1. Doença sexualmente transmissível
Doenças sexualmente transmissíveis ou Infecção sexualmente transmissível,
conhecida popularmente por DST são patologiasantigamente conhecidas
como doenças venéreas. São doenças infecciosas que se transmitem essencialmente
(porém não de forma exclusiva) pelo contato sexual. O uso de preservativo (camisinha)
tem sido considerado como a medida mais eficiente para prevenir a contaminação e
impedir sua disseminação.[1]
Alguns grupos, principalmente os religiosos, afirmam que a castidade, a abstinência
sexual e a fidelidade poderiam bastar para evitar a disseminação de tais doenças.[2][3]
Pesquisas afirmam que a contaminação de pessoas monogâmicas e não-fiéis portadoras
de DST tem aumentado, em resultado da contaminação ocasional do companheiro(a),
que pode contrair a doença em relações extra-conjugais. Todavia, as campanhas pelo
uso do preservativo nem sempre conseguem reduzir a incidência de doenças
sexualmente transmissíveis.[4]
História
Nas primeiras civilizações havia o culto aos deuses e deusas da fertilidade, que eram
consideradas como uma dádiva. O culto à essas deusas era feito principalmente a partir
da prostituição. Uma das características presentes nessas sociedades era
a promiscuidade, um dos motivos para o surgimentos dessas doenças, que mais tarde
seriam conhecidas como doenças venéreas, em referência àVênus, considerada a deusa
do amor.[5]
A Gonorreia foi citada na bíblia, mas a causa da doença só foi conhecida no século XIX.
Além disso, no Egito antigo tumbas apresentaram alguns registros sobre a Sífilis.[6]
Em 1494 houve um surto de sífilis na Europa. A doença se espalhou rapidamente pelo
continente, matando mais de cinco milhões de pessoas.[7] Cada localidade que ela
passava recebia um nome diferente. Contudo, em 1536 foi publicado um poema médico,
em que um dos personagens da história havia contraído a doença. O nome do
personagem era Sifilo.[8]
Antes de serem inventados os medicamentos, as doenças eram consideradas incuráveis,
e o tratamento se limitava a diminuir os sintomas.[9] Todavia, no século XX surgiu
osantibióticos, que se mostraram bastante eficientes.[6] Em 1980 a herpes genital e
a AIDS surgiram na sociedade como doenças incuráveis. Essa, por sua vez se tornou
umapandemia.[9]
2. Causa
Vários tipos de agentes infecciosos (vírus, fungos, bactérias e parasitas) estão
envolvidos na contaminação por DST, gerando diferentes manifestações, como feridas,
corrimentos, bolhas ou verrugas.[10]
Bactérias
Cancro mole (Haemophilus ducreyi)[11]
Clamídia (Chlamydia trachomatis')[12]
Granuloma inguinal (Dovania granulamatis)[13]
Gonorreia (Neisseria gonorrhoeae)[14]
Sífilis (Treponema pallidum)[15]
Vaginose Bacteriana (Gardnerella vaginalis)[16]
Micrografia mostrando o efeitocitopático do vírus da Herpes. Exame dePapanicolau.
Fungos
Candidíase (Cândida albicans)[17]
Vírus
Hepatite[18]
Herpes simples[19]
HIV ou Aids[20]
HPV[21]
Molusco contagioso[22]
Parasitas
Piolho-da-púbis[23]
Protozoários
Tricomoníase (Trichomonas vaginalis)[24]
3. Prevenção
Preservativo
Um Preservativo.
O preservativo, mais conhecido como camisinha é um dos métodos mais seguros
contra as DSTs.[25] Sua matéria prima é o latex.[26] Antes de chegar nas lojas, é
submetido à vários testes de qualidade.[27] Apesar de ser o método mais eficiente
contra a transmissão do vírus HIV (causador da epidemia daSIDA), o uso de
preservativo não é aceito pela Igreja Católica Romana, pelas Igrejas Ortodoxas e
pelos praticantes do Hinduísmo. O principal argumento utilizado pelas religiões
para sua recusa é que um comportamento sexual avesso à promiscuidade e à
infidelidade conjugal bastaria para a protecção contra DSTs. [28]
Vacina
Alguns tipos de HPV,[21] a Hepatite A e B podem ser prevenidas através da
vacina.[18]
Abstinência sexual
A abstinência sexual consiste em evitar relações sexuais de qualquer
espécie.[29] Possui forte ligação com a religião.[30]
Tratamento
Algumas DST's são de fácil tratamento e de rápida resolução quando
tratadas corretamente, contudo outras são de tratamento difícil ou
permanecem latentes, apesar da falsa sensação de melhora. As mulheres
representam um grupo que deve receber especial atenção, uma vez que em
diferentes casos de DST os sintomas levam tempo para tornarem-se
perceptíveis ou confundem-se com as reações orgânicas comuns de
seu organismo. Isso exige da mulher, em especial aquelas com vida sexual
ativa, independente da idade, consultas periódicas ao serviço de saúde.[10]
Certas DST, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir
para complicações graves como infertilidade[31], infecções neonatais,
4. malformações congênitas, aborto,câncer e a morte.[32] Num caso, a primeira
recomendação é procurar um médico, que fará diagnóstico para que seja
preparado um tratamento.[33] Também há o controle de cura, ou seja, uma
reavaliação clínica. A automedicação é altamente perigosa, pois pode até
fazer com que a doença seja camuflada.[34]
Gonorreia
A gonorreia ou blenorragia é uma doença sexualmente transmissível (DST), causada
pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, ou gonococo.
A N.gonorrhoeae é uma bactéria Gram-negativa, que à microscopia óptica tem forma
dediplococos medindo cerca de 1 micrometro (são cocos assemelhados a um rim, e que
se agrupam aos pares). O fator mais importante de virulência do gonococo é a
existência depílios e da proteína. Estas estruturas permitem à bactéria permanecer
aderente à mucosa do tracto urinário, resistindo ao jato da micção. O gonococo infecta
principalmente as células cilíndricas da uretra, poupando geralmente a vagina e útero,
cujos epitélios são de células escamosas. Recentemente, foi descoberto no Japão uma
variação da bactéria chamada H041 resistente à todos os tipos de antibióticos
conhecidos da classe das cefalosporinas.[1
Transmissão
A principal forma de contágio é pelo ato sexual quando a (o) companheira(o) esta
contaminada; no parto normal, se a mãe estiver infectada, ou por contaminação indireta
se, por exemplo, uma mulher usar artigos de higiene íntima de uma amiga contaminada
(evento considerado raro). Há casos raros de contágio em vasos sanitários, se houver um
ferimento proeminente na vulva feminina e por contágio através de uso de artefactos
contundentes ou agulhas infectadas. Mulheres grávidas com gonorreia correm riscos de
perder o feto.
Progressão e sintomas
O intervalo de tempo entre a contaminação e o surgimento dos sintomas e o período de
incubação é curto, de 5 a 10 dias, excepcionalmente podendo alcançar 10 dias, em casos
extremamente raros pode chegar a 30 dias.
Normalmente o mais comum no homem é a ardência ao urinar ou disúria acompanhada
de febre baixa e o aparecimento de um corrimento amarelo e purulento saindo da uretra.
Por isso é também conhecida como uretrite gonocócica. Das mulheres, 70% não
apresentam sintomas (perigoso porque podem se desenvolver complicações sem
tratamento). Nas restantes é comum ocorrerem dores ou disúria ao urinar, acompanhada
de Incontinência Urinária (urina solta) e corrimento vaginal. Uma complicação perigosa
é consequência de disseminação para o tracto genital superior, com dores abdominais
5. após algumas semanas da contaminação, a DIP – Doença Inflamatória Pélvica. Esta é
devida a infecção do útero, tubas uterinas e cavidade abdominal. Pode resultar em
infertilidade.
Herpes
O herpes é uma doença viral recorrente, geralmente benigna, causada
pelos vírus Herpes simplex 1 e 2, que afeta principalmente a mucosa da boca ou região
genital, mas pode causar graves complicações neurológicas. Não tem cura, mas alguns
remédios podem ser utilizados para diminuir os sintomas.
Progressão e sintomas
Após infecção da mucosa, o vírus multiplica-se produzindo os característicos exantemas
(manchas vermelhas inflamatórias) e vesículas (bolhas) dolorosas (causadas talvez mais
pela resposta destrutiva necessária do sistema imunitário à invasão).
As vesículascontêm líquido muito rico em vírus e a sua ruptura junto à mucosa de outro
indivíduo é uma forma de transmissão (contudo também existe vírus nas secreções
vaginais e do pênis ou na saliva). Elas desaparecem e reaparecem sem deixar quaisquer
marcas ou cicatrizes. É possível que ambos os vírus e ambas as formas coexistam num
só indivíduo.
Os episódios agudos secundários são sempre de menor intensidade que o inicial (devido
aos linfócitos memória), contudo a doença permanece para toda a vida, ainda que os
episódios se tornem menos freqüentes. Muitas infecções e recorrências são
assintomáticas.
Herpes Oral ou Labial
Herpes labial
A infecção por herpes simples 1 normalmente é oral, mas pode ocorrer da pessoa ter o
vírus e apenas eclodir dias, meses ou ate anos depois e
produz gengivoestomatite (inflamaçãodas gengivas) e outros sintomas como febre,
fadiga e dores de cabeça. O vírus invade os terminais dos neurónios dos nervos
sensitivos, infectando latentemente os seus corpos celulares no gânglio nervoso
trigeminal (junto ao cérebro). Quando o sistema imunitárioelimina o vírus das mucosas,
não consegue detectar o vírus quiscente dos neurônios, que volta a ativar-se em períodos
de debilidade, como estresse, trauma, imunossupressão ou outras infecções, migrando
6. pelo caminho inverso para a mucosa, e dando origem a novo episódio de herpes oral
com exantemas e vesículas dolorosas.
No Brasil, o herpes labial atinge 85% da população, segundo dados da Sociedade
Brasileira de Dermatologia. A sintomatologia aparece em 50% dos portadores do vírus
anualmente. Cerca de 5-10% sofrem com mais de seis crises de herpes anuais.
Complicações raras são a queratoconjuntivite do olho que pode levar à cegueira e
à encefalite. Esta cursa com multiplicação do vírus no cérebro, especialmente nos lobos
temporais com convulsões, anormalidades neurológicas e psiquiátricas. É altamente
letal, e 70% dos casos resultam em morte, apenas 20% dos sobreviventes não
apresentam sequelas neurológicas. Raramente é causada pelo HSV2.
Algumas plantas medicinais podem ser usadas no combate aos sintomas do herpes
labial. Os óleos essenciais de melissa têm sido descritos como eficazes no combate ao
vírus. Praparações à base de óleos essenciais de tomilho, manjerona, junípero dentre
outras também podem auxiliar no combate à doença[1].
Medicamentos alopáticos para o herpes labial incluem cremes e pomadas à base
de aciclovir. Outros antivirais que podem ser usados são o valaciclovir,
o penciclovir e famciclovir[2]. É sempre importante consultar seu medico ou seu dentista
antes do uso de qualquer medicamento, seja ele fitoterápico ou não.
Herpes Genital
A infecção com o herpes simples 2 é semelhante (10% dos casos são por HSV1, o que
se atribui ao aumento da prática do sexo oral). Há infecção da mucosa genital, no
homem na glande do pênis, na mulher na vulva ou vagina, com exantemas e
sensibilidade dolorosa. Também pode ocorrer no ânus. Outros sintomas são febre, mal-
estar, dores musculares e de cabeça, dores ao urinar e corrimento vaginal ou
da uretra no pênis. A maioria das infecções no entanto é assintomática.
Vírus da imunodeficiência humana (HIV)
O vírus da imunodeficiência humana (VIH), também conhecido por HIV
(sigla eminglês para human immunodeficiency virus), é da família dos retrovírus e o
responsável pela SIDA (AIDS). Esta designação contém pelo menos duas sub-
categorias de vírus, o HIV-1 e o HIV-2. No grupo HIV-1 existe uma grande variedade
de subtipos designados de -A a -J. Esses dois grupos tem diferenças consideráveis,
sendo o HIV-2 mais comum na África Subsaariana e bem incomum em todo o resto do
mundo.
Portugal é o país da Europa com maior número de casos de HIV-2, provavelmente pelas
relações que mantém com diversos países africanos. [1] É estimado que 45% dos
portadores de HIV em Lisboa tenham o vírus HIV-2.[2]
Em 2008, a OMS estimou que existam 33,4 milhões de infectados, sendo 15,7 milhões
mulheres e 2,1 milhões jovens abaixo de 15 anos. O número de novos infectados neste
ano (2009) foi de 2,6 milhões. O número de mortes de pessoas com AIDS é estimado
em 1,8 milhões.[3]
Já dentro do corpo, o vírus infecta principalmente uma importante célula do sistema
imunológico, designada como linfócito T CD4+ (T4).
7. De uma forma geral, o HIV é um retrovírus que ataca o sistema imunológico causando
eventualmente a síndrome da imunodeficiência adquirida em casos não tratados.
Nas pessoas com HIV, o vírus pode ser encontrado no sangue, no esperma, nas
secreções vaginais e no leite materno.
Assim, uma pessoa pode adquirir o HIV por meio de relações sexuais, sem proteção -
camisinha -, com parceiros portadores do vírus, transfusões com sangue contaminado e
injeções com seringas e agulhas contaminadas. Mulheres grávidas portadoras de HIV
podem transmitir o vírus para o feto através da placenta, durante o parto ou até mesmo
por meio da amamentação. A transmissão de doenças de mãe para filho é chamada
de transmissão vertical.
Na África subsaariana, principalmente na África do Sul, por muitos anos houve um
movimento contrário à existência do HIV, por parte de membros do governo, aliada a
inúmeras superstições e mitos, apesar das comprovações científicas. Por isso em alguns
locais dessa região a quantidade de indivíduos infectados é de mais de 35%.[4]
Transmissão
O vírus é mais frequentemente transmitido pelo contacto sexual (característica que faz
da AIDS uma doença ou infecção sexualmente transmissível), pelo sangue (inclusive
em transfusões), durante o parto (mãe para o filho), durante a gravidez ou no
aleitamento. Por isso é importante que todas as mulheres grávidas façam testes para
HIV. No Brasil, é uma prática comum aconselhar gestantes que chegam ao hospital a
fazer todos os testes de doenças transmissíveis verticalmente.
No Brasil, em 2002, a cobertura de exames de HIV em grávidas foi estimada em 52%,
sendo pior no Nordeste com 24% e melhor no Sul com 72% de cobertura. Somente 27%
seguiram todas as recomendações do Ministério da Saúde. Ter maior escolaridade e
morar em cidades com mais de 500 mil habitantes foram os melhores preditores de
grávidas que fazem todos os exames. [9] Ainda relativo ao Brasil, o Ministério da Saúde
oferece gratuitamente o leite substituto em alguns postos de saúde, hospitais e farmácias
cadastrados.
No caso de transmissão pelo sangue, é mais provável por seringas compartilhadas entre
usuários de drogas ou caso seja feita reutilização.
Algumas pessoas consideram a possibilidade de transmissão pelo beijo, porém é
altamente improvável, pois o vírus é danificado por 10 substâncias diferentes presentes
na saliva. Além disso existem poucas células CD4 na boca. Ter boa higiene oral e tomar
os medicamentos diminui as possibilidades ainda mais. Mesmo em pessoas com AIDS
(carga viral no sangue por volta de 100.000/ml) é difícil encontrar HIV na saliva.
Fatores de risco
No contacto sexual, pode ser qualquer tipo de sexo, como oral, vaginal e anal. A
transmissão do HIV durante o contacto sexual pode ser facilitada por vários factores,
incluindo:
Penetração sem camisinha;
Ser o receptor (passivo) na relação sexual [12];
Presença concomitante de doenças sexualmente transmissíveis, especialmente aquelas
que levam ao aparecimento de feridas genitais;
Lesões genitais durante a relação sexual;
8. Elevado número de parceiros sexuais e relações desprotegidas;
Carga viral elevada da pessoa infectada;
Hemorróida avançada;
Uso de drogas injetáveis;
Transtornos psicológicos associados a descaso com a própria saúde;
Falta de conhecimento.
Outro dado observado é o aumento na proporção de pessoas com escolaridade mais
baixa e em adultos com mais de 30 anos.
Fatores de proteção
Alguns dos fatores que diminuem a probabilidade da transmissão são:
Usar sempre preservativo masculino ou preservativo feminino corretamente;
Usar lubrificante (pois resulta em menos microferimentos);
Baixa quantidade de vírus no portador;
Tomar os medicamentos antirretrovirais corretamente;[14]
Circuncisão masculina. [15] (porém há estudos com resultados controversos)
Em um estudo longitudinal de 20 meses de duração com casais heterossexuais
sorodiferentes, de 124 casais que usaram sempre camisinha nenhum contaminou seu
parceiro, enquanto 12 dos 121 que usavam camisinha inconsistentemente foram
infectados.[13]
Também são raros os casos de transmissão por ferimentos, pois apesar de haver relatos
esporádicos, o vírus não resiste muito tempo fora do corpo e é necessário que haja
contato com o sangue tanto por parte do portador como do receptor. É pouco provável
que o sangue contaminado em contato com uma pele saudável (sem ferimentos)
contamine outra pessoa, apesar de ser possível, pois existem muitos fatores envolvidos.