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Série Contos
                       Vampire: A Mascara
                                         2010


                                                     http://umcontoeponto.wordpress.com/




  Mais uma Noite – Um conto Ventrue
  Por Denilson de Paula                                                             02
  A Cidade Morta – Um conto Tremere
  Por Douglas Silva                                                                 04
  O início de uma Lenda – Um conto Gangrel
  Por Marcus Aurélio                                                                06
  Golconda – Um conto Gangrel
  Por Arthur Granja                                                                  08
  Uma Dança – Um conto Malkaviano
  Por Maria Ranúzia                                                                 10
  Agradecimentos
                                                                                     13




  Esses são contos que fazem do Brasil uma terra imortal e assombrada, vista
  pela ótica de algumas criaturas da noite que habitam por aqui...



“..A lenda pessoal é aquilo que você sempre desejou fazer. Todas as pessoas,
         no começo da juventude, sabem qual é sua lenda pessoal.”
                                                              (O Alquimista)



                          http://umcontoeponto.wordpress.com/
- 01 –
                  Mais uma noite– Um conto Ventrue

  Me desperto como quem acabado de ter um pesadelo, assustado. O primeiro impulso
é de tentar respirar, mas nunca me vem ar, são alguns segundos de desespero e depois
a verdade me vem à tona com todos os ruídos e pequenas nuances de cores que agora
eu vislumbro.
 Minha vida mudou completamente há exatos vinte anos, e desde então, eu ainda
tenho que tomar decisões que me tiram toda maldita noite, um pouco do antigo eu.
Levanto-me e as janelas se abrem ao sentido dos meus passos em sua direção, cada
centavo investido atuando da melhor maneira para o meu prazer. Escuto passos no
corredor e me concentro, sinto seu cheiro.
 A porta se abre alguns segundos antes de eu me virar, é Sandra me trazendo o jantar
pelas mãos com um sorriso no rosto. Ahh como eu adoro quando ela faz isso, assim
tenho mais tempo para resolver todos os assuntos do dia que não vou ver, das
reuniões que não vou participar e das pessoas com quem não vou falar.
 Ela deixa o jantar na cama, e sai comentando que vai me trazer os jornais do dia assim
como a agenda da noite. Eficiente como sempre, linda eternamente!Bocejo, sorrio e
espreguiço, afinal faz parte do charme de estar vivo não é? Então volto minha atenção
para meu jantar tudo da maneira como mais gosto, proporções perfeitas até consigo
sentir o cheiro de terra molhada e da cana de açúcar para ser cortada. O sabor de
malicia dentro da inocência.
 Caminho lentamente na direção dela e pergunto seu nome, não finjo ter vergonha em
esconder meu corpo para ela, afinal de contas, ela sabe o motivo de estar aqui e faz
muito tempo que descobriu que é muito mais vantajoso para ela do que pra mim! Ela
se levanta rindo, me abraça e me chama de “painho”
 - Maldita!
 A abraço e pergunto sobre seu dia, andando em direção do bar afim de um bom
uísque me lembro muito bem da Justina reclamando que eu não encostei um dedo no
Blue Label que me trouxe da última vez. Volto minha atenção para ela levando o
uísque, dane-se para o fato dela ser muito nova para beber, afinal de contas o que
pode acontecer comigo? Morrer? E ela vem andando, ou melhor, dançando e seus
olhos claros iluminando os meus, seus cabelos ondulando ao sabor do vento me
trazendo o cheiro de dinheiro bem investido e sua boca me lembrando o que está para
acontecer.
 Enquanto me visto Sandra entra no quarto e olha para o meu jantar ali deitada,
sonhando algo que nunca saberei, ela a cobre e deixa ao seu lado o presente desta
noite, algo que deve ter escolhido das sobras do que a dou. Entrega-me os jornais
dobrados estrategicamente nas paginas que me chamariam mais atenção, assim como
finge não notar que a olho com desejo, assim como eu finjo não notar que ela também
me olha do mesmo modo.
 Comenta que Lyon, antigo Gangrel da cidade marcou uma reunião no Caravela e que
todos os cabeças estarão lá, sorrindo para ela pergunto se quer ir dessa vez e me
entregando o terno responde rindo, debochadamente que não.


                                                                                          2
Então eu escuto mais passos no corredor, mas não são quaisquer passos, são firmes,
decididos, acompanhados do ruído do roçar do couro e dos penduricalhos de uma
jaqueta de motoqueiro, sinto o cheiro de cereja juntamente com o suor do capacete e
a gasolina de avião que maculou as botas que lhe dei no começo do mês.
 E lá vamos nos para mais uma noite em Recife, ser Capitão [como chamam o cargo de
Xerife em Recife] por aqui não será nada fácil...


                           Um conto de Jorge Emiliano
       Personagem criado por Denilson em Ago/ 2007 no Pernambuco by Night




"... Quando fiquei mais velho pude iniciar no projeto e desde então venho
acompanhando e jogando sempre que possível. O mais interessante do projeto é a
diversão, e aumentar o ciclo de amizades!..."
- Denilson


Jorge Emiliano: j3sm@hotmail.com
Denilson de Paula: Adriandiii@hotmail.com | @Denodepaula
http://olardodragao.blogspot.com/




                                                                                      3
- 02 -

       A Cidade Marcada – Um conto Tremere
 O portão de mármore se abre propositalmente no marcar da primeira vigília. Ao
levantar a minha movimentação é estranha, não sinto mais nada ao acordar e com um
dialeto morto a argila enriquece o vigor, mesclando-se a minha própria pele.
 O alimento que estivera preso e sedentário sacia novamente a fome que cresce.
Geburah não acordará hoje, poucas vezes o mesmo tomou o controle e sou capaz de
qualquer coisa para não deixá-lo vencer, pois não importa os danos materiais ou
psicológicos que venha a sofrer, minha existência depende de seu controle.
Principalmente entre aqueles que precisam de sua cognição em perfeito estado: Nós
os Feiticeiros do Sangue.
 É Terça Feira e tenho que me organizar. Mesmo a Capela estando próxima de minha
residência, pode ocorrer imprevistos. Tanta destruição programada, tantas sabotagens
sendo tramadas diante de nossos olhos, me pergunto como muitos tentam manter
seus preceitos mortais, agindo com seu falso moralismo. De fato, sinto que algo mal
cresce dentro de minha consciência e devo confessar que perdi o deslumbre pela
humanidade, mas tenho certeza que não tem nada a ver com a Besta.
  Vitória, minha Carniçal, prepara o carro, e já deixa tudo organizado, pois
provavelmente não conseguirei dirigir com toda essa multidão. As prévias
carnavelascas em Olinda me deixam atordoado e ainda me lembro da vez em que
Geburah acordou nas primeiras noites de abraço, há exatos 38 anos e as torturas em
que meu Senhor, que era um sádico perito no assunto, me fez experimentar por minha
falta de controle em um local com muitas pessoas.
 Como tenho uma resistência à dor, estouro os meus tímpanos e peço para que ela me
guie até lá. Mesmo surdo, consigo sentir o medo dos inquietos, o Mundo dos Mortos
está marcado, eu posso sentir; E a Umbra sofrera tantas mudanças que um especialista
do assunto ficaria completamente perdido.
 "Feliz é o Leito em que nenhum feiticeiro padeceu, pois maldito é o solo onde os
pensamentos mortos rapidamente se tornam novos e estranhamente incorporados,
pois o mal é a mente que nenhum crânio aprisiona."
 O poder do Sangue nos possibilita realizar milagres com pequenos gestos e
expressões, mas mentes totalmente sagazes e deturpadamente "brilhantes"
conseguiriam fazer coisas absurdas. E acho difícil mapear ou descobrir o que houve
com o conhecimento dos que viveram aqui e desapareceram subitamente, pois muitos
devem ter conseguido maneiras bastante desconvêncionais para manterem-se
existindo.
Estou chegando, sinto que a porta destravou, faço o Sangue cobrir os ferimentos no
ouvido e saio do carro. Sinto que o seu Guardião notificou minha presença, pois
consigo sentir seu movimento entre as paredes, sei que ele está dentro da Casa e ao
chegar vislumbro as nuances do local, consigo sentir seu poder sem estar em sua
presença, Gaius Lepidus.
 Gaius é um dos membros mais velhos e respeitados no qual já estive presente dentro
do clã. Os exagerados rumores a seu respeito não são nem sombra do seu real
potencial, visto que ele é um Magus, e deve possuir segredos incomensuráveis em


                                                                                       4
relação ao poder e magia do sangue.
 Ao cruzar a entrada da Casa, sinto que já estou em meu quarto, onde me aguarda um
medalhão e um manto. O mais interessante é que não estou surpreso, pois já
presenciei tal recepção diversas vezes.
 Hoje ele cobrará atitudes, não o conheço bem, nem possuo laço algum de
afetividade, mas ele está no topo e não cabe a mim, nem a nenhum dos convidados
ousarem questionar esta autoridade. Esta é nossa sina, união e obediência, mesmo
que isso seja passível de interpretação e diversas contradições, nos mantém vivo até
hoje.


                       Um conto de Samuel Rennê Bellemain
          Personagem criado por Douglas em Out/2007 no Pernambuco by Night




" É um projeto interativo muito interessante.A imaginação é o limite, mas mesmo no
mundo do tudo pode, deve haver certas limitações.
O importante é a Diversão Coletiva!"
- Doug

Samuel: samuel_bellemain@yahoo.com.br
Doug: doug_alamut@hotmail.com | @douglasdoozy




                                                                                       5
- 03 –
 O início de mais uma lenda - Um
         Conto Gangrel
 Noite calma no Horto de Dois Irmãos, residência coletiva dos Gangrel a muito
concedida por uma lenda chamada Adriano Andreotti, Senhor das Matas
Pernambucanas e Nordestinas. Os mitos sobre as conquistas desta “Entidade da
Natureza” não vem ao caso no momento. Apenas um conto acerca desta figura
lendária, se destacará nesta humilde fogueira. A algumas décadas atrás, a Casa das
Feras em Pernambuco era coordenada por cinco grandes Gangrel: Urick, Bernardo,
Ricardo Leão, Victor Harris e André, nomes estes que entrariam para a história no clã
posteriormente. Os contos e causos sobre Dom Adriano Andreotti sempre circularam
entre a família pernambucana, porém, não passava disto. Os mesmos cinco Gangrel
achavam que havia mais mito do que realidade nestes boatos e que tal criatura nunca
existira, que foram histórias inventadas por antepassados Gangrel a fim de impor
medo a seus inimigos para que não ousassem adentrar nas matas. Reza a lenda que os
animais são os Olhos e Ouvidos de Andreotti. Nada acontece nas reservas verdes sem
o conhecimento deste ser, inclusive boatos e opiniões de alguns jovens Gangrel sobre
vossa pessoa. Era uma noite inquieta no Horto de dois Irmãos. Um nevoeiro denso
envolvia as árvores, a fauna local estava agitada, e o ar, gélido como a espinha do
mundo. Qualquer habitante das matas sabe bem que mudanças bruscas em um devido
habitat indicam que algo nada agradável está acontecendo, e logo a incerteza e tensão
tomam conta do lugar. Os mesmos cinco Gangrel já estavam acostumados com os
perigos da floresta, e tinham conhecimento sobre a forma no qual este “aviso” era
dado. Era hora de averiguar a razão/fonte do problema.
 Ao saírem do Casarão Branca Dias, topam com uma criatura nunca vista antes: Um
homem com traços Caucasiano, Cabelos Negros e Curtos, Olhar Mortal, trajando uma
Bata Religiosa meio surrada. O quinteto estava em prontidão e a postos para agir.
Urick toma a frente e indaga: “ - Quem é você e como entrou nestas matas?”
Uma voz extremamente calma replica: “-O senhor destas Matas. Adriano Andreotti.”
Nesta hora um vento de arrepiar até a espinha dorsal é soprado. Urick recua à
presença dos seus quatro irmãos. Os cinco olham entre si e esboçam um sorriso
sarcástico. Ricardo Leão dá um passo à frente junto com Urick e fala: “- Faz-nos rir,
pobre criatura. Pagarás por tua audácia. E mesmo que seja esse tal de Andreotti, vai
ser desmistificado agora!”
 Ao final das palavras de Ricardo Leão, os cinco Gangrel partem pra cima do estranho,
selvagens como a besta e com sede de sangue. O “homem” não recuou ou adiantou
um passo sequer. Permanecia imóvel como um Rei em sua Colina.
 Urick o atacou com suas poderosas Garras as teve destruída; Ricardo Leão investiu



                                                                                        6
com uma Mordida potente e teve sua mandíbula destroçada; Bernardo o golpeou com
um chute capaz de nocautear um elefante e teve a perna estourada; Victor Harris e
André tomaram os flancos e atacaram simultaneamente com um soco em proporções
de abater um Touro e tiveram seus braços quebrados;
 Apesar de toda a Resiliência e Resistência que os Gangrel são conhecidos por
possuírem, os cinco estavam aleijados e caídos no chão. E imóvel permanecia o alvo
dos ataques. Nós Gangrel somos conhecidos pela veracidade nos contos e histórias
ditas numa fogueira. Estas foram as palavras do aparentemente, padre. - “Não movi
um músculo e todos vocês estão incapacitados de combater. Seria eu uma pobre
criatura ?”
 Urick se esforçou até onde pôde para ficar de joelhos, e com um olhar fumegante,
incitou a mesma vontade aos seus quatro irmãos. Logo mais os cinco estavam
ajoelhados ante uma lenda viva. “- Apartir deste dia, Todo Gangrel deve ajoelhar-se,
fazer o Sinal da Cruz e rezar para seja lá qual for seu Deus, pedindo clemência e
misericórdia na presença de Dom Adriano Andreotti” Disse Urick. Com a mesma
expressão imparcial que chegou, Dom Andreotti foi embora e desapareceu nas
profundezas do Horto de Dois Irmãos sem dizer uma palavra. Deste dia em diante, as
histórias contadas entre a Casa das Feras eram de que “A Lenda” já era viva antes
mesmo de Jesus Cristo ter nascido...

                             Um conto de Lyon Gafaryon
          Personagem criado por “Zezinho” em Abr/2002 no Pernambuco by Night




"O PEbN é um jogo que se este pelo Brasil e pelo mundo inteiro. Além de ser um projeto
com ideais legais, tinha o fator "amigos""
- "Zezinho"

Lyon: kidlupino@yahoo.com.br
Zezinho: @kidlupino




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- 04 –
        A Golconda – Um Conto Gangrel
                 (Convidado)
 A Besta é o monstro que parasita nossas almas amaldiçoadas, presa em nossas entranhas
borrando de negro o nosso coração que um dia fora humano e tornando-nos mais parecidos
com os vampiros que você está habituado a ler nos contos. É dela que vêm os nossos dons, a
nossa beleza sobrenatural, que encanta a tantos, e as nossas restrições. Um conjunto
maldições que nos impede de sair a luz do dia, que nos faz dormir quando não é noite, que nos
priva dos sabores da vida condenando-nos a sobreviver como vermes sugadores de sangue.
 A Besta também é responsável por impedir a nossa autodestruição, muitas vezes optada pelo
cansaço da “não-vida”, sempre vigiando nossos passos, julgando-nos. Decisões perversas a
alimenta como a uma criatura enjaulada que come a carne dada pelo seu criador, e, de forma
inversa, as decisões humanas enfraquecem-na. Eu pertenço ao inferno e para qualquer lugar
que eu for ainda estarei nele. A Besta era o Diabo. Os meus deslizes com ela deixavam marcas
e eu estava começando a ficar cheio delas...

 Há um meio de acabar com tudo isso e seu nome é Adriano Andreotti.
 A primeira vez que me falaram de Andreotti eu pensei que fosse mais uma daquelas histórias
que contam para os mais novos tirarem algo produtivo, mas talvez pelo meu desespero de
encontrar uma cura para essa minha condição tenha me levado a acreditar nos contos do clã
Gangrel. E as histórias eram de fato verdadeiras. Ele é um dos mais velhos vampiros de meu clã
de que se tem notícia. Contam que Andreotti respirava no dia em que Cristo fora pregado na
cruz. Ele foi abraçado por nossa família e ficou desaparecido por muitos séculos, buscando o
perdão, visitou todos os lugares sagrados à procura de segredos que o levasse a salvação.
 Adriano sabe sobre a Golconda muito mais do que qualquer outro Gangrel. Uma utopia cainita
que me fez procurá-lo por alguns séculos e descobrir seu paradeiro em Itamaracá. Olhei
embaixo de cada pedrinha da praia, deixei evidências de que queria encontrá-lo, mas seu
rastro desapareceu novamente e se esvaiu como água por entre os dedos.
 O perdão divino não é algo fácil de compreender. Não é como ir a uma igreja e pedir
clemência por ter violado algum dos dez mandamentos ou por ter cometido um dos sete
pecados capitais. Ser um vampiro, um amaldiçoado é o suficiente para nos ser negado o céu
mesmo sem nunca termos pecado, estando condenado a vagar eternamente como morto-
vivos sem pertencer a lugar algum. Fazer deste lugar um inferno é o nosso ofício, mas são
nossas escolhas que definirão para onde iremos quando chegar o juízo final. Isto é o perdão.
Fazer diferente do que nossa natureza nos manda. Andar ao lado da humanidade e não contra
ela. È a penitência que devemos pagar para alcançar o perdão e um alívio em saber que não
mais carregaremos a falha das gerações anteriores em nossos ombros.
 Embora eu conseguisse me manter no caminho para a Golconda ainda faltava alguma
coisa, o que tornou o meu encontro com Andreotti tão necessário. Lembro do que
Sartori me respondeu em séculos atrás quando o questionei sobre o assunto: “Golconda?
Fala-se muito e sabe-se pouco.”.

Não ajudou muito.

 Lyon convocou os Gangrel de Pernambuco em nome de Adriano Andreotti para expulsar
invasores lupinos do Horto de Dois Irmãos. Pensei que pudesse não ser verdade, o ancião
Gangrel seria apenas mais uma lenda para assustar os novatos ou para impressionar um
imbecil como eu. Além do mais, eu tinha bastante roupa suja para lavar em Petrolina, lugar



                                                                                                 8
que posso chamar de lar. Que azar o meu! O desgraçado realmente existe e resolveu de
aparecer quando eu não estava mais em Recife.
 Seria essa mais uma de minhas maldições? Não saber a verdade sobre o Perdão. Por algum
tempo eu pensei que não teria uma nova chance de estar cara a cara com o ancião. Viajei o
mais depressa que minhas asas de carcará podiam me levar, mas ele desaparecera novamente
sem deixar rastros. Com a ajuda de Lyon e outros Gangrel do Horto espalhamos recados por
entre os animais com o dom de Animalismo. Então esperei por alguns meses, mas não fui
respondido. O desânimo de mais uma falha quase me fez sucumbir a Besta e assim destruir o
que havia construído. Uma gangrena que consome a todos nós. A idade começava a pesar e
estava evidente a criatura sem consciência na qual me transformaria.
 É incrível como as coisas mudam de curso quando tudo está próximo de desabar. A melhor
notícia que recebi nesta “não-vida” veio de um rival. Davi Falcão é um Gangrel idiota que se
acha maior do que realmente é e fala como um aristocrata Ventrue esnobe. Ele deu a notícia
de que o Encontro sazonal do clã, que Uller havia programado e fora adiado por conta das
perseguições da Camarilla, está novamente marcado e Adriano Andreotti estará presente.
Finalmente uma chance...
Logo eu saberei o segredo da Golconda e então poderei estar novamente com ela... Minha
querida Claudia...

                               Um conto de Carcará
            Personagem criado por Arthur em Jan/ 2009 no Secas by Night




“Entrei em Janeiro de 2008. Conheci a galera do clube que é super gente fina e fiz
amizades de se levar pra vida inteira...”
- Arthur Granja


Arthur: hunter_linkin_park@hotmail.com | @ArthurGranja
http://umanjotorto.blogspot.com/




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- 05 –
                   Uma Dança – Um conto Malkaviano
 Quase como uma música incansavelmente repetida, às vezes me pergunto se tudo isso é real.
Pergunto-me como em uma década pode haver tantas mudanças, como me adaptei tão
rápido?! Ganesha, a quem devo minha eternidade, sempre me alertou a cerca das conquistas
que poderia obter se dançasse a música certa da forma correta, e do quanto era perigoso sujar
as mãos com a política dos anciões. Belos conselhos...
 Meus gélidos pés descalços encontram meu mais novo lar, o piso frio de madeira da mansão
Jardim de Pedra em Sorocaba/SP. Carrego pelas tiras um velho par de sapatilhas rosa
desbotado que balança ao meu caminhar silencioso pelos corredores em direção a longa porta
dupla. Ao atravessá-la um largo e clássico salão se revela, minha mente viaja nesse momento
até meu antigo lar, onde contemplava do décimo andar minha doce Recife...
... Lá, um portal semelhante me leva à sala de reuniões dos Filhos de Malkv. Recordo- me a
primeira vez em que estive ali, foi em uma noite quente de 2007 que conheci meus mais novos
irmãos. Afastada observava aqueles onze membros circundando uma velha mesa, falando ao
mesmo tempo. Apreciando cada fragmento, vislumbrando novos sabores de transformação da
humilhação incômoda ao respeito.

 Retorno de meus devaneios. Sento-me na poltrona de canto e como quem respira encaixo
suavemente meus dedos, um dia calejados, na ponteira siliconada ao fundo da sapatilha. E em
um piscar de olhos sinto os calos de outrora sangrando novamente...
... A voz da minha antiga professora retumba em meus ouvidos para que eu volte à posição.
Olho para o lado; fantasmas de outras alunas me aconselham a não continuar. É quando algo
dentro de mim não me permite desistir. Ao abrir os olhos já não sou uma aluna, não tenho
mais quinze anos.
 Cruzo aos tornozelos as fitas de cetim corroídas pelo tempo, um nó simples completa o ritual.
Levanto-me e desnecessariamente me alongo. Levo minha cabeça ao joelho, e sentindo o
mundo deitado fronte aos meus olhos retorno mais uma vez no tempo...
... Tempo em que os quadros e estátuas conversavam comigo; meus pais me olhavam com um
misto de pena e sofrimento, e diversas vezes era privada da companhia de pessoas. Meu
comportamento provavelmente causaria algum escândalo para os convidados dos Nolleto.
Deitada no chão, sedada e sem forças o mundo também se aquietava de lado, tal como agora.
Meus olhos ardiam, mas sempre mirava minhas primeiras sapatilhas, como naquela época um
sorriso sincero brota em meus lábios, a fonte de minha vida se desnuda mais uma vez esta
noite.

 Ao subir a cabeça, os primeiros acordes do piano são embriagantes, seu gosto é irresistível e
logo me abre o apetite. Abro um belo sorriso para o pianista que hoje não irá valsar comigo.
Hoje ele quer tocar para mim. Gabriel Lawrence Y. Wesson, para uns um grande ancião
Malkaviano, para outros o Mestre das Harpias mais influente do país, mas para mim; meu
Gabriel.
 Sua paradoxal frieza e doçura são ainda inteligíveis a mim. Ele não devolve o sorriso
abertamente, como sempre, mas seu olhar me convida ao salão. Minhas mãos percorrem
todo o contorno das pernas e cintura, meu corpo anuncia que está tudo pronto. Um
perfume doce toma minha lembrança...
... O frio adentra a janela da Sociedade Harmonia Lyra em Joinville/SC. Em meu
camarim n º 08 o calor percorria dois corpos, mãos firmes puxam a cintura fina da
jovem bailarina contra um corpo sem camisa. O amor aquecia nossos corpos e



                                                                                                 10
celebrava a noite de gala do maior festival de dança do país. Apesar dos louros, meu
maior prêmio era ele. Ainda com as sapatilhas, sentada no balcão, o perfume das flores
e o brilhar das medalhas não eram nada se comparados aos toques do forasteiro
escocês percorrendo cada centímetro do meu franzino corpo de adolescente. Naquela
época as noites não eram tão escuras, minha carne ainda tinha calor e minha inocência
não imaginava que meu amante se tratava de um ancião imortal.

 O gosto do “Mi” descendo suave pela garganta me traz de volta ao salão. Meus pés
quase que incontroláveis se elevam em um perfeito relevé reconhecendo o sabor... É o
início de Clair de Lune, música favorita de Lawrence. Enquanto ele a toca, ainda mais
perfeito que o próprio Debussy, meu corpo degusta cada nuance das teclas do lindo
piano negro de calda. Ainda lentos, os rond de jambes parecem escorrer deliciosamente
junto a meus braços que dedilhão o ar sincronizado ao gesso das velhas sapatilhas
Capézio temperando meus passos. Ao um vagaroso promenade en pointe posso
contemplar os detalhes do salão onde vejo com a nuca levemente inclinada, flores em
cima do piano, e recordo-me da rosa vermelha que Arantxa Negra carrega em seus
cabelos; assinando sua feminilidade cruel. O chapéu no cabide ao lado da janela me
lembra Jan Dvorak ou talvez Thiago Scapelli, se orgulhão tanto da frieza azeda que me
pergunto quem na verdade carrega a máscara para controlar. Minhas mãos deslizam sob
o contorno delicado das minha perna que se eleva en poite a altura da visão e então
recordo-me dos cuidados de Da Cunha. Fechando meus olhos posso sentir o cheiro de
Anne Sophie guiando meus passos, flutuando comigo em um pás de deux que segue
além dos mundos. Ao crescer da música percorro rapidamente o piso com um chainés e
ao sentir meus pés sincronizados lembro-me de Ana Paula e de como éramos unidas.
Mas assim como os pés se separam dando vez ao próximo passo, a política nos fez
caminhar por lugares diferentes dando espaço a outros enredos.

 Saboreio lascivamente os solos improvisados que Lawrence encaixa em meio aos
acordes, tal qual coexiste em mim a vitae dos loucos e dos artistas. Relações que se
encerram em um macio plié ao lembrar o ácido humor de Little Beth ou na explosiva
paciência de Lourraine, minhas irmãs mais queridas. No ponto máximo da música, um
alto grand jetê me faz abrir os braços em pleno ar sentindo uma liberdade exclusiva e
inconscientemente as imagens de Aquilles e Malakias fazem todo sentido de serem
lembradas.
 Gargalhadas infantis brotam a cada port de brás. Graça e harmonia já são parte de mim,
nem mesmo os artistas imortais conseguem me superar, transformei humilhação em
respeito e hoje os Filhos de Malkv são um dos pilares de Recife, e as noites como de
Joinville se repetem.

Um complicado attiti derrié faz meus pés doerem assim como meu corpo doeu durante
as noites duras em que dançar não era mais minha rotina, noites de Harpia, Senescal e
finalmente Primogena. Os leves fondis escorregam sobre as gotas de sangue no piso;
lembrança amarga do treinamento desnecessário ou talvez de um segredo que tende a
me perseguir.
O glissé em plié anuncia o fim da performance particular, o pianista me estende a mão
em sinal cortês. Caminho suavemente e sento-me ao seu lado dividindo o banquinho de
madeira negra. Seus dedos continuam a deslizar as teclas graves da direita e então me
arrisco a uma base aguda na esquerda. Seu braço envolve meu ombro como um pai que
cuida da filha e então percebo o quanto ele é capaz de ser humano longe dos olhares
públicos.



                                                                                          11
Hoje dancei, não como uma artista, como de costume. Dancei sob meus próprios
sonhos realizados, flutuei por entre prestígios e favores. Modificando a história e lendo
um novo capítulo.
 Dancei como uma Filha de Malkav, que transforma a realidade ao seu proveito.

                           Um conto de Amélia Nolleto
        Personagem criada por Ranúzia em Fev/ 2008 no Pernambuco by Night




" O by Night me trouxe amigos verdadeiros, pessoas que viajam meio pais pra me ver,
que me ligam no meio da madrugada. Ahhh enfim, só tenho a agradecer os carinhos,
mimos e tudo o que ganho aqui =] "
Raw


Amélia: amelianolleto@gmail.com |
http://camarilla.owbn.net/index.php?title=Am%C3%A9lia_Nolleto
Ranúzia: ranuziakinneas@gmail.com | @Ranuzia
http://www.laperpetua.blogspot.com/




                                                                                            12
Agradecimentos
Aos jogadores por permitirem publicar os contos dos seus personagens no blog e
alguns por fazê-los com o objetivo de engrandecer a qualidade do Um conto e Ponto.
A todos os seguidores do Blog por acompanharem mês a mês e dar opiniões, sua voz é
muito importante.

A todos aqueles que acreditam que Vampiro: A Máscara ainda é um jogo de Horror
Pessoal e não bolinhas na ficha, emails enviados e acumulo de prestígios.
Existe um mundo de possibilidades para quem tem criatividade.



@Ranuzia



                         http://umcontoeponto.wordpress.com/




                                                                                     13

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Série contos 2010 (vampire)

  • 1. Série Contos Vampire: A Mascara 2010 http://umcontoeponto.wordpress.com/ Mais uma Noite – Um conto Ventrue Por Denilson de Paula 02 A Cidade Morta – Um conto Tremere Por Douglas Silva 04 O início de uma Lenda – Um conto Gangrel Por Marcus Aurélio 06 Golconda – Um conto Gangrel Por Arthur Granja 08 Uma Dança – Um conto Malkaviano Por Maria Ranúzia 10 Agradecimentos 13 Esses são contos que fazem do Brasil uma terra imortal e assombrada, vista pela ótica de algumas criaturas da noite que habitam por aqui... “..A lenda pessoal é aquilo que você sempre desejou fazer. Todas as pessoas, no começo da juventude, sabem qual é sua lenda pessoal.” (O Alquimista) http://umcontoeponto.wordpress.com/
  • 2. - 01 – Mais uma noite– Um conto Ventrue Me desperto como quem acabado de ter um pesadelo, assustado. O primeiro impulso é de tentar respirar, mas nunca me vem ar, são alguns segundos de desespero e depois a verdade me vem à tona com todos os ruídos e pequenas nuances de cores que agora eu vislumbro. Minha vida mudou completamente há exatos vinte anos, e desde então, eu ainda tenho que tomar decisões que me tiram toda maldita noite, um pouco do antigo eu. Levanto-me e as janelas se abrem ao sentido dos meus passos em sua direção, cada centavo investido atuando da melhor maneira para o meu prazer. Escuto passos no corredor e me concentro, sinto seu cheiro. A porta se abre alguns segundos antes de eu me virar, é Sandra me trazendo o jantar pelas mãos com um sorriso no rosto. Ahh como eu adoro quando ela faz isso, assim tenho mais tempo para resolver todos os assuntos do dia que não vou ver, das reuniões que não vou participar e das pessoas com quem não vou falar. Ela deixa o jantar na cama, e sai comentando que vai me trazer os jornais do dia assim como a agenda da noite. Eficiente como sempre, linda eternamente!Bocejo, sorrio e espreguiço, afinal faz parte do charme de estar vivo não é? Então volto minha atenção para meu jantar tudo da maneira como mais gosto, proporções perfeitas até consigo sentir o cheiro de terra molhada e da cana de açúcar para ser cortada. O sabor de malicia dentro da inocência. Caminho lentamente na direção dela e pergunto seu nome, não finjo ter vergonha em esconder meu corpo para ela, afinal de contas, ela sabe o motivo de estar aqui e faz muito tempo que descobriu que é muito mais vantajoso para ela do que pra mim! Ela se levanta rindo, me abraça e me chama de “painho” - Maldita! A abraço e pergunto sobre seu dia, andando em direção do bar afim de um bom uísque me lembro muito bem da Justina reclamando que eu não encostei um dedo no Blue Label que me trouxe da última vez. Volto minha atenção para ela levando o uísque, dane-se para o fato dela ser muito nova para beber, afinal de contas o que pode acontecer comigo? Morrer? E ela vem andando, ou melhor, dançando e seus olhos claros iluminando os meus, seus cabelos ondulando ao sabor do vento me trazendo o cheiro de dinheiro bem investido e sua boca me lembrando o que está para acontecer. Enquanto me visto Sandra entra no quarto e olha para o meu jantar ali deitada, sonhando algo que nunca saberei, ela a cobre e deixa ao seu lado o presente desta noite, algo que deve ter escolhido das sobras do que a dou. Entrega-me os jornais dobrados estrategicamente nas paginas que me chamariam mais atenção, assim como finge não notar que a olho com desejo, assim como eu finjo não notar que ela também me olha do mesmo modo. Comenta que Lyon, antigo Gangrel da cidade marcou uma reunião no Caravela e que todos os cabeças estarão lá, sorrindo para ela pergunto se quer ir dessa vez e me entregando o terno responde rindo, debochadamente que não. 2
  • 3. Então eu escuto mais passos no corredor, mas não são quaisquer passos, são firmes, decididos, acompanhados do ruído do roçar do couro e dos penduricalhos de uma jaqueta de motoqueiro, sinto o cheiro de cereja juntamente com o suor do capacete e a gasolina de avião que maculou as botas que lhe dei no começo do mês. E lá vamos nos para mais uma noite em Recife, ser Capitão [como chamam o cargo de Xerife em Recife] por aqui não será nada fácil... Um conto de Jorge Emiliano Personagem criado por Denilson em Ago/ 2007 no Pernambuco by Night "... Quando fiquei mais velho pude iniciar no projeto e desde então venho acompanhando e jogando sempre que possível. O mais interessante do projeto é a diversão, e aumentar o ciclo de amizades!..." - Denilson Jorge Emiliano: j3sm@hotmail.com Denilson de Paula: Adriandiii@hotmail.com | @Denodepaula http://olardodragao.blogspot.com/ 3
  • 4. - 02 - A Cidade Marcada – Um conto Tremere O portão de mármore se abre propositalmente no marcar da primeira vigília. Ao levantar a minha movimentação é estranha, não sinto mais nada ao acordar e com um dialeto morto a argila enriquece o vigor, mesclando-se a minha própria pele. O alimento que estivera preso e sedentário sacia novamente a fome que cresce. Geburah não acordará hoje, poucas vezes o mesmo tomou o controle e sou capaz de qualquer coisa para não deixá-lo vencer, pois não importa os danos materiais ou psicológicos que venha a sofrer, minha existência depende de seu controle. Principalmente entre aqueles que precisam de sua cognição em perfeito estado: Nós os Feiticeiros do Sangue. É Terça Feira e tenho que me organizar. Mesmo a Capela estando próxima de minha residência, pode ocorrer imprevistos. Tanta destruição programada, tantas sabotagens sendo tramadas diante de nossos olhos, me pergunto como muitos tentam manter seus preceitos mortais, agindo com seu falso moralismo. De fato, sinto que algo mal cresce dentro de minha consciência e devo confessar que perdi o deslumbre pela humanidade, mas tenho certeza que não tem nada a ver com a Besta. Vitória, minha Carniçal, prepara o carro, e já deixa tudo organizado, pois provavelmente não conseguirei dirigir com toda essa multidão. As prévias carnavelascas em Olinda me deixam atordoado e ainda me lembro da vez em que Geburah acordou nas primeiras noites de abraço, há exatos 38 anos e as torturas em que meu Senhor, que era um sádico perito no assunto, me fez experimentar por minha falta de controle em um local com muitas pessoas. Como tenho uma resistência à dor, estouro os meus tímpanos e peço para que ela me guie até lá. Mesmo surdo, consigo sentir o medo dos inquietos, o Mundo dos Mortos está marcado, eu posso sentir; E a Umbra sofrera tantas mudanças que um especialista do assunto ficaria completamente perdido. "Feliz é o Leito em que nenhum feiticeiro padeceu, pois maldito é o solo onde os pensamentos mortos rapidamente se tornam novos e estranhamente incorporados, pois o mal é a mente que nenhum crânio aprisiona." O poder do Sangue nos possibilita realizar milagres com pequenos gestos e expressões, mas mentes totalmente sagazes e deturpadamente "brilhantes" conseguiriam fazer coisas absurdas. E acho difícil mapear ou descobrir o que houve com o conhecimento dos que viveram aqui e desapareceram subitamente, pois muitos devem ter conseguido maneiras bastante desconvêncionais para manterem-se existindo. Estou chegando, sinto que a porta destravou, faço o Sangue cobrir os ferimentos no ouvido e saio do carro. Sinto que o seu Guardião notificou minha presença, pois consigo sentir seu movimento entre as paredes, sei que ele está dentro da Casa e ao chegar vislumbro as nuances do local, consigo sentir seu poder sem estar em sua presença, Gaius Lepidus. Gaius é um dos membros mais velhos e respeitados no qual já estive presente dentro do clã. Os exagerados rumores a seu respeito não são nem sombra do seu real potencial, visto que ele é um Magus, e deve possuir segredos incomensuráveis em 4
  • 5. relação ao poder e magia do sangue. Ao cruzar a entrada da Casa, sinto que já estou em meu quarto, onde me aguarda um medalhão e um manto. O mais interessante é que não estou surpreso, pois já presenciei tal recepção diversas vezes. Hoje ele cobrará atitudes, não o conheço bem, nem possuo laço algum de afetividade, mas ele está no topo e não cabe a mim, nem a nenhum dos convidados ousarem questionar esta autoridade. Esta é nossa sina, união e obediência, mesmo que isso seja passível de interpretação e diversas contradições, nos mantém vivo até hoje. Um conto de Samuel Rennê Bellemain Personagem criado por Douglas em Out/2007 no Pernambuco by Night " É um projeto interativo muito interessante.A imaginação é o limite, mas mesmo no mundo do tudo pode, deve haver certas limitações. O importante é a Diversão Coletiva!" - Doug Samuel: samuel_bellemain@yahoo.com.br Doug: doug_alamut@hotmail.com | @douglasdoozy 5
  • 6. - 03 – O início de mais uma lenda - Um Conto Gangrel Noite calma no Horto de Dois Irmãos, residência coletiva dos Gangrel a muito concedida por uma lenda chamada Adriano Andreotti, Senhor das Matas Pernambucanas e Nordestinas. Os mitos sobre as conquistas desta “Entidade da Natureza” não vem ao caso no momento. Apenas um conto acerca desta figura lendária, se destacará nesta humilde fogueira. A algumas décadas atrás, a Casa das Feras em Pernambuco era coordenada por cinco grandes Gangrel: Urick, Bernardo, Ricardo Leão, Victor Harris e André, nomes estes que entrariam para a história no clã posteriormente. Os contos e causos sobre Dom Adriano Andreotti sempre circularam entre a família pernambucana, porém, não passava disto. Os mesmos cinco Gangrel achavam que havia mais mito do que realidade nestes boatos e que tal criatura nunca existira, que foram histórias inventadas por antepassados Gangrel a fim de impor medo a seus inimigos para que não ousassem adentrar nas matas. Reza a lenda que os animais são os Olhos e Ouvidos de Andreotti. Nada acontece nas reservas verdes sem o conhecimento deste ser, inclusive boatos e opiniões de alguns jovens Gangrel sobre vossa pessoa. Era uma noite inquieta no Horto de dois Irmãos. Um nevoeiro denso envolvia as árvores, a fauna local estava agitada, e o ar, gélido como a espinha do mundo. Qualquer habitante das matas sabe bem que mudanças bruscas em um devido habitat indicam que algo nada agradável está acontecendo, e logo a incerteza e tensão tomam conta do lugar. Os mesmos cinco Gangrel já estavam acostumados com os perigos da floresta, e tinham conhecimento sobre a forma no qual este “aviso” era dado. Era hora de averiguar a razão/fonte do problema. Ao saírem do Casarão Branca Dias, topam com uma criatura nunca vista antes: Um homem com traços Caucasiano, Cabelos Negros e Curtos, Olhar Mortal, trajando uma Bata Religiosa meio surrada. O quinteto estava em prontidão e a postos para agir. Urick toma a frente e indaga: “ - Quem é você e como entrou nestas matas?” Uma voz extremamente calma replica: “-O senhor destas Matas. Adriano Andreotti.” Nesta hora um vento de arrepiar até a espinha dorsal é soprado. Urick recua à presença dos seus quatro irmãos. Os cinco olham entre si e esboçam um sorriso sarcástico. Ricardo Leão dá um passo à frente junto com Urick e fala: “- Faz-nos rir, pobre criatura. Pagarás por tua audácia. E mesmo que seja esse tal de Andreotti, vai ser desmistificado agora!” Ao final das palavras de Ricardo Leão, os cinco Gangrel partem pra cima do estranho, selvagens como a besta e com sede de sangue. O “homem” não recuou ou adiantou um passo sequer. Permanecia imóvel como um Rei em sua Colina. Urick o atacou com suas poderosas Garras as teve destruída; Ricardo Leão investiu 6
  • 7. com uma Mordida potente e teve sua mandíbula destroçada; Bernardo o golpeou com um chute capaz de nocautear um elefante e teve a perna estourada; Victor Harris e André tomaram os flancos e atacaram simultaneamente com um soco em proporções de abater um Touro e tiveram seus braços quebrados; Apesar de toda a Resiliência e Resistência que os Gangrel são conhecidos por possuírem, os cinco estavam aleijados e caídos no chão. E imóvel permanecia o alvo dos ataques. Nós Gangrel somos conhecidos pela veracidade nos contos e histórias ditas numa fogueira. Estas foram as palavras do aparentemente, padre. - “Não movi um músculo e todos vocês estão incapacitados de combater. Seria eu uma pobre criatura ?” Urick se esforçou até onde pôde para ficar de joelhos, e com um olhar fumegante, incitou a mesma vontade aos seus quatro irmãos. Logo mais os cinco estavam ajoelhados ante uma lenda viva. “- Apartir deste dia, Todo Gangrel deve ajoelhar-se, fazer o Sinal da Cruz e rezar para seja lá qual for seu Deus, pedindo clemência e misericórdia na presença de Dom Adriano Andreotti” Disse Urick. Com a mesma expressão imparcial que chegou, Dom Andreotti foi embora e desapareceu nas profundezas do Horto de Dois Irmãos sem dizer uma palavra. Deste dia em diante, as histórias contadas entre a Casa das Feras eram de que “A Lenda” já era viva antes mesmo de Jesus Cristo ter nascido... Um conto de Lyon Gafaryon Personagem criado por “Zezinho” em Abr/2002 no Pernambuco by Night "O PEbN é um jogo que se este pelo Brasil e pelo mundo inteiro. Além de ser um projeto com ideais legais, tinha o fator "amigos"" - "Zezinho" Lyon: kidlupino@yahoo.com.br Zezinho: @kidlupino 7
  • 8. - 04 – A Golconda – Um Conto Gangrel (Convidado) A Besta é o monstro que parasita nossas almas amaldiçoadas, presa em nossas entranhas borrando de negro o nosso coração que um dia fora humano e tornando-nos mais parecidos com os vampiros que você está habituado a ler nos contos. É dela que vêm os nossos dons, a nossa beleza sobrenatural, que encanta a tantos, e as nossas restrições. Um conjunto maldições que nos impede de sair a luz do dia, que nos faz dormir quando não é noite, que nos priva dos sabores da vida condenando-nos a sobreviver como vermes sugadores de sangue. A Besta também é responsável por impedir a nossa autodestruição, muitas vezes optada pelo cansaço da “não-vida”, sempre vigiando nossos passos, julgando-nos. Decisões perversas a alimenta como a uma criatura enjaulada que come a carne dada pelo seu criador, e, de forma inversa, as decisões humanas enfraquecem-na. Eu pertenço ao inferno e para qualquer lugar que eu for ainda estarei nele. A Besta era o Diabo. Os meus deslizes com ela deixavam marcas e eu estava começando a ficar cheio delas... Há um meio de acabar com tudo isso e seu nome é Adriano Andreotti. A primeira vez que me falaram de Andreotti eu pensei que fosse mais uma daquelas histórias que contam para os mais novos tirarem algo produtivo, mas talvez pelo meu desespero de encontrar uma cura para essa minha condição tenha me levado a acreditar nos contos do clã Gangrel. E as histórias eram de fato verdadeiras. Ele é um dos mais velhos vampiros de meu clã de que se tem notícia. Contam que Andreotti respirava no dia em que Cristo fora pregado na cruz. Ele foi abraçado por nossa família e ficou desaparecido por muitos séculos, buscando o perdão, visitou todos os lugares sagrados à procura de segredos que o levasse a salvação. Adriano sabe sobre a Golconda muito mais do que qualquer outro Gangrel. Uma utopia cainita que me fez procurá-lo por alguns séculos e descobrir seu paradeiro em Itamaracá. Olhei embaixo de cada pedrinha da praia, deixei evidências de que queria encontrá-lo, mas seu rastro desapareceu novamente e se esvaiu como água por entre os dedos. O perdão divino não é algo fácil de compreender. Não é como ir a uma igreja e pedir clemência por ter violado algum dos dez mandamentos ou por ter cometido um dos sete pecados capitais. Ser um vampiro, um amaldiçoado é o suficiente para nos ser negado o céu mesmo sem nunca termos pecado, estando condenado a vagar eternamente como morto- vivos sem pertencer a lugar algum. Fazer deste lugar um inferno é o nosso ofício, mas são nossas escolhas que definirão para onde iremos quando chegar o juízo final. Isto é o perdão. Fazer diferente do que nossa natureza nos manda. Andar ao lado da humanidade e não contra ela. È a penitência que devemos pagar para alcançar o perdão e um alívio em saber que não mais carregaremos a falha das gerações anteriores em nossos ombros. Embora eu conseguisse me manter no caminho para a Golconda ainda faltava alguma coisa, o que tornou o meu encontro com Andreotti tão necessário. Lembro do que Sartori me respondeu em séculos atrás quando o questionei sobre o assunto: “Golconda? Fala-se muito e sabe-se pouco.”. Não ajudou muito. Lyon convocou os Gangrel de Pernambuco em nome de Adriano Andreotti para expulsar invasores lupinos do Horto de Dois Irmãos. Pensei que pudesse não ser verdade, o ancião Gangrel seria apenas mais uma lenda para assustar os novatos ou para impressionar um imbecil como eu. Além do mais, eu tinha bastante roupa suja para lavar em Petrolina, lugar 8
  • 9. que posso chamar de lar. Que azar o meu! O desgraçado realmente existe e resolveu de aparecer quando eu não estava mais em Recife. Seria essa mais uma de minhas maldições? Não saber a verdade sobre o Perdão. Por algum tempo eu pensei que não teria uma nova chance de estar cara a cara com o ancião. Viajei o mais depressa que minhas asas de carcará podiam me levar, mas ele desaparecera novamente sem deixar rastros. Com a ajuda de Lyon e outros Gangrel do Horto espalhamos recados por entre os animais com o dom de Animalismo. Então esperei por alguns meses, mas não fui respondido. O desânimo de mais uma falha quase me fez sucumbir a Besta e assim destruir o que havia construído. Uma gangrena que consome a todos nós. A idade começava a pesar e estava evidente a criatura sem consciência na qual me transformaria. É incrível como as coisas mudam de curso quando tudo está próximo de desabar. A melhor notícia que recebi nesta “não-vida” veio de um rival. Davi Falcão é um Gangrel idiota que se acha maior do que realmente é e fala como um aristocrata Ventrue esnobe. Ele deu a notícia de que o Encontro sazonal do clã, que Uller havia programado e fora adiado por conta das perseguições da Camarilla, está novamente marcado e Adriano Andreotti estará presente. Finalmente uma chance... Logo eu saberei o segredo da Golconda e então poderei estar novamente com ela... Minha querida Claudia... Um conto de Carcará Personagem criado por Arthur em Jan/ 2009 no Secas by Night “Entrei em Janeiro de 2008. Conheci a galera do clube que é super gente fina e fiz amizades de se levar pra vida inteira...” - Arthur Granja Arthur: hunter_linkin_park@hotmail.com | @ArthurGranja http://umanjotorto.blogspot.com/ 9
  • 10. - 05 – Uma Dança – Um conto Malkaviano Quase como uma música incansavelmente repetida, às vezes me pergunto se tudo isso é real. Pergunto-me como em uma década pode haver tantas mudanças, como me adaptei tão rápido?! Ganesha, a quem devo minha eternidade, sempre me alertou a cerca das conquistas que poderia obter se dançasse a música certa da forma correta, e do quanto era perigoso sujar as mãos com a política dos anciões. Belos conselhos... Meus gélidos pés descalços encontram meu mais novo lar, o piso frio de madeira da mansão Jardim de Pedra em Sorocaba/SP. Carrego pelas tiras um velho par de sapatilhas rosa desbotado que balança ao meu caminhar silencioso pelos corredores em direção a longa porta dupla. Ao atravessá-la um largo e clássico salão se revela, minha mente viaja nesse momento até meu antigo lar, onde contemplava do décimo andar minha doce Recife... ... Lá, um portal semelhante me leva à sala de reuniões dos Filhos de Malkv. Recordo- me a primeira vez em que estive ali, foi em uma noite quente de 2007 que conheci meus mais novos irmãos. Afastada observava aqueles onze membros circundando uma velha mesa, falando ao mesmo tempo. Apreciando cada fragmento, vislumbrando novos sabores de transformação da humilhação incômoda ao respeito. Retorno de meus devaneios. Sento-me na poltrona de canto e como quem respira encaixo suavemente meus dedos, um dia calejados, na ponteira siliconada ao fundo da sapatilha. E em um piscar de olhos sinto os calos de outrora sangrando novamente... ... A voz da minha antiga professora retumba em meus ouvidos para que eu volte à posição. Olho para o lado; fantasmas de outras alunas me aconselham a não continuar. É quando algo dentro de mim não me permite desistir. Ao abrir os olhos já não sou uma aluna, não tenho mais quinze anos. Cruzo aos tornozelos as fitas de cetim corroídas pelo tempo, um nó simples completa o ritual. Levanto-me e desnecessariamente me alongo. Levo minha cabeça ao joelho, e sentindo o mundo deitado fronte aos meus olhos retorno mais uma vez no tempo... ... Tempo em que os quadros e estátuas conversavam comigo; meus pais me olhavam com um misto de pena e sofrimento, e diversas vezes era privada da companhia de pessoas. Meu comportamento provavelmente causaria algum escândalo para os convidados dos Nolleto. Deitada no chão, sedada e sem forças o mundo também se aquietava de lado, tal como agora. Meus olhos ardiam, mas sempre mirava minhas primeiras sapatilhas, como naquela época um sorriso sincero brota em meus lábios, a fonte de minha vida se desnuda mais uma vez esta noite. Ao subir a cabeça, os primeiros acordes do piano são embriagantes, seu gosto é irresistível e logo me abre o apetite. Abro um belo sorriso para o pianista que hoje não irá valsar comigo. Hoje ele quer tocar para mim. Gabriel Lawrence Y. Wesson, para uns um grande ancião Malkaviano, para outros o Mestre das Harpias mais influente do país, mas para mim; meu Gabriel. Sua paradoxal frieza e doçura são ainda inteligíveis a mim. Ele não devolve o sorriso abertamente, como sempre, mas seu olhar me convida ao salão. Minhas mãos percorrem todo o contorno das pernas e cintura, meu corpo anuncia que está tudo pronto. Um perfume doce toma minha lembrança... ... O frio adentra a janela da Sociedade Harmonia Lyra em Joinville/SC. Em meu camarim n º 08 o calor percorria dois corpos, mãos firmes puxam a cintura fina da jovem bailarina contra um corpo sem camisa. O amor aquecia nossos corpos e 10
  • 11. celebrava a noite de gala do maior festival de dança do país. Apesar dos louros, meu maior prêmio era ele. Ainda com as sapatilhas, sentada no balcão, o perfume das flores e o brilhar das medalhas não eram nada se comparados aos toques do forasteiro escocês percorrendo cada centímetro do meu franzino corpo de adolescente. Naquela época as noites não eram tão escuras, minha carne ainda tinha calor e minha inocência não imaginava que meu amante se tratava de um ancião imortal. O gosto do “Mi” descendo suave pela garganta me traz de volta ao salão. Meus pés quase que incontroláveis se elevam em um perfeito relevé reconhecendo o sabor... É o início de Clair de Lune, música favorita de Lawrence. Enquanto ele a toca, ainda mais perfeito que o próprio Debussy, meu corpo degusta cada nuance das teclas do lindo piano negro de calda. Ainda lentos, os rond de jambes parecem escorrer deliciosamente junto a meus braços que dedilhão o ar sincronizado ao gesso das velhas sapatilhas Capézio temperando meus passos. Ao um vagaroso promenade en pointe posso contemplar os detalhes do salão onde vejo com a nuca levemente inclinada, flores em cima do piano, e recordo-me da rosa vermelha que Arantxa Negra carrega em seus cabelos; assinando sua feminilidade cruel. O chapéu no cabide ao lado da janela me lembra Jan Dvorak ou talvez Thiago Scapelli, se orgulhão tanto da frieza azeda que me pergunto quem na verdade carrega a máscara para controlar. Minhas mãos deslizam sob o contorno delicado das minha perna que se eleva en poite a altura da visão e então recordo-me dos cuidados de Da Cunha. Fechando meus olhos posso sentir o cheiro de Anne Sophie guiando meus passos, flutuando comigo em um pás de deux que segue além dos mundos. Ao crescer da música percorro rapidamente o piso com um chainés e ao sentir meus pés sincronizados lembro-me de Ana Paula e de como éramos unidas. Mas assim como os pés se separam dando vez ao próximo passo, a política nos fez caminhar por lugares diferentes dando espaço a outros enredos. Saboreio lascivamente os solos improvisados que Lawrence encaixa em meio aos acordes, tal qual coexiste em mim a vitae dos loucos e dos artistas. Relações que se encerram em um macio plié ao lembrar o ácido humor de Little Beth ou na explosiva paciência de Lourraine, minhas irmãs mais queridas. No ponto máximo da música, um alto grand jetê me faz abrir os braços em pleno ar sentindo uma liberdade exclusiva e inconscientemente as imagens de Aquilles e Malakias fazem todo sentido de serem lembradas. Gargalhadas infantis brotam a cada port de brás. Graça e harmonia já são parte de mim, nem mesmo os artistas imortais conseguem me superar, transformei humilhação em respeito e hoje os Filhos de Malkv são um dos pilares de Recife, e as noites como de Joinville se repetem. Um complicado attiti derrié faz meus pés doerem assim como meu corpo doeu durante as noites duras em que dançar não era mais minha rotina, noites de Harpia, Senescal e finalmente Primogena. Os leves fondis escorregam sobre as gotas de sangue no piso; lembrança amarga do treinamento desnecessário ou talvez de um segredo que tende a me perseguir. O glissé em plié anuncia o fim da performance particular, o pianista me estende a mão em sinal cortês. Caminho suavemente e sento-me ao seu lado dividindo o banquinho de madeira negra. Seus dedos continuam a deslizar as teclas graves da direita e então me arrisco a uma base aguda na esquerda. Seu braço envolve meu ombro como um pai que cuida da filha e então percebo o quanto ele é capaz de ser humano longe dos olhares públicos. 11
  • 12. Hoje dancei, não como uma artista, como de costume. Dancei sob meus próprios sonhos realizados, flutuei por entre prestígios e favores. Modificando a história e lendo um novo capítulo. Dancei como uma Filha de Malkav, que transforma a realidade ao seu proveito. Um conto de Amélia Nolleto Personagem criada por Ranúzia em Fev/ 2008 no Pernambuco by Night " O by Night me trouxe amigos verdadeiros, pessoas que viajam meio pais pra me ver, que me ligam no meio da madrugada. Ahhh enfim, só tenho a agradecer os carinhos, mimos e tudo o que ganho aqui =] " Raw Amélia: amelianolleto@gmail.com | http://camarilla.owbn.net/index.php?title=Am%C3%A9lia_Nolleto Ranúzia: ranuziakinneas@gmail.com | @Ranuzia http://www.laperpetua.blogspot.com/ 12
  • 13. Agradecimentos Aos jogadores por permitirem publicar os contos dos seus personagens no blog e alguns por fazê-los com o objetivo de engrandecer a qualidade do Um conto e Ponto. A todos os seguidores do Blog por acompanharem mês a mês e dar opiniões, sua voz é muito importante. A todos aqueles que acreditam que Vampiro: A Máscara ainda é um jogo de Horror Pessoal e não bolinhas na ficha, emails enviados e acumulo de prestígios. Existe um mundo de possibilidades para quem tem criatividade. @Ranuzia http://umcontoeponto.wordpress.com/ 13