O documento discute o conceito de parágrafo, apresentando que um parágrafo é um conjunto de frases com sentido lógico e que pode ter diferentes tamanhos dependendo do tipo de texto. Descreve também que os parágrafos devem ter uma ideia central e elementos de coesão ligando as frases.
1. Parágrafo
O parágrafo é o conjunto de frases que formam uma sequência com sentido,
com lógica. Pode ser assinalado graficamente, como exposto acima, ou ainda
oralmente, quando se faz uma pausa maior dos fatos ou quando iniciamos um
novo assunto.
Os parágrafos são as estruturas que compõe um texto e podem ser: longos,
médios e curtos, dependendo do tipo de produção textual.
Longos: estão mais presentes em textos científicos e acadêmicos, os quais
exigem uma explicação mais complexa, com exemplos e especificações.
Médios: livros, revistas, jornais são exemplos de onde encontrar esse tipo de
parágrafo.
Curtos: estão presentes em chamada de notícia, artigos, cartas sociais,
editoriais, livros infantis, por exemplo.
O tópico frasal sempre está presente nos parágrafos, pois é o foco central
através do qual as ideias se norteiam e se encaixam.
Existem alguns tipos de parágrafos que acompanham o tipo de texto: O
narrativo apresentará parágrafos que relatam uma série de ações e diálogos;
no descritivo, os parágrafos estarão envoltos em adjetivos, comparações,
argumentos detalhados do que está sendo descrito. Já nos textos dissertativos,
os parágrafos estarão divididos, geralmente, entre o que introduz os que
desenvolvem as ideias e o que finaliza a exposição dos argumentos.
O importante é visualizar se no texto há uma coesão (ligação semântica) entre
os parágrafos e se há coerência no que se diz, ou seja, uma sequência de
ideias que possuem sentido e caminham para uma conclusão.
Parágrafos muito longos não são muito recomendados - a não ser nos tipos de
texto que necessitam de maiores detalhes - pois confundem e dispersam a
atenção do leitor. Em uma dissertação, por exemplo, o ideal é transmitir um
argumento de cada vez, de modo conciso e simples!
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2. A Redação do parágrafo
Em uma redação, o parágrafo serve para dividir os assuntos
desenvolvidos no texto. O parágrafo - padrão é aquele que tem uma ideia como
núcleo e a apresenta, desenvolve e conclui.
Em muitos casos o Parágrafo, apresenta em sua estrutura uma
introdução, um desenvolvimento e uma conclusão.
Na INTRODUÇÃO, aparece uma frase-núcleo, ou seja, um tópico frasal
que desencadeará o texto. Tópico Frasal é a motivação composta por um
bloco de palavras, suficiente para desencadear o parágrafo. Pode ser uma
declaração, uma interrogação, uma exclamação.
Deve caracterizar-se pela simplicidade, rapidez, síntese e por ser capaz de
realmente levar à construção do parágrafo.
No DESENVOLVIMENTO, aparecem os argumentos, inicialmente
apresentados na introdução, são desmembrados e ordenados.(1.2.3....)
Na CONCLUSÃO, ocorre um fechamento que retoma a ideia inicial de
modo coeso e coerente.
Parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais de
um período, em que se desenvolve determinada ideia central, a que se
agregam outras, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente
decorrentes dela.
Para ter UNIDADE, o parágrafo precisa ter uma ideia principal forte,
clara, explícita em que todos os demais períodos devem estar ligados a essa
ideia. O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da
folha.
Esse processo facilita ao autor de um texto, ajustar de forma mais clara
as ideias principais de seu texto, permitindo assim ao leitor uma melhor
compreensão sobre o desenvolvimento dos textos nos seus diferentes
estágios.
Como construir o parágrafo
Da mesma forma que o texto, o parágrafo também tem uma estrutura.
Pois, existe nele uma introdução, um desenvolvimento e, às vezes, escondida
ou subentendida uma conclusão. Para que haja coerência no parágrafo, é
necessário que as ideias sejam apresentadas dentro de uma ordemlógica.
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3. A ordem das ideias deve obedecer a alguns critérios:
1. Sequência cronológica (datas anteriores apresentadas antes das
posteriores).
2. Sequência espacial ( norte, sul, leste. oeste).
3. Sequência conforme uma classificação mencionada: ( o primeiro,
o segundo, o terceiro... Um, dois, três...)
4. Sequência de raciocínio: as causas provocam efeitos; os efeitos
possuem causas.
Na redação de um parágrafo, devem-se observar algumas
características para que o texto tenha qualidade. E quais são essas
qualidades?
O parágrafo deve ter unidade: as ideias e frases devem ser coerentes.
Isto é, as frases devem estar intimamente inter-relacionadas de tal modo que
todas se relacionem ao tema.
As frases podem ser ligadas por elementos de coesão conforme o
sentido que expressam.
Retomando alguns elementos coesivos....
Elementos de coesão Ideias que expressam
Mas, porém, todavia, contudo, no entanto, Adversidade
entretanto.
Enquanto, ao passo que, à proporção que, à Proporção
medida que
Tanto quanto, como, assim como, do que. Comparação
Embora, ainda que, se bem que, mesmo que. Concessão
Porque, visto que, uma vez que, já que. Causa
Consequentemente, por conseguinte, de modo Consequência
que.
Logo, portanto, desse modo, assim, então. Conclusão
Evitar a redação de frases muitos longas, como também somente o uso
de frases curtas. A variação no comprimento das frases do parágrafo é um
procedimento para realçar as ideias.
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4. A simplicidade deve prevalecer sobre a linguagem rebuscada.
Evitar repetições de palavras e ideias.
Evitar ambiguidades.
Observar a norma culta da língua portuguesa: cuidar ortografia,
concordância, regência, etc.
Evitar fragmentos de frases: escrever frases sempre com sentido
completo. Exemplo: "Embora não tenhamos vendido muito." Observe-se que a
frase ficou inacabada; é um fragmento apenas. Estaria completa com a oração
principal: "Embora não tenhamos vendido muito, recebemos elogios do diretor”.
Agora que já vimos a teoria sobre Tópicos Frasais e Parágrafos, vamos
exercitar um pouco. Leia o texto abaixo, e depois responda ao que se pede:
Eu sei, mas não devia
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a
morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não seja as
janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para
fora. E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as
cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender mais cedo
a luz. E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a
amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na
hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus
porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá
pra almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque
está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando
a guerra, aceita seus mortos e que haja número para os mortos. E aceitando os
números aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as
negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa
duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não
posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser
ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que
necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do
que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar
mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes. A abrir as
revistas e a ver anúncios. A ligar a televisão e a ver comerciais. A ir ao
cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado,
lançado na infindável catarata dos produtos.
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5. A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e
cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos
levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do
mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter
galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a
não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses
pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui, um
ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio a gente senta na
primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada a gente
só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se
consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o
que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre
sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a
pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca
e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida
que aos poucos se gasta e, que gasta, de tanto acostumar, se perde de si
mesma.
Marina Colassanti (SP)
EXERCICIOS
1. Releia o 1º parágrafo e observe a UNIDADE de sentidos desse
parágrafo e do texto como um todo, depois diga o que a autora faz
nesse parágrafo e no decorrer de todo o texto.
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2. Observe que em cada parágrafo as ideias secundárias estão ligadas por
uma afinidade temática, retire-as de cada parágrafo.
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6. 3. No 9º parágrafo, temos a conclusão. A autora apresenta o MOTIVO, que
nos leva a aceitar essas coisas, e a CONSEQUÊNCIA dessa aceitação,
retire, então, do parágrafo os motivos e as consequências.
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4. Releiam o 6º parágrafo e a partir dele, produzam um parágrafo sobre os
EFEITOS DA TECNOLOGIA EM NOSSAS VIDAS.
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5. Criem uma frase que resuma as ideias centrais contidas em cada
parágrafo.
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REESCREVA O PARÁGRAFO A SEGUIR, COLOCANDO AS IDEIAS
EM ORDEM:
No entanto, nenhuma criança dessa idade vai falar, por exemplo, :
“uma menina chegou aqui amanhã”. Pois toda e qualquer língua é fácil para
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7. quem nasceu e cresceu rodeado por ela. O que ela não conhece são as
sutilezas, sofisticações e irregularidades no uso dessas regras, coisa que só a
leitura e o estudo podem lhe dar. Está provado e comprovado que uma criança
entre três e quatro anos de idade já domina perfeitamente as regras
gramaticais de sua língua.
(SOARES, M.B.Técnicas de Redação. São Paulo: Ao Livro Técnico,
1978)
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Mais um pouco de atividades sobre tópico frasal e parágrafos:
Vamos ver a estrutura de um parágrafo, analisando o texto a seguir:
A língua: uma produção social
(...) A língua é produzida socialmente. Sua produção e reprodução é fato
cotidiano, localizado no tempo e no espaço da vida dos homens: uma questão
dentro da vida e da morte, do prazer e do sofrer. Numa sociedade como a
brasileira – que, por sua dinâmica econômica e política, divide e individualiza
as pessoas, isola-as em grupos, distribui a miséria entre a maioria e concentra
os privilégios nas mãos de poucos -, a língua não poderia deixar de ser, entre
outras coisas, também a expressão dessa mesma situação.
Miséria social e miséria da língua confundem-se. Uma engendra a outra,
formando o quadro triste da vida brasileira, vale dizer, o quadro deprimente da
fala brasileira. A economia desumana praticada no Brasil mata antes de
nascerem milhares de futuros falantes.
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8. A taxa de mortalidade infantil do Brasil é uma das maiores do mundo, a
voz de milhares de brasileiros é calada antes mesmo de conseguir dar o
primeiro choro. Mas alguns ainda conseguem chegar até os dois anos e aí
apropriar-se de um instrumental importante, a língua, a linguagem.
Para os sobreviventes começa uma nova luta. Uma boa parte não terá muito
tempo para falar. No mercado da miséria, alguns reais a mais no salário
representarão certamente alguns anos de sobrevida.
Por exemplo, segundo o IBGE, 1984, para quem ganha até um salário
mínimo, a esperança de vida é de cinquenta anos e oito meses, mas para
quem ganha mais de cinco salários mínimos, a esperança de vida aumenta
para sessenta e nove anos e seis meses.
Portanto, salários mínimos a mais representam anos de vida a mais.
Vemos que conseguir falar, hoje, já é uma proeza fantástica para a multidão
que não desfruta das riquezas econômicas (que ela mesma produz).
Agora, as perguntas se seguem: esses sobreviventes conseguem
mesmo falar? Não meramente grunhir uns sons para suprir necessidades
básicas; falar mesmo, dizer o mundo, suas vidas, seus desejos, prazeres; dizer
coisas para transformar, dizer o seu sofrimento e suas causas, dizer o quefazer
para mudar, lutar.
GERALDI, João Wanderley (org). O texto na sala de aula. Ed. Ática. São
Paulo. SP. 2004. pág. 10-14)
EXERCÍCIOS
1) Retire do texto apresentado a ideia central.
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2) Quais são os temas apresentado pelo autor, lembrem-se, tema não é
o mesmo que titulo.
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9. 3) Que tipo de sequência o autor utilizou para escrever o texto?
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10. Referências
AZEREDO, J. C. Iniciação à sintaxe do português. Rio:Jorge Zahar, 1993.
CETEB. Centro de Ensino Tecnológico de Brasília. Conhecendo nosso
idioma: As Palavras e suas Relações. Brasília, DF, 2005.
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 11.ed. São Paulo: Ática,
2009. (Série Princípios; 206).
FIGUEIREDO, L .C. A redação pelo parágrafo. Brasília: Ed. UNB, 1995.
FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e
redação. São Paulo: Ática, 2001.
GERALDI, JoãoWanderley (org). O texto na sala de aula. Ed. Ática. São
Paulo. SP. 2004. pág. 10-14).
KLEIMAN, Angela. Texto e Leitor: Aspectos cognitivos da Leitura. Campinas:
Ed. Pontes, 1989.
KOCK, Ingedore Grunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luis Carlos. A coerência
textual. 17.ed. São Paulo: Contexto, 2009.
KOCH, Ingedore. Coesão e coerência textual. S. Paulo:Ática, série
Princípios.2000
VALENÇA, Ana; CARDOSO, Denise Porto; MACHADO, Sonia Maria. Roteiro
de redaçao: Lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 1996.
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