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Alex Cunha Ribeiro <alexr@cpqd.com.br>
16 de mai
para mim
NEUROSE Jung mostrava resistência à tendência na psiquiatria de sua época a gastar um esforço
imenso na classificação correta da doença mental (ver DOENÇA MENTAL; PATOLOGIA). Assim,
exceto quanto a uma ampla distinção entre a neurose e a PSICOSE (especificamente entre a posição
e força do EGO na HISTERIA e na ESQUIZOFRENIA, respectivamente), uma categorização bem
desenvolvida não existe em seus escritos (CW 2, parág. 1070). Não há paralelo, por exemplo, com a
distinção de Freud entre as neuroses reais, derivadas da própria sexualidade, e as psiconeuroses
(tais como a histeria), derivadas de um conflito psíquico incontrolável. Entretanto, como afirma
Laplanche e Pontalis, “dificilmente é possível alegar que uma distinção efetiva tenha sido
estabelecida entre as estruturas da neurose, psicose e perversão. Em conseqüência, nossa própria
definição de neurose está inevitavelmente aberta à crítica de que é demasiadamente ampla”
(1980).
A atitude geral de Jung era de que a pessoa com a neurose era mais apropriada para receber a
atenção que a própria neurose. Uma neurose não deveria estar isolada do resto da personalidade,
mas, antes, ser vista como permeando o todo da PSIQUE perturbada psicopatologicamente. Daí, na
ANÁLISE, é o conteúdo dos complexos o aspecto crucial, não uma avaliação clínica refinada (ver
COMPLEXO).
Quanto a definir neurose, Jung falava em desenvolvimento unilateral ou não-equilibrado. Às vezes
o desequilíbrio está entre o ego e um ou mais complexos, outras vezes Jung usava seu esquema da
psique para se referir às dificuldades do ego com relação às outras instâncias psíquicas tais como a
anima ou o animus e a SOMBRA (ver ANIMA E ANIMUS). Portanto, a neurose é uma falha
(provisória) da capacidade natural da psique de exercer uma FUNÇÃO AUTO-REGULADORA DA
PSIQUE (ver COMPENSAÇÃO).
Ao mesmo tempo, os sintomas neuróticos podem ver vistos como algo mais que resultantes de um
distúrbio ou desequilíbrio subjacente. Podem ser considerados tentativas para uma autocura (ver
PROCESSO DE CURA) ao chamarem a atenção de uma pessoa para o fato de que ela está fora de
equilíbrio, está sofrendo de uma des-ordem* (ver PONTO DE VISTA TELEOLÓGICO).
O quadro clínico da neurose muitas vezes, mas nem sempre, contém o sentimento de falta ou
ausência de significado. Isso levou Jung a se referir metaforicamente a uma neurose típica como
um problema religioso (CW 11, parágs. 500-15). Ver RELIGIÃO; SIGNIFICADO.
A relutância de Jung em usar a redução a fatores infantis como explicação significa que ele não
deixou nenhuma teoria abrangente da ETIOLOGIA DA NEUROSE. Contudo, a idéia do complexo
pode ser usada descritivamente para esclarecer a constituição de uma neurose. No entanto, às
vezes Jung parece sugerir que a neurose é uma questão de constituição inerente (ver ARQUÉTIPO;
MÉTODOS REDUTIVO E SINTÉTICO; REALIDADE PSÍQUICA).
.* Dis-ease, no original inglês; literalmente, na composição deste termo: “falta de bem-estar”. [N.
do T.]
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  • 1. Alex Cunha Ribeiro <alexr@cpqd.com.br> 16 de mai para mim NEUROSE Jung mostrava resistência à tendência na psiquiatria de sua época a gastar um esforço imenso na classificação correta da doença mental (ver DOENÇA MENTAL; PATOLOGIA). Assim, exceto quanto a uma ampla distinção entre a neurose e a PSICOSE (especificamente entre a posição e força do EGO na HISTERIA e na ESQUIZOFRENIA, respectivamente), uma categorização bem desenvolvida não existe em seus escritos (CW 2, parág. 1070). Não há paralelo, por exemplo, com a distinção de Freud entre as neuroses reais, derivadas da própria sexualidade, e as psiconeuroses (tais como a histeria), derivadas de um conflito psíquico incontrolável. Entretanto, como afirma Laplanche e Pontalis, “dificilmente é possível alegar que uma distinção efetiva tenha sido estabelecida entre as estruturas da neurose, psicose e perversão. Em conseqüência, nossa própria definição de neurose está inevitavelmente aberta à crítica de que é demasiadamente ampla” (1980). A atitude geral de Jung era de que a pessoa com a neurose era mais apropriada para receber a atenção que a própria neurose. Uma neurose não deveria estar isolada do resto da personalidade, mas, antes, ser vista como permeando o todo da PSIQUE perturbada psicopatologicamente. Daí, na ANÁLISE, é o conteúdo dos complexos o aspecto crucial, não uma avaliação clínica refinada (ver COMPLEXO). Quanto a definir neurose, Jung falava em desenvolvimento unilateral ou não-equilibrado. Às vezes o desequilíbrio está entre o ego e um ou mais complexos, outras vezes Jung usava seu esquema da psique para se referir às dificuldades do ego com relação às outras instâncias psíquicas tais como a anima ou o animus e a SOMBRA (ver ANIMA E ANIMUS). Portanto, a neurose é uma falha (provisória) da capacidade natural da psique de exercer uma FUNÇÃO AUTO-REGULADORA DA PSIQUE (ver COMPENSAÇÃO). Ao mesmo tempo, os sintomas neuróticos podem ver vistos como algo mais que resultantes de um distúrbio ou desequilíbrio subjacente. Podem ser considerados tentativas para uma autocura (ver PROCESSO DE CURA) ao chamarem a atenção de uma pessoa para o fato de que ela está fora de equilíbrio, está sofrendo de uma des-ordem* (ver PONTO DE VISTA TELEOLÓGICO). O quadro clínico da neurose muitas vezes, mas nem sempre, contém o sentimento de falta ou ausência de significado. Isso levou Jung a se referir metaforicamente a uma neurose típica como um problema religioso (CW 11, parágs. 500-15). Ver RELIGIÃO; SIGNIFICADO. A relutância de Jung em usar a redução a fatores infantis como explicação significa que ele não deixou nenhuma teoria abrangente da ETIOLOGIA DA NEUROSE. Contudo, a idéia do complexo pode ser usada descritivamente para esclarecer a constituição de uma neurose. No entanto, às vezes Jung parece sugerir que a neurose é uma questão de constituição inerente (ver ARQUÉTIPO; MÉTODOS REDUTIVO E SINTÉTICO; REALIDADE PSÍQUICA). .* Dis-ease, no original inglês; literalmente, na composição deste termo: “falta de bem-estar”. [N. do T.]