o e‐formador ajuda os formandos a usar a tecnologia e a plataforma.
Social: o e‐formador promove a interacção e o trabalho em grupo.
Técnica: o e‐formador resolve problemas técnicos e de funcionamento da plataforma.
Estes modelos, embora com algumas diferenças, convergem na ideia de que o papel do
e‐formador é fundamental para o sucesso do processo de aprendizagem online,
requerendo competências pedagógicas, sociais,
2. 2
Índice
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
Considerações Iniciais ......................................................................................................... 3
E‐formadores: novas tarefas, novas competências ............................................................ 5
Modelos de autor ............................................................................................................... 6
.
Salmon ........................................................................................................................ 6
Collison ........................................................................................................................ 6
Thomas ........................................................................................................................ 7
Berge ........................................................................................................................... 7
Tarefas de e‐formador ........................................................................................................ 8
Recursos ............................................................................................................................ 10
Actividades pedagógicas em ambiente e‐learning ........................................................... 11
Comunicação em ambiente e‐learning ............................................................................. 12
Comunicação síncrona .............................................................................................. 12
Chat ................................................................................................................ 12
Comunicação assíncrona .......................................................................................... 14
Correio electrónico ........................................................................................ 14
Fóruns de discussão ....................................................................................... 15
E‐formador: proposta de modelo/perfil de competências .............................................. 16
Considerações finais ......................................................................................................... 19
Bibliografia ........................................................................................................................ 21
3. 3
eformador
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
ser formador on‐line: novos desafios
Considerações Iniciais
A utilização de tecnologias no processo ensino/aprendizagem é uma realidade que pode
ser reconhecida enquanto tal desde a invenção da imprensa e a sua utilização na prática
educativa através da distribuição em massa de informação na forma de livros, jornais,
etc. (Lima & Capitão, 2003), sendo que o processo de ensino sempre absorveu
instrumentos, que não sendo direccionados para a educação ganharam funções
educativas. É neste sentido que julgamos fundamental não sobrevalorizar a utilização do
computador ou da internet, antes, ponderar sobre os seus melhores contributos para a
construção de uma aprendizagem, neste caso à distância, por si só, também já
experimentada há largas décadas, mas que vê agora os seus canais/veículos de
“transporte” de informação profundamente optimizados.
Obviamente que um e‐formador deve ter competências ao nível da utilização da
tecnologia em causa, mas já Perrenoud (2000) previa que esta fosse uma condição
essencial para ensinar e aprender.
Muito já se escreveu sobre e‐learning, b‐learning e tantas outras modalidades de ensino
à distância, que incluem a utilização de tecnologias de informação e comunicação, na
nossa opinião cada vez menos novas, mas que trouxeram às metodologias de
ensino/aprendizagem a necessidade imperativa de reflexão sobre os ajustes necessários
ao nível de paradigmas, perfis e competências de aluno, de professor, só para nomear
os mais óbvios.
O grau de autonomia do aluno cresceu, mas com ele cresceu também a necessidade de
uma gestão rigorosa da sua aprendizagem que se desenvolve em comum com uma
comunidade colaborativa baseada num paradigma construtivista.
Nesta comunidade, a virtualidade da presença do e‐formador pode ser uma
desvantagem se não for criteriosamente gerida. Contudo, um e‐formador presente e
activo torna‐se ainda mais disponível aos alunos que um professor em sala de aula com
“hora marcada”, que finda a sua intervenção, é um elemento distante e ausente. O e‐
4. 4
formador de um curso é, portanto, elemento essencial no sucesso ou fracasso das
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
aprendizagens dos seus alunos.
“Ensinar” online é uma experiência relativamente recente e requer algumas
competências pedagógicas específicas na medida em que o professor passa a ter uma
função de liderança, de "animação" no sentido mais literal da palavra, de despertar a
"alma" do grupo. E nisto é apoiado e acompanhado pelos alunos, que também se
animam uns aos outros, procurando o crescimento de todos.
Requer‐se não só o domínio de um conteúdo ou de técnicas didácticas, mas a
capacidade de mobilizar os alunos em torno da sua própria aprendizagem, de fomentar
o debate, promovendo o pensamento crítico, o sentido de autonomia, o diálogo, a
negociação e a colaboração.
A contribuição para o desenvolvimento de interacções e de relações interpessoais
produtivas entre os participantes e a criação das condições necessárias para que o saber
circule, se multiplique, seja partilhado e (re)construído pelo estudante é também
fundamental para este novo modelo de professor à distância.
O perfil desejável de um e‐formador não é assunto novo e por isso optámos por na fase
inicial deste trabalho apresentar um conjunto de autores, cujo contributo para estes
temas, muito já ajudou quem se viu nestas “andanças”.
Sentimos, porém, a necessidade de acrescentar a estes modelos algumas considerações
que julgámos importantes para o tema: tarefas de um e‐formador, recursos, actividades
pedagógicas em ambiente de e‐learning e modelos de comunicação (síncrona e
assíncrona).
5. 5
Eformadores: novas tarefas, novas competências
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
Diversas versões relativas à definição de e‐formador revelam diferenças que, embora
possam não ser significativas, se diferenciam de imediato pelo nome que lhe é
atribuído. Se é certo que em sala de aula um professor é um professor (eventualmente
pode adquirir o estatuto de formador) numa sala de aula virtual muito lhe podem
chamar... No âmbito do e‐learning, termos como professor, tutor, formador,
moderador, etc. estão normalmente associados ao prefixo “e” ou “on‐line”, dando
origem a designações como e‐professor, e‐tutor, e‐formador ou e‐moderador.
Mais consensuais são as perspectivas relativamente às suas funções gerais,
nomeadamente a sua decisiva contribuição para a qualidade e o sucesso do
ensino/aprendizagem bem como “a sua intervenção no apoio à aprendizagem em
regime de e‐learning que exige destes e‐formadores um amplo leque de competências a
diversos níveis” (Rodrigues, 2004).
Consensual parecem ser também as competências gerais de um e‐formador: Promover,
estimular, orientar e apoiar serão talvez os seus grandes propósitos e que segundo
Mason (1998) estão inerentes a diversas formas de interacção: formando e formador,
formando e conteúdos e entre formandos. Outros autores incluem ainda uma quarta
forma de interacção: formando e a interface ou plataforma.
A partir deste ponto as ideias divergem ligeiramente. Como tal, e dada a profusidade de
estudos sobre o tema, seleccionamos quatro modelos que julgamos poderem ser úteis e
que a seguir apresentamos.
6. 6
Modelos de autor
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
Salmon
Salmon (2000) propõe um modelo de e‐learning que exige diferentes estádios de
intervenção ao e‐formador:
Nível Competências do e‐formando Competências do e‐formador
Desenvolvimento do
acesso/relação com a
Acesso e Motivação Acolhimento e motivação
plataforma e motivação
para o tema
Familiarização e construção de
Socialização Troca de mensagens espírito de grupo (cultural,
social e de aprendizagem)
personalização de software
Partilha de Orientação e apoio ao uso de
e busca/troca de
Informação materiais de aprendizagem
informação
Construção de Apoio ao processo, diminuindo
Conferências com o grupo
Conhecimento gradualmente intervenção
Construção de
Apoio ao processo, diminuindo
Desenvolvimento conhecimento dentro e fora
gradualmente intervenção
da plataforma
Collison
Segundo Rodrigues (2004) Collison et al (2000) divide o papel do e‐formador em três
categorias:
Guia não participante: o e‐formador dirige e conduz múltiplos debates entre estudantes,
evitando interacções directas.
Instrutor ou líder de projecto: o e‐formador tem um papel instrutivo, fornecendo
feedback, orientando e definindo regras das interacções.
Líder do Processo de Grupo: o e‐formador promove a participação de todos nos
debates, guiando‐os e focando‐os em linhas construtivas.
7. 7
Thomas
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
Também segundo Rodrigues (2004) Hywel Thomas da Training Foundation sistematizou
o processo numa menemónica de 4P, as qualidades de um e‐formador:
Positivo: estabelece ligações, gera entusiasmo, mantém o interesse e ajuda nas
dificuldades.
Proactivo: faz acontecer, é catalisador e identifica quando é necessário agir e fazer.
Paciente: compreende as necessidades de cada formando e do grupo e tem flexibilidade
de ajustar o curso às necessidades.
Persistente: Mantém o foco no essencial, impede os formandos de se afastarem e
resolve problemas técnicos ou de outra natureza.
Berge
Berge(1995), classifica a participação de e‐formador em quatro categorias:
Pedagógica: o e‐formador é um facilitador educacional, fazendo uso de metodologias
que focam debates nos conceitos, principios e competências.
Social: promove um ambiente amigável, facilitador da aprendizagem, incentiva as
relações humanas, desenvolvendo coesão e espírito de grupo.
Gestão (Organizativa e Administrativa): define e divulga agenda, calendários, regras e
procedimentos de participação, etc.
Técnica: a utilização do software/plataforma deve tornar‐se familiar. O e‐formador
deve garantir que o uso da tecnologia não se constitui enquanto factor inibidor da
aprendizagem.
8. 8
Tarefas de eformador
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
Sendo que a motivação deve estar sempre no centro das atenções de um e‐formador,
ainda antes de um curso on‐line ter o seu início existem condicionantes que deverão ser
ponderadas. Segundo Duggleby (2002) devem ser colocadas as seguintes questões:
• O Curso pode ser realizado exclusivamente on‐line ou serão necessárias sessões
presenciais?
• O curso será apoiado com materiais distribuídos de outra forma que não a web?
• Os alunos terão de trabalhar apenas individualmente ou trabalharão também em
grupo?
• Os alunos poderão trabalhar ao seu próprio ritmo ou terão que cumprir prazos
rigorosos?
As respostas a estas questões determinarão a flexibilidade de gestão de tempo e, como
tal, a intervenção do e‐formador. Trabalhos de grupo, rigor de prazos, por exemplo,
inibem a flexibilidade dos alunos e implica uma maior e mais assídua intervenção do e‐
formador. Estes são factores a considerar no processo de planeamento, estruturação e
calendarização efectuado pelo e‐formador. Os objectivos da formação devem ser
adaptados ao número de participantes; os materiais devem ser preparados com
antecedência, ainda antes de a formação iniciar, embora possam ir sendo adicionados
novos; a calendarização das actividades a desenvolver deve ser clara, assim como a sua
periodicidade (o mais comum é desenvolverem‐se semanalmente), a fim de auxiliar os
estudantes na gestão do seu tempo e na frequência necessária para acompanharem o
desenvolvimento do curso.
Após planeamento, os esforços do e‐formador dever‐se‐ão dirigir para a sua
implementação e orientação.
A este propósito, Duggleby (2002) e Dias (2001) analisaram a intervenção dos e‐
formadores durante um curso em e‐learning que resumiram nas seguinte tarefas:
Dias (2001)
• Acolher;
• Encorajar e Motivar;
• Promover a interacção, participação e orientação;
• Fornecer retorno/resposta rápida;
9. 9
• Criar e animar grupos;
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
• Promover a colaboração entre participantes;
• Facilitar as discussões;
• Monitorar o progresso;
• Controlar o ritmo;
• Dar informação e acrescentar conhecimento;
• Definir trabalhos e tarefas;
• Assegurar que os objectivos do curso são cumpridos;
• Avaliar participantes;
• Avaliar curso.
Duggleby (2002)
• Acolher os alunos;
• Encorajar e motivar;
• Controlar progressos obtidos;
• Assegurar‐se que os alunos estão a trabalhar ao ritmo certo;
• Fornecer informação, desenvolver, clarificar e explicar;
• Fornecer comentários aos trabalhos dos alunos;
• Certificar‐se que os alunos estão à altura dos padrões requeridos;
• Garantir o sucesso das conferências;
• Tornar‐se elemento facilitador de uma comunidade de aprendizagem;
• Fornecer conselhos de apoio técnico;
• Concluir o curso.
Durante o cumprimento das suas tarefas, bem como a dinamização das actividades,
haverá, no nosso entender, algumas considerações que devem ser acauteladas,
nomeadamente a precisão na linguagem a usar, com instruções claras e precisas, uma
vez que a comunicação é feita pela escrita, bem como entender que esta é uma função
que requer tempo e atenção permanente, evitando o “stress” da participação excessiva
ou o abandono dos estudantes a si próprios, que pode levar à não participação de
muitos estudantes (Lurking). Este é um conceito definido como “ …o comportamento
dos estudantes, que embora leiam e acompanhem as discussões (possível de analisar
através de mecanismos específicos de software/plataforma que permitem verificar, por
exemplo, quem leu o quê, ou quem gravou para o seu computador), não participam
nelas. Este fenómeno cria alguns problemas, nomeadamente quanto à avaliação.”(
Morgado, 2001 )
10. 10
Recursos
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
Sendo que um curso ministrado on‐line implica uma capacidade de organização e gestão
rigorosas, é facilitador o fornecimento aos e‐estudantes de um conjunto de
recursos/documentos da responsabilidade do e‐formador.
• Pacote tecnológico em que se inclui o software (ou plataforma) necessário, bem
como as respectivas instruções de utilização. Porém, é importante que durante o
curso seja sempre disponibilizado apoio técnico (pelo e‐formador ou em formato
help‐desk).
• Guia do e‐formando em que sejam claros os pré‐requisitos necessários,
orientações para o ensino on‐line, instruções sobre a utilização dos recursos de
aprendizagem e gestão do tempo.
• Guião do Curso onde conste a duração/cronologia dos curso, destinatários,
objectivos e resultados de aprendizagem, conteúdos, metodologias, avaliação e
outros aspectos importantes sobre a estrutura do curso.
• Guião de unidade para cada uma das etapas estipuladas. Neste documento
deverão ser disponibilizados e pormenorizados os objectivos da unidade (tema,
actividades, prazos), as instruções para o seu cumprimento, os materiais
necessários (documentos de leitura ou outros, links de interesse) e avaliação.
• Resumo de unidade constitui‐se enquanto um feedback precioso para os e‐
estudantes. Deve incluir os contributos, os pontos fortes e pontos fracos do
processo e as conclusões de forma a facilitar o contínuo conhecimento
cumulativo.
• Avisos, solicitações e outros pequenos recursos que vão, ao longo do curso,
optimizando a capacidade de comunicação entre e‐formador e e‐formando. Na
impossibilidade das pequenas compensações do ensino presencial, este é um
recurso indispensável.
11. 11
Actividades pedagógicas em ambiente elearning
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
Há já alguns autores que denominam as actividades dinamizadas em regime de e‐
learning como e‐tividades (e‐tivities), nomeadamente Salmon (2000). É aconselhavel
que o e‐formador garanta a estas actividades uma “progressão lógica através do ciclo de
aprendizagem e que ofereçam uma variedade adequada às necessidades de cada
pessoa” (Duggleby, 2002). A sua escolha deve estar condicionada à forma do curso, ao
tema, à duração e número de participantes.
Referem‐se, a título exemplificativo, as mais comuns:
• Pesquisa na internet, preferencialmente, de início de forma orientada.
• Discussão em fórum/chat subordinada a um determinado tema proposto pelo e‐
formador da qual deve ser realizada uma sintese.
• Trabalhos escritos onde se desenvolvem, constroem e demonstram
conhecimentos. São, normalmente, semelhantes aos usados em formação
presencial.
• Trabalhos práticos nem sempre são fáceis de se aplicar à modalidade de e‐
learning, mas podem ser realizáveis caso seja possível documentá‐los por escrito
ou em formato áudio ou vídeo.
• Testes e questionários que permitem realizar avaliações diagnósticas,
formativas ou mesmo sumativas. Existem diversas aplicações on‐line, algumas
gratuitas, que facilitam este tipo de actividade (aconselhamos
http://www.surveymonkey.com).
12. 12
Comunicação em ambiente elearning
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
“Todo o acto educativo tem por detrás um acto de comunicação” (Rodrigues, 2004).
Dada a ausência física dos intervenientes consideramos importante analisar, ainda que
sumariamente, as ferramentas que permitem esta comunicação e cuja dinamização,
sobretudo em estádios inicias do curso, é da inteira responsabilidade do e‐formador.
Esta função implica duas vertentes:
• Intelectual, de intervenção, fornecendo informação, mantendo o debate dentro
do tema, estimulando a construção de conhecimento, relacionando e
resumindo.
• Organizativa e de suporte, registando e controlando intervenções, esclarecendo
dúvidas de funcionamento das actividades e apoiando as problemáticas de
âmbito técnico.
Comunicação síncrona
As formas de comunicação síncrona implicam simultaneidade na interacção. As mais
comuns baseiam‐se na utilização de texto (chat), mas podem incluir áudio e vídeo. Deve
ser sempre considerado um número limite de participantes de forma a que as
intervenções não se sobreponham e se consiga manter uma lógica de debate.
Chat
A moderação de chats nem sempre é fácil pelo que o e‐formador deve precaver alguns
cuidados, nomeadamente:
• Planear e preparar cuidadosamente as sessões;
• Definir objectivamente objectivos, formato e tema a abordar;
• Anunciar/agendar sessões antecipadamente;
• Definir e divulgar regras de utilização;
• Limitar duração das sessões;
• Limitar número de participantes;
• Respeitar horários;
• Manter o chat dentro do tópico definido;
• Disponibilizar transcrição das sessões.
13. 13
Podemos, ainda, analisar as maiores vantagens do chat:
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
• Promove a dimensão social, aproximando participantes;
• Permite o contacto directo entre intervenientes do curso, nomeadamente entre
formandos e formador, fornecendo feedback imediato;
• Permite o esclarecimento rápido de dúvidas;
• Promove a espontaneidade, por vezes fundamental na sociabilização;
• Simula o ambiente de sala de aula presencial, o que poderá ser familiar aos
formandos, conferindo‐lhes confiança.
Porém, como toda a moeda tem duas faces, também se devem considerar as
desvantagens do chat:
• Sendo baseados em texto, os chats podem ser penalizadores para utilizadores
menos ágeis na escrita com teclado;
• A obrigatoriedade de estar on‐line a uma determinada hora pode dificultar a
reunião do grupo;
• Múltiplos assuntos discutidos em simultâneo;
• Perguntas que ficam sem resposta;
• Comentários ou respostas que perdem a pertinência em consequência de
intervenções que surgem pelo meio de outros intervenientes.
Muitas são as actividades passíveis de ser desenvolvidas neste formato. Apresentamos
algumas sugestões:
• Discussão de textos;
• Apresentação de trabalhos;
• Sessões de brainstorming;
• Sessões com especialistas;
• Sessões de dúvidas e perguntas;
• Horário de atendimento virtual;
• Trabalho em grupo;
• Encerramento de módulos ou cursos.
14. 14
Comunicação assíncrona
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
A maior diferença relativamente à comunicação síncrona reside no tempo. As
intervenções são feitas de forma intermitente com diferença temporal. Podem perder
espontaneidade, mas ganham em pesquisa e reflexão.
Correio electrónico
É literalmente a função dos serviços postais em formato electrónico, ainda que
substancialmente mais rápido e, talvez, mais económico. Usa‐se para uma forma de
comunicação em diferido entre duas ou mais pessoas. Neste último caso, quando se
trata de comunicação entre um emissor e vários receptores, será facilitador o uso de
listas de distribuição.
Analisemos, agora, as maiores vantagens do correio electrónico:
• Ferramenta familiar, com que a maioria dos e‐formandos se sente confortável;
• Rápido e económico;
• Permite a comunicação privada;
• Mensagem entregue de forma automática;
• Evita sobrecarregar os canais comunicativos colectivos com mensagens de
interesse individual;
• Confere confiança aos mais “tímidos”, com maior receio de exposição colectiva.
E as desvantagens:
• As mensagens via correio electrónico correm o risco de ficarem diluídas no
conjunto das mensagens diárias dos utilizadores;
• Para conferir alguma agilidade ao processo de comunicação, implica o controlo
sistemático da caixa de correio.
Apresentamos algumas sugestões de actividades em correio electrónico:
• Distribuição personalizada (ou não?) pelos formandos de mensagem de
acolhimento;
• Regularização de questões administrativas inerentes ao curso;
• Distribuição de documentos;
• Divulgação de anúncios e avisos;
• Comunicação individual entre formador e formando;
• Comunicação entre membros de um grupo de trabalho.
15. 15
Fóruns de discussão
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
São, provavelmente, a mais utilizada ferramenta em plataforma de aprendizagem em e‐
learning. Tal como o correio electrónico permitem troca de mensagens, por ordem
cronológica mas cada espaço de discussão é, normalmente, subordinado a um tema de
discussão específico.
É conveniente que o e‐formador pondere algumas questões sobre a utilização de
fóruns:
• Planear e preparar cuidadosamente a utilização do fórum;
• Definir objectivamente objectivos, formato e tema a abordar;
• Comunicar linhas de discussão;
• Anunciar/agendar debates antecipadamente;
• Definir e divulgar regras de funcionamento e utilização;
• Acompanhar regularmente as actividades do fórum;
• Manter o funcionamento do fórum;
• Moderar as discussões e actividades.
Analisemos, agora, as maiores vantagens do fórum:
• Permite estruturar, organizar e preservar as intervenções e registo de diálogos;
• Dada a sua continuidade cronológica, permite organizar e estruturar a linha
condutora de construção de conhecimento;
• Permite criar diversos temas diferentes em espaços de discussão distintos;
• Rápido e económico.
E as desvantagens:
• Os formandos têm que aceder ao fórum para terem conhecimento das
intervenções;
• Os formandos devem sentir‐se confortáveis para enviar mensagens para um
espaço público.
Actividades possíveis em fórum de discussão:
• Apresentação dos participantes;
• Esclarecimento de dúvidas e perguntas;
• Brainstorming;
• Discussão orientada;
• Discussão livre;
• Debates;
• Apresentação e Avaliação de Trabalhos.
16. 16
Eformador: proposta de modelo/perfil de competências
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
Feita toda esta compilação de informação, ousamos propor um perfil de competências
inerente à função de e‐formador. Fizemo‐lo no final, porque só agora, e após reflexão
sobre tudo o que ficou para trás, nos sentimos capazes de o fazer. No fundo, é um
sumário sistematizado de todos os modelos e propostas analisadas.
Optamos por dividi‐lo em cinco categorias:
Pedagógicas, o e‐formador deve:
• Aplicar metodologias de ensino/aprendizagem e optimizar o uso de tecnologias
em geral, promovendo a utilização de recursos e serviços on‐line;
• Integrar os recursos disponibilizados pelas tecnologias enquanto facilitadores da
construção de conhecimentos, assim como de motivação, interesse e dedicação
à aprendizagem;
• Animar e liderar o processo de aprendizagem;
• Adoptar estratégias que motivem o formando a envolver‐se na sua própria
aprendizagem e lhe permitam desenvolver a sua autonomia e iniciativa;
• Adoptar uma metodologia orientada para análise, reflexão, problematização,
interacção, de acordo com as diferentes fases da aprendizagem;
• Mobilização de competências individuais na construção da inteligência colectiva;
• Mobilizar a comunidade de e‐formandos em torno da sua auto aprendizagem,
com a sua presença, resposta e esclarecimentos;
• Induzir o trabalho colaborativo, favorecendo um ambiente de aprendizagem
colectiva;
• Moderar e gerir debates redigindo conclusões:
o Gerir a interacção presencial entre todos os intervenientes;
o Definir o tempo das tarefas, flexibilizando a gestão do tempo e dos
prazos, em função do perfil do e‐formandos;
o Identificar novas oportunidades e factores de mudança, dando feedback
sobre o trabalho efectuado;
o Disponibilizar apoio técnico.
17. 17
Gestão, o e‐formador deve:
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
• Ter espírito de liderança;
• Ter aptidão para estimular e moderar a participação e a discussão;
• Ser objectivo nas indicações, permitindo sugestões e adaptando‐se ao ritmo e
perfil do grupo;
• Bom comunicador ‐ gestão do processo comunicacional (síncrona e assíncrona),
incluindo e promovendo a participação activa de todos os intervenientes;
• Capacidade de resposta rápida aos e‐formandos;
• Permanência na plataforma ‐ gestão de debates;
• Ser dotado de atributos comunicacionais e éticos específicos: responsabilidade,
espírito de crítica construtiva, positividade e pro‐actividade, paciência e
persistência, empatia e simpatia.
Sociais, o e‐formador deve:
• Adoptar uma postura não autoritária (flexível) sem perder o rigor e a disciplina;
• Partilhar conhecimentos e experiencias;
• Criar oportunidades para uma aprendizagem resultante do esforço de uma
comunidade (apoio e retorno de todos os indivíduos durante o percurso
formativo);
• Promover o espírito/trabalho em grupo, facilitando a aprendizagem
colaborativa;
• Manter‐se acessível e próximo dos e‐formandos;
• Estimular a participação e a discussão;
• Incentivar a partilha, a inter‐ajuda e o trabalho em equipa (aspecto processual e
social da aprendizagem);
• Reconhecer a diferença, promovendo a inclusão e participação activa de todos
os intervenientes;
• Estar presente com regularidade e atento à plataforma dando resposta às
solicitações dos formandos e feedback dos seus trabalhos;
• Promover a participação e o contributo de todos, mas reconhecer a diferença ao
permitir que há quem, por personalidade, prefira ser contido nos comentários
durante o desenvolvimento dos debates/actividades;
• Mediar a gestão de conflitos, induzindo alterações nos comportamentos;
• Negociar com os e‐formandos, de início, as regras (possíveis) do curso (horários,
prazos, etc.).
18. 18
Tecnológicas, o e‐formador deve:
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
• Ter competências na área das tecnologias utilizadas;
• Ter facilidade de utilização de equipamentos, de sistemas operativos e de
aplicações informáticas necessárias ao curso;
• Conhecer profundamente o contexto virtual (conteúdos, metodologias, etc.);
• Estar consciente das capacidades pedagógicas das tecnologias utilizadas e
potencia‐las enquanto meio (e não fim) da aprendizagem;
• Ajudar o estudante a adquirir estratégias e destrezas adequadas para a formação
online;
• Apoiar nas questões técnicas.
Operacionais, o e‐formador deve:
• Preparar todos os materiais/recursos/actividades do curso atempadamente;
• Informar os estudantes de todos os aspectos administrativos que lhes digam
respeito;
• Usar a comunicação privada para tratar alguma questão particular de carácter
delicado;
• Proporcionar a apresentação de todos os participantes;
• Ser visível (sem ser intrusivo), dando sempre «feedback» aos formandos e
agindo quando necessário;
• Ajudar os e‐formandos a sentirem‐se confortáveis com o software/plataforma;
• Ser ponderado e realista na quantidade de recursos e tarefas;
• Promover contributos objectivos, sucintos e fáceis de ler;
• Manter as linhas orientadoras nas discussões e encerrá‐las com intervenções
pertinentes;
• Ser informal, sem deixar de ser rigoroso;
• Ser firme em relação a intervenientes que não respeitem as regras estabelecidas;
• Evitar a todo o custo “desavenças” entre e‐formandos on‐line;
• Proporcionar um ambiente calmo e descontraído, propício a um bom trabalho.
19. 19
Considerações finais
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
Como todos os modelos e formas de ensinar e de aprender, também as especificidades
do e‐learning implicam alguns cuidados. Julgamos fundamental o desenvolvimento de
um modelo pedagógico específico que envolva os alunos, quer ensinando, quer
mobilizando, respondendo prontamente a dúvidas colocadas e/ou perguntando,
verificando‐se, de facto, uma comunicação efectiva.
Para a própria sociedade de Informação em que vivemos, ainda existem muitas
vinculações ao passado, não tão distante como isso, que são motivadoras de problemas
pertinentes no ensino online, como:
• A informação, hoje em dia, “envelhece” mais rapidamente;
• A banalização do ensino on‐line sem estruturação coerente;
• A tecnologia pode funcionar como princípio que define a aprendizagem, quando
devia ser o contrário;
• Dar‐se mais valor ao material e à técnica do que ao conteúdo;
• Os Professores estarem “Formatados” para se concentrarem no domínio de um
conteúdo ou de técnicas didáticas;
• Confusão com outras formas de “Educação à Distância” (EaD) ou com a sala de
aula;
• Falta de identificação clara dos objectivos da utilização de novas tecnologias.
Esta prontidão exige uma disponibilidade generosa e um envolvimento profundo com o
processo. Por sua vez, este processo implica uma, quase óbvia, mudança de práticas, de
métodos e de estratégias. Mais do que uma grande familiaridade com a tecnologia,
ensinar online requer competências que envolvam os estudantes no desenvolvimento
dos seus próprios processos de aprendizagem e auto‐formação.
Por se tratar de um processo de auto‐formação as actividades a serem desenvolvidas,
devem respeitar o ritmo da comunidade virtual, para não provocar ansiedade ou
desmotivação, podendo mesmo levar ao abandono da formação.
Finalmente, exige‐se a um e‐formador coragem. Ele ensina numa sala de aula pública,
aberta a todos os visitantes. Não há porta fechada, os improvisos são difíceis e os
julgamentos fáceis. Nem todos poderão ter confiança suficiente nos seus métodos de
forma a torná‐los acessíveis à grande world wide Web. Esta condição torna o e‐learning
20. 20
uma modalidade de formação não tão barata, nem tão lucrativa como se pensa, pois é
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
necessário que se invista muito mais em Recursos Humanos.
“Of all the distance factors inherent in the classroom (social, cultural psychic and
physical), only the factor of physical distance between teacher and learner is irrelevant
to learning
(Wedemeyer, 1981)
21. 21
Bibliografia
[ e ‐ form ador] [s er for m ador o n‐ l ine : no vos desafios]
Berge, Z. (1995). Facilitating computer conferencing: recommendations from the fild.
Educational Technology , 35 (1) 22‐30.
Collison, G., Elabaum, G., Haavind, S., & Tinher, R. (2000). Facilitating on‐line learning ‐
effective strategies for moderators. Madison: Atwood Publish.
Dias, A. (2001). The role of the trainer in online courses. Actas da II Conferência
Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação: desafios 2001.
Braga: Centro de Competência Nônio Século XXI, Universidade do Minho.
Duggleby, J. (2002). Como ser um tutor on‐line. Lisboa: Monitor.
Lima, J., & Capitão, Z. (2003). E‐lerning e E‐conteúdos. Aplicações das teorias tradicionais
e modernas de ensino e aprendizagem à organização e estruturação de e‐cursos. Lisboa:
Centro Atlântico.
Mason, R. (1998). Using Communications media in open and flexible learning. London:
Kogan Page.
Morgado, L. (2001). O papel do professor em contextos de ensino on‐line. Discursos,
série III , pp. 125‐138.
Perrenoud, P. (2000). Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed
Editora.
Rodrigues, E. (2004). Competências dos e‐formadores. In A. A. Dias, & M. J. Gomes, E‐
lerning para e‐formadores (pp. 71‐95). Guimarães: TecMinho.
Salmon, G. (2000). E‐moderating: the key to teaching and learning on‐line. London:
Kogan page.
Shepherd, C. (2003). In search of the perfect e‐tutor. Obtido em 1 de Novembro de 2003,
de Training Foudations:
http://www.trainingfoundation.com/articles/default.asp?pageID=970