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ela se tornaram vales e ravinas; Podem imaginar ao violento empurrão do
aguaceiro que lhe fazia perder o toque dos pés no solo e flutuar em filetes de
água que para seres menores, seriam largas ondas?
O campo de batalha tendenciou melhorar e se acalmar, e a tartaruga
guerreiraa venceu...
Ora, afinal de contastartaruga gosta deágua, não é mesmo?
Logo pensei que o olho do furacãojá havia passado – pensou.
...e aí então veio oclack, ou melhor, ou crack, por assim dizer.
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Colocando a cabeça para fora do meu casco pude ver uma grande sombra
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Passou...
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momento atual, e que a cada momento é meu futuro se tornando presente, e
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Meu momento, sobretudo, lembra minha dor.
Levanta, repetia a voz em imperiosa determinação.
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Minha dor me lembrou., que minha fraqueza se tornava uma metamórfica e
preciosa experiência de vida.
E assim foram todos os dias, todos os momentos de longa agonia esperando
minha força se tornar minha invencibilidade.
Em dias longos de escuridão sonhava com a luz do sol, com brilho estelar das
noites e de minha companheira lua.
Sentindo meu casco forçar a resistência do peso do tronco tornei-me como
que uma pedra maisforte quea madeira.
Sim, foi como o metal sobre ela, para cima não podia ir, mas podia ir para
baixo então.
Comecei então a utilizar minhas longas unhas e patas endurecidas pelo
tempo sob aquela tonelada de madeira.
Cavei uma cova sobre meu corpo duro por longos meses e então parei, me
alimentei da casca de madeira que caia sobre mim enquanto meu próprio
algoz se decompunha em podridão.
Me veio a mente a longa espera que teria de esperar caso tivesse que
aguardar o desaguar de novas tempestades de chuva e a água me fortalecer
para sairdesta armadilha da natureza.
Se passaram então4 centenas de dias, e neles meu algoz arvoredo rígido foi se
decompondo, e eu mais do que ninguém senti sua fragilidade aumentar.
Grato sou aos deuses das inteligências presentes nesta natureza que assim a
construíram quase que prevendo esta situação tão impar em que eu me
encontrava.
Finalmente senti o calamitoso peso sobre meu casco diminuir, como meu fosso
particular depois de todo este tempo me permitia virar consegui realizar uma
proeza que nenhuma de minhas irmãs poderia aprimorar e eu consegui – vou
me revirar no infortúnio de uma caverna escura e ao mesmo tempo obscuro e
ficar com meu casco para baixo.
A nobre heroína cascuda então, revirou, revirou sendo assim seu maior
esforço sob o seu algoz apodrecido e após o longo esforço mesclou peso,
tamanho e as leis da gravidade a seu favor para que entornasse os cento e
oitenta graus mais importantes de sua longa vida animal. Quem disse que
animais não pensam?
Em um dia então, sem saber se dia ou noite, suas patas fortalecidas a
conduziram para aquelaposição.
Conseguindo virar seu casco para baixo descobriu que ao mesmo tempo em
que tentava alcançar aquela posição se viu fortalecida nos músculos
dianteiros para escavar a madeira podre e facilmente intentar atravessa-la e
encontrar a si mesmo do outro lado.
As lições então lhes foram dolorosas, lhes foram mais educativas que para a
maioria das outras tartarugas que não viveram esta experiência obscura e
cruel.
Na manhã bem cedo então de 56 dias após, ela rompia seu cárcere e ao ver a
luz do sol, iluminou não só seu corpo, já tornado pálido pelo inglório destino,
mas tambéma sua alma.
Por quase quinhentos dias viveu o teste final de uma tartaruga adulta agora,
não somente em idade, mas de nobre, fortalecida e renascida no propósito da
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Dizem então que há dois dias mais importantes na vida de todos os viventes –
o dia em que nascem, e o dia em que descobrem o porquê de terem nascido.

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A PARÁBOLA DA TARTARUGA PACIENTE (FÁBULA)

  • 2. www.ideariolivre.wordpress.com O que uma tartaruga faz quando sobre ela cai uma árvore? Sábia, e pacientemente espera a árvore apodrecer.
  • 3. tempo, o sol, o vento ou a chuva não lhe mudava em hipótese alguma seu caminho, a cada semana ela passava por aquele lugar, jamais viu um pássaro lhe ameaçar e tentar garrear seu casco duro repleto de suculenta carne de tartaruga para uma semana de refeição proteínica. Na verdade, já haviam tentado tamanho esforço, mas nunca conseguiram. Passado uma semana, a tartaruga errante passava por um ponto daquela estrada e uma larga e copiosa chuva iniciou a desmoronar sobre ela. Ora, logo ela que se julgava forte e capaz de vencer tamanha enxurrada, continuou a manter seu rumo. Vento e água não eram lá grande coisa, isso não me dá medo, pensou ela. Em um largo par de horas ela caminhou, por apenas montes de barreado para ela se tornaram vales e ravinas; Podem imaginar ao violento empurrão do aguaceiro que lhe fazia perder o toque dos pés no solo e flutuar em filetes de água que para seres menores, seriam largas ondas? O campo de batalha tendenciou melhorar e se acalmar, e a tartaruga guerreiraa venceu... Ora, afinal de contastartaruga gosta deágua, não é mesmo? Logo pensei que o olho do furacãojá havia passado – pensou. ...e aí então veio oclack, ou melhor, ou crack, por assim dizer. Uma frondosa árvore se curvou pela forçado vento. Engraçado! Este mesmo vendaval que me trazia a tão refrescante água que para mim eraum consolo, pensei... O
  • 4. - hei de nadar, muito mais fácil, do que caminhar, ou correr (engraçado, imaginem uma tartarugacorrer?) Essa foi boa. Um grande crack se fez ouvir bem perto de mim, uma grande e agora, verdadeira ameaça; Colocando a cabeça para fora do meu casco pude ver uma grande sombra cair sobre mim.Somente me restou, gritar..... ... e uma grande e longa escuridão sobreveio sobre mim. ...uma semana depois abri meus olhos, ainda na escuridão tentei me mexer. Não consegui. Tentei gritar, gritar, gritei, gritei...e ninguém me ouviu. Talvez naquela estrada ninguém quisesse me ouvir mesmo, só estavam interessados no meu ser instrumental. enquanto eu estava usando toda a racionalidade instrumental que dispunha em relação aos meios para chegar ao meus propósitos, pude observar e em mim, finalmente pude ter certeza de que está todo mundo, neste meu mundo, fazendo o mesmo. A única coisa que poderia fazer era então,esperar. Uma voz repetia continuamente – Levanta, ergue-te, mostra tua força. Minha força? Lhe respondia. Como posso eu levantar uma árvore milhares de vezes mais pesada que eu? Sou eu por acaso uma formiga saúva. Não! sou tartaruga, sou lenta, sou fraca, sou... escondida. A voz então se antecipou e me alertou
  • 5. - É, mas você é muito resistente. É forte o suficiente para vencer uma das forças mais permanentes neste mundo – Otempo. Sim, eu posso vencer o tempo. Lembrei que meu casco é mais duro que a madeira, meu organismo é preparado para duraranos vivento até demadeira morta. Um flash apocalíptico estalo sobre minha mente. A solução se mostrou como o amanhecer do sol. Lento e claro. - Vou esperar a árvoreapodrecer e dela tirarei meu sustento. - Ficou louco, alguém poderia dizer. Eu sou uma tartaruga, sou eterna e portanto, divina. Fiquei sob o grande tronco de uma árvore que dominava meu casco, mas não sobre minha alma. E o tempo passou... Passou... Passou... E passou. O tempo (uma grandeza inflexionável) não tem passado, somente o meu momento atual, e que a cada momento é meu futuro se tornando presente, e meu presente se tornando passado. Meu momento, sobretudo, lembra minha dor.
  • 6. Levanta, repetia a voz em imperiosa determinação. - Não posso, respondia. Minha dor me lembrou., que minha fraqueza se tornava uma metamórfica e preciosa experiência de vida. E assim foram todos os dias, todos os momentos de longa agonia esperando minha força se tornar minha invencibilidade. Em dias longos de escuridão sonhava com a luz do sol, com brilho estelar das noites e de minha companheira lua. Sentindo meu casco forçar a resistência do peso do tronco tornei-me como que uma pedra maisforte quea madeira. Sim, foi como o metal sobre ela, para cima não podia ir, mas podia ir para baixo então. Comecei então a utilizar minhas longas unhas e patas endurecidas pelo tempo sob aquela tonelada de madeira. Cavei uma cova sobre meu corpo duro por longos meses e então parei, me alimentei da casca de madeira que caia sobre mim enquanto meu próprio algoz se decompunha em podridão. Me veio a mente a longa espera que teria de esperar caso tivesse que aguardar o desaguar de novas tempestades de chuva e a água me fortalecer para sairdesta armadilha da natureza. Se passaram então4 centenas de dias, e neles meu algoz arvoredo rígido foi se decompondo, e eu mais do que ninguém senti sua fragilidade aumentar. Grato sou aos deuses das inteligências presentes nesta natureza que assim a
  • 7. construíram quase que prevendo esta situação tão impar em que eu me encontrava. Finalmente senti o calamitoso peso sobre meu casco diminuir, como meu fosso particular depois de todo este tempo me permitia virar consegui realizar uma proeza que nenhuma de minhas irmãs poderia aprimorar e eu consegui – vou me revirar no infortúnio de uma caverna escura e ao mesmo tempo obscuro e ficar com meu casco para baixo. A nobre heroína cascuda então, revirou, revirou sendo assim seu maior esforço sob o seu algoz apodrecido e após o longo esforço mesclou peso, tamanho e as leis da gravidade a seu favor para que entornasse os cento e oitenta graus mais importantes de sua longa vida animal. Quem disse que animais não pensam? Em um dia então, sem saber se dia ou noite, suas patas fortalecidas a conduziram para aquelaposição. Conseguindo virar seu casco para baixo descobriu que ao mesmo tempo em que tentava alcançar aquela posição se viu fortalecida nos músculos dianteiros para escavar a madeira podre e facilmente intentar atravessa-la e encontrar a si mesmo do outro lado. As lições então lhes foram dolorosas, lhes foram mais educativas que para a maioria das outras tartarugas que não viveram esta experiência obscura e cruel.
  • 8. Na manhã bem cedo então de 56 dias após, ela rompia seu cárcere e ao ver a luz do sol, iluminou não só seu corpo, já tornado pálido pelo inglório destino, mas tambéma sua alma. Por quase quinhentos dias viveu o teste final de uma tartaruga adulta agora, não somente em idade, mas de nobre, fortalecida e renascida no propósito da vida. Dizem então que há dois dias mais importantes na vida de todos os viventes – o dia em que nascem, e o dia em que descobrem o porquê de terem nascido.