Este documento apresenta uma biografia e alguns poemas de Eugénio de Andrade. A biografia resume a vida do poeta, nascido em 1923, que publicou seu primeiro livro em 1939. A bibliografia lista as principais obras do autor. Os poemas incluem "Os amantes sem dinheiro", "Na varanda de Florbela", "Mar de Setembro", "É urgente o amor" e "Adeus".
1. Eugénio de Andrade
Trabalho realizado por: Carolina Leite nº2 8ºA
José Gonçalves nº11 8ºA
Disciplina: Português
Professora: Clementina Gomes
Escola EB 2,3/S de Mondim de Basto
2014/15
3. Biografia
Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas,
nasceu na freguesia de Póvoa de Atalaia (Fundão) em 19 de
Janeiro de 1923. Fixou-se em Lisboa aos dez anos, com a
mãe, que entretanto se separara do pai.
Frequentou o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica
Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas
em 1936. Em 1939 publicou o seu primeiro livro, Narciso.
O poeta faleceu a 13 de junho de 2005 com 82 anos,
no Porto.
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4. Bibliografia
"Adolescente". Lisboa, ed.do
Autor, 1942.
"Pureza". Lisboa, Livraria
Francesa, 1945.
"As Mãos e os Frutos". Lisboa,
Portugália, 1948.
"Os Amantes sem Dinheiro".
Lisboa, Centro Bibliográfico,
1950.
"As Palavras Interditas". Lisboa,
Centro Bibliográfico, 1951.
"Até Amanhã". Lisboa,
Guimarães Editores, 1956.
"Coração do Dia". Lisboa,
Iniciativas Editoriais, 1958.
"Mar de Setembro".1961.
"Ostinato Rigore". Lisboa,
Guimarães Editores, 1964.
"Obscuro Domínio". Porto,
Editorial Inova, 1971.
"Véspera da Água". Porto,
Editorial Inova, 1973.
"Escrita da Terra e Outros
Epitáfios". Porto, Editorial
Inova, 1974.
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6. Os amantes sem dinheiro
Tinham o rosto aberto a quem passava
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão. Tinha como
toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos,
mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
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7. Na varanda de Florbela
Aqui cantaste nua.
Aqui bebeste a planície, a lua,
e ao vento deste os olhos a
beber.
Aqui abandonaste as mãos
a tudo o que não chega a
acontecer.
Aqui vieram bailar as estações
e com elas tu bailaste.
Aqui mordeste os seios por
abrir,
fechaste o corpo à sede das
searas
e no lume de ti própria te
queimaste.
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8. Mar de Setembro
Tudo era claro:
céu, lábios, areias.
O mar estava perto,
Fremente de espumas.
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam,
dóceis, leves, só
alma e brancura.
Felizes, cantam;
serenos, dormem;
despertos, amam,
exaltam o silêncio.
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto,
puríssimo, doirado.
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9. É urgente o amor
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
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10. Adeus
Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou, se preferes, minha boca nos teus olhos
carregada de flor e dos teus dedos;
como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve - e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.
Como se a noite se viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
Digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde teu corpo principia.
Como se houvesse nuvens sobre nuvens
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou, se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.
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