Reflexão epistemológica dos estudos culturais numa perspectiva da educação
Carta de um professor aos paraibanos
1. Carta de um professor aos paraibanos*
Ilustres paraibanos e paraibanas. Chamo atenção de todos para o estado de abandono social
que encontra-se o nosso Estado. A violência tem governado este Estado desmoralizando a
todos, principalmente os gestores públicos, assistimos com freqüência a morte de nossos
jovens e trabalhadores - ser assassinado ou assaltado parece que virou algo comum, faz parte
de nossa vida diária, isso é lamentável. O Estado de amparo social foi vitimado pelo Estado de
abandono social, vivenciamos a pior página de nossa história republicana.
O Senhor Governador Ricardo Coutinho só contribuiu para o aumento da violência em nosso
Estado quando abriu as fronteiras das nossas cidades a bandidagem, ou seja, quando
desativou a Manzuá – uma guarda de fronteira que fiscalizava a entrada e saída dos veículos.
Com isso, João Pessoa, tem se tornado uma das cidades mais violenta do mundo. Na
campanha de 2010, o ex-candidato ao governo do Estado, o nosso atual governador,
prometeu equipar a nossa polícia com ferramentas de alta precisão e tecnologia, além de
valorizar a carreira desses profissionais com salários dignos e um plano de carreira satisfatório,
o discurso não passou de mera campanha eleitoreira.
Exemplo do desrespeito aos servidores podemos registrar a demissão em massa de
aproximadamente 25 mil trabalhadores, o Governador no seu primeiro dia de governo foi
pedir a bença ao Ministério Público, a recomendação para demitir sem critério esses
prestadores de serviço, muitos com 10, 15 e até 25 anos de trabalho. Muitas mulheres, mães
de família sofrem até hoje com essa atitude infame de humilhar quem trabalhou por longos
anos. Ferindo até mesmo o princípio da dignidade humana, um princípio constitucional. Mas
este governo se sente acima da lei, governo totalitário tem vida curta, a nossa sociedade não
admite mais essa forma nefasta de governar, o povo paraibano será soberano e dará a
resposta no momento certo.
Segundo a Assembleia Legislativa da Paraíba, este governo superou todos os seus antecessores
nas últimas duas décadas, vetando projetos de interesse da sociedade, a exemplo do Projeto
de lei que favorecia com meia-entrada em eventos culturais os profissionais da educação, cito
isso apenas como um exemplo. Como este governo não tem respeitado esses profissionais, ele
rasgou o PCCR e sequer cumpre com o piso salarial dos mesmos, o governo incorporou ao
salário desses profissionais uma gratificação sem respeitar a decisão da categoria, apenas para
camuflar o cumprimento da lei do piso, até mesmo a progressão horizontal e vertical não é
respeitada. Há duas décadas que esses profissionais não têm os qüinqüênios atualizados, e na
atual gestão o governo finge que servidor possui esse direito. Esse governo tem representado
uma tragédia para o servidor público, quando suspendeu o atendimento a saúde dos
prestadores de serviço, serviço este, fornecido no governo anterior pelo Instituto de
Assistência ao Servidor, o antigo IPEP. Rebaixou os salários dos funcionários daquele instituto,
obrigados a uma dupla carga horária de trabalho desestabilizando diversas famílias, onde
muitos chegaram a falecer e outros ainda continuam sob cuidados médicos, acometidos de
AVC por tanto constrangimento profissional administrativo.
Os policiais são outra categoria desrespeitada em seus direitos, muitos solicitam a progressão
funcional e não são atendidos, o PCCR sequer o governo apresentou uma proposta de
promoção da carreira, até mesmo um seguro de vida que os policiais possuíam há mais de 100
2. anos o governador passou a vassoura. Caso o policial venha a falecer em trabalho, como tem
acontecido, sua família fica desamparada, para não passar fome lhe resta pedir esmola. E o
governador ainda por cima tem a coragem de ir ao velório do policial. O desrespeito é
tamanho que o governo impõe a esse profissional um reajuste sempre abaixo da inflação,
vergonhosamente em 2012 concedeu a categoria um reajuste de 3%. Desconsiderou a Lei do
subsídio dos profissionais do FISCO, e em 2013 concedeu reajuste de 5% parcelado em duas
vezes, algo surreal para um gestor público. Sem esquecer os funcionários da CAGEPA que
ofereceu um reajuste de 5% parcelado em cinco vezes. Isso é uma imoralidade para quem dizia
que iria respeitar o servidor público no período de campanha, e até mesmo o respeito ao seu
discurso de posse, que rasgou e jogou no lixo, mas eu continuo com uma cópia para guardar
como prova para a história. Este governo proibiu até mesmo a filiação de novos servidores aos
sindicatos das diversas categorias, até porque esse governo não se presta ao diálogo, tem feito
um grande mal ao movimento democrático reconhecido pela constituição.
Mas o que este governo economiza esfolando a pele dos servidores, ele esnoba no luxo, a
Granja Santana virou chacota de bloco de carnaval quando o Tribunal de Contas do Estado
divulgou que foram feito compras de papel higiênico decorado com casalzinho de noivos em
alto-relevo a custo de R$ 50,00 (cinqüenta reais), além de toneladas de camarão, carne de
cordeiro, latas de leite em número absurdo por mês para alimentar o filho do governador e
até mesmo de animal em extinção. A imprensa tem revelado que até mesmo o avião do
governo foi usado para fins pessoais e isso não pode ficar impune, o povo não pode continuar
bancando essa farra do boi patrocinada com o dinheiro dos nossos impostos.
Contraditoriamente, este governo fechou 230 escolas sem consultar a comunidade, há quem
sustente que para cada escola fechada abre-se uma cadeia. Não quero com esta última citação
justificar o alto índice da criminalidade em nosso Estado.
As promessas de campanha são um fiasco, os hospitais que seriam construídos em 100% dos
municípios não passou de engodo político, o povo morre sem assistência média e os atuais
hospitais foram terceirizados - (a máquina de fazer caixa dois para futuras campanhas) e o
povo vivendo na miséria, e médico obrigado pela força das circunstâncias operar crânio de
paciente com furadeira(broca) da construção civil. A transparência desse governo é desejável,
quando sequer expõe o valor das obras nas placas, temos como exemplo a obra do Centro de
Convenções de João Pessoa, uma obra suntuosa, construída com dinheiro público para depois
ser terceirizada ou privatizada. Por outro lado, em muitas cidades falta água e o asfalto de
certas rodovias virou terra, a exemplo da estrada “asfaltada” da cidade de Cabaceiras,
reconhecida nacionalmente pela festa do Bode-Rei, o descaso talvez possa ser justificado pelo
título da festa, um rei não pode ser confrontado com outro, princípio do totalitarismo.
Outra flâmula da campanha eleitoral foi a redução do valor da taxa de água, que em muitos
casos a conta de água chega, mesmo sem contar com água na torneira ou em certos casos
apenas duas vezes na semana. A redução da taxa de energia foi outra mentira, o governo
federal reduziu o valor da cota de energia, mas o governo da Paraíba desconsiderou. A falta
d’agua em nosso Estado é comparável a flagelo dos nossos animais que foram dizimados pela
seca, expostos suas carcaças, no primeiro semestre de 2013 na porta do Banco do Nordeste
em Campina Grande, que chocou a todos, a seca mais violenta das últimas quatro décadas.
3. Mas o governador vende um Estado de bondade na mídia e alguns órgãos de comunicação da
Paraíba estão cegos para uma realidade visível.
O governador bem que poderia usar uma tática da época que era militante dos movimentos
sociais, hoje no poder, poderia convocar a população para um grande ato público em defesa
da vida e da paz, chamar atenção do governo federal para o Estado de Caos que hoje
vivenciamos. Mas o governo omite seu passado e se encastela na casa do povo,
desconsiderando o poder desse povo. Isolado em seu próprio castelo, este governo está
condenado a fadiga e aos privilégios. Procurar falar com ele é inútil, pois a burocracia tem ódio
do povo e em cada porta do palácio encontra-se um cão de guarda perguntando para onde
você vai: “ - Quer falar com quem? – Com o Governador!! – Quem é você? – Sou uma
servidora pública de 20 anos de serviço prestado ao Estado, o governador me jogou no meio
da rua. Queria pedi-lhe sua misericórdia, que devolvesse meu emprego”.
Vamos pedir a Deus para não adoecermos até dezembro de 2014 e vamos pedir aos orixás
para nos proteger da bandidagem, vamos andar com uma cópia da Oração de São Jorge no
bolso para nos livrar dos nossos inimigos.
Autor: Professor Gilson Nunes
Presidente da Associação dos Servidores Públicos das Regiões Norte/Nordeste
asprenne@gmail.com – Fone: 083 3321-7362