Este documento descreve diferentes figuras de linguagem como elipse, zeugma, anáfora, polissíndeto, assíndeto, anacoluto, inversão e pleonasmo, fornecendo exemplos de cada uma delas e explicando suas principais características sintáticas ou semânticas.
2. Elipse
Tal figura se caracteriza pela omissão de um termo na oração não
expresso anteriormente, contudo, facilmente identificado pelo
contexto. Vejamos um exemplo:
Rondó dos cavalinhos
[...]
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda,
E em minh’alma — anoitecendo!
Manuel Bandeira
Notamos que em todos os versos há a omissão do verbo estar, sendo
este facilmente identificado pelo contexto.
3. Zeugma
Ao contrário da elipse, na zeugma ocorre a
omissão de um termo já expresso no
discurso. Constatemos, pois:
Maria gosta de Matemática, eu de
Português.
Observamos que houve a omissão do verbo
gostar.
4. Anáfora
Essa figura de linguagem se caracteriza pela repetição intencional de um termo
no início de um período, frase ou verso. Observemos um caso representativo:
A Estrela
Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
[...]
Manuel Bandeira
Notamos a utilização de termos que se repetem sucessivamente em cada verso
da criação de Manuel Bandeira.
5. Polissíndeto
Figura cuja principal característica se define
pela repetição enfática do conectivo,
geralmente representado pela conjunção
coordenada “e”. Observemos um verso
extraído de uma criação de Olavo Bilac,
intitulada “A um poeta”:
“Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!”
6. Assíndeto
Diferentemente do que ocorre no polissíndeto,
manifestado pela repetição da conjunção, no
assíndeto ocorre a omissão deste. Vejamos:
Vim, vi, venci (Júlio César)
Depreendemos que se trata de orações
assindéticas, justamente pela omissão do
conectivo “e”.
7. Anacoluto
Trata-se de uma figura que se caracteriza pela
interrupção da sequência lógica do pensamento,
ou seja, em termos sintáticos, afirma-se que há uma
mudança na construção do período, deixando
algum termo desligado do restante dos elementos.
Vejamos:
Essas crianças de hoje, elas estão muito evoluídas.
Notamos que o termo em destaque, que era para
representar o sujeito da oração, encontra-se
desligado dos demais termos, não cumprindo,
portanto, nenhuma função sintática.
8. Inversão
Como bem nos revela o conceito, trata-se da
inversão da ordem direta dos termos da
oração. Constatemos:
Eufórico chegou o menino.
Deduzimos que o predicativo do sujeito (pois se
trata de um predicado verbo-nominal) se
encontra no início da oração, quando este
deveria estar expresso no final, ou seja: O
menino chegou eufórico.
9. Pleonasmo
Figura que consiste na repetição enfática de uma ideia antes
expressa, tanto do ponto de vista sintático quanto semântico, no
intuito de reforçar a mensagem. Observemos, pois, alguns exemplos:
Vivemos uma vida tranquila.
O termo em destaque reforça uma ideia antes ressaltada, uma vez
que viver já diz respeito à vida. Temos uma repetição de ordem
semântica.
A ele nada lhe devo.
Percebemos que o pronome oblíquo faz referência à terceira pessoa
do singular, já expressa. Trata-se, portanto, de uma repetição de
ordem sintática demarcada pelo que chamamos de objeto direto
pleonástico.
10. Observação importante:
O pleonasmo utilizado sem a intenção de conferir
ênfase ao discurso, torna-se o que denominamos de
vício de linguagem – ocorrência que deve ser
evitada. Como, por exemplo:
subir para cima
descer para baixo
entrar para dentro, entre outras circunstâncias
linguísticas.
Fonte: Vânia Duarte
Graduada em Letras