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A cultura da Idade Média foi essencialmente clerical e teônica. Em Portugal, 
só no século XV começou a se manifestar uma nova mentalidade, laica e 
antropocêntrica. 
Mas a nova mentalidade já vinha se revelando, na Itália, desde o século XIV. 
Com o desenvolvimento do comércio e das cidades, nascia um espírito de 
otimismo confiança no ser humano (antropocentrismo) e no futuro, 
revolucionando todas as áreas da cultura - a filosofia, as artes, a literatura, a 
historiografia.... A esse movimento cultural 
deu-se o nome de Renascimento, sugerindo-se, 
com ele, que o ser humano estivera 
adormecido durante todo o milênio 
medieval. Por isso, os humanistas – assim 
eram chamados – buscavam inspiração no 
mundo anterior á Idade Média, isto é, na 
cultura clássica greco-romana
A principal tendência do Renascimento na literatura e nas artes é o Classicismo, 
que se define pelas seguintes características: 
•Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade 
•Uso da mitologia dos deuses e o uso de musas como inspiração 
•Racionalismo: Predomínio da razão sobre os sentimentos 
•Uso de linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras de 
linguagem 
•Universalismo 
•Nacionalismo 
•Bem = Beleza 
•Clareza e simplicidade 
•Neoplatonismo amoroso 
•Busca do equilíbrio formal 
•Introdução de versos decassílabo (medida nova)
•Individualismo 
•Universalismo 
•Racionalismo 
•Antropocentrismo 
•Neoplatonismo 
•Nacionalismo 
•Paganismo 
•Predomínio da razão 
•Influência da cultura greco-romana 
•Fusionismo: mitologia pagã e cristã 
•Simplicidade, clareza e concisão 
•Equilíbrio, harmonia e senso de proporção (rigor e 
perfeição formal) 
•Mimese (imitação da Natureza: Aristóteles) 
•Soneto (2 quartetos e 2 tercetos) 
•Versos com até dez sílabas métricas (estilo doce 
novo e 
Medida nova) 
•Rimas consoantes, por vezes até ricas
O Renascimento em Portugal refere-se à influência e evolução 
do Renascimento em Portugal, de meados do século XV a finais do século XVI. 
O movimento cultural que assinalou o final da Idade Média e o início da Idade 
Moderna foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana. 
Embora o Renascimento italiano tenha tido um impacto modesto na arte, os 
portugueses foram influentes no alargamento da visão do mundo dos europeus, 
estimulando a curiosidade humanista. 
Como pioneiro da exploração européia, Portugal floresceu no final do século 
XV com as navegações para o oriente, auferindo lucros imensos que fizeram 
crescer a burguesia comercial e enriquecer a nobreza, permitindo luxos e o cultivar 
do espírito. O contacto com o Renascimento chegou através da influência de ricos 
mercadores italianos e flamengos que investiam no comércio marítimo. O contato 
comercial com a França, Espanha e Inglaterra era assíduo, e o intercâmbio cultural 
se intensificou.
Em 1516 Garcia de Resende publicou o Cancioneiro Geral com obras de mais de 200 autores dos 
tempos de D. Afonso V e D. João II. Entre estes o próprio Resende, com as Trovas à Morte de 
Inês de Castro, e três nomes que mudaram o curso da literatura portuguesa: Sá de Miranda, Gil 
Vicente e Bernardim Ribeiro. O Cancioneiro Geral é considerado o marco do fim do português 
arcaico e início do português moderno (do século XVI até ao presente). 
O século inicia-se com a introdução de novos gêneros literários. 
Sá de Miranda, regressado de Itália em 1526, introduziu as formas 
da escola italiana: o soneto, a canção, a sextina, as composições em 
tercetos e em oitavas e os decassílabos. De 1502 até 1536, Gil Vicente 
escreveu e encenou quarenta e uma peças de dramaturgia em 
Português e em castelhano - entre elas autos e mistérios de carácter 
devocional, farsas,comédias e tragicomédias - com que seria 
Considerado o "pai do teatro português". Os seus textos satirizavam 
os novos tempos, de mudança das hierarquias sociais inflexíveis da 
Idade Média para a nova sociedade do renascentista, que subvertia a 
ordem instituída.
Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente 
nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Sobre 
a sua infância tudo é conjetura mas, ainda jovem, terá recebido 
uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando 
o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e 
modernas. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra, 
mas a sua passagem pela escola não é documentada. 
Freqüentou a corte de Dom João III, iniciou a sua carreira 
como poeta lírico e envolveu-se, como narra a tradição, em 
amores com damas da nobreza e possivelmente plebéias, além 
de levar uma vida boemia e turbulenta. Diz-se que, por conta 
de um amor frustrado, se auto-estilou em África, alistado 
como militar, onde perdeu um olho em batalha. Voltando a 
Portugal, feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu 
para o Oriente. Passando lá vários anos, enfrentou uma série 
de adversidades, foi preso várias vezes, combateu ao lado das 
forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, 
a epopéia nacionalista Os Lusíadas. De volta à pátria, 
publicou Os Lusíadas e recebeu uma pequena pensão do 
rei Dom Sebastião pelos serviços prestados à Coroa, mas nos 
seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se 
manter.
Dos temas mais presentes na lírica camoniana o do amor é central 
e ocorre de modo conspícuo também n' Os Lusíadas. Na sua 
concepção incorporou elementos da doutrina clássica, do amor 
cortês e da religião cristã, concorrendo todos para incentivar o 
amor espiritual e não o carnal. Para os clássicos, especialmente na 
escola platônica, o amor espiritual é o mais elevado, o único digno 
dos sábios, e esta espécie de afeto incorpóreo acabou por ser conhecida 
como amor platônico. Na religião cristã da sua época o corpo era visto 
como fonte de um dos pecados capitais, a luxúria, e por isso sempre foi 
encarado com desconfiança quando não desprezo; conquanto fosse 
aprovado o amor nas suas versões espirituais, o amor sexual era permitido 
primariamente para a procriação, ficando o prazer em plano secundário. 
Da poesia trovadoresca herdou a tradição do amor cortês, que é ele 
Mesmo uma derivação platônica que coloca a dama num patamar ideal, 
Jamais atingível, e exige do cavaleiro uma ética imaculada e uma total 
subserviência em relação à amada. Nesse contexto, o amor camoniano 
como expresso nas suas obras, é, por regra, um amor idealizado que 
não chega a vias de fato e se expressa no plano da abstração e da arte.
Amor é fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói e não se sente; 
É um contentamento descontente 
É dor que desatina sem doer; 
É um não querer mais que bem querer; 
É solitário andar por entre a gente; 
É nunca contentar-se de contente; 
É cuidar que se ganha em se perder; 
É querer estar preso por vontade; 
É servir a quem vence, o vencedor; 
É ter com quem nos mata lealdade. 
Mas como causar pode seu favor 
Nos corações humanos amizade, 
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
Transforma-se o amador na cousa amada 
Por virtude do muito imaginar; 
Não tenho logo mais que desejar, 
Pois em mim tenho a parte desejada. 
Se nela está minha alma transformada 
Que mais deseja o corpo alcançar? 
Em si somente pode descansar, 
Pois com ele tal alma está liada. 
Mas esta linda e pura Semidea 
Que como o acidente em seu sujeito, 
Assi com a alma minha se conforma; 
Está no pensamento como ideia; 
E o vivo, o puro amor de que sou feito, 
Como a matéria simples busca a forma.
Os Lusíadas é considerada a epopéia portuguesa 
por excelência. O próprio título já sugere as suas 
intenções nacionalistas, sendo derivado da antiga 
denominação romana de Portugal, Lusitânia. É 
um dos mais importantes épicos da época 
moderna devido à sua grandeza e universalidade. 
A epopéia narra a história de Vasco da Gama e dos 
heróis portugueses que navegaram em torno do 
Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota 
para a Índia. É uma epopéia humanista, mesmo 
nas suas contradições, na associação da mitologia 
pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre 
a guerra e o império, no gosto do repouso e no 
desejo de aventura, na apreciação do prazer 
sensual e nas exigências de uma vida ética, na 
percepção da grandeza e no pressentimento do 
declínio, no heroísmo pago com o sofrimento e 
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O Renascimento em Portugal e seus principais aspectos

  • 1.
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  • 3.
  • 4. A cultura da Idade Média foi essencialmente clerical e teônica. Em Portugal, só no século XV começou a se manifestar uma nova mentalidade, laica e antropocêntrica. Mas a nova mentalidade já vinha se revelando, na Itália, desde o século XIV. Com o desenvolvimento do comércio e das cidades, nascia um espírito de otimismo confiança no ser humano (antropocentrismo) e no futuro, revolucionando todas as áreas da cultura - a filosofia, as artes, a literatura, a historiografia.... A esse movimento cultural deu-se o nome de Renascimento, sugerindo-se, com ele, que o ser humano estivera adormecido durante todo o milênio medieval. Por isso, os humanistas – assim eram chamados – buscavam inspiração no mundo anterior á Idade Média, isto é, na cultura clássica greco-romana
  • 5. A principal tendência do Renascimento na literatura e nas artes é o Classicismo, que se define pelas seguintes características: •Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade •Uso da mitologia dos deuses e o uso de musas como inspiração •Racionalismo: Predomínio da razão sobre os sentimentos •Uso de linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras de linguagem •Universalismo •Nacionalismo •Bem = Beleza •Clareza e simplicidade •Neoplatonismo amoroso •Busca do equilíbrio formal •Introdução de versos decassílabo (medida nova)
  • 6. •Individualismo •Universalismo •Racionalismo •Antropocentrismo •Neoplatonismo •Nacionalismo •Paganismo •Predomínio da razão •Influência da cultura greco-romana •Fusionismo: mitologia pagã e cristã •Simplicidade, clareza e concisão •Equilíbrio, harmonia e senso de proporção (rigor e perfeição formal) •Mimese (imitação da Natureza: Aristóteles) •Soneto (2 quartetos e 2 tercetos) •Versos com até dez sílabas métricas (estilo doce novo e Medida nova) •Rimas consoantes, por vezes até ricas
  • 7. O Renascimento em Portugal refere-se à influência e evolução do Renascimento em Portugal, de meados do século XV a finais do século XVI. O movimento cultural que assinalou o final da Idade Média e o início da Idade Moderna foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana. Embora o Renascimento italiano tenha tido um impacto modesto na arte, os portugueses foram influentes no alargamento da visão do mundo dos europeus, estimulando a curiosidade humanista. Como pioneiro da exploração européia, Portugal floresceu no final do século XV com as navegações para o oriente, auferindo lucros imensos que fizeram crescer a burguesia comercial e enriquecer a nobreza, permitindo luxos e o cultivar do espírito. O contacto com o Renascimento chegou através da influência de ricos mercadores italianos e flamengos que investiam no comércio marítimo. O contato comercial com a França, Espanha e Inglaterra era assíduo, e o intercâmbio cultural se intensificou.
  • 8. Em 1516 Garcia de Resende publicou o Cancioneiro Geral com obras de mais de 200 autores dos tempos de D. Afonso V e D. João II. Entre estes o próprio Resende, com as Trovas à Morte de Inês de Castro, e três nomes que mudaram o curso da literatura portuguesa: Sá de Miranda, Gil Vicente e Bernardim Ribeiro. O Cancioneiro Geral é considerado o marco do fim do português arcaico e início do português moderno (do século XVI até ao presente). O século inicia-se com a introdução de novos gêneros literários. Sá de Miranda, regressado de Itália em 1526, introduziu as formas da escola italiana: o soneto, a canção, a sextina, as composições em tercetos e em oitavas e os decassílabos. De 1502 até 1536, Gil Vicente escreveu e encenou quarenta e uma peças de dramaturgia em Português e em castelhano - entre elas autos e mistérios de carácter devocional, farsas,comédias e tragicomédias - com que seria Considerado o "pai do teatro português". Os seus textos satirizavam os novos tempos, de mudança das hierarquias sociais inflexíveis da Idade Média para a nova sociedade do renascentista, que subvertia a ordem instituída.
  • 9. Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Sobre a sua infância tudo é conjetura mas, ainda jovem, terá recebido uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e modernas. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra, mas a sua passagem pela escola não é documentada. Freqüentou a corte de Dom João III, iniciou a sua carreira como poeta lírico e envolveu-se, como narra a tradição, em amores com damas da nobreza e possivelmente plebéias, além de levar uma vida boemia e turbulenta. Diz-se que, por conta de um amor frustrado, se auto-estilou em África, alistado como militar, onde perdeu um olho em batalha. Voltando a Portugal, feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente. Passando lá vários anos, enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias vezes, combateu ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, a epopéia nacionalista Os Lusíadas. De volta à pátria, publicou Os Lusíadas e recebeu uma pequena pensão do rei Dom Sebastião pelos serviços prestados à Coroa, mas nos seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se manter.
  • 10. Dos temas mais presentes na lírica camoniana o do amor é central e ocorre de modo conspícuo também n' Os Lusíadas. Na sua concepção incorporou elementos da doutrina clássica, do amor cortês e da religião cristã, concorrendo todos para incentivar o amor espiritual e não o carnal. Para os clássicos, especialmente na escola platônica, o amor espiritual é o mais elevado, o único digno dos sábios, e esta espécie de afeto incorpóreo acabou por ser conhecida como amor platônico. Na religião cristã da sua época o corpo era visto como fonte de um dos pecados capitais, a luxúria, e por isso sempre foi encarado com desconfiança quando não desprezo; conquanto fosse aprovado o amor nas suas versões espirituais, o amor sexual era permitido primariamente para a procriação, ficando o prazer em plano secundário. Da poesia trovadoresca herdou a tradição do amor cortês, que é ele Mesmo uma derivação platônica que coloca a dama num patamar ideal, Jamais atingível, e exige do cavaleiro uma ética imaculada e uma total subserviência em relação à amada. Nesse contexto, o amor camoniano como expresso nas suas obras, é, por regra, um amor idealizado que não chega a vias de fato e se expressa no plano da abstração e da arte.
  • 11. Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo amor?
  • 12. Transforma-se o amador na cousa amada Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada Que mais deseja o corpo alcançar? Em si somente pode descansar, Pois com ele tal alma está liada. Mas esta linda e pura Semidea Que como o acidente em seu sujeito, Assi com a alma minha se conforma; Está no pensamento como ideia; E o vivo, o puro amor de que sou feito, Como a matéria simples busca a forma.
  • 13. Os Lusíadas é considerada a epopéia portuguesa por excelência. O próprio título já sugere as suas intenções nacionalistas, sendo derivado da antiga denominação romana de Portugal, Lusitânia. É um dos mais importantes épicos da época moderna devido à sua grandeza e universalidade. A epopéia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. É uma epopéia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer sensual e nas exigências de uma vida ética, na percepção da grandeza e no pressentimento do declínio, no heroísmo pago com o sofrimento e luta. O poema abre com os célebres versos: