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Lembrando o poeta Santos Stockler
                           por: José Carlos Vilhena Mesquita

   Costuma dizer-se, com algum fundo de verdade, que somos um país de maus
políticos, mas de bons poetas. Se no passado não era possível asseverar a veracidade
dessa asserção, devido ao inamovismo da ditadura salazarista, hoje, após vários
governos inoperantes e centenas de políticos incompetentes, ficamos claramente com
a ideia de que mais valia sermos um país de maus poetas. Não o somos, felizmente
para a cultura. Aliás, à semelhança do que acontecia no passado, a produção
intelectual e a Cultura continua a ser sempre um baluarte de resistência contra a
imbecilidade dos que nos governam.
   Os inimigos da cultura são os que a deviam proteger e incentivar, mas os políticos
desde o fascismo que continuam a tentar controlar os intelectuais, os literatos e os
artistas, para fazerem da Cultura um aparelho ideológico de Estado. Infelizmente
têm-no conseguido, através da subsidiarização dos amigos, ou seja, do apoio
financeiro aos intelectuais militantes do partido ou dos literatos medíocres que, sem
carácter nem elevação mental para resistirem ao status quo, deixam-se facilmente
corromper. E o pior de tudo isso é que esses medíocres escritores e deficientes poetas,
que aliás abundam na nossa actual literatura, passaram com o decorrer dos anos a
serem considerados como talentosos criativos, e autores de obra de tomo, recebendo
prémios sem submissão a concurso, e granjeando elogios dos camaradas de profissão.
Como não existem hoje críticos conceituados, como o foram João Gaspar Simões ou
Jacinto Prado Coelho, e como os nossos jornais já não editam suplementos literários
(de foram exemplo os suplementos de Artes e Letras do «Diário Popular», e do
«Diário de Notícias»), é lógico que alguns autores tentem promover-se uns aos outros
numa entreajuda mais política do que literária, a fazer lembrar os antigos tempos da
“velha senhora”.
   Não foi esse o exemplo legado por José dos Santos Stockler, um homem simples e
humilde, que fez da poesia e das colunas da imprensa uma tribuna de resistência
contra a iniquidade, o autocracismo e a corrupção mental. Lembrar a sua vida e a sua
                               obra é, aqui e agora, um acto de justiça e uma
                               obrigação moral.
                                  José os Santos, foi um poeta e jornalista, que usava
                               o apelido de Stockler apenas como pseudónimo;
                               nasceu a 22-5-1910 na aldeia de Porches, concelho de
                               Lagoa; e faleceu em Faro nos princípios de Junho de
                               1989, com 79 anos de idade.
                                  Filho de humildes lavradores, com apenas dois anos
                               de idade veio para Faro onde fez a instrução primária,
                               não prosseguindo nos estudos por dificuldades
                               financeiras. Começou desde muito novo a escrever nos
                               jornais e a mostrar-se um acérrimo adversário do
                               regime salazarista, sendo por isso várias vezes detido
pela PIDE em cujas prisões, do Aljube e de Caxias, cumpriu muitos meses, valendo-
lhe, contudo, a glória de se haver relacionado com algumas das personalidades mais
proeminentes do mundo das letras e da política portuguesa. Não querendo acentuar
esta tecla da sua vida, não posso deixar de lembrar o seu relacionamento político com
algumas figuras da resistência republicano, de entre as quais destaco o pedagogo e
emérito jornalista Carvalhão Duarte e o poeta Alfredo Guisado, emérito fundador do
movimento do «Orfeu», que enquanto director-adjunto do jornal «República» lhe
franqueou aquelas prestigiadas colunas à sua esclarecida colaboração.
   Refira-se que Santos Stockler criara fortes laços de amizade com imensos homens
de letras, irmanados numa autêntica cruzada cultural contra o regime fascista, de
entre os quais impõe-se destacar nomes notáveis, como os dos poetas José Régio,
Jorge de Sena, José Gomes Ferreira, João José Cochofel, Egipto Gonçalves, Joaquim
Namorado, Eugénio de Andrade, Mário Dionísio e Alexandre O’Neil; ou dos
escritores Alves Redol, Adolfo Casais Monteiro, Ferreira de Castro, Fernando
Namora, Carlos de Oliveira, Antunes da Silva e Manuel da Fonseca, sendo estes
últimos os grandes expoentes da literatura de cenário alentejano, que Santos Stockler
tanto admirava. A este valioso naipe de literatos nacionais devemos ainda acrescentar
algumas figuras da literatura latino-americana, com quem igualmente estabeleceu
fortes laços de amizade, nomeadamente com os poetas João Cabral de Melo Neto,
Cecília Meireles, Rocha Filho, Manuel Bandeira, Pablo Neruda, ou com os escritores
Jorge Amado, Dr. Pessoa de Morais (sociólogo brasileiro), Salvador Espriu, Félix
Cucurrull, José Ledesma Criado, Juan Ruiz Peña, etc. Com alguns deles manteve
acesa correspondência epistolar, de que cheguei a comprovar testemunho nalguns
papéis autógrafos, nos quais divisei palavras fraternas e muito elogiosas para a obra
poética de Santos Stockler. De entre os algarvios, que se distinguiram nas letras
pátrias, tinha especial predilecção por António Ramos Rosa e fraterna amizade pelo
poeta e escritor António Vicente Campinas, que, tal como ele, fora um indefectível
apoiante das ideias veiculadas pelo Partido Comunista Português. Curiosamente
acabaram ambos as suas vidas com uma profunda desilusão em relação ao PCP, que
após o «25 de Abril» não teve para com eles a deferência e o amparo que justamente
mereciam.
   Dispersou a sua prestigiosa colaboração, como poeta e prosador, por vários órgãos
de comunicação social, de entre os quais destacamos «O Diabo», «Diário de
Notícias», «Diário de Lisboa», «Diário Popular», «República», «Jornal de Letras e
Artes», nas revistas «Cultura» e «Voga», todos de Lisboa. Na província colaborou em
«O Comércio do Porto», «Diário de Coimbra», «Notícias de Chaves», «Notícias de
Guimarães», «Gazeta do Sul», «Gazeta do Montijo», «O Setubalense», «Foz do
Guadiana», «Notícias do Algarve», «Jornal do Algarve» (todos Vila Real de Santo
António), «Povo Algarvio» de Tavira, «Correio do Sul» e «O Algarve» ambos de
Faro, «Barlavento», «Comércio de Portimão», «A Voz de Loulé», e muitos outros
jornais de várias localidades, do Minho ao Alentejo, cuja citação tornaria demasiado
longa esta simples nota biográfica.
   Nos últimos anos de vida fundou e dirigiu, em 1-12-1984, o semanário farense
«Terra Algarvia», que teve uma periodicidade difícil e algo irregular, mercê das
dificuldades financeiras com que teve de se debater. Em todo o caso foi uma tribuna
irreverente e combativa que se manteve sempre num plano bastante crítico em
relação à partidocracia e ao clientelismo político que caracterizava, então, a nossa
jovem democracia. Apesar de ser considerado um homem de esquerda, José dos
Santos Stockler evidenciou ao leme da «Terra Algarvia» um forte desencanto político
com o rumo tomado pelo novo regime, mostrando-se ao público algarvio como um
alguém ressabiado com a vida, tomando inclusivamente posições muito próximas da
direita reaccionária. Creio que se sentia injustiçado, ostracizado e até mesmo excluído
pelos seus camaradas da esquerda republicana, porque depois de tudo o que fez pela
democracia era inadmissível que não se tivessem lembrado dele para um cargo
público ou para uma actividade oficial de carácter cultural. Julgo que não se filiou em
nenhum partido político do pós-25 de Abril, razão pela qual ficou absolutamente
impedido de ser convidado para exercer qualquer cargo público.
   Morreu triste, ressentido com a ingratidão que grassava à sua volta. O eco da sua
própria sina de poeta, sensível e sofredor, fazia-se agora ouvir como o pio de uma ave
agoirenta, traçando-lhe o destino. Como Sísifo, todo o seu esforço tornara-se inglório.
   Conheci pessoalmente o poeta Santos Stockler, e do primeiro contacto que tive
com ele fiquei com a ideia de que era um homem em sofrimento. Apesar da avançada
idade em que o conheci e do estado alquebrado em que se encontrava – sempre com
dores nas costas, curvado e queixoso – fiquei deveras impressionado com a sua
estampa física. Era alto e possante, tinha o aspecto de um boxeur retirado dos ringues.
Mas a sua enorme cabeça, o seu rosto muito branco e comprido, os avantajados
óculos, quadrados como se fossem janelas, as suas mãos enormes e esqueléticas
falando em altos gestos, davam-lhe o semblante de revolucionário falhado, de um
pregador condenado ao silêncio do convento, em suma, de um mago que perdeu os
seus poderes e a quem ninguém prestava já atenção.
   Pode parecer um exagero, mas era mais ou menos isto, porque o poeta Santos
Stockler vivia numa casa grande mas pouco ensolarada, sentado à mesa de trabalho
junto a uma janela, sempre aberta, que dava para a rua, deixando-se ver ou mesmo
debruçando-se sobre ela para observar e falar a quem passava. Porém raramente saía,
o que o tornava quase num eremita. Talvez fosse um feitio próprio da idade e da sua
geração, porque vi o Dr. Mário Lyster Franco a ter um procedimento muito idêntico,
refugiando-se no lar como se tivesse medo da sociedade que o rodeava.
   Outra das coisas que me lembro dele é que falava alto, talvez porque fosse duro de
ouvido, gesticulava muito e criticava tudo e todos, apontando falhas e deficiências em
tudo o que se movia. Dos poetas de quem era amigo, tinha sempre palavras de
admiração e reverência, sobretudo de profunda saudade para os que já tinham
falecido. Aos vivos não poupava censuras, sobretudo aos poetas da nova vaga,
zurzindo nas incorrecções estilísticas das suas obras, e revoltando-se contra os
críticos ignorantes e incompetentes que as louvavam. Em boa verdade, conheceu e
conviveu com a maioria dos nossos homens de letras, uns mais consagrados do que
outros, louvando sempre aqueles que ao seu lado lutaram contra o regime salazarista.
Esse seu feitio muito crítico e bastante exigente tornou-o num alvo a abater pelos
poetas que se haviam consagrado através da protecção política do PCP, ao qual aliás
o Stockler também aderira na sua juventude, mas que depressa percebeu tratar-se de
uma organização de carácter internacionalista, inspirada em objectivos imperialistas
ainda mais perigosos do que aqueles que os americanos preconizavam. Além disso
sentia um profundo horror e uma total adversidade aos regimes e sistemas totalitários,
comprovado pela invasão da Checoslováquia e pelo fim da chamada “Primavera de
Praga”, razão pela qual se afastou definitivamente do partido.
   É claro que a partir desse momento foi completamente marginalizado pelos seus
camaradas de letras, e os seus livros deixaram de ser alvo da crítica favorável e das
elogiosas notícias nos órgãos de imprensa, nomeadamente nos suplementos culturais
e nas revistas literárias.
   Desiludido e desgastado pela idade, ocupou os derradeiros anos de vida – que bem
poderiam ter sido os mais felizes, pela satisfação de ver o «25 de Abril» restaurar a
Liberdade – a fazer, praticamente sozinho, o seu jornal, «Terra Algarvia», no qual
desbaratou as últimas poupanças, que estariam reservadas para acudir às agruras da
velhice e da doença. Tudo naquelas páginas dependia do seu esforço criativo, desde a
mais simples notícia até ao mais elaborado artigo, tudo lhe saía das mãos e do génio,
que em abundância possuía. Escrevia com facilidade e desenvoltura, cuidando de dar
às notícias mais frias e inócuas uma certa beleza literária. Todavia é também verdade
que raramente conseguia isentar as suas palavras do espírito cáustico, agressivo e
polemista, que sempre o caracterizou. O seu talento de publicista era notório e até
bastante temido, pois que ninguém o impedia de tecer duras críticas aos políticos de
fresca têmpera, nem aos falsos democratas, aos oportunistas e corruptos, que à custa
dos partidos adulteravam as expectativas e as esperanças da Democracia.
   Por causa do seu espírito insubmisso e controverso é que Santos Stockler foi mal
reconhecido e até algo desvalorizado no seio da imprensa regional algarvia. Para a
maioria dos que o conheceram, era um poeta e um sonhador que desejou tornar-se
num conceituado produtor de opinião, mas a que poucos deram crédito. E o certo é
que na edição da «Terra Algarvia» estafou as últimas economias numa cruzada de
ilusões que lhe devem ter causado grandes desgostos. Sei que sofreu muito com a
doença que o vitimou, e que por isso deve ter vivido os derradeiros dias com algumas
dificuldades financeiras.
   Enfim, conheci-o no último patamar da vida, e admirava-o pela forma como
sempre viveu... lutando quixotescamente contra a ingratidão dos homens e dos
                           tempos, que lhe entorpeceram a alma e lhe desinquietaram o
                           espírito.
                              Da sua lista de obra fazem parte os seguintes livros: A
                           Viagem Adiada (poemas), 1963; Poemas do Meu Tempo,
                           1967; Diálogo com a Noite (poemas), 1968; Jardins de
                           Outono (poemas), 1971; Poesia Mutilada (poemas), 1975;
                           Nas Caves da Memória (poemas), 1982; Aquário do tempo
                           (poemas), 1984. Neste último livro enunciava, na sua lista de
                           obras, um vasto conjunto de títulos inéditos distribuídos
                           pelos géneros da Poesia e da Prosa, que infelizmente nunca
                           vieram a público. Também aí anunciava, como próximos do
                           prelo, um romance intitulado Ladeira Íngreme, com prefácio
de Jorge Amado, e um livro de contos, que nunca chegaram a ver a luz da estampa.
Resta acrescentar que José dos Santos Stockler era casado com D. Maria de Lurdes
Martins Santos e era pai de José Manuel Santos, contabilista, que foi Chefe de
Redacção do jornal «Terra Algarvia».
  A título de curiosidade transcrevo dois poemas da sua autoria:

  Radiografia

  Na ânsia de calar a voz do grito
  Rebelde que desdenha a minha dor,
  Na luz do meu olhar só anda escrito,
  Em letra luminosas, Paz e Amor!...

  Nos lábios trago a húmida expressão
  Apenas da linguagem da Verdade,
  Essa voz que alimenta a mãe Razão,
  Nascente aonde bebe a Fel’cidade!...

  O rosto, espelho vivo do meu ser,
  A pele que transpira o bem-fazer,
  Retrata, fielmente, o meu sentir,

  Reflecte, tão-somente, esse viver
  Que fora, toda a vida, o meu querer,
  Ou seja, o Mundo Novo que há-de vir!...

  A Criança

  Criança! Oh! Mas que som melodioso,
  Que melodiosa musicalidade!
  Que cântico sublime, esperançoso,
  Embala a nossa alma a tenra idade!

  Que belo era voltar a ser Criança,
  Fazer feliz de novo minha mãe,
  Eu dar-lhe, novamente, a terna esp’rança
  De ser de novo o seu menino-Bem!...

  Que belo era esse mundo imaginado,
  Só brincar com Crianças, que alegria
  Apenas ver Crianças a meu lado!...

  – Que belo ser pureza, ingenuidade,
  Só embalar o Sonho noite e dia!
  Tão-só viver no mundo da Verdade!

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  • 1. Lembrando o poeta Santos Stockler por: José Carlos Vilhena Mesquita Costuma dizer-se, com algum fundo de verdade, que somos um país de maus políticos, mas de bons poetas. Se no passado não era possível asseverar a veracidade dessa asserção, devido ao inamovismo da ditadura salazarista, hoje, após vários governos inoperantes e centenas de políticos incompetentes, ficamos claramente com a ideia de que mais valia sermos um país de maus poetas. Não o somos, felizmente para a cultura. Aliás, à semelhança do que acontecia no passado, a produção intelectual e a Cultura continua a ser sempre um baluarte de resistência contra a imbecilidade dos que nos governam. Os inimigos da cultura são os que a deviam proteger e incentivar, mas os políticos desde o fascismo que continuam a tentar controlar os intelectuais, os literatos e os artistas, para fazerem da Cultura um aparelho ideológico de Estado. Infelizmente têm-no conseguido, através da subsidiarização dos amigos, ou seja, do apoio financeiro aos intelectuais militantes do partido ou dos literatos medíocres que, sem carácter nem elevação mental para resistirem ao status quo, deixam-se facilmente corromper. E o pior de tudo isso é que esses medíocres escritores e deficientes poetas, que aliás abundam na nossa actual literatura, passaram com o decorrer dos anos a serem considerados como talentosos criativos, e autores de obra de tomo, recebendo prémios sem submissão a concurso, e granjeando elogios dos camaradas de profissão. Como não existem hoje críticos conceituados, como o foram João Gaspar Simões ou Jacinto Prado Coelho, e como os nossos jornais já não editam suplementos literários (de foram exemplo os suplementos de Artes e Letras do «Diário Popular», e do «Diário de Notícias»), é lógico que alguns autores tentem promover-se uns aos outros numa entreajuda mais política do que literária, a fazer lembrar os antigos tempos da “velha senhora”. Não foi esse o exemplo legado por José dos Santos Stockler, um homem simples e humilde, que fez da poesia e das colunas da imprensa uma tribuna de resistência contra a iniquidade, o autocracismo e a corrupção mental. Lembrar a sua vida e a sua obra é, aqui e agora, um acto de justiça e uma obrigação moral. José os Santos, foi um poeta e jornalista, que usava o apelido de Stockler apenas como pseudónimo; nasceu a 22-5-1910 na aldeia de Porches, concelho de Lagoa; e faleceu em Faro nos princípios de Junho de 1989, com 79 anos de idade. Filho de humildes lavradores, com apenas dois anos de idade veio para Faro onde fez a instrução primária, não prosseguindo nos estudos por dificuldades financeiras. Começou desde muito novo a escrever nos jornais e a mostrar-se um acérrimo adversário do regime salazarista, sendo por isso várias vezes detido
  • 2. pela PIDE em cujas prisões, do Aljube e de Caxias, cumpriu muitos meses, valendo- lhe, contudo, a glória de se haver relacionado com algumas das personalidades mais proeminentes do mundo das letras e da política portuguesa. Não querendo acentuar esta tecla da sua vida, não posso deixar de lembrar o seu relacionamento político com algumas figuras da resistência republicano, de entre as quais destaco o pedagogo e emérito jornalista Carvalhão Duarte e o poeta Alfredo Guisado, emérito fundador do movimento do «Orfeu», que enquanto director-adjunto do jornal «República» lhe franqueou aquelas prestigiadas colunas à sua esclarecida colaboração. Refira-se que Santos Stockler criara fortes laços de amizade com imensos homens de letras, irmanados numa autêntica cruzada cultural contra o regime fascista, de entre os quais impõe-se destacar nomes notáveis, como os dos poetas José Régio, Jorge de Sena, José Gomes Ferreira, João José Cochofel, Egipto Gonçalves, Joaquim Namorado, Eugénio de Andrade, Mário Dionísio e Alexandre O’Neil; ou dos escritores Alves Redol, Adolfo Casais Monteiro, Ferreira de Castro, Fernando Namora, Carlos de Oliveira, Antunes da Silva e Manuel da Fonseca, sendo estes últimos os grandes expoentes da literatura de cenário alentejano, que Santos Stockler tanto admirava. A este valioso naipe de literatos nacionais devemos ainda acrescentar algumas figuras da literatura latino-americana, com quem igualmente estabeleceu fortes laços de amizade, nomeadamente com os poetas João Cabral de Melo Neto, Cecília Meireles, Rocha Filho, Manuel Bandeira, Pablo Neruda, ou com os escritores Jorge Amado, Dr. Pessoa de Morais (sociólogo brasileiro), Salvador Espriu, Félix Cucurrull, José Ledesma Criado, Juan Ruiz Peña, etc. Com alguns deles manteve acesa correspondência epistolar, de que cheguei a comprovar testemunho nalguns papéis autógrafos, nos quais divisei palavras fraternas e muito elogiosas para a obra poética de Santos Stockler. De entre os algarvios, que se distinguiram nas letras pátrias, tinha especial predilecção por António Ramos Rosa e fraterna amizade pelo poeta e escritor António Vicente Campinas, que, tal como ele, fora um indefectível apoiante das ideias veiculadas pelo Partido Comunista Português. Curiosamente acabaram ambos as suas vidas com uma profunda desilusão em relação ao PCP, que após o «25 de Abril» não teve para com eles a deferência e o amparo que justamente mereciam. Dispersou a sua prestigiosa colaboração, como poeta e prosador, por vários órgãos de comunicação social, de entre os quais destacamos «O Diabo», «Diário de Notícias», «Diário de Lisboa», «Diário Popular», «República», «Jornal de Letras e Artes», nas revistas «Cultura» e «Voga», todos de Lisboa. Na província colaborou em «O Comércio do Porto», «Diário de Coimbra», «Notícias de Chaves», «Notícias de Guimarães», «Gazeta do Sul», «Gazeta do Montijo», «O Setubalense», «Foz do Guadiana», «Notícias do Algarve», «Jornal do Algarve» (todos Vila Real de Santo António), «Povo Algarvio» de Tavira, «Correio do Sul» e «O Algarve» ambos de Faro, «Barlavento», «Comércio de Portimão», «A Voz de Loulé», e muitos outros jornais de várias localidades, do Minho ao Alentejo, cuja citação tornaria demasiado longa esta simples nota biográfica. Nos últimos anos de vida fundou e dirigiu, em 1-12-1984, o semanário farense «Terra Algarvia», que teve uma periodicidade difícil e algo irregular, mercê das dificuldades financeiras com que teve de se debater. Em todo o caso foi uma tribuna
  • 3. irreverente e combativa que se manteve sempre num plano bastante crítico em relação à partidocracia e ao clientelismo político que caracterizava, então, a nossa jovem democracia. Apesar de ser considerado um homem de esquerda, José dos Santos Stockler evidenciou ao leme da «Terra Algarvia» um forte desencanto político com o rumo tomado pelo novo regime, mostrando-se ao público algarvio como um alguém ressabiado com a vida, tomando inclusivamente posições muito próximas da direita reaccionária. Creio que se sentia injustiçado, ostracizado e até mesmo excluído pelos seus camaradas da esquerda republicana, porque depois de tudo o que fez pela democracia era inadmissível que não se tivessem lembrado dele para um cargo público ou para uma actividade oficial de carácter cultural. Julgo que não se filiou em nenhum partido político do pós-25 de Abril, razão pela qual ficou absolutamente impedido de ser convidado para exercer qualquer cargo público. Morreu triste, ressentido com a ingratidão que grassava à sua volta. O eco da sua própria sina de poeta, sensível e sofredor, fazia-se agora ouvir como o pio de uma ave agoirenta, traçando-lhe o destino. Como Sísifo, todo o seu esforço tornara-se inglório. Conheci pessoalmente o poeta Santos Stockler, e do primeiro contacto que tive com ele fiquei com a ideia de que era um homem em sofrimento. Apesar da avançada idade em que o conheci e do estado alquebrado em que se encontrava – sempre com dores nas costas, curvado e queixoso – fiquei deveras impressionado com a sua estampa física. Era alto e possante, tinha o aspecto de um boxeur retirado dos ringues. Mas a sua enorme cabeça, o seu rosto muito branco e comprido, os avantajados óculos, quadrados como se fossem janelas, as suas mãos enormes e esqueléticas falando em altos gestos, davam-lhe o semblante de revolucionário falhado, de um pregador condenado ao silêncio do convento, em suma, de um mago que perdeu os seus poderes e a quem ninguém prestava já atenção. Pode parecer um exagero, mas era mais ou menos isto, porque o poeta Santos Stockler vivia numa casa grande mas pouco ensolarada, sentado à mesa de trabalho junto a uma janela, sempre aberta, que dava para a rua, deixando-se ver ou mesmo debruçando-se sobre ela para observar e falar a quem passava. Porém raramente saía, o que o tornava quase num eremita. Talvez fosse um feitio próprio da idade e da sua geração, porque vi o Dr. Mário Lyster Franco a ter um procedimento muito idêntico, refugiando-se no lar como se tivesse medo da sociedade que o rodeava. Outra das coisas que me lembro dele é que falava alto, talvez porque fosse duro de ouvido, gesticulava muito e criticava tudo e todos, apontando falhas e deficiências em tudo o que se movia. Dos poetas de quem era amigo, tinha sempre palavras de admiração e reverência, sobretudo de profunda saudade para os que já tinham falecido. Aos vivos não poupava censuras, sobretudo aos poetas da nova vaga, zurzindo nas incorrecções estilísticas das suas obras, e revoltando-se contra os críticos ignorantes e incompetentes que as louvavam. Em boa verdade, conheceu e conviveu com a maioria dos nossos homens de letras, uns mais consagrados do que outros, louvando sempre aqueles que ao seu lado lutaram contra o regime salazarista. Esse seu feitio muito crítico e bastante exigente tornou-o num alvo a abater pelos poetas que se haviam consagrado através da protecção política do PCP, ao qual aliás o Stockler também aderira na sua juventude, mas que depressa percebeu tratar-se de uma organização de carácter internacionalista, inspirada em objectivos imperialistas
  • 4. ainda mais perigosos do que aqueles que os americanos preconizavam. Além disso sentia um profundo horror e uma total adversidade aos regimes e sistemas totalitários, comprovado pela invasão da Checoslováquia e pelo fim da chamada “Primavera de Praga”, razão pela qual se afastou definitivamente do partido. É claro que a partir desse momento foi completamente marginalizado pelos seus camaradas de letras, e os seus livros deixaram de ser alvo da crítica favorável e das elogiosas notícias nos órgãos de imprensa, nomeadamente nos suplementos culturais e nas revistas literárias. Desiludido e desgastado pela idade, ocupou os derradeiros anos de vida – que bem poderiam ter sido os mais felizes, pela satisfação de ver o «25 de Abril» restaurar a Liberdade – a fazer, praticamente sozinho, o seu jornal, «Terra Algarvia», no qual desbaratou as últimas poupanças, que estariam reservadas para acudir às agruras da velhice e da doença. Tudo naquelas páginas dependia do seu esforço criativo, desde a mais simples notícia até ao mais elaborado artigo, tudo lhe saía das mãos e do génio, que em abundância possuía. Escrevia com facilidade e desenvoltura, cuidando de dar às notícias mais frias e inócuas uma certa beleza literária. Todavia é também verdade que raramente conseguia isentar as suas palavras do espírito cáustico, agressivo e polemista, que sempre o caracterizou. O seu talento de publicista era notório e até bastante temido, pois que ninguém o impedia de tecer duras críticas aos políticos de fresca têmpera, nem aos falsos democratas, aos oportunistas e corruptos, que à custa dos partidos adulteravam as expectativas e as esperanças da Democracia. Por causa do seu espírito insubmisso e controverso é que Santos Stockler foi mal reconhecido e até algo desvalorizado no seio da imprensa regional algarvia. Para a maioria dos que o conheceram, era um poeta e um sonhador que desejou tornar-se num conceituado produtor de opinião, mas a que poucos deram crédito. E o certo é que na edição da «Terra Algarvia» estafou as últimas economias numa cruzada de ilusões que lhe devem ter causado grandes desgostos. Sei que sofreu muito com a doença que o vitimou, e que por isso deve ter vivido os derradeiros dias com algumas dificuldades financeiras. Enfim, conheci-o no último patamar da vida, e admirava-o pela forma como sempre viveu... lutando quixotescamente contra a ingratidão dos homens e dos tempos, que lhe entorpeceram a alma e lhe desinquietaram o espírito. Da sua lista de obra fazem parte os seguintes livros: A Viagem Adiada (poemas), 1963; Poemas do Meu Tempo, 1967; Diálogo com a Noite (poemas), 1968; Jardins de Outono (poemas), 1971; Poesia Mutilada (poemas), 1975; Nas Caves da Memória (poemas), 1982; Aquário do tempo (poemas), 1984. Neste último livro enunciava, na sua lista de obras, um vasto conjunto de títulos inéditos distribuídos pelos géneros da Poesia e da Prosa, que infelizmente nunca vieram a público. Também aí anunciava, como próximos do prelo, um romance intitulado Ladeira Íngreme, com prefácio de Jorge Amado, e um livro de contos, que nunca chegaram a ver a luz da estampa.
  • 5. Resta acrescentar que José dos Santos Stockler era casado com D. Maria de Lurdes Martins Santos e era pai de José Manuel Santos, contabilista, que foi Chefe de Redacção do jornal «Terra Algarvia». A título de curiosidade transcrevo dois poemas da sua autoria: Radiografia Na ânsia de calar a voz do grito Rebelde que desdenha a minha dor, Na luz do meu olhar só anda escrito, Em letra luminosas, Paz e Amor!... Nos lábios trago a húmida expressão Apenas da linguagem da Verdade, Essa voz que alimenta a mãe Razão, Nascente aonde bebe a Fel’cidade!... O rosto, espelho vivo do meu ser, A pele que transpira o bem-fazer, Retrata, fielmente, o meu sentir, Reflecte, tão-somente, esse viver Que fora, toda a vida, o meu querer, Ou seja, o Mundo Novo que há-de vir!... A Criança Criança! Oh! Mas que som melodioso, Que melodiosa musicalidade! Que cântico sublime, esperançoso, Embala a nossa alma a tenra idade! Que belo era voltar a ser Criança, Fazer feliz de novo minha mãe, Eu dar-lhe, novamente, a terna esp’rança De ser de novo o seu menino-Bem!... Que belo era esse mundo imaginado, Só brincar com Crianças, que alegria Apenas ver Crianças a meu lado!... – Que belo ser pureza, ingenuidade, Só embalar o Sonho noite e dia! Tão-só viver no mundo da Verdade!