O documento discute vários aspectos técnicos da fotografia em preto e branco, incluindo visualização, exposição, sistemas de zonas, filtros, revelação e laboratório. Aborda tópicos como luz, filmes, sensibilidade, exposição com luz natural e artificial, e procedimentos de revelação e lavagem corretos.
Prova da PPL Enem reapliaçõ de 2023 com todas as questões
O negativo
1. UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM FOTOGRAFIA
LABORATÓRIO PRETO E BRANCO
ALICE LINDORFER
CANOAS
2014/1
2. Visualização e tons de imagem
Antes de dar os primeiros passos para fotografar, o fotógrafo pode usar de um
processo chamado “visualização”. Este é um processo consciente onde a imagem
final é projetada mentalmente antes de ser tirada de fato. Seja por visualização
consciente ou outro método intuitivo, todo fotógrafo vê a fotografia final de algum
modo antes de completá-la. É muito útil observar a fotografia de um objeto ao lado
do próprio objeto. A mais mais fácil de fazer isso é fotografá-lo com filme Polaroid
Land preto-e-branco, pois nesse método há pouco espaço de tempo entre a
visualização e a cópia fotográfica. Em segundo lugar, é recomendado o uso de um
filtro de observação. O filtro não neutraliza completamente as cores, mas minimiza
seu significado visual, especialmente no que diz respeito às cores de baixa
saturação, como a maior parte das cores da natureza.
Luz e Filme
A luz é o tipo de radiação eletromagnética à qual o olho humano é sensível.
Essa radiação pode ser considerada um espectro contínuo que inclui, além da luz,
ondas de rádio, de radar, raios X, raios gama e outras formas de energia radiante.
Quando a luz atinge uma superfície, ela pode ser transmitida, absorvida ou refletida.
Na maior parte das fotografias registramos a luz refletida do objeto e não aquela que
incide sobre ele. O fotômetro de luz incidente omite totalmente a medição da luz
refletida que forma a imagem no filme, e portanto, limita a oportunidade de avaliar
áreas específicas do objeto e aplicar métodos de controle para chegar à imagem
criativa visualizada.
A luz branca é composta por uma combinação de todas as cores do espectro,
embora nossos olhos possam perceber misturas muito diferentes como brancas.
A fotografia depende basicamente da redução química do metal prata a partir
do haletos de prata que são expostos à luz. Na exposição, a luz produz uma imagem
latente invisível, composta dos cristais que vão formar a imagem de prata depois de
revelados, mas que ainda não passaram por nenhuma mudança visível. Na
revelação, porções do filme expostas a grande quantidade de luz produzem um
considerável depósito de prata reduzida, conhecido como densidade mais alta; as
áreas do filme expostas a menos luz produzem menos prata, ou tem menos
densidade. Assim, a imagem no filme é negativa, e as áreas escuras correspondem
às áreas brilhantes do objeto.
3. Como filmes fotográficos se deterioram com o tempo, as condições de
armazenamento são extremamente importantes. O filme virgem é vendido em
embalagens que o protegem contra a umidade. A temperatura também é importante:
o filme nunca deve estar exposto em altas temperaturas, sendo no máximo de 22ºC.
Outro fator que determina a deterioração dos filmes são as substancias químicas
ativas no meio ambiente, como certos plásticos, laca, tintas e gases.
Exposição
Podemos expor uniformemente um filme com intensidade de luz relativamente
alta por um curto período, ou com luz menos intensa por um período mais longo. A
exposição, portanto, é um campo de diferentes exposições no filme: uma área
escura do objeto expõe menos a área do filme que a registra do que uma área clara.
Podemos medir a luz que reflete, utilizando um fotômetro. Um fotômetro de luz
refletida lê cerca de 30º da área do objeto. Se apontado na direção do objeto, ele
fará a leitura média de todas as luminâncias dentro desse campo, mas é frequente
essa leitura não ser a ideal para um negativo de qualidade superior. O fotômetro não
tem como saber para que tipo de objeto foi apontado ou qual é sua proporção de
áreas escuras e claras. Ele é calibrado na suposição de que o objeto seja médio.
Um objeto onde as áreas escuras e claras não estejam equilibradas leva a uma
exposição incerta. Podemos melhorar a precisão da exposição fazendo a leitura de
um tom médio da cena, utilizando o cartão cinza padrão da Kodak a 18%. Uma
exposição cuidadosa evitará super e sub exposição, sendo a subexposição a mais
perigosa, visto que as áreas escuras podem não ser registradas no filme e que não
há técnica de revelação que reproduza detalhes inexistentes no negativo.
O Fator K
Dá uma porcentagem maior de imagens aceitáveis sob condições médias em
comparação a um fotômetro calibrado exatamente para uma refletância de 18%. Isto
é, ao medir uma superfície cinza-médio e realizarmos a exposição conforme o
indicado, o resultado não será exatamente cinza-médio.
Quando o fotômetro é segurado ao lado da objetiva e apontado ao longo do
seu eixo para o objeto, a leitura média resultante tem de ser aumentada em cerca de
85% dos casos para se conseguir a densidade de sombra desejada. Os fabricantes
4. supõem que a maioria dos fotômetros é usada para tirar a média da iluminação dos
objetos e levam esse efeito em consideração usando o Fator K. Esse fator equivale
a aumentar a exposição em um terço de ponto. O uso inteligente do fotômetro,
porém, elimina a necessidade de artifícios como o Fator K.
O Sistema de Zonas
Permite relacionar várias luminâncias de um objeto com os cinza, o branco e
o preto que visualizamos.
O cinza médio de uma cópia equivalente ao cartão cinza a 18% de refletância
é denominado Tom V. O termo "zona" é utilizado para se referir à escala de
exposição e "tom" para os outros conceitos, como os valores de luminâncias, as
densidades do negativo e os tons da cópia. Portanto, o ponto médio em uma escala
de exposição é a Zona V e os tons do negativo e da cópia o Tom V. Para determinar
o restante da escala, definimos que a variação de um ponto na exposição equivale à
variação de uma zona na escala de exposição, e o cinza resultante na cópia será
considerado um tom mais alto ou mais baixo na escala da cópia. Reduções
posteriores a intervalos de um ponto resultam em exposições pelas Zonas III, II, I e
O, que correspondem a tons de cópia III, II, I e 0, mais escuros. Do mesmo modo, se
aumentarmos a exposição em um ponto de cada vez a partir da Zona V, teremos
Zonas VI, VII, VIII, IX e X. Do zero ao X, iremos do preto total ao branco puro; do I
ao IX, temos uma escala dinâmica; e do II ao VIII temos uma escala de textura.
Zona 0 - I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X
Exposição pelo sistema de zonas
O ajuste inicial é feito com base na área mais escura do objeto em cuja
imagem queremos preservar os detalhes. Para uma área escura da qual se deseja o
mínimo de textura, a Zona II pode ser a escolha lógica. No entanto, podemos decidir
se queremos detalhes adicionais da Zona III. Decidido o ajuste das baixas-luzes,
devemos medir as outras luminâncias importantes do objeto e ver onde elas caem
na escala de exposição.
A maioria dos fotômetros modernos possui uma escala arbitrária de números
para representar as luminâncias, na qual cada intervalo de um equivale ao dobro ou
à metade da luminância, ou seja, à variação de um ponto na exposição. O número
indicado pelo fotômetro é transferido para um disco de conversão no próprio
5. fotômetro, o qual, levando em consideração a velocidade do filme, relaciona os
números da escala aos ajustes de exposição em termos de números f e à
velocidade do obturador.
Sensitometria
Ciência que estabelece a relação entre exposição e densidade na fotografia.
O que nos interessa é saber quanto um negativo é denso, portanto, o importante é a
quantidade de luz absorvida. Convertemos a transmissão em opacidade e a
densidade é definida como um logaritimo. As densidades são medidas pelo
densitômetro, um instrumento calibrado para fazer essa medição em um negativo ou
em uma cópia.
Filtros e pré-exposição
São meios adicionais de controlar os tons do negativo no momento da
exposição. O filtro é em geral uma gelatina ou um vidro de alta qualidade, que
contém tintas ou compostos para limitar a transmissão de várias cores da luz. Seus
efeitos são determinados pela cor da luz incidente. Por isso, diante de um céu azul,
por exemplo, um filtro azul suavizará as sombras, e um filtro que absorva o azul
(amarelo, laranja ou vermelho) as escurecerá.
Já a pré-exposição consiste em dar ao negativo uma primeira exposição sob
iluminação uniforme, alinhada com uma determinada zona baixa, antes da
exposição normal do objeto. Serve para trazer todo o negativo para o ponto inicial de
exposição ou um pouco acima, de modo que ele fique sensibilizado a níveis muito
baixos de exposição adicional. Assim, ele conservará os detalhes nas sombras
profundas.
Fotografia com luz natural
Quanto mais claro o dia, mais intensa a luz do sol e menos intensa a luz do
céu, portanto, maior a diferença entre as áreas iluminadas e as áreas de sombra. As
formas, volumes, texturas e cores que se podem obter com qualquer objeto ou cena
sob luz natural devem ser totalmente aproveitados. A qualidade da luz do sol
também é reconhecida pela nitidez das altas-luzes. Uma fonte de luz ampla produz
altas-luzes suaves, e uma fonte de luz pontual produz altas-luzes nítidas.
6. Fotografia com Filtro Infravermelho
Em mãos criativas, o infravermelho é capaz de produzir imagens magnificas,
mas é preciso evitar áreas de céu e água amplas demais, pois vão ficar
invariavelmente escuras na cópia. Fotômetros comuns não podem ser utilizados
com filme infravermelho; as exposições recomendadas pelo fabricante são úteis
como ponto de partida. A maior parte das objetivas exige que se aumente
ligeiramente a distância entre o filme e a lente, para corrigir o foco.
Fotografia com Luz Artificial
O uso da luz artificial pode ser entendido como um processo de síntese, onde
somos livres para controlar a quantidade e a natureza da luz e direcioná-la da
maneira que acharmos melhor para alcançar o efeito desejado.
No estúdio, um polarizador sobre a lente pode ser usado em conjunto com
fontes de luz polarizada para eliminar clarões.
Lâmpadas de flash e unidades eletrônicas de flash fornecem "luz sob
medida", em tamanhos que variam de unidades pequenas portáteis até grandes
sistemas de flash. A maneira mais comum de determinar a exposição com flash é
usar o número-guia, que incorpora a intensidade do flash com refletor e a velocidade
do filme.
Os procedimentos no laboratório
O revelador precisa ser escolhido com cuidado, pois tem efeitos em fatores
como o tamanho e a aparência do grão, a separação de tons ou perda de detalhe,
progressao suave de tonalidade e acutância. O tipo de luz do ampliador também
deve ser levado em consideração. As fontes de luz do condensador e as pontuais
acentuam a nitidez e o contraste, ao passo que as fontes difusas proporcionam tons
mais suaves e separação melhor das altas-luzes.
É fundamental manter o laboratório limpo, e a construção deve ser planejada
de modo que todas as superficies sejam laváveis e impermeáveis. É essencial ter
tanques de lavagem ou lavadoras, termômetro, balança e timers.
Tempo e temperatura de revelação
Todos os processos quimicos sao sensiveis à temperatura em alguma
medida. Na maioria dos processos em preto-e-branco, a temperatura padrão é a de
7. 20ºC. Todas as temperaturas devem ser observadas com um termômetro de
precisão. Em temperaturas abaixo de 16ºC, o processo de lavagem torna-se mais
lento e sua eficiência é incerta.
A quantidade de agitação também deve ser cuidadosamente controlada, já
que é importante manter um sistema uniforme. É sugerido que o filme seja agitado
continuamente por 30 segundos, depois por 5 segundos a cada minuto. Depois, na
mesma sequência descrita, agitadas por 30 segundos no interruptor, e novamente,
por 30 segundos no fixador. Após, agite a cada minuto por cerca de 4 ou 5 minutos.
Após a fixação, o filme pode ser enxaguado e transferido para o tanque da lavagem.
Os reveladores patenteados disponiveis atualmente satisfazem as
necessidades da fotografia em geral, mas existem certos agentes e fórmulas de
revelaçao especiais para outras situações.