O Renascimento em Portugal e seus principais aspectos
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4. A cultura da Idade Média foi essencialmente clerical e teônica. Em Portugal,
só no século XV começou a se manifestar uma nova mentalidade, laica e
antropocêntrica.
Mas a nova mentalidade já vinha se revelando, na Itália, desde o século XIV.
Com o desenvolvimento do comércio e das cidades, nascia um espírito de
otimismo confiança no ser humano (antropocentrismo) e no futuro,
revolucionando todas as áreas da cultura - a filosofia, as artes, a literatura, a
historiografia.... A esse movimento cultural
deu-se o nome de Renascimento, sugerindo-se,
com ele, que o ser humano estivera
adormecido durante todo o milênio
medieval. Por isso, os humanistas – assim
eram chamados – buscavam inspiração no
mundo anterior á Idade Média, isto é, na
cultura clássica greco-romana
5. A principal tendência do Renascimento na literatura e nas artes é o Classicismo,
que se define pelas seguintes características:
•Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade
•Uso da mitologia dos deuses e o uso de musas como inspiração
•Racionalismo: Predomínio da razão sobre os sentimentos
•Uso de linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras de
linguagem
•Universalismo
•Nacionalismo
•Bem = Beleza
•Clareza e simplicidade
•Neoplatonismo amoroso
•Busca do equilíbrio formal
•Introdução de versos decassílabo (medida nova)
6. •Individualismo
•Universalismo
•Racionalismo
•Antropocentrismo
•Neoplatonismo
•Nacionalismo
•Paganismo
•Predomínio da razão
•Influência da cultura greco-romana
•Fusionismo: mitologia pagã e cristã
•Simplicidade, clareza e concisão
•Equilíbrio, harmonia e senso de proporção (rigor e
perfeição formal)
•Mimese (imitação da Natureza: Aristóteles)
•Soneto (2 quartetos e 2 tercetos)
•Versos com até dez sílabas métricas (estilo doce
novo e
Medida nova)
•Rimas consoantes, por vezes até ricas
7. O Renascimento em Portugal refere-se à influência e evolução
do Renascimento em Portugal, de meados do século XV a finais do século XVI.
O movimento cultural que assinalou o final da Idade Média e o início da Idade
Moderna foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana.
Embora o Renascimento italiano tenha tido um impacto modesto na arte, os
portugueses foram influentes no alargamento da visão do mundo dos europeus,
estimulando a curiosidade humanista.
Como pioneiro da exploração européia, Portugal floresceu no final do século
XV com as navegações para o oriente, auferindo lucros imensos que fizeram
crescer a burguesia comercial e enriquecer a nobreza, permitindo luxos e o cultivar
do espírito. O contacto com o Renascimento chegou através da influência de ricos
mercadores italianos e flamengos que investiam no comércio marítimo. O contato
comercial com a França, Espanha e Inglaterra era assíduo, e o intercâmbio cultural
se intensificou.
8. Em 1516 Garcia de Resende publicou o Cancioneiro Geral com obras de mais de 200 autores dos
tempos de D. Afonso V e D. João II. Entre estes o próprio Resende, com as Trovas à Morte de
Inês de Castro, e três nomes que mudaram o curso da literatura portuguesa: Sá de Miranda, Gil
Vicente e Bernardim Ribeiro. O Cancioneiro Geral é considerado o marco do fim do português
arcaico e início do português moderno (do século XVI até ao presente).
O século inicia-se com a introdução de novos gêneros literários.
Sá de Miranda, regressado de Itália em 1526, introduziu as formas
da escola italiana: o soneto, a canção, a sextina, as composições em
tercetos e em oitavas e os decassílabos. De 1502 até 1536, Gil Vicente
escreveu e encenou quarenta e uma peças de dramaturgia em
Português e em castelhano - entre elas autos e mistérios de carácter
devocional, farsas,comédias e tragicomédias - com que seria
Considerado o "pai do teatro português". Os seus textos satirizavam
os novos tempos, de mudança das hierarquias sociais inflexíveis da
Idade Média para a nova sociedade do renascentista, que subvertia a
ordem instituída.
9. Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente
nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Sobre
a sua infância tudo é conjetura mas, ainda jovem, terá recebido
uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando
o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e
modernas. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra,
mas a sua passagem pela escola não é documentada.
Freqüentou a corte de Dom João III, iniciou a sua carreira
como poeta lírico e envolveu-se, como narra a tradição, em
amores com damas da nobreza e possivelmente plebéias, além
de levar uma vida boemia e turbulenta. Diz-se que, por conta
de um amor frustrado, se auto-estilou em África, alistado
como militar, onde perdeu um olho em batalha. Voltando a
Portugal, feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu
para o Oriente. Passando lá vários anos, enfrentou uma série
de adversidades, foi preso várias vezes, combateu ao lado das
forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida,
a epopéia nacionalista Os Lusíadas. De volta à pátria,
publicou Os Lusíadas e recebeu uma pequena pensão do
rei Dom Sebastião pelos serviços prestados à Coroa, mas nos
seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se
manter.
10. Dos temas mais presentes na lírica camoniana o do amor é central
e ocorre de modo conspícuo também n' Os Lusíadas. Na sua
concepção incorporou elementos da doutrina clássica, do amor
cortês e da religião cristã, concorrendo todos para incentivar o
amor espiritual e não o carnal. Para os clássicos, especialmente na
escola platônica, o amor espiritual é o mais elevado, o único digno
dos sábios, e esta espécie de afeto incorpóreo acabou por ser conhecida
como amor platônico. Na religião cristã da sua época o corpo era visto
como fonte de um dos pecados capitais, a luxúria, e por isso sempre foi
encarado com desconfiança quando não desprezo; conquanto fosse
aprovado o amor nas suas versões espirituais, o amor sexual era permitido
primariamente para a procriação, ficando o prazer em plano secundário.
Da poesia trovadoresca herdou a tradição do amor cortês, que é ele
Mesmo uma derivação platônica que coloca a dama num patamar ideal,
Jamais atingível, e exige do cavaleiro uma ética imaculada e uma total
subserviência em relação à amada. Nesse contexto, o amor camoniano
como expresso nas suas obras, é, por regra, um amor idealizado que
não chega a vias de fato e se expressa no plano da abstração e da arte.
11. Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
12. Transforma-se o amador na cousa amada
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada
Que mais deseja o corpo alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois com ele tal alma está liada.
Mas esta linda e pura Semidea
Que como o acidente em seu sujeito,
Assi com a alma minha se conforma;
Está no pensamento como ideia;
E o vivo, o puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.
13. Os Lusíadas é considerada a epopéia portuguesa
por excelência. O próprio título já sugere as suas
intenções nacionalistas, sendo derivado da antiga
denominação romana de Portugal, Lusitânia. É
um dos mais importantes épicos da época
moderna devido à sua grandeza e universalidade.
A epopéia narra a história de Vasco da Gama e dos
heróis portugueses que navegaram em torno do
Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota
para a Índia. É uma epopéia humanista, mesmo
nas suas contradições, na associação da mitologia
pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre
a guerra e o império, no gosto do repouso e no
desejo de aventura, na apreciação do prazer
sensual e nas exigências de uma vida ética, na
percepção da grandeza e no pressentimento do
declínio, no heroísmo pago com o sofrimento e
luta. O poema abre com os célebres versos: