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ELABORADA POR
PACO’S AGÊNCIA
DIGITALPACO’S
DIGITAL
2
ÍNDICE
Repressão e
neurose
Acumuladores
Compulsivos
Transtorno de PICA
Vivendo o passado
no presente
O que são
atos falhos e
por que eles
ocorrem?
Mensagens subliminares
Turbinando o
desempenho físico
Mitos e caminhos
da Superdotação
Págs.
04 a 08
Págs.
25 a 32
Págs.
17 a 24
Págs.
33 a 37
Págs.
09 a 16
Págs.
44 a 48
Págs.
38 a 43
Págs.
49 a 55
3
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Mythos Editora
49
Manipulação
JAMES VICARY REALIZOU EM 1957 UMA DAS MAIS REFERENCIADAS EXPERIÊNCIAS
COM MENSAGENS SUBLIMINARES, INSERINDO AS FRASES “BEBA COCA-COLA” E
“COMA PIPOCA” DURANTE A PROJEÇÃO DE UM FILME, NUM CINEMA EM NOVA JERSEY.
A EXPERIÊNCIA TERIA AUMENTADO EM 57,7% AS VENDAS DE PIPOCA E EM 18,1% AS
VENDAS DE COCA-COLA DURANTE AS SESSÕES. ANOS MAIS TARDE, OS RESULTADOS
FORAM RELATIVIZADOS PELO PRÓPRIO AUTOR DA PESQUISA E, NOS DIAS ATUAIS,
AINDA HÁ CONTROVÉRSIAS SOBRE A EFICÁCIA DAS MENSAGENS SUBLIMINARES.
Mensagenssubliminares
J
Á PENSOU SER POSSÍVEL INFLUENCIAR SEUS AMIGOS E COLEGAS DE TRABALHO? TER A
CAPACIDADE E O DOMÍNIO DO USO DE TÉCNICAS PARA PERSUADIR AS PESSOAS EM SEU MEIO?
O TEMA “MENSAGEM SUBLIMINAR” É SEMPRE ATRATIVO, POIS NOS FAZ FICAR ATENTOS SOBRE
COMO PODEMOS ESTAR SENDO INFLUENCIADOS. DOMINAR ESSE CONHECIMENTO É SEMPRE
ALGO INSTIGANTE, FOI EXATAMENTE POR ESSA CURIOSIDADE E PELA BUSCA DA CAPACIDADE
DE ENTENDER E TENTAR INFLUENCIAR AS PESSOAS QUE MUITOS CIENTISTAS, PESQUISADORES E
PROFISSIONAIS DO MARKETING E PROPAGANDA DEDICARAM SEUS ESFORÇOS PARA COMPREENDER
A MENSAGEM SUBLIMINAR. MAS, AFINAL, O QUE É MENSAGEM SUBLIMINAR E COMO ELA PODE
EXERCER INFLUÊNCIA SOBRE NÓS?
50
Manipulação
Ao pesquisarmos sobre a literatura
que trata sobre o tema, encontramos
algumas definições: “As mensagens
subliminares são todos os estímu-
los produzidos abaixo do limiar de
nossa consciência cotidiana, quando o
cérebro trabalha no que os psicólogos
chamam de frequência beta, e nor-
malmente, para sua transmissão, são
utilizados recursos visuais ou audi-
tivos” (Oliveira 2005, 5). “Mensagem
subliminar é um conteúdo dissimula-
do, uma mensagem visual ou auditiva
escondida que atua no subconsciente
da pessoa que é exposta à mensagem
em questão. São mensagens implícitas
que têm algum objetivo predefinido
e normalmente são usadas como uma
forma subtil de incentivar algum tipo
de comportamento, seja ele a compra
de algum produto ou uma atitude no
âmbito da ética e moral” (Significados,
2016). “Mensagens subliminares são
aquelas que os sentidos humanos
não conseguem perceber de forma
consciente, assim, a mensagem atinge
outra parte do cérebro humano sub-
consciente” (UOL/Brasil escola 2016).
Ou seja, mensagem subliminar é
um tipo de informação recebida pelo
nosso cérebro de forma não conscien-
te, ou melhor, não percebida de forma
consciente por nós. “São informações
que entram pelas nossas portas da
percepção, e vão mergulhar no mais
profundo na nossa consciência”
(Baggio 2010, 45). Vamos supor que
nesse momento você esteja lendo
exatamente esta frase, concentrado
nela. Provavelmente, sua atenção está
focada nas letras, mas, se, sem tirar os
olhos dessa frase, observar ao redor,
o que está em sua visão periférica,
irá ouvir os sons que os cercam (uma
música tocando em uma sala ou casa
próxima, uma batida de porta, um
latido de cão, um acelerar de uma
motocicleta ou carro), irá sentir os
cheiros ao redor (provavelmente um
perfume, o cheiro do almoço que a
vizinha esteja preparando ou alguém
que passou fumando e o cheiro do
cigarro chegou até você). Você não
estava percebendo essas informações,
porque sua atenção estava focada no
texto que está lendo. Ou seja, mes-
mo você concentrado em sua leitura,
seus órgãos sensitivos captaram tais
impressões, mas como isso não inte-
ressava no momento, tais estímulos
não chamaram sua atenção, sendo
filtrados e direcionados para o “fundo
de sua consciência”, ou melhor, para
seu subconsciente (Baggio 2010, 49).
O interesse por tal fenômeno não
é recente. Na antiguidade, os filóso-
fos já se questionaram sobre como
funciona nossa consciência e como
ela é influenciada pelo meio, pelas
impressões, logo, por mensagens que
recebemos e que nos influenciam
sem que percebamos. Porém, o termo
mensagem subliminar é recente. Surge
a partir da segunda metade do século
20, com uma experiência realizada
pelo publicitário norte-americano,
James Vicary. Esse experimento, que
ainda hoje é um dos mais conhecidos
e reverenciados sobre mensagem
subliminar, foi divulgado no ano de
1957, em uma conferência realizada
para a impressa. Vicary anunciou ter
desenvolvido uma nova técnica de
vendas, chamada “projeção subli-
minar”. Essa técnica consistia em
utilizar um taquitoscópio, que é um
OUSEJA,
MENSAGEM
SUBLIMINAR
ÉUMTIPODE
INFORMAÇÃO
RECEBIDAPELO
NOSSOCÉREBRO
DEFORMANÃO
CONSCIENTE(...)
“O interesse por tal fenômeno não é
recente, na antiguidade os filósofos já se
questionaram (...)”
“Como eram proje-
tadas numa velo-
cidade maior que o
olho podia captar,
estas imagens
não eram vistas
conscientemente.”
51
Manipulação
dispositivo capaz de projetar ima-
gens numa tela muito rapidamente,
para exibir imagens entre os quadros
de um filme durante uma fração de
segundos (para ser mais preciso,
0,00033 s). Como eram projetadas
numa velocidade maior que o olho
podia captar, estas imagens não eram
vistas conscientemente. Vicary acredi-
tava que elas atingiam diretamente o
subconsciente. Para provar a eficiên-
cia de suas propagandas subliminares,
Vicary, portanto, divulgou o resultado
do experimento que teria conduzido
num cinema de New Jersey, nos EUA.
Ao inserir as frases “Drink Coke” e “Eat
Popcorn” durante a projeção do filme
(em noites alternadas), segundo ele,
teria aumentado em 57,7% as ven-
das de pipoca e em 18,1% as vendas
de Coca-Cola durante as sessões do
cinema (Wikipédia 2016). Na época,
a experiência foi muito divulgada na
imprensa e circulou por muito tempo
como sendo válida. No entanto, mais
tarde, o estudo foi colocado em dúvi-
da pelo próprio Vicary, pois o mesmo
alegou não ter dados seguros que
comprovassem a influência do experi-
mento na decisão das pessoas sobre o
consumo de Coca-Cola e pipoca.
Com o passar do tempo, outros
experimentos foram realizados, e
algumas evidências constataram
que, sob condições cuidadosamente
controladas, as pessoas podem ser
influenciadas por informações fora de
sua consciência. Segundo Nunberg
(1988, citado em Morris e Maisto
2004), em determinado estudo com-
portamental foi mostrada a um grupo
de pessoas uma lista de palavras
relacionada à competição, enquanto
um segundo grupo observava uma
lista de palavras neutras. Mais tarde,
ao participar de um jogo, as pessoas
a que tinha sido mostrada a lista
subliminar de palavras com sugestão
de competitividade tornaram-se es-
pecialmente competitivas. O estudo
demonstrou, ao menos, em um ce-
nário de laboratório, que as pessoas
podem processar as informações que
ficam fora de sua consciência e reagir
a elas. Mesmo assim, os pesquisado-
res observam que não há evidência
científica segura que mensagens
subliminares usadas em propagandas
ou mesmo em materiais de autoajuda
tenham um efeito considerável.
Por outro lado, isso prova que as
mensagens sublimares existem e que
pessoas se preocuparam em entender
essa lógica e como explorar a técnica
para incentivar ou mesmo manipular o
comportamento de outras pessoas.
O fator mensagem subliminar fica
mais claro quando entendemos como
funciona nosso mecanismo de per-
cepção. Segundo ALVES, AREDES e
CARVALHO (2002), nossa sensação e
percepção ocorrem juntas, pois não há
um delimitador claro, mas, para fins de
compreensão, os termos são descritos
separados, sendo sensação o processo
fisiológico de ligação do organismo
com o meio, por meio dos órgãos sen-
soriais, e consiste na transmissão de
um influxo nervoso (corrente elétrica
que percorre os nossos nervos) desde
o órgão sensorial (que pode ser nos-
sos olhos, ouvidos, tato, nariz, boca),
que é levado até os centros de decodi-
ficação. Essa é realizada por estímulo
específico sobre receptor apropriado
para o receber. Por exemplo, nossos
52
Manipulação
olhos recebem estímulos luminosos,
os ouvidos estímulos sonoros, etc.
Os nossos sensores são, assim, os
órgãos dos sentidos que recebem e
transmitem mensagens bioquímicas
sob a forma de influxo nervoso que,
após serem decodificadas e inter-
pretadas nos centros nervosos de
conexão (espinal medula e encéfalo),
desencadeiam uma resposta motora
ou glandular. Já a percepção é o pro-
cesso de interpretação e organização
simbólica da sensação, por meio de
fatores de significação da linguagem e
das referências culturais que criamos.
Nossa percepção é uma construção in-
dividual, fruto de nossa relação com o
nosso meio, a qual permite construir-
mos uma visão da realidade, à qual é
atribuído um significado particular.
Atualmente, se pesquisarmos na
internet, vamos encontrar na literatura
que fala sobre mensagem subliminar
muitos estudos, alguns sérios, que
afirmam que as mensagens sublimi-
nares, por exemplo, são usadas para
motivar as pessoas a perderem peso,
na redução e controle da ansiedade e
de fobias, para aprender uma segunda
língua e mesmo em anúncios de pro-
dutos ou de uma causa. Mas, atenção,
já falamos acima, não há um estudo
seguro, e os que existem são muitas
vezes colocados em dúvida, sendo às
vezes usados mais para comércio do
que resultados efetivos. Há também
muitas publicações tipo “teoria da
conspiração”, onde se constata argu-
mentos que mensagens subliminares
são usadas para questões de mani-
pulações políticas, de sexualidade,
questões macabras/demoníacas ou
por grupos neonazistas, etc. Um veícu-
lo de comunicação e de produção de
cinema, por exemplo, muito criticado
por usar recursos subliminar, é a Walt
Disney. Os analistas e críticos afirmam
que em muitos dos seus filmes há
o uso das mensagens subliminares,
em especial com apelo à questão da
sexualidade. Para os críticos, há toda
uma maquinaria de construção de
valores direcionados às crianças para
induzi-las ao consumo de produtos.
Para entender a exploração da
sexualidade em comerciais (que é
usada também em demasia de forma
normal, em especial em comerciais
de cerveja ou de carros, os quais
hoje são muito criticados por usarem
a figura da mulher como objeto) é
preciso compreender um pouco de
psicanálise, teoria ainda hoje válida
em muitos aspectos. Segundo o cria-
dor da psicanálise, Sigmund Freud,
possuímos o instinto da vida, uma
energia (chamada de libido) que nos
impulsiona a viver, esse instinto é o
da sexualidade. Essa energia (natural
em nós) é responsável por nos fazer
procurar o prazer, esse muito além
da questão meramente do ligado a
sexo genital, e sim em amplo sentido
de busca de prazer, ou prazeres. Os
publicitários (marketing e a propa-
ganda) procuram estudar e conhecer
a natureza humana, nossos valores
e comportamentos exatamente para
explorar no quesito venda ou de en-
gajamento a publicidades. Eles procu-
ram, por exemplo, ligar determinado
produto a uma sensação de prazer.
No Brasil tivemos alguns casos
polêmicos do uso de mensagens subli-
minares, alguns comprovados, outros
não. Um exemplo comprovado e que
ELESPROCURAM,POREXEMPLO,
LIGARDETERMINADOPRODUTOA
UMASENSAÇÃODEPRAZER.
53
Manipulação
a justiça brasileira solicitou para que
o mesmo fosse retirado do ar, foi o de
uma vinheta promocional da antiga
MTV Brasil, no ano de 2002. O vídeo
mostrava um Buda e a logomarca da
emissora, no entanto, em forma subli-
minar, a emissora inseriu imagens de
pessoas praticando sadomasoquismo
em vários momentos da vinheta. A re-
tirada da vinheta não necessariamente
foi pelo uso de técnica de mensagem
subliminar, mas pelo conteúdo su-
bliminar, que no entender da justiça
poderia causar danos às pessoas,
em especial aos menores de idades.
Veja reportagem tratando sobre o
tema: http://cultura.estadao.com.br/
noticias/geral,mtv-condenada-por-
vinheta-fora-do-ar,20021106p6605)
ou https://www.youtube.com/
watch?v=WvwncSmUoMQ.
Outro exemplo polêmico que en-
contramos na internet é sobre a cam-
panha publicitária conhecida por to-
dos nós, que faz apelo para não dirigir
após o consumo de álcool “Se beber,
não dirija”. Segundo alguns analistas,
a estrutura da frase deveria ser ao
contrário, exatamente para ser mais
eficiente “Se dirigir, não beba”. Para os
críticos, a frase da campanha publici-
tária teve todo o cuidado subliminar
de instigar as pessoas ao consumo de
bebidas alcoólicas. Se analisarmos a
frase, percebemos que o advérbio de
negação “não” foi colocado na frente
do verbo “dirigir” e não do verbo “be-
ber”. Ou seja, você pode beber, está
livre para isso, o que não pode é dirigir
caso tenha bebido álcool. Na verdade,
a peça publicitária tem sua origem via
indústria cervejeira, e mais tarde é que
virou lei, e obrigatória aparecer nos
anúncios de venda de bebida alcoólica
“Se beber, não dirija”. Se analisarmos
pela ótica de nossos valores, da cultu-
ra presente em nosso meio ao qual nos
constituímos como sujeitos, a crítica
à campanha publicitária tem sentido,
pois o “não” é muito forte em nós...
quem afinal não escutou um não do
pai, um não da mãe, ou da professora
quando criança ou adolescente? O não
de fato exerce em nós o significado de
bloqueio, do parar. Portanto, parece
que o publicitário da empresa cerve-
jeira teve todo o cuidado de colocar
o adverbio “não” na frente do verbo
“dirigir” e não do verbo “beber”.
Na atualidade, o uso da mensagem
subliminar tem se inovado e procu-
rado expandir o uso da técnica às de-
mais vias de percepção para além de
imagens. Segundo Martin Lindstrom,
em seu livro “A Lógica do Consumo”, a
audição e o olfato podem ser explora-
dos tanto quanto a visão no processo
de marketing e publicidade. Claro, isso
não quer dizer que as imagens visuais
não deixam de ser ainda componentes
importantes do processo, essas na ver-
dade se tornam mais eficazes e memo-
ráveis quando associadas a outras vias
de percepção. Após imensas críticas e
uma legislação que proibe quase que
globalmente, por exemplo, de propa-
gandas de cigarros nos meios tradicio-
nais de comunicação, é que empresas
desse setor foram obrigadas a achar
formas alternativas de gravar sua mar-
ca e produto na cabeça das pessoas
exatamente pelo uso da aplicação de
modernas técnicas que exploram o
som, as cores e o cheiro, sendo muitas
dessas de forma subliminar.
No som, por exemplo, pelo
“Na atualidade, o
uso da mensagem
subliminar tem se
inovado e procu-
rado expandir o
uso da técnica às
demais vias de
percepção para
além de imagens.”
“Para os críticos há toda uma maqui-
naria de construção de valores direcio-
nados às crianças, para induzi-las ao
consumo de produtos.”
“Em outro mo-
mento, quando
colocado música
portuguesa, houve
também um au-
mento significativo
no aumento das
vendas de vinhos
portugueses.”
54
Manipulação
barulhinho crocante no comercial do
salgadinho de batata Ruffles. Ou ainda,
na velha prática que grandes redes de
supermercados de colocarem músicas
calmas para fazerem o consumidor an-
dar mais devagar e passar mais tempo
dentro do mercado, de forma a aumen-
tar as chances de os mesmos fazerem
uma compra por impulso. Não bastas-
se isso, por exemplo, na seção de vi-
nhos, se coloca para tocar uma música
italiana, e os vinhos italianos tiveram
um aumento expressivo nas vendas.
Em outro momento, quando colocado
música portuguesa, houve também
um aumento significativo no aumento
das vendas de vinhos portugueses.
Segundo o autor, o som desencadeia
fortes associações e emoções, e pode
exercer uma influência poderosa no
nosso comportamento. Pois a atenção
dos consumidores aumenta quando
eles ouvem uma melodia caracterís-
tica, o que de uma forma ou de outra,
acaba ligando o produto a determi-
nado ambiente, o consumidor passa a
prestar mais atenção a determinado
produto relacionado.
Igualmente nas cores, cada cor
passa uma “mensagem” para o consu-
midor. Por exemplo: vermelho trans-
mite robustez, excitação e juventude.
O azul passa confiança e força. Já o
amarelo transmite claridade, otimis-
mo e conforto. Já o verde passa a
ideia de saúde, paz e crescimento.
Quem já não associou determinada
cor a algum produto? Nesse sentido, e
não menos importante, as cores tam-
bém representam uma forte ligação
emocional entre nós e uma marca. Já
é dado comprovado que quando pre-
cisamos fazer um julgamento rápido,
algo em torno de 90 segundos, sobre
uma pessoa, um ambiente ou um
produto, cerca de 60% a 90% dessa
avaliação se baseia apenas na cor.
Quando a cor está fortemente enrai-
zada à marca, não é preciso estampar
logotipo em anúncio algum para que
de fato os consumidores possam per-
ceber a sua presença, é o caso, hoje
do azul marcante do Facebook.
O cheiro também tem forte influên-
cia na decisão de escolha por algo,
e nesse sentido também o mesmo é
55
Manipulação
explorado muitas vezes em mensa-
gens subliminares, e Martin Lindstrom
nos traz alguns exemplos do empre-
go da técnica. Desde a já clássica
forma de organizar o espaço de um
supermercado, colocando o espaço
de venda dos pães bem ao fundo do
supermercado, primeiro porque é um
produto que diariamente consumimos
e vamos comprar, então até chegar-
mos aos pães podemos ser cativados
a comprar mais produtos, um vinho
da serra gaúcha, por exemplo. Além
do mais, profissionais da área de
venda perceberam que o aroma de
pão recém-assado atrai o consumidor
para dentro do mercado, fazendo com
que aumentem as vendas de produ-
tos similares. Há mercados que até
já começaram a espalhar, em deter-
minado horário, um aroma artificial
de pão recém-assado em seus dutos
de ventilação. Além dessa experiên-
cia, Lindstrom traz outros exemplos
de técnicas que muitas vezes nem
percebemos, mas que acabam nos
influenciando na decisão ou consumo
de algo. É por exemplo a experiência,
realizada com pares de tênis seme-
lhantes e da mesma marca, mas que
em um dos pares foi borrifado um aro-
ma floral. O resultado é que 84% dos
participantes preferiram os tênis que
haviam visto na sala com aroma floral,
além disso, os tênis dessa sala foram
atribuídos com um valor de 10 dólares
mais caros. Em uma tentativa ousada,
os donos de uma loja de roupas expe-
rimentaram borrifar “aromas femini-
nos”, como baunilha, no departamento
de roupas femininas, e as surpresas
vieram, as vendas dobraram. Ou ainda,
quem iria imaginar que os frascos de
Nescafé são projetados para que assim
que abertos, liberarem o máximo de
fragrância possível no ar?
O marketing e a publicidade, justa-
mente por mexerem com o nosso ima-
ginário, são campeões na arte de dei-
xar subentendido muitas informações
as quais têm o intuito, muitas vezes, de
nos fazer querer muito algum produto
sem nem sabermos explicar o porquê.
Ou seja, não há como negar que existe
em nosso meio toda uma maquina-
ria para nos influenciar em nossas
decisões. Dentro delas há o uso da
mensagem subliminar. Muitos desses
usos são até interessantes. Há casos
também que são incluídas mensagens
subliminares propositalmente, não
para influenciar as pessoas, mas para
gerar polêmica, e, com isso, promover
o produto ou marca. E, há casos que
visam, de forma errada, a manipulação
das pessoas. O importante é sempre
lembrarmos e respeitarmos que cada
pessoa é um sujeito único e a este
cabe sua autonomia em suas decisões.
Por isso mesmo é importante saber-
mos que há um mundo que nos rodeia
e que tenta nos influenciar, despertar
em nós a busca de consumo, de nossa
atenção e escolha para algo.
* Jarbas Cardoso é formado em Filosofia UFSM/2000.
É professor de Filosofia da Rede Pública Estadual
do Rio Grande do Sul. Foi Assessor Pedagógico da
Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Giruá/
RS (2009-2010). Foi coordenador Regional de Educação
Adjunto, na 17ª CRE, Santa Rosa/RS (2011-2012) e
Secretário Municipal de Administração do município
de Giruá (2013-2015). Atualmente é estudante do
curso de mestrado em Intervenção Social, Inovação
e Empreendedorismo na Universidade de Coimbra,
Portugal. E-mail: jarbasveritas@gmail.com
IGUALMENTENAS
CORES,CADA
CORPASSAUMA
“MENSAGEM”
PARAO
CONSUMIDOR.
“O importante é sempre lembrarmos
e respeitarmos que cada pessoa é um
sujeito único e a este cabe sua escolha
autonomia em suas decisões.”
57
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Education of the Gifted. A Focus on Sci-
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content/36/3/277 - acesso em 03/07/16
Virgolim, A. Altas Habilidades/Superdo-
tação: Encorajando Potenciais Brasilia:
Ministério da Educação, Secretaria da
Educação Especial, 2007.
Virgolim, A Altas Habilidades e Desen-
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& Alencar, E.M.L.S (org) – Desenvolvi-
mento de Talentos e Altas Habilidades:
orientações a pais e professores – Porto
Alegre: Artmed, 2007
Coordenação Geral SEESP/MEC - Saberes
e práticas da inclusão: desenvolvendo
competências para o atendimento às
necessidades educacionais especiais de
alunos com altas habilidades/superdota-
ção. [2. ed.] Brasília : MEC, Secretaria de
Educação Especial, 2006. (Série : Saberes
e práticas da inclusão)
TURBINANDO O DESEMPENHO FÍSICO
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zachera, C. F., Barreto-Silva, V., & Alti-
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org/10.5007/1980-0037.2014v16n1p47
MENSAGENS SUBLIMINARES
Alves, Fátima; Aredes, José; Carvalho,
José. 2002. A chave do Saber. Introdução
à filosofia 11º ano. Lisboa: Texto Editora.
Baggio, Roberson. 2010. “Investigação
sobre a percepção subliminar (sob a ótica
da comunicação)”. Revista Hórus – Vol-
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livrosgratis.com.br/cp021401.pdf.
Lindstrom, Martin. 2009. A lógica do
consumo: verdades e mentiras sobre
por que compramos. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira.
Morris, Charles G; Maisto, Albert. 2004.
Introdução à psicologia. Trad. de Ludmilla
Lima e Maria Sobreira D. Baptista. São
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Oliveira, Elaine R. B. de. 2005. Mensagem
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direito legislativo. Unilegis/UFMS. Brasília.
Acessado em 20 de junho de 2016. http://
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liminar”. Acessado em 28 de junho de
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“Mensagem Subliminar”. Acessado em 28
de junho de 2016. (https://pt.wikipedia.
org/wiki/Mensagem_subliminar).

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Revista mistérios da psique, nº2, mensagens subliminares, Por Jarbas Cardoso

  • 1. VERSÃO DIGITAL ELABORADA POR PACO’S AGÊNCIA DIGITALPACO’S DIGITAL
  • 2. 2 ÍNDICE Repressão e neurose Acumuladores Compulsivos Transtorno de PICA Vivendo o passado no presente O que são atos falhos e por que eles ocorrem? Mensagens subliminares Turbinando o desempenho físico Mitos e caminhos da Superdotação Págs. 04 a 08 Págs. 25 a 32 Págs. 17 a 24 Págs. 33 a 37 Págs. 09 a 16 Págs. 44 a 48 Págs. 38 a 43 Págs. 49 a 55
  • 3. 3 Diretor-Executivo: Helcio de Carvalho Diretor-Financeiro: Dorival Vitor Lopes Editor-Executivo: Alex Alprim (alprim@gmail.com) Revisão: Fati Gomes Produtor Gráfico: Ailton Alipio (ailton@mythoseditora.com.br) Colaboradores: Ane Caroline Janiro , Anna Thereza Carneiro P. Abdala , Camila Vedolin Silva, Cristiane Campana Costa, Elena Souza, Fabiano Moura de Moura, Karina Simões Moura de Moura, Maria Marta Ferreira, Pauline de Mello Martines, Patrick Sandoz, Silvio José Lemos Vasconcellos, Rose-Angelique Belot , Sofia Bauer e Thomás Gomes Gonçalves. Gerente de Vendas/Livros: Adriana Ferreira S. Costa Coordenação de Consignação: Mônica A. Silva Números Atrasados: Fabiana Dionísio Circulação: Antonia B. Coelho Impressão: Gráfica São Francisco Distribuição Nacional: Fernando Chinaglia Reclamações, Sugestões, Dúvidas: faleconosco@mythoseditora.com.br ________________________________ (PRODUÇÃO, PROJETO GRÁFICO, DIAGRAMAÇÃO E PUBLICIDADE) Paco´s Serviços Gráficos Dir. Executivo/Projetos: Alex Alprim Dir. Financeiro: Paula Francisquini Designer-Manager: Percila Souza Designer-Júnior: Pedro Faria Designers-Assistentes: Jefferson Rodrigues, Fabiano Gomes, Natalia Igual e Nayara Miranda ____________________________ Mistérios da Psique é uma publicação da Mythos Editora. Redação e Administração: Av. São Gualter, 1296, São Paulo - SP, CEP: 05455-002, Fone: (11) 3024-7707. Os artigos aqui publicados, quando não assinados, seguem a licença de CREATIVE COMMONS, sendo vedada, no entanto, qualquer reprodução ou uso que se faça desse material para fins de lucro ou financeiros, no mais, quando o artigo for assinado, seu © Copyright pertence ao autor e é dele a total e completa responsabilidade jurídica e civil sobre o mesmo. Fica proibida a reprodução total ou parcial de qualquer foto ou artigo desta revista que tenha sido assinado por seus autores. A revista não se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados. NÚMEROS ATRASADOS: temos estoque limitado de nossas publicações. Se deseja alguma edição anterior desta publicação, entre em contato com Fabiana Dionísio, pelo telefone (11) 3021-7039 ou enviando uma carta para NÚMEROS ATRASADOS: Av. São Gualter, 1296, São Paulo - SP, CEP: 05455-002. PROMOÇÃO ESPECIAL: na compra de cinco ou mais revistas, a taxa de correio não será cobrada. Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, nº 1678, CEP: 06045-390, São Paulo – SP. Mythos Editora
  • 4. 49 Manipulação JAMES VICARY REALIZOU EM 1957 UMA DAS MAIS REFERENCIADAS EXPERIÊNCIAS COM MENSAGENS SUBLIMINARES, INSERINDO AS FRASES “BEBA COCA-COLA” E “COMA PIPOCA” DURANTE A PROJEÇÃO DE UM FILME, NUM CINEMA EM NOVA JERSEY. A EXPERIÊNCIA TERIA AUMENTADO EM 57,7% AS VENDAS DE PIPOCA E EM 18,1% AS VENDAS DE COCA-COLA DURANTE AS SESSÕES. ANOS MAIS TARDE, OS RESULTADOS FORAM RELATIVIZADOS PELO PRÓPRIO AUTOR DA PESQUISA E, NOS DIAS ATUAIS, AINDA HÁ CONTROVÉRSIAS SOBRE A EFICÁCIA DAS MENSAGENS SUBLIMINARES. Mensagenssubliminares J Á PENSOU SER POSSÍVEL INFLUENCIAR SEUS AMIGOS E COLEGAS DE TRABALHO? TER A CAPACIDADE E O DOMÍNIO DO USO DE TÉCNICAS PARA PERSUADIR AS PESSOAS EM SEU MEIO? O TEMA “MENSAGEM SUBLIMINAR” É SEMPRE ATRATIVO, POIS NOS FAZ FICAR ATENTOS SOBRE COMO PODEMOS ESTAR SENDO INFLUENCIADOS. DOMINAR ESSE CONHECIMENTO É SEMPRE ALGO INSTIGANTE, FOI EXATAMENTE POR ESSA CURIOSIDADE E PELA BUSCA DA CAPACIDADE DE ENTENDER E TENTAR INFLUENCIAR AS PESSOAS QUE MUITOS CIENTISTAS, PESQUISADORES E PROFISSIONAIS DO MARKETING E PROPAGANDA DEDICARAM SEUS ESFORÇOS PARA COMPREENDER A MENSAGEM SUBLIMINAR. MAS, AFINAL, O QUE É MENSAGEM SUBLIMINAR E COMO ELA PODE EXERCER INFLUÊNCIA SOBRE NÓS?
  • 5. 50 Manipulação Ao pesquisarmos sobre a literatura que trata sobre o tema, encontramos algumas definições: “As mensagens subliminares são todos os estímu- los produzidos abaixo do limiar de nossa consciência cotidiana, quando o cérebro trabalha no que os psicólogos chamam de frequência beta, e nor- malmente, para sua transmissão, são utilizados recursos visuais ou audi- tivos” (Oliveira 2005, 5). “Mensagem subliminar é um conteúdo dissimula- do, uma mensagem visual ou auditiva escondida que atua no subconsciente da pessoa que é exposta à mensagem em questão. São mensagens implícitas que têm algum objetivo predefinido e normalmente são usadas como uma forma subtil de incentivar algum tipo de comportamento, seja ele a compra de algum produto ou uma atitude no âmbito da ética e moral” (Significados, 2016). “Mensagens subliminares são aquelas que os sentidos humanos não conseguem perceber de forma consciente, assim, a mensagem atinge outra parte do cérebro humano sub- consciente” (UOL/Brasil escola 2016). Ou seja, mensagem subliminar é um tipo de informação recebida pelo nosso cérebro de forma não conscien- te, ou melhor, não percebida de forma consciente por nós. “São informações que entram pelas nossas portas da percepção, e vão mergulhar no mais profundo na nossa consciência” (Baggio 2010, 45). Vamos supor que nesse momento você esteja lendo exatamente esta frase, concentrado nela. Provavelmente, sua atenção está focada nas letras, mas, se, sem tirar os olhos dessa frase, observar ao redor, o que está em sua visão periférica, irá ouvir os sons que os cercam (uma música tocando em uma sala ou casa próxima, uma batida de porta, um latido de cão, um acelerar de uma motocicleta ou carro), irá sentir os cheiros ao redor (provavelmente um perfume, o cheiro do almoço que a vizinha esteja preparando ou alguém que passou fumando e o cheiro do cigarro chegou até você). Você não estava percebendo essas informações, porque sua atenção estava focada no texto que está lendo. Ou seja, mes- mo você concentrado em sua leitura, seus órgãos sensitivos captaram tais impressões, mas como isso não inte- ressava no momento, tais estímulos não chamaram sua atenção, sendo filtrados e direcionados para o “fundo de sua consciência”, ou melhor, para seu subconsciente (Baggio 2010, 49). O interesse por tal fenômeno não é recente. Na antiguidade, os filóso- fos já se questionaram sobre como funciona nossa consciência e como ela é influenciada pelo meio, pelas impressões, logo, por mensagens que recebemos e que nos influenciam sem que percebamos. Porém, o termo mensagem subliminar é recente. Surge a partir da segunda metade do século 20, com uma experiência realizada pelo publicitário norte-americano, James Vicary. Esse experimento, que ainda hoje é um dos mais conhecidos e reverenciados sobre mensagem subliminar, foi divulgado no ano de 1957, em uma conferência realizada para a impressa. Vicary anunciou ter desenvolvido uma nova técnica de vendas, chamada “projeção subli- minar”. Essa técnica consistia em utilizar um taquitoscópio, que é um OUSEJA, MENSAGEM SUBLIMINAR ÉUMTIPODE INFORMAÇÃO RECEBIDAPELO NOSSOCÉREBRO DEFORMANÃO CONSCIENTE(...) “O interesse por tal fenômeno não é recente, na antiguidade os filósofos já se questionaram (...)”
  • 6. “Como eram proje- tadas numa velo- cidade maior que o olho podia captar, estas imagens não eram vistas conscientemente.” 51 Manipulação dispositivo capaz de projetar ima- gens numa tela muito rapidamente, para exibir imagens entre os quadros de um filme durante uma fração de segundos (para ser mais preciso, 0,00033 s). Como eram projetadas numa velocidade maior que o olho podia captar, estas imagens não eram vistas conscientemente. Vicary acredi- tava que elas atingiam diretamente o subconsciente. Para provar a eficiên- cia de suas propagandas subliminares, Vicary, portanto, divulgou o resultado do experimento que teria conduzido num cinema de New Jersey, nos EUA. Ao inserir as frases “Drink Coke” e “Eat Popcorn” durante a projeção do filme (em noites alternadas), segundo ele, teria aumentado em 57,7% as ven- das de pipoca e em 18,1% as vendas de Coca-Cola durante as sessões do cinema (Wikipédia 2016). Na época, a experiência foi muito divulgada na imprensa e circulou por muito tempo como sendo válida. No entanto, mais tarde, o estudo foi colocado em dúvi- da pelo próprio Vicary, pois o mesmo alegou não ter dados seguros que comprovassem a influência do experi- mento na decisão das pessoas sobre o consumo de Coca-Cola e pipoca. Com o passar do tempo, outros experimentos foram realizados, e algumas evidências constataram que, sob condições cuidadosamente controladas, as pessoas podem ser influenciadas por informações fora de sua consciência. Segundo Nunberg (1988, citado em Morris e Maisto 2004), em determinado estudo com- portamental foi mostrada a um grupo de pessoas uma lista de palavras relacionada à competição, enquanto um segundo grupo observava uma lista de palavras neutras. Mais tarde, ao participar de um jogo, as pessoas a que tinha sido mostrada a lista subliminar de palavras com sugestão de competitividade tornaram-se es- pecialmente competitivas. O estudo demonstrou, ao menos, em um ce- nário de laboratório, que as pessoas podem processar as informações que ficam fora de sua consciência e reagir a elas. Mesmo assim, os pesquisado- res observam que não há evidência científica segura que mensagens subliminares usadas em propagandas ou mesmo em materiais de autoajuda tenham um efeito considerável. Por outro lado, isso prova que as mensagens sublimares existem e que pessoas se preocuparam em entender essa lógica e como explorar a técnica para incentivar ou mesmo manipular o comportamento de outras pessoas. O fator mensagem subliminar fica mais claro quando entendemos como funciona nosso mecanismo de per- cepção. Segundo ALVES, AREDES e CARVALHO (2002), nossa sensação e percepção ocorrem juntas, pois não há um delimitador claro, mas, para fins de compreensão, os termos são descritos separados, sendo sensação o processo fisiológico de ligação do organismo com o meio, por meio dos órgãos sen- soriais, e consiste na transmissão de um influxo nervoso (corrente elétrica que percorre os nossos nervos) desde o órgão sensorial (que pode ser nos- sos olhos, ouvidos, tato, nariz, boca), que é levado até os centros de decodi- ficação. Essa é realizada por estímulo específico sobre receptor apropriado para o receber. Por exemplo, nossos
  • 7. 52 Manipulação olhos recebem estímulos luminosos, os ouvidos estímulos sonoros, etc. Os nossos sensores são, assim, os órgãos dos sentidos que recebem e transmitem mensagens bioquímicas sob a forma de influxo nervoso que, após serem decodificadas e inter- pretadas nos centros nervosos de conexão (espinal medula e encéfalo), desencadeiam uma resposta motora ou glandular. Já a percepção é o pro- cesso de interpretação e organização simbólica da sensação, por meio de fatores de significação da linguagem e das referências culturais que criamos. Nossa percepção é uma construção in- dividual, fruto de nossa relação com o nosso meio, a qual permite construir- mos uma visão da realidade, à qual é atribuído um significado particular. Atualmente, se pesquisarmos na internet, vamos encontrar na literatura que fala sobre mensagem subliminar muitos estudos, alguns sérios, que afirmam que as mensagens sublimi- nares, por exemplo, são usadas para motivar as pessoas a perderem peso, na redução e controle da ansiedade e de fobias, para aprender uma segunda língua e mesmo em anúncios de pro- dutos ou de uma causa. Mas, atenção, já falamos acima, não há um estudo seguro, e os que existem são muitas vezes colocados em dúvida, sendo às vezes usados mais para comércio do que resultados efetivos. Há também muitas publicações tipo “teoria da conspiração”, onde se constata argu- mentos que mensagens subliminares são usadas para questões de mani- pulações políticas, de sexualidade, questões macabras/demoníacas ou por grupos neonazistas, etc. Um veícu- lo de comunicação e de produção de cinema, por exemplo, muito criticado por usar recursos subliminar, é a Walt Disney. Os analistas e críticos afirmam que em muitos dos seus filmes há o uso das mensagens subliminares, em especial com apelo à questão da sexualidade. Para os críticos, há toda uma maquinaria de construção de valores direcionados às crianças para induzi-las ao consumo de produtos. Para entender a exploração da sexualidade em comerciais (que é usada também em demasia de forma normal, em especial em comerciais de cerveja ou de carros, os quais hoje são muito criticados por usarem a figura da mulher como objeto) é preciso compreender um pouco de psicanálise, teoria ainda hoje válida em muitos aspectos. Segundo o cria- dor da psicanálise, Sigmund Freud, possuímos o instinto da vida, uma energia (chamada de libido) que nos impulsiona a viver, esse instinto é o da sexualidade. Essa energia (natural em nós) é responsável por nos fazer procurar o prazer, esse muito além da questão meramente do ligado a sexo genital, e sim em amplo sentido de busca de prazer, ou prazeres. Os publicitários (marketing e a propa- ganda) procuram estudar e conhecer a natureza humana, nossos valores e comportamentos exatamente para explorar no quesito venda ou de en- gajamento a publicidades. Eles procu- ram, por exemplo, ligar determinado produto a uma sensação de prazer. No Brasil tivemos alguns casos polêmicos do uso de mensagens subli- minares, alguns comprovados, outros não. Um exemplo comprovado e que ELESPROCURAM,POREXEMPLO, LIGARDETERMINADOPRODUTOA UMASENSAÇÃODEPRAZER.
  • 8. 53 Manipulação a justiça brasileira solicitou para que o mesmo fosse retirado do ar, foi o de uma vinheta promocional da antiga MTV Brasil, no ano de 2002. O vídeo mostrava um Buda e a logomarca da emissora, no entanto, em forma subli- minar, a emissora inseriu imagens de pessoas praticando sadomasoquismo em vários momentos da vinheta. A re- tirada da vinheta não necessariamente foi pelo uso de técnica de mensagem subliminar, mas pelo conteúdo su- bliminar, que no entender da justiça poderia causar danos às pessoas, em especial aos menores de idades. Veja reportagem tratando sobre o tema: http://cultura.estadao.com.br/ noticias/geral,mtv-condenada-por- vinheta-fora-do-ar,20021106p6605) ou https://www.youtube.com/ watch?v=WvwncSmUoMQ. Outro exemplo polêmico que en- contramos na internet é sobre a cam- panha publicitária conhecida por to- dos nós, que faz apelo para não dirigir após o consumo de álcool “Se beber, não dirija”. Segundo alguns analistas, a estrutura da frase deveria ser ao contrário, exatamente para ser mais eficiente “Se dirigir, não beba”. Para os críticos, a frase da campanha publici- tária teve todo o cuidado subliminar de instigar as pessoas ao consumo de bebidas alcoólicas. Se analisarmos a frase, percebemos que o advérbio de negação “não” foi colocado na frente do verbo “dirigir” e não do verbo “be- ber”. Ou seja, você pode beber, está livre para isso, o que não pode é dirigir caso tenha bebido álcool. Na verdade, a peça publicitária tem sua origem via indústria cervejeira, e mais tarde é que virou lei, e obrigatória aparecer nos anúncios de venda de bebida alcoólica “Se beber, não dirija”. Se analisarmos pela ótica de nossos valores, da cultu- ra presente em nosso meio ao qual nos constituímos como sujeitos, a crítica à campanha publicitária tem sentido, pois o “não” é muito forte em nós... quem afinal não escutou um não do pai, um não da mãe, ou da professora quando criança ou adolescente? O não de fato exerce em nós o significado de bloqueio, do parar. Portanto, parece que o publicitário da empresa cerve- jeira teve todo o cuidado de colocar o adverbio “não” na frente do verbo “dirigir” e não do verbo “beber”. Na atualidade, o uso da mensagem subliminar tem se inovado e procu- rado expandir o uso da técnica às de- mais vias de percepção para além de imagens. Segundo Martin Lindstrom, em seu livro “A Lógica do Consumo”, a audição e o olfato podem ser explora- dos tanto quanto a visão no processo de marketing e publicidade. Claro, isso não quer dizer que as imagens visuais não deixam de ser ainda componentes importantes do processo, essas na ver- dade se tornam mais eficazes e memo- ráveis quando associadas a outras vias de percepção. Após imensas críticas e uma legislação que proibe quase que globalmente, por exemplo, de propa- gandas de cigarros nos meios tradicio- nais de comunicação, é que empresas desse setor foram obrigadas a achar formas alternativas de gravar sua mar- ca e produto na cabeça das pessoas exatamente pelo uso da aplicação de modernas técnicas que exploram o som, as cores e o cheiro, sendo muitas dessas de forma subliminar. No som, por exemplo, pelo “Na atualidade, o uso da mensagem subliminar tem se inovado e procu- rado expandir o uso da técnica às demais vias de percepção para além de imagens.” “Para os críticos há toda uma maqui- naria de construção de valores direcio- nados às crianças, para induzi-las ao consumo de produtos.”
  • 9. “Em outro mo- mento, quando colocado música portuguesa, houve também um au- mento significativo no aumento das vendas de vinhos portugueses.” 54 Manipulação barulhinho crocante no comercial do salgadinho de batata Ruffles. Ou ainda, na velha prática que grandes redes de supermercados de colocarem músicas calmas para fazerem o consumidor an- dar mais devagar e passar mais tempo dentro do mercado, de forma a aumen- tar as chances de os mesmos fazerem uma compra por impulso. Não bastas- se isso, por exemplo, na seção de vi- nhos, se coloca para tocar uma música italiana, e os vinhos italianos tiveram um aumento expressivo nas vendas. Em outro momento, quando colocado música portuguesa, houve também um aumento significativo no aumento das vendas de vinhos portugueses. Segundo o autor, o som desencadeia fortes associações e emoções, e pode exercer uma influência poderosa no nosso comportamento. Pois a atenção dos consumidores aumenta quando eles ouvem uma melodia caracterís- tica, o que de uma forma ou de outra, acaba ligando o produto a determi- nado ambiente, o consumidor passa a prestar mais atenção a determinado produto relacionado. Igualmente nas cores, cada cor passa uma “mensagem” para o consu- midor. Por exemplo: vermelho trans- mite robustez, excitação e juventude. O azul passa confiança e força. Já o amarelo transmite claridade, otimis- mo e conforto. Já o verde passa a ideia de saúde, paz e crescimento. Quem já não associou determinada cor a algum produto? Nesse sentido, e não menos importante, as cores tam- bém representam uma forte ligação emocional entre nós e uma marca. Já é dado comprovado que quando pre- cisamos fazer um julgamento rápido, algo em torno de 90 segundos, sobre uma pessoa, um ambiente ou um produto, cerca de 60% a 90% dessa avaliação se baseia apenas na cor. Quando a cor está fortemente enrai- zada à marca, não é preciso estampar logotipo em anúncio algum para que de fato os consumidores possam per- ceber a sua presença, é o caso, hoje do azul marcante do Facebook. O cheiro também tem forte influên- cia na decisão de escolha por algo, e nesse sentido também o mesmo é
  • 10. 55 Manipulação explorado muitas vezes em mensa- gens subliminares, e Martin Lindstrom nos traz alguns exemplos do empre- go da técnica. Desde a já clássica forma de organizar o espaço de um supermercado, colocando o espaço de venda dos pães bem ao fundo do supermercado, primeiro porque é um produto que diariamente consumimos e vamos comprar, então até chegar- mos aos pães podemos ser cativados a comprar mais produtos, um vinho da serra gaúcha, por exemplo. Além do mais, profissionais da área de venda perceberam que o aroma de pão recém-assado atrai o consumidor para dentro do mercado, fazendo com que aumentem as vendas de produ- tos similares. Há mercados que até já começaram a espalhar, em deter- minado horário, um aroma artificial de pão recém-assado em seus dutos de ventilação. Além dessa experiên- cia, Lindstrom traz outros exemplos de técnicas que muitas vezes nem percebemos, mas que acabam nos influenciando na decisão ou consumo de algo. É por exemplo a experiência, realizada com pares de tênis seme- lhantes e da mesma marca, mas que em um dos pares foi borrifado um aro- ma floral. O resultado é que 84% dos participantes preferiram os tênis que haviam visto na sala com aroma floral, além disso, os tênis dessa sala foram atribuídos com um valor de 10 dólares mais caros. Em uma tentativa ousada, os donos de uma loja de roupas expe- rimentaram borrifar “aromas femini- nos”, como baunilha, no departamento de roupas femininas, e as surpresas vieram, as vendas dobraram. Ou ainda, quem iria imaginar que os frascos de Nescafé são projetados para que assim que abertos, liberarem o máximo de fragrância possível no ar? O marketing e a publicidade, justa- mente por mexerem com o nosso ima- ginário, são campeões na arte de dei- xar subentendido muitas informações as quais têm o intuito, muitas vezes, de nos fazer querer muito algum produto sem nem sabermos explicar o porquê. Ou seja, não há como negar que existe em nosso meio toda uma maquina- ria para nos influenciar em nossas decisões. Dentro delas há o uso da mensagem subliminar. Muitos desses usos são até interessantes. Há casos também que são incluídas mensagens subliminares propositalmente, não para influenciar as pessoas, mas para gerar polêmica, e, com isso, promover o produto ou marca. E, há casos que visam, de forma errada, a manipulação das pessoas. O importante é sempre lembrarmos e respeitarmos que cada pessoa é um sujeito único e a este cabe sua autonomia em suas decisões. Por isso mesmo é importante saber- mos que há um mundo que nos rodeia e que tenta nos influenciar, despertar em nós a busca de consumo, de nossa atenção e escolha para algo. * Jarbas Cardoso é formado em Filosofia UFSM/2000. É professor de Filosofia da Rede Pública Estadual do Rio Grande do Sul. Foi Assessor Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Giruá/ RS (2009-2010). Foi coordenador Regional de Educação Adjunto, na 17ª CRE, Santa Rosa/RS (2011-2012) e Secretário Municipal de Administração do município de Giruá (2013-2015). Atualmente é estudante do curso de mestrado em Intervenção Social, Inovação e Empreendedorismo na Universidade de Coimbra, Portugal. E-mail: jarbasveritas@gmail.com IGUALMENTENAS CORES,CADA CORPASSAUMA “MENSAGEM” PARAO CONSUMIDOR. “O importante é sempre lembrarmos e respeitarmos que cada pessoa é um sujeito único e a este cabe sua escolha autonomia em suas decisões.”
  • 11. 57 Referências Bibliográficas escolas do país. http://www1.folha. uol.com.br/educacao/2015/10/1695370- numero-de-superdotados-cresce- 17-vezes-em-14-anos-nas-escolas-do- pais.shtml - acesso 03/07/16 Fleith, D.S. – Altas habilidades e de- senvolvimento emocional. In:Fleith, D.S & Alencar, E.M.L.S Desenvolvimento de talentos e altas habilidades: orienta- ção a pais e professores. Porto Alegre: Artmed, 2007 Fleith, D.S – Educação Infantil. Saberes e Práticas da Inclusão: Altas Habilidades/ Superdotação. Brasília: MEC, Secretaria da Educação Especial, 2006. Gama, M.C.S – Educação de Super- dotados: Teoria e Prática. São Paulo: EPU, 2006. Ministry of Education, Science and Tech- nology and Korean Educational Develop- ment Institute – History and Present Status of Gifted Education in Korea. 2011- http://gifted.kedi.re.kr/khome/ gifted/gedEng/history.do - acesso em 03/7/16. National Association for Gifted Children - https://www.nagc.org/resources-pub- lications/resources/gifted-education-us - acesso em 26/6/16. Pereira, VLP & Guimaraes, TG “Programas educacionais para alunos com altas ha- bilidades” In: Fleith, DS & Alencar, EMLS – Desenvovimento de talentos e altas habilidades. Porto Alegre: Artemed, 2007. Rangini, R. A. & Costa, M.P.R. - A EDUCA- ÇÃO DOS SUPERDOTADOS: HISTÓRIA E EX- CLUSÃO- Revista Educação vol. 6 n.11 pp. 16 a 24 In: http://revistas.ung.br/index. php/educacao/article/viewFile/923/903 - acesso 03/07/16 Sumida, M. – Emerging Trends in Japan in Education of the Gifted. A Focus on Sci- ence Education. - http://jeg.sagepub.com/ content/36/3/277 - acesso em 03/07/16 Virgolim, A. Altas Habilidades/Superdo- tação: Encorajando Potenciais Brasilia: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Especial, 2007. Virgolim, A Altas Habilidades e Desen- volvimento Intelectual - In:Fleith, D.S & Alencar, E.M.L.S (org) – Desenvolvi- mento de Talentos e Altas Habilidades: orientações a pais e professores – Porto Alegre: Artmed, 2007 Coordenação Geral SEESP/MEC - Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com altas habilidades/superdota- ção. [2. ed.] Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. (Série : Saberes e práticas da inclusão) TURBINANDO O DESEMPENHO FÍSICO Bigliassi, M., León-Domínguez, U., Buz- zachera, C. F., Barreto-Silva, V., & Alti- mari, L. R., (in press). How does music aid 5 km of running? Journal of Strength and Conditioning Research, doi: 10.1519/ JSC.0000000000000627 Guillot, A., Desliens, S., Rouyer, C., & Rogowski, I. (2013). Motor Imagery and Tennis Serve Performance: The External Focus Efficacy. Journal of Sports Science and Medicine, 12(2), 332-338. Kanthack, T., Bigliassi, M., Vieira, L., & Altimari, L. (2013). Acute effect of motor imagery on basketball play- ers’ free throw performance and self-efficacy. Brazilian Journal of Kinanthropometry and Human Perfor- mance, 16(1), 47-57. doi:http://dx.doi. org/10.5007/1980-0037.2014v16n1p47 MENSAGENS SUBLIMINARES Alves, Fátima; Aredes, José; Carvalho, José. 2002. A chave do Saber. Introdução à filosofia 11º ano. Lisboa: Texto Editora. Baggio, Roberson. 2010. “Investigação sobre a percepção subliminar (sob a ótica da comunicação)”. Revista Hórus – Vol- ume 4, número 2, Out-Dez. Acessado em 20 de junho de 2016. http://livros01. livrosgratis.com.br/cp021401.pdf. Lindstrom, Martin. 2009. A lógica do consumo: verdades e mentiras sobre por que compramos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. Morris, Charles G; Maisto, Albert. 2004. Introdução à psicologia. Trad. de Ludmilla Lima e Maria Sobreira D. Baptista. São Paulo: Prentice Hall. Oliveira, Elaine R. B. de. 2005. Mensagem subliminar – As lacunas da legislação brasileira. Curso de especialização em direito legislativo. Unilegis/UFMS. Brasília. Acessado em 20 de junho de 2016. http:// www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/55. Significados (Siginificados.com.br). 2016. “O que é uma Mensagem sub- liminar”. Acessado em 28 de junho de 2016. http://www.significados.com.br/ mensagem-subliminar/. UOL (Brasil Escola).2016. “Mensagem subliminar”. Acessado em 20 de junho de 2016. (http://brasilescola.uol.com.br/ curiosidades/mensagem-subliminar.htm). Wikipédia (Enciclopédia livre). 2016. “Mensagem Subliminar”. Acessado em 28 de junho de 2016. (https://pt.wikipedia. org/wiki/Mensagem_subliminar).