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Abel Salazar nasceu em 1889 em Guimarães e morreu em Lisboa em 1946.
Tendo como actividade principal a medicina, foi investigador e professor universitário
na Faculdade de Medicina do Porto. Destacou-se na pintura, actividade que
desenvolvia como amador, mas que lhe valeu, em 1939, o epíteto de "o maior pintor
português vivo".


"Dedicou-se com entusiasmo à pintura, à gravura, sobretudo à água forte e ao relevo
metálico, em cobres martelados e tratados com ácidos", tendo sido um dos raros
casos de realismo em Portugal. "Pintando de preferência temas urbanos e rurais,
envolvendo trabalhadores e trabalhadoras labutando em variados ofícios, Abel Salazar
imprimiu sempre às suas composições um dramatismo que o faz ultrapassar a
linhagem naturalista em que se insere. (...) Esse dramatismo é, porém, acompanhado
por uma crítica social, (...) isso apoiado pelas próprias convicções ideológicas do
artista, firme defensor de posições democráticas, permitiu atribuir a Abel Salazar um
lugar de percussor do movimento neo-realista português." (José Augusto França,
1976).


Abel Salazar foi uma das grandes influências dos jovens neo-realistas, sendo mesmo,
segundo Júlio Pomar, "o único dos mais velhos que deveria ser integrado numa
exposição colectiva de jovens." Abel Salazar foi uma daquelas excepções em que as
formas "velhas", impressionistas ou expressionistas, tinham um conteúdo "novo", o
povo e a sua vida.Abel Salazar foi também um teórico de arte, tendo escrito artigos no
jornal “O Diabo” e livros tais como “ Que é a arte? Em 1940 e “Filosofia da arte”.
"Toda a arte é pela arte e toda a arte é humana; depende isso do sentido que se
queira ligar às frases, as quais só por si nada significam. Se alguém diz que lhe não
interessa a arte quando ela não tem por tema um caso social, essealguém diz uma
coisa com sentido, que tem um legítimo direito de afirmar; mas se essealguém diz que
toda a arte deve ser social, ou que a arte não deve ser senão social ou humana, faz
então uma afirmação puramente gratuita, vazia de sentido e absolutamente estéril"
(em “Que é a arte”). Esta tese defendida por Abel Salazar foi produzida no contexto da
polémica de 1939 entre Álvaro Cunhal e José Régio, ou seja, entre o neo-realismo e
opresencismo.A vasta obra de Abel Salazar que inclui livros tais como “A Faina das
Mulheres”,         “Mulheres       Trabalhadoras”,        “Mulher         do         Povo”,
“Carvoeira”,” Lavadeira ouEnchendo Sacos”está reunida e exposta na Casa-museu
Abel Salazar, em S. Mamede de Infesta.
                                                                      Joana Matos, 11º A
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  • 1. Abel Salazar nasceu em 1889 em Guimarães e morreu em Lisboa em 1946. Tendo como actividade principal a medicina, foi investigador e professor universitário na Faculdade de Medicina do Porto. Destacou-se na pintura, actividade que desenvolvia como amador, mas que lhe valeu, em 1939, o epíteto de "o maior pintor português vivo". "Dedicou-se com entusiasmo à pintura, à gravura, sobretudo à água forte e ao relevo metálico, em cobres martelados e tratados com ácidos", tendo sido um dos raros casos de realismo em Portugal. "Pintando de preferência temas urbanos e rurais, envolvendo trabalhadores e trabalhadoras labutando em variados ofícios, Abel Salazar imprimiu sempre às suas composições um dramatismo que o faz ultrapassar a linhagem naturalista em que se insere. (...) Esse dramatismo é, porém, acompanhado por uma crítica social, (...) isso apoiado pelas próprias convicções ideológicas do artista, firme defensor de posições democráticas, permitiu atribuir a Abel Salazar um lugar de percussor do movimento neo-realista português." (José Augusto França, 1976). Abel Salazar foi uma das grandes influências dos jovens neo-realistas, sendo mesmo, segundo Júlio Pomar, "o único dos mais velhos que deveria ser integrado numa exposição colectiva de jovens." Abel Salazar foi uma daquelas excepções em que as formas "velhas", impressionistas ou expressionistas, tinham um conteúdo "novo", o povo e a sua vida.Abel Salazar foi também um teórico de arte, tendo escrito artigos no jornal “O Diabo” e livros tais como “ Que é a arte? Em 1940 e “Filosofia da arte”. "Toda a arte é pela arte e toda a arte é humana; depende isso do sentido que se queira ligar às frases, as quais só por si nada significam. Se alguém diz que lhe não interessa a arte quando ela não tem por tema um caso social, essealguém diz uma coisa com sentido, que tem um legítimo direito de afirmar; mas se essealguém diz que toda a arte deve ser social, ou que a arte não deve ser senão social ou humana, faz então uma afirmação puramente gratuita, vazia de sentido e absolutamente estéril" (em “Que é a arte”). Esta tese defendida por Abel Salazar foi produzida no contexto da polémica de 1939 entre Álvaro Cunhal e José Régio, ou seja, entre o neo-realismo e opresencismo.A vasta obra de Abel Salazar que inclui livros tais como “A Faina das Mulheres”, “Mulheres Trabalhadoras”, “Mulher do Povo”, “Carvoeira”,” Lavadeira ouEnchendo Sacos”está reunida e exposta na Casa-museu Abel Salazar, em S. Mamede de Infesta. Joana Matos, 11º A Ano lectivo 2010/2011