Este documento discute o uso da crase no português brasileiro. Explica que a crase indica a contração entre a preposição "a" e um artigo ou pronome, e quando deve ou não ser utilizada em diferentes contextos gramaticais. Fornece exemplos de frases que requerem o uso da crase e outras que não.
2. Analise as frases abaixo
Alguém bateu a porta.
A moça correu as cortinas.
Participou a prima sua viagem.
Referia-se a outra mulher.
Aquelas palavras acordaram-lhe
lembranças da juventude.
O homem pinta a máquina.
3. Analise as frases abaixo
Alguém bateu à (na) porta.
A moça correu às (para as) cortinas.
Participou à (para a) prima sua
viagem.
Referia-se à (falava da) outra mulher.
Àquelas (A essas) palavras
acordaram-lhe lembranças da
juventude.
O homem pinta à (com) máquina.
4. Crase
Usamos o acento grave no “a” com duas
finalidades diferentes:
1 - Para sinalizar a crase, isto é, para indicar que o
“a” vale por dois: à=a+a;
2 - Para sinalizar a preposição a em expressões
de circunstâncias com o substantivo feminino
singular, indicando que não se deve confundir com
o artigo a.
Portanto, acento grave:
1 - Índice de contração (crase);
2 - Índice de preposição (clareza).
5. O nome
deste
acento é
grave.
CRASE não é acento
CRASE (em grego
Krasis) significa
fusão ou união;
neste caso é a fusão
de duas vogais
iguais e contínuas
7. Usa-se a crase
Usa-se a crase Exemplos
1 - Nas formas àquela, àquele, àquelas,
àqueles, àquilo, àqueloutro (quando o
termo regente exige a preposição `a´).
Cheguei àquele (a+aquele)
lugar.
2 - Nas indicações de horas.
Observação: Zero e meia incluem-se na
regra.
Chegou às 8 horas. O
aumento entra em vigor à zero
hora.
3 - Nas locuções adverbiais, prepositivas
e conjuntivas constituídas de palavras
femininas, como às pressas, às vezes, à
risca, à noite, à direita, à esquerda, à
frente, à maneira de, à moda de, à
procura de, à mercê de, à custa de, à
medida que, à proporção que, à força
de, à espera de.
Seguiu à risca as instruções:
à noite, tirou o carro da
primeira garagem à direita,
virou à esquerda e à frente viu a
namorada na esquima.
8. Usa-se a crase
Usa-se a crase Exemplos
4 - Nas locuções que indicam meio ou
instrumento e em outras nas quais a
tradição linguística o exija, como à bala,
à faca, à máquina, à chave, à vista, à
venda, à toa, à tinta, à mão, à navalha,
à espada, à queima-roupa, à fome
(matar à fome).
No filme, o ator levou um
tiro à queima-roupa.
5 - Antes dos relativos que, qual e
quais, quando o termo que os precede
exige a preposição “a”.
Eis a garota à qual você se
referiu.
9. NÃO se usa crase
Não se usa a crase antes de palavra masculina:
andar a pé, pagamento a prazo, caminhadas a esmo,
cheirar a suor, viajar a cavalo, vestir-se a caráter.
Não se usa crase antes de um topônimo (nome de
cidade, país, bairro, etc.) se for feminino e não
admitir artigo: Chegou a Brasília. / Irão a Roma este
ano. Exceção. Há crase quando se especifica a cidade
com um determinante: Iremos à Roma dos Césares.
Não se usa a crase antes de verbo: Passou a ver./
Começou a fazer. / Pôs-se a falar.
Não se usa a crase entre substantivos repetitivos:
Cara a cara, gota a gota, de ponta a ponta.
Não se usa crase antes de pronomes que não
admitem artigo feminino: Pediram a ela que saísse. /
Não cheguei a nenhuma conclusão. / Dedicou o livro a
essa moça.
10. NÃO se usa crase
Não se usa crase diante de formas de tratamento:
Escreverei a Vossa Excelência. / Recomendamos a
Vossa Senhoria... / Pediram a Vossa Majestade...
Não se usa crase diante de palavra feminina tomada
em sentido genérico: Em respeito a morte em família,
faltou ao serviço.
Repare: Em respeito a falecimento, e não ao
falecimento.
Havendo determinação, porém, a crase é
indispensável: Morte de bebês leva à punição (ao
castigo) de médico. / Superintendente admite ter cedido
à pressão (ao desejo) dos superiores.
Substantivos no plural que fazem parte de locuções
de modo ou tenham sentido genérico: Pegaram-se a
dentadas. / Progrediram a duras penas. / Não me refiro
a mulheres, mas a meninas.
11. NÃO se usa crase
Nomes de mulheres célebres: Ele a comparou a Ana
Neri. / Preferia Ingrid Bergman a Greta Garbo.
Dona e Madame: Deu o dinheiro a dona Maria. / Já se
acostumou a madame Angélica.
◦ Exceção. Há crase se as palavras dona ou madame
estiverem particularizadas: Referia-se à Dona Flor
dos dois maridos.
Numerais considerados de forma indeterminada: O
número de mortos chegou a dez. / Nasceu a 8 de
janeiro. / Fez uma visita a cinco empresas.
12. NÃO se usa crase
Distância, desde que não determinada: A polícia
ficou a distância. / O navio estava a distância.
◦ Quando se define a distância, existe crase: O
navio estava à distância de 500 metros do cais. / A
polícia ficou à distância de seis metros dos
manifestantes.
Terra, quando a palavra significa terra firme: O navio
estava chegando a terra. / O marinheiro foi a terra.
(Esteve em terra)
Casa, considerada como o lugar onde se mora:
Voltou a casa. / Chegou cedo a casa.
◦ Se a palavra estiver determinada, existe crase: Voltou
à casa dos pais. / Iremos à Casa da Moeda. / Fez
uma visita à Casa Branca.
13. Uso FACULTATIVO da crase
Antes do possessivo: Levou a encomenda a sua (à
sua) tia. / Não fez menção a nossa empresa (ou à
nossa empresa). Na maior parte dos casos, a crase dá
clareza a esse tipo de oração.
Com até: Foi até a porta (ou até à). / Até a volta (ou até
à).
Notas do Editor
Pronunciadas, todas essas frases admitem dupla interpretação. Elas são ambíguas na fala. Na escrita, nenhuma ambiguidade, por um detalhe: ausência/presença de acento. Repare na mudança de sentido que decorre da acentuação.
Isso nos mostra a utilidade – e mesmo a necessidade – do acento grave no “a”: antes de tudo, é um imperativo de clareza.
A crase indica a fusão dos sons da preposição a com o artigo a, as, ou com pronome demonstrativo feminino a, as, bem como com o a de aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo e a qual, as quais.