O presente artigo tem como objetivo realizar um levantamento bibliográfico a respeito da
preparação cirúrgica de rufiões bovinos, incluindo as considerações gerais, procedimentos
anestésicos e técnicas cirúrgicas utilizadas.
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
Considerações na preparação cirúrgica de rufiões bovinos
1. Pierre Barnabé Escodro
Professor Assistente da disciplina de Clínica
Cirúrgica do Curso de Medicina Veterinária UFAL.
pierre.vet@gmail.com
Hélio Martins de Aquino Neto
Professor Assistente do Curso de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Alagoas
hvet51@yahoo.com.br
Lilian de Rezende Jordão
Médica Veterinária Especialista em Clínica Cirúrgica
de Grandes Animais, Mestre em Zootecnia Produção Animal
lilianjordao@gmail.com
Considerations in surgical
preparation of teaser bulls
FONTE: VANDESTEEN JÚNIOR, 2010
Considerações
na preparação
cirúrgica de
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo realizar um levantamento bibliográfico a respeito da
preparação cirúrgica de rufiões bovinos, incluindo as considerações gerais, procedimentos
anestésicos e técnicas cirúrgicas utilizadas.
Unitermos: bovinos, rufião, considerações cirúrgicas
ABSTRACT
The present article has as objective to carry through a bibliographical inquiry regarding
the surgical preparation of teaser bulls, including the common considerations, anesthesics
procedures, common considerations and used surgical techniques.
Keywords: bovine, teaser, surgical considerations
1. Introdução
A inseminação artificial e a monta controlada, além de serem práticas importantes no melhoramento genético do rebanho,
desempenham importante papel no controle
de várias enfermidades do aparelho reprodutivo. É uma prática utilizada na maioria
das propriedades do Brasil, sendo que a
detecção do cio das vacas a serem inseminadas ou cobertas pode representar um problema na execução da inseminação artificial, principalmente em grandes propriedades de bovinocultura de corte. Para minimizar tal problema, têm-se empregado
machos que, embora incapacitados para a
fecundação, podem efetuar o salto sobre a
fêmea, indicando seu estado de receptividade sexual. Tais animais são designados
de rufiões e podem ser obtidos a partir de
diferentes métodos 5,10.
Os métodos de obtenção de rufiões bovinos compreendem técnicas cirúrgicas e
não cirúrgicas. A androgenização de fêmeas e o freemartinismo são as técnicas não
cirúrgicas mais utilizadas3,4.
Dentre as técnicas cirúrgicas, existem
aquelas que não impedem a cópula, como
a vasectomia, orquiectomia e suplementação hormonal, e a remoção da cauda do epidídimo, e aquelas em que a cópula é praticamente impossível. Entre essas técnicas
cirúrgicas estão: a aderência do pênis, retroflexão, formação de fundo de saco prepucial, falectomia, desvio ventral de pênis,
desvio lateral e translocação de óstio prepucial, remoção do ligamento apical e fi-
xação de flexura sigmóide do pênis3,4,7,11.
OEHME (1988) e SILVA et al (2002)
recomendaram a adição da vasectomia ou
da remoção da cauda do epidídimo às técnicas cirúrgicas que impedem a cópula,
para assegurar a ausência de prenhês, caso
haja cópula acidental.
O desconhecimento a respeito do desempenho sexual de rufiões bovinos e de
igual forma sobre os fatores que podem afetá-los é atribuído, em parte, aos poucos trabalhos desenvolvidos nesta área e a ausência do monitoramento dos animais em atividade em relação ao tempo pós-operatório, já que os médicos veterinários de campo não têm interesse em pesquisa relacionada15. Informações a esse respeito são apenas baseadas em simples observações, sem
a realização de estudos científicos. Desse
modo, SHIPILOV (1964) relatou que o emprego de técnicas cirúrgicas visando incapacitar os animais para a cópula pode influenciá-los psicologicamente, inibindolhes os reflexos sexuais.
EURIDES e PIPPI (1983) também relataram que, devido à impossibilidade de
praticar o ato sexual pelos rufiões obtidos
por determinadas técnicas cirúrgicas, a li-
2. bido pode diminuir com o passar do tempo.
O objetivo do artigo é relatar os cuidados pré-operatórios e anestésicos de animais
que serão submetidos às técnicas cirúrgicas de obtenção de rufiões bovinos, bem
como explicitar e comentar as principais
técnicas cirúrgicas utilizadas no cotidiano
da pecuária brasileira.
2. Cuidados pré-operatórios
e Anestésicos
Para obter-se um bom rufião, independente da técnica, a escolha do animal é imprescindível, devendo-se indicar animais
que apresentam boa libido. Ao mesmo tempo, animais jovens e leves são mais indicados para o procedimento cirúrgico, devido
aos melhores resultados trans e pós-cirúrgicos, principalmente no que diz respeito
às transcorrências anestésicas, tempo de
procedimento cirúrgico e qualidade de cicatrização. Assim sugere-se a utilização de
animais na faixa de 15 a 20 meses, bom
escore corporal, com peso máximo de 250
a 270 kg2,3,8,21.
Outro aspecto a ser considerado é que
os animais escolhidos devem ser testados e
apresentarem resultados negativos para
Brucelose e Tuberculose, sendo que o exame clínico individual detalhado, quando
possível, pode ser realizado, com ênfase
especial no aparelho reprodutivo14,17.
Em relação ao exame clínico do bovino
a ser escolhido leva-se em consideração o
tipo de prepúcio e tamanho do abdômen,
com a finalidade de amenizar as complicações pós-operatórias, optando-se por animais que apresentassem prepúcio pouco
penduloso e abdômen pouco distendido12,14.
Uma vez escolhido o animal, a técnica
cirúrgica e a anestesia devem ser indicadas, analisando o paciente, destreza cirúrgica, local de execução e equipe de apoio.
O melhor procedimento anestésico é a neuroleptoanalgesia, mantendo-se o animal em
posição quadrupedal, porém as técnicas cirúrgicas factíveis nesta categoria de procedimento seriam a vasectomia e epididectomia, dependendo ainda do tronco de contenção e habilidade do cirurgião. A vantagem desta técnica anestésica diz respeito a
quase nulidade das complicações pós anestésicas em bovinos, como timpanismo, regurgitação e falsa via, paralisia do nervo
radial e compressão nervosa dos nervos
digitais9. O fármaco mais utilizado nestes
casos é a acepromazina, na dose de 0,02 a
0,1 mg/kg/IM e anestesia local com Lido-
caína sem vasoconstrictor da pele e cordão
espermático (optativo).
No entanto, para as demais técnicas é
necessário manter o paciente em decúbito,
o que requer um jejum mínimo de 12 a 18
horas, visando evitar regurgitação, timpanismo e micção durante a cirurgia10,19,21.
O decúbito lateral direito é o indicado,
assim o rúmen fica para cima e diminui o
risco de timpanismo pós- operatório. Todo
decúbito requer avaliação do solo onde o
paciente irá deitar-se, evitando troncos e
desnivelamentos, o que podem predispor
às paralisias nervosas e regurgitação (manter a cabeça levemente abaixada em relação ao corpo), principalmente em animais
com jejum insuficiente.
O fármaco mais utilizado na rotina cirúrgica bovina é o Cloridrato de Xilazina,
na dose de 0,1 a 0,5 mg/kg, o que vai proporcionar o decúbito do animal e condições
para contenção. Apesar do miorrelaxamento exacerbado proporcionado pelo alfa 2
agonista aos ruminantes, deve-se lembrar
que o paciente continua com dor, sendo
imprescindível o uso de lidocaína na linha
de incisão. A opção é a lidocaína sem vasoconstrictor, evitando-se assim isquemia e
deiscência de pontos10,15.
O uso de acepromazina concomitante à
Xilazina também é descrita por facilitar a
exposição do pênis, porém segundo SILVA
et al. (2002), na dose de 0,1 mg/kg de Acepromazina e 0,05 mg/kg de Xilazina, em
estudo comparativo com apenas a xilazina
na dose de 0,2 mg/kg, aumentou complicações pós-operatórias, sendo o prolapso
peniano e de mucosa mais evidenciado na
associação dos dois fármacos. Ainda, a acepromazina em bovinos, pode proporcionar
a exposição prolongada do pênis e/ou mucosa, que facilita o ressecamento, o comprometimento da circulação local e, conseqüentemente, o aparecimento de ferimentos, edema e isquemia 18.
Já LEITE RIBEIRO et al. (1984), utilizando apenas a acepromazina a 1% como
meio auxiliar na exposição de pênis bovino, na dose de 0,035 mg/kg de peso corporal, sem submeter os animais a qualquer
intervenção cirúrgica, obtiveram resultados
satisfatórios e não observaram efeitos colaterais.
Uma vantagem do uso da Xilazina é a
possibilidade de antagonista, no caso a Ioimbina, na dose de 0,25 a 0,5 mg/kg, o que
pode facilitar a recuperação anestésica e
diminuir os riscos de timpanismo e Bloqueio Átrio Ventricular .
3. Técnicas Cirúrgicas
Dentre as técnicas cirúrgicas, como já
anteriormente citado, existem aquelas que
não impedem a cópula e aquelas em que a
cópula é praticamente impossível. Assim
segue-se:
3.1. Técnicas Cirúrgicas que não
impedem à Cópula
Nesta categoria serão abordadas as duas
principais técnicas: a Epididectomia e a
Vasectomia.
• Epididectomia
É uma das primeiras técnicas citadas,
sendo que foi retirada de uso como única,
pois os touros têm uma forte tendência para
desenvolver vesiculite seminal ou infecções
de genitália, sendo que ao ejacular líquido
durante a cópula, predispõe às infecções nas
fêmeas e problemas de fertilidade.
A técnica consiste em tracionar o testículo manualmente até o segmento distal do
escroto e uma incisão da pele de 3 cm é
feita sobre a cauda do epidídimo. A incisão
continua através da túnica vaginal comum
até que a cauda do epidídimo seja expelida. A cauda do epidídimo é liberada da sua
inserção com o testículo empregando-se tesouras. O ducto deferente é identificado,
clampeado por uma pinça e uma ligadura
de material de sutura inabsorvível é colocada numa posição proximal em relação à
pinça. O ducto deferente é seccionado transversalmente na altura da pinça. Este procedimento é repetido no corpo do epidídimo, de modo que a cauda seja retirada (Figura 1). A túnica vaginal comum é fechada em camada separada usando-se suturas
interrompidas simples de material inabsorvível, de tal modo que a parte remanescente do epidídimo seja retida no interior da
Corpo do
epidídimo
Ducto
deferente
Cauda do epidídimo
Figura 1: Método de retirada do epidídimo
(Fonte: TURNER & McILWRAITH,1985)
3. túnica e a extremidade transversalmente
seccionada do ducto deferente projete-se
através da linha de sutura. Esta técnica é
uma precaução adicional contra reanastomose do trato reprodutivo. A pele é fechada com 2 a 3 suturas interrompidas de material inabsorvível. O procedimento é repetido no outro testículo19.
• Vasectomia
Existem duas formas de realizar a vasectomia, uma com acesso idêntico ao da
Epididectomia e outra com uma incisão
única intertesticular próximo-caudal (vasectomia alta), buscando-se bilateralmente
a identificação do ducto deferente na porção caudo-medial do cordão espermático.
A experiência dos autores evidencia
uma maior reação inflamatória e de edemaciação no acesso similar à epididectoma em relação à vasectomia alta.
3.2. Técnicas Cirúrgicas
que impedem a Cópula
Entre essas técnicas cirúrgicas estão: a
aderência do pênis, retroflexão, formação
de fundo de saco prepucial, falectomia, desvio ventral de pênis, desvio lateral e translocação de óstio prepucial, remoção do ligamento apical e fixação de flexura sigmóide do pênis.
Apesar de serem impeditivas da realização da cópula, a elas podem estar associadas às seguintes complicações pós operatórias: retorno a cópula e prenhêz indesejada de vacas, fibrose e exteriorização de
mucosa peniana e/ou pênis (evoluindo à
amputação), dor pós-operatória e dificuldade de monta, dentre outras.
O artigo citará as duas técnicas mais
utilizadas na rotina cirúrgica de bovinos: o
desvio lateral do pênis e translocação do
óstio prepucial e fixação da flexura sigmóide do pênis. Além das duas, será abordada
a técnica de remoção do ligamento apical,
modificada por VANDESTEEN JÚNIOR
(2010), que apresentou resultados satisfatórios.
As demais técnicas são utilizadas em
menor escala, levando em conta resultados
negativos em relação ao bem estar animal,
dor e senciência8.
• Desvio Lateral do Pênis e
Translocação do óstio Prepucial
O Desvio Lateral do Pênis e Translocação do Óstio Prepucial é uma das técnicas
mais utilizadas, pois o desvio estabelecido
não traz limitações na monta ou dor, como
nas fixações de flexura sigmóide ou aderência peniana.
A incisão da pele é feita ao redor do
orifício prepucial distante aproximadamente 3 cm da abertura e uma incisão na pele
da linha mediana ventral é estendida na direção caudal da incisão. A incisão da linha
central amplia-se até a base do pênis. Esta
incisão continua através do tecido subcutâneo e o pênis, prepúcio e tecido elástico
circundante são dissecados da parede abdominal na preparação para a translocação.
Um tubo pode ser colocado no interior do
orifício prepucial, para ajudar a prevenir
uma possível contaminação pela urina da
região cirúrgica durante a operação. Durante a dissecção, é importante manter a
integridade do suprimento sanguíneo do
pênis. O sangramento é controlado por ligaduras19.
Na rotina cirúrgica dos autores, ao invés de uso de tubos, a uretra do paciente é
sondada e ligada a um equipo com soro
vazio, não havendo contaminação no campo cirúrgico.
A seguir é feita uma incisão circular da
pele na região do abdômen esquerdo ventral onde o orifício prepucial será translocado, podendo apresentar angulação entre
30 a 45% em relação ao óstio original2,15,19.
Usando um par de pinças para curativo, um túnel é feito vindo da incisão circular através dos tecidos subcutâneos até a
extremidade caudal da incisão de linha
media.
Este túnel deverá ser amplo o bastante
para permitir a nova situação do pênis e do
prepúcio sem que haja restrição. O pênis e
o prepúcio são passados através do túnel, e
a pele do orifício prepucial é suturada até a
incisão circular da pele. São colocadas duas
camadas de suturas: uma no tecido subcutâneo e outra na pele. Antes da execução
da sutura é importante verificar se não houve torção durante o processo de translocação. Este fato pode ser evitado colocandose previamente uma sutura de identificação na pele do prepúcio antes da remoção
do mesmo. A incisão de linha mediana ventral é então fechada com suturas não absorvíveis, em padrão interrompido, podendo realizar-se Cushing no subcutâneo com
material absorvível. Animais zebuínos
apresentam excesso de pele e bainha pendular, assim é possível transpor o pênis e o
prepúcio em conjunto com a pele circundante ao invés de dissecar e liberar o pênis
e o prepúcio da pele19. (Figura 2)
Orifício
prepucial
Incisões da pele
Tubo no interior
do prepúcio
Sutura de identificação
Pênis e prepúcio
Túnel subcutâneo
Figura 2: Demonstração do Desvio Lateral de Pênis e Translocação de Óstio Prepucial
(Fonte: TURNER& McILWRAITH,1985)
4. CARNEIRO (1975) citou que 3% dos
rufiões preparados pelos métodos de desvio lateral do pênis em 35º a 45º com linha
mediana ventral do abdome, podem adaptar a angulação do desvio e copular.
• Fixação da Flexura Sigmóide
A técnica a ser descrita será a proposta
por BEZERRA et al. (2007), que avaliou a
fixação da curvatura caudal da flexura sigmóide, concomitante com a secção do músculo retrator do pênis.
O procedimento cirúrgico inicialmente
se deu com incisão da pele em sentido crânio-caudal, na linha média perineal. Conforme o tecido subcutâneo e os músculos
semimembranáceos foram divulsionados
até localização da flexura sigmóide do pênis, esta foi exteriorizada e tracionada no
sentido caudal, afastando-se a glande do
óstio prepucial.
O músculo retrator do pênis foi divulsionado, onde se procedeu a miectomia do
mesmo (Figuras 4). A túnica albugínea da
face lateral do pênis é escarificada com bisturi, recebendo quatro pontos separados
simples com fio de nylon comum 0,40 mm.
Segundo BEZERRA et al.(2007), os
animais submetidos a esta técnica não perderam a libido e não apresentaram dor durante 90 dias.
• Técnica da remoção do
ligamento apical dorsal, modificada
por Vandesteen Júnior
A técnica tradicional de remoção do ligamento apical dorsal do pênis (LADP)
sempre foi questionada pelos cirurgiões de
bovinos, devido ao retorno do animal à função reprodutiva.
Segundo RABELO et al. (2008) a secção do LADP e a retirada de um segmento
de dois centímetros deste, com remoção segmentar, apresentaram desvios de pênis,
variando de ventral e lateral direito e de
graus leve, moderado e grave, tendo incapacidade de cópula somente aqueles nos
graus moderado e grave representando
aproximadamente 67% dos animais submetidos a este método.
GÓMEZ (2004) relatou que já em 1988
se obtinham rufiões através da técnica da
secção do ligamento apical dorsal do pênis, porém nesta técnica era realizada apenas a secção do ligamento e sem inspeção
quanto à presença de novas fibras, neste
caso, os animais voltavam a copular as fêmeas.
A partir daí VANDESTEEN JÚNIOR
Figuras 3:
Preparação e Incisão
para a fixação caudal
da Flexura Sigmóide
em Bovinos
(Fonte: BEZERRA
et al, 2007)
Figuras 4:
Exteriorização da
Flexura Sigmóide (A),
Miectomia do m.
Retrator do Pênis (B)
(Fonte: BEZERRA
et al, 2007)
(2010) propõe uma técnica modificada, na
qual faz parte a inspeção pós cirúrgica de
fibras novas e/ou remanescentes. Através
da neuroleptoanalgesia com Xilazina (0,2
mg/kg), Acepromazina (0,02 a 0,1 mg/kg)
e lidocaína infiltrativa local , manteve-se a
exposição de pênis sem a tração até então
requerida em procedimentos só com Xila-
5. zina. Durante todo o procedimento cirúrgico, o pênis permaneceu exposto, tracionado por um auxiliar da equipe, por meio
de uma amarradura de crepom. Foi realizada uma incisão longitudinal na região
dorsal do pênis, no local pré-definido anteriormente e previamente anestesiado, com
o auxilio de lâmina de bisturi. Em seguida
foi realizada a dissecção da túnica albugínea utilizando tesoura de ponta romba e
pinça dente de rato e após a visualização
do LADP e definido o ponto de clivagem,
o ligamento foi cuidadosamente separado
do corpo do pênis através de dissecção com
tesoura de ponta romba, ficando a tesoura
entre o corpo do pênis e o LADP. A extremidade distal não aderida do ligamento foi
pinçada com pinça hemostática Kelly e a
partir de então foi realizada a medida de
cinco centímetros, sentido proximal onde
foi fixada outra pinça do mesmo modelo.
Foi realizada a secção das extremidades
pinçadas obtendo-se assim a extirpação de
cinco centímetros do LADP.
Segundo o autor a extirpação de cinco
centímetros de ligamento é uma medida segura para a realização da cirurgia com
100% de sucesso, sendo que após dois anos
e meio de atividade como rufiões, os animais ainda apresentavam a libido.
na dose de 1,1 mg/kg a cada 24 horas, durante 3 a 7 dias. PAES LEME et al. (2007)
indicaram o uso de fenilbutazona na dose
de 5 a 10 mg/kg/IM , durante 5 dias, associados ao uso de Florfenicol (20 mg/kg/48h/
IM/2 aplicações), apresentando bons resultados em animais azebuados.
Os curativos variam de acordo com os
cirurgiões, sendo utilizados povidine ou
adstringentes (entre eles o óxido de zinco)
e sprays repelentes contendo sulfadiazina.
No desvio peniano pode-se lançar mão de
utilização de drenos de pen rose, no intuito
de diminuir o seroma pós-operatório.
5. Conclusões
Há a necessidade de mais estudos acerca da utilização de acepromazina em bovinos nas técnicas cirúrgicas de rufiões, sendo que há divergência em relação ao seu
uso pelos autores. Também são necessários
novos estudos em relação ao uso de outros
fenotiazínicos associados à Xilazina em Bovinos.
A partir da revisão desse artigo, ficou
demonstrado que o Desvio Lateral peniano e a Translocação de Óstio Prepucial é a
técnica menos dolorosa e com resultados
satisfatórios, sendo indicada concomitantemente com a vasectomia.
Porém a Técnica da remoção do ligamento apical dorsal, modificada por VANDESTEEN JÚNIOR (2010) pode tornar-se
uma indicação na rotina, devido a ser de
mais fácil e rápida realização em relação
ao Desvio Lateral peniano e a Translocação de Óstio Prepucial, necessitando de
dados estatísticos complementares para
uma conclusão mais precisa.
Referencias
Figura 5: Pênis bovino: Segmento do LADP a
ser extirpado, pinçado por duas pinças hemostáticas formando os limites a serem seccionados. (Fonte: VANDESTEEN JÚNIOR, 2010)
...............................................................................
4. Condutas Pós-Operatórias
As cirurgias de rufiões, de uma forma
geral, apresentam no pós-operatório edemaciação e seromas. Assim faz-se necessário o uso de antibióticos como a Penicilina, buscando a dose de 20 a 40.000 UI/kg,
respeitando a meia vida da penicilina escolhida.
Os anti-inflamatórios não esteroidais
mais utilizados são o Flunixin Meglumine
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