Este documento descreve os papéis da equipe de enfermagem no serviço de hemodinâmica, incluindo preparo e cuidados com pacientes antes, durante e após procedimentos como cateterismo cardíaco e angioplastia. A equipe auxilia no preparo do paciente e sala, monitorização durante o procedimento, e cuidados pós-procedimento como observação de sinais vitais, curativos e hidratação. Possíveis intercorrências são tratadas prontamente pela equipe.
Aula Cirurgias Coloretais COPA 2010 - Dr. Arthur Segurado
Aula margarete nóbrega 2012
1. Assistência de Enfermagem no Serviço de
Hemodinâmica
Aula para o curso de Aprimoramento em enfermagem em
Cardiologia do InCor - HCFMUSP
Margarete Pereira de Nóbrega
Enfermeira do Serviço de Hemodinâmica
02 de abril de 2012
3. Introdução
Com o avanço tecnológico, os diagnósticos
vêm se tornando cada vez mais precisos
Métodos terapêuticos mais modernos e
menos invasivos têm surgido como alternativa
ao procedimento cirúrgico
Com isso, o paciente é
beneficiado pois seu tempo
de internação é reduzido
4. Cateterismo cardíaco e
cineangiocoronariografia
O cateterismo cardíaco consiste em introduzir
um cateter até o coração, através de uma
artéria periférica, localizada nos membros
superiores ou na artéria femoral
Este cateter é posicionado nas artérias
coronárias e no ventrículo esquerdo, para a
realização de injeções de contraste
(Cineangiocoronariografia e ventriculografia),
que permitirão observar a placa de ateroma
nas artérias ou outras anormalidades que
estas possam apresentar.
5. Indicações
Eletiva:
Elucidar o quadro clinico do paciente
Pacientes com angina estável, instável, cirurgia
cardíaca previa, problemas de válvulas, cintilografia
e teste ergométrico com isquemia miocárdica,
cardiopatias congênitas, ICC, e outros
Emergência:
Infarto agudo do miocárdio
6. Vias de acesso
Principais métodos
e vias de acesso
Dissecção – braquial
Punção – braquial
Punção – radial
Punção – femoral
Braquial
(braço)
Femoral
Radial
(punho)
(virilha)
7. Vias de acesso
A escolha da via de acesso depende dos
seguintes fatores
Da preferência do médico e/ou do paciente
Do uso de anti-coagulante
Da presença de doença vascular periférica
Se o paciente possui fístula arteriovenosa para
hemodiálise
9. Angioplastia coronária percutânea
É um tratamento que consiste em introduzir
na artéria coronária um cateter balão em sua
extremidade, até o local obstruído, permitindo
assim, o restabelecimento do fluxo de sangue
Pode ser implantada uma estrutura metálica
na parede do vaso sanguíneo, chamada stent,
visando diminuir o risco de obstruções futuras.
10. Angioplastia coronária percutânea
Intervenção que objetiva aumentar o fluxo sanguíneo
para o tecido muscular do coração.
O uso do stent auxilia na prevenção de uma nova
estenose ou obstrução.
Administração de analgésicos ao paciente e fármacos
que diluem o sangue, objetivando prevenir a formação
de coágulos de sangue.
Prótese é introduzida com a ajuda de um cateter
balão, que é guiado até o local da obstrução. O balão
infla (podendo ficar assim de 20 segundos a 3
minutos), fazendo com que os vasos sanguíneos se
expandam, sendo, em seguida, desinflado, deixando o
stent cardíaco no local anteriormente obstruído,
fazendo com que o fluxo de sangue retorne ao normal
12. Angioplastia primária
É quando o paciente é encaminhado à
hemodinâmica sem a utilização prévia de
medicação fibrinolítica.
Atendimento deve ser de emergência no
máximo 90 minutos de entrada do paciente ao
setor de emergência.
13. Angioplastia de resgate
A intervenção coronária percutânea de
salvamento ou resgate é definida como a
estratégia de recanalização mecânica
realizada precocemente, quando a terapia
fibrinolítica falha em atingir a reperfusão
miocárdica.
Não há inversão ECG
Inicio de dispnéia, dor no peito
14. Stents
Os stents são estruturas
tubulares, que são
implantados nas artérias
coronarianas,
assegurando um melhor
fluxo. Geralmente
possuem de 2,0-4,0 mm
de diâmetro e são de
aço inoxidável ou
cromo-cobalto.
17. Preparo de Pacientes em Situações
Especiais
Pacientes alérgicos ao contraste devem fazer um tratamento por
3 dias antes do procedimento com prednisona 40mg/ dia,
antialérgico, ranitidina 150 mg 2x ao dia
Utilizar contraste de baixa osmolaridade
Urgência:
Hidrocortizona e benadril (difenidramina) EV
Cuidados com medicação de uso contínuo
Suspender o anticoagulante oral 5 dias antes da data do
exame
Suspender Metformina 48 horas antes e reiniciar 48 horas
após o procedimento
Agentes anti-plaquetários não precisam ser suspensos
18. Profilaxia da insuficiência renal
Função renal normal:
Hidratação com SF 0,9% 1000ml em 6 horas após o
procedimento
Função renal alterada
Cr >1,5 homens e >1,4 em mulheres
Solução com Bicarbonato de Sódio:
Bicarbonato de sódio 8,4%....... 150 ml
Solução de glicose a 5%............850 ml
3ml/Kg em 1 hora, 1 hora antes do procedimento e manter 1
ml/Kg/hora por 6 horas após o exame
19. Preparo de Pacientes em Situações
Especiais
Pacientes com risco de nefropatia induzida pelo
contraste:
Usar contraste de baixa osmolaridade
Limitar o volume do contraste
Não realizar ventriculografia
Hidratação antes e após o procedimento por 6-12 horas
desde que a condição clinica do paciente permita sobrecarga
volêmica
Pré-medicação com n-acetilcisteína (600 a 1200mg por 1dia
antes e 1 dia após o exame, sendo 2x ao dia)
20. Preparo de Pacientes em Situações
Especiais
Paciente diabético insulino-dependente, deve
receber um terço da dose da insulina e manter
jejum
Deve receber infusão venosa com glicose
É recomendável que se faça o exame no
período da manhã para evitar longos períodos
de jejum.
21. Procedimentos Realizados
Cineangiocoronariografia
Cateterismo cardíaco esquerdo e direito
Angioplastia coronária
Arteriografia / angioplastia renal
Biópsia miocárdica
Estudo eletrofisiológico / Ablação
Valvoplastia com cateter balão ( pulmonar,
mitral, aórtica )
Implante de prótese aórtica percutânea
Ultrassom intracoronário
Procedimentos diagnósticos e terapêuticos das cardiopatias congênitas
Fechamento percutâneo do canal arterial
Atriosseptostomia
Fechamento percutânea da CIA
22. Equipamentos
Monitores
Aparelho de raio X e mesa
de procedimento
Foco cirúrgico
Polígrafo (registro do ECG e
pressões)
Desfibrilador
Oxímetro de
pulso/capnógrafo
Monitor de PA não invasiva
Carro de anestesia
adulto/infantil
Respirador
Aparelho de debito cardíaco
Bomba injetora de contraste
Bomba de infusão
Gerador de marca-passo
Aspirador
Aparelho de TCA (tempo de
coagulação ativado)
Balão intra-aórtico
Aparelho de ultra-som intracoronário
Acessórios de anestesia e
material para atendimento de
urgências e emergências
23.
24. Atividades do Enfermeiro
O enfermeiro tem função gerencial voltado
para o atendimento administrativo,assistencial
e treinamento específico da sua equipe de
trabalho.
Para que possa ter uma equipe de
enfermagem capacitada para atuar
eficazmente em todos os procedimentos
realizados no serviço, tanto nas situações
rotineiras como nas situações de
emergências.
25. Atividades do auxiliar de enfermagem
Desempenhar atividades relacionadas à
assistência de enfermagem nas fases pré,
trans e pós procedimentos hemodinâmicos/e
ou outros procedimentos.
26. Cuidados de enfermagem no
pré-procedimento
Confirmar jejum e presença de acompanhante
Investigação de alergias medicamentosa e alimentares
Verificar sinais vitais
Medicações em uso: Metformina; Marevan
Tosse e secreção
Método dialítico
Pacientes com creatinina aumentada – hidratação
Orientar procedimento
Realizar medidas antropométricas
Realizar ou observar a tricotomia
Inspecionar a pele
Uso de prótese dentárias/ adornos/ aparelhos auditivos
27. Cuidados de enfermagem durante o
procedimento
Preparos iniciais
Montagem da sala e da mesa para o exame
Teste dos equipamentos
Checagem do carro de emergência
Recepção do paciente em sala (verificar alergia a
iodo e medicações, diabetes)
Solicitação ao médico para avaliar o local de
acesso para o exame
Orientação ao paciente e esclarecimento de
dúvidas
28. Cuidados de enfermagem durante o
procedimento
Durante o exame
Realização de punção venosa
Auxílio no preparo do local de acesso para o
procedimento (braquial, radial e femoral), assepsia
da pele e cobertura com campos cirúrgicos
Providenciar o material para o exame (cateteres e
contraste)
Auxílio ao medico durante o exame
Monitorização do paciente
Preparo da bomba injetora
Informar o enfermeiro da hemodinâmica sobre
intercorrências em sala
29. Cuidados de enfermagem durante o
procedimento
Ao término do exame:
Observar o estado geral do paciente, nível de consciência,
SSVV, arritmias, padrão respiratório, queixas de dor,
coloração das mucosas
Realizar o curativo
Orientar o paciente quanto à retirada do introdutor e ao
repouso do membro cateterizado
Realizar controle de materiais especiais e medicações
utilizadas
Acondicionar os cateteres em caixas fechadas e encaminhar
à CME
Realizar a contagem dos instrumentais de mesa e retirada
dos pérfuro-cortantes, descartando-os em local apropriado
Preparar a sala para próximo exame
30. Cuidados de enfermagem durante e
após procedimento
Estado geral do paciente
Nível de consciência
Presença de náuseas e
vômitos
Alterações neurológicas
Padrão respiratório
Queixas de dor
Sinais de hipotensão
Sinais de hipoglicemia
Membro cateterizado
Presença de pulso
Presença de sangramento
Presença de hematoma
Perfusão periférica
Temperatura do membro
Coloração das
extremidades
32. Cuidados de enfermagem pós exame
Na presença de sangramento é necessário remover o curativo e
comprimir o local por 5 minutos, avaliando a perfusão das
extremidades
Comunicar a equipe médica qualquer alteração do paciente ou
queixas álgicas
Se preciso:
Monitorizar
Instalar nebulização
Manter acesso venoso
Administrar medicações
Avaliar nível de consciência
33. Cuidados de enfermagem no pós
exame de punção radial
Cateterismo
Retirar o ar da pulseira com a seringa apropriada após
90 minutos – 3ml
40 minutos – 6ml
30 minutos – restante do ar e realizar curativo
Angioplastia
Retirar o ar da pulseira com a seringa apropriada após
180 minutos – 3ml
90 minutos – 6ml
60 minutos – restante do ar e realizar curativo
Reiniciar a insuflação da pulseira se houver sangramento
após 60 minutos
34. Cuidados de enfermagem no pós
angioplastia
Verificar horário de administração de
anticoagulante, para retirada do introdutor
Providenciar ECG
Controle de coleta de sangue (CKMB e
troponina)
Controle de medicações EV
Pode receber alta no dia seguinte,
dependendo da avaliação do médico
35. Cuidados de enfermagem pós
cateterismo ou angioplastia
Verificar local da dissecção ou punção (região braquial, radial ou
inguinal)
Verificar a presença de sangramento ou hematoma
Reorientar repouso do membro cateterizado
Não flexionar membro
Controle de pulso, temperatura e perfusão periférica do membro
cateterizado
Controle sinais vitais
Observar e comunicar alterações neurológicas
Observar precordialgia
Controle de diurese
Incentivar ingestão de líquidos
Liberar dieta para o paciente, no caso de função femoral, manter
decúbito em 45 graus
36. Orientações de alta hospitalar
Pós Cate
Retirada do curativo após 24 horas
Lavar local com água e sabão
Dissecção braquial:
Comparecer no ambulatório para retirada de
pontos em 7 dias
37. Orientações de alta hospitalar
Pós ATC
Orientar e ressaltar necessidade de uso correto de
medicações
Evitar subir e descer escada (3 a 5 dias)
Não dirigir (3 a 5 dias)
Pacientes com stent cardíaco precisam tomar
medicamentos para inibir a ação plaquetária, e
consequente formação de coágulos e trombose do
stent.
Os medicamentos mais utilizados são a aspirina e
clopidogrel.
38. Cuidados do paciente após alta
hospitalar
O paciente deve estar atento a:
Sangramento
Edema
Hematoma
Dor e vermelhidão
Formigamento
Presença de liquido amarelo (infecção)
39. Cuidados do paciente após alta
hospitalar
Em quaisquer dos casos acima, o paciente
deve comparecer ao Ambulatório-InCor, sala
de curativo:
de 2ª a 6ª feira, das 8 às 12 horas para avaliação
Finais de semana, à tarde e à noite – Procurar
Emergência - InCor
40. Considerações finais
Os métodos diagnósticos e terapêuticos estão
evoluindo rápido e cada vez mais em beneficio do
paciente
Cabe a nós enfermeiros estarmos sempre nos
atualizando e acompanhando a evolução dos métodos
diagnóstico e de tratamento, para continuarmos a
oferecer uma assistência de enfermagem embasada
nas mudanças visando o melhor atendimento ao
nosso paciente
O treinamento e a capacitação da equipe são
fundamentais para o sucesso da assistência de
enfermagem, com qualidade e eficiência
41. Pensamento...
Comece fazendo o que
é necessário, depois o
que é possível, e de
repente você estará
fazendo o impossível.
São Francisco de Assis
OBRIGADA!
Margarete Pereira de Nóbrega
(11) 2661-5375
margarete.nobrega@incor.usp.br