha verde espremida entre os prédios que avançam na redondeza.
  • 24.
  • 25.
  • 26. “Agora, o mundo encolheu. A especulação imobiliária suprime quintais, as famílias vivem encaixotadas em apartamentos decorados com flores artificiais” ( Frei Betto)
  • 27. “O governo deveria incluir no plano diretor das cidades a obrigatoriedade de quintais em prédios residenciais. “ (Frei Betto)
  • 28.
  • 29. Se eu tivesse um pomar, um pequeno pomar que fosse, não lhe poria grades à roda, como os outros proprietários. Não poria, a guardá-lo, um desses cães enormes, rancorosos, que andam sempre rondando os pomares ... O meu pomar seria assim: toda aberto, para todos. E, quando o outono chegasse e as árvores ficassem cheias de frutos amarelos e vermelhos, nenhum pobrezinho teria fome, nenhuma criança choraria de sede, passando pelo meu pomar ... E, no inverno, ainda haveria lá onde alguém se abrigasse, quando chovesse muito ou fizesse muito frio ... Se eu tivesse um pomar, ele estaria sempre em festa, cheio de borboletas e de pássaros ... Como eu seria feliz, se tivesse um pomar ! . Cecília Meireles ( Criança meu amor, Ed, Nova Fronteira, p. 53)
  • 30. Não sei se a Gruta de Maquiné me tocou tão fundo quanto o quintal da casa do hoje João Guimarães Rosa. Gostei dele mais do que da própria casa; da casa, gostei mais da cozinha do que de tudo o mais. O quintal, fundo, longo, assombreado, foi reformado. Há, agora, um piso de tijolos e as plantas, muitas, estão cercadas e cuidadas como coisa pública, dadas a ver, mais do que a conviver. Por isso, mineiro como os outros não havia naquela ordem nada do que fora na verdade o quintal desordeiro das velhas casas de Minas Gerais. Carlos Rodrigues Brandão, Cordisburgo, 19/07/1989)
  • 31. Frei Betto. Estado de Mina , 18/03/2010
  • 32. Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade. Manuel de Barros