Este sermão discute como a justiça do cristão deve exceder a dos fariseus de acordo com Jesus no Sermão da Montanha. Jesus ensina que matamos o próximo não só fisicamente, mas também com palavras de ira e insultos, e instrui a reconciliação imediata com aqueles que ofendemos para mantermos uma relação saudável com Deus.
1. SÉRIE “SERMÃO DO MONTE”
Justiça e Reconciliação
Mateus 5:21-26
ICE Jd. Maringá
04/02/02007
INTRODUÇÃO
Na última palavra vimos como os doutores da lei haviam obscurecido a
lei com suas interpretações, tentando a todo custo rebaixar os padrões
da lei para torná-la mais fácil de obedecer.
Jesus, por outro lado, afirmou a autoridade da lei por ser a Palavra de
Deus. Afirmou que veio para cumprir as Escrituras e que sua vida era o
cumprimento delas.
Assim, Jesus diz que a justiça do cristão deve “exceder em muito” a
dos fariseus.
Como excede a justiça do cristão? Hoje e nos próximos três domingos
veremos exemplos práticos de como a nossa justiça, em Cristo, pode
exceder os padrões seculares.
Começa aqui, neste parágrafo, a apresentação de seis antíteses de
Cristo;
ANTÍTESE
1. Figura pela qual se salienta a oposição entre duas palavras ou idéias;
2. oposto;
3. contrariedade ou contradição entre proposições ou afirmações.
(Aurélio, 2001)
• Essas antíteses aparecem nas expressões “Ouvistes o que foi
dito” e “Eu, porém, vos digo”
• Versículos 21, 27, 31 33, 38 e 43.
Com essas antítese Jesus ensina a prática de uma justa justiça:
2. 1. A JUSTA DO CRISTÃO
Sem querer polemizar e gerar discussão, o 6º mandamento citado por
Jesus não é uma proibição contra a supressão da vida humana em
qualquer circunstância.
“Não matarás” fala única e exclusivamente contra o homicídio ou
assassinato.
A mesma lei de Moisés que, no decálogo, proíbe matar, em outro lugar
ordena a morte, tanto na forma de pena capital como nas guerras.
Esses questões ainda deixarão perplexas as consciências de cristãos
sensíveis.
Jesus amplia a aplicação da proibição indo além do ato de tirar a vida
física de uma pessoa.
Matamos o próximo não só quando o excluímos da convivência de
seus familiares e amigos, tirando-lhe a vida. Mas, mesmo que o
deixemos vivos para os outros, o matamos para nós mesmos com
nossas palavras, atos, ira e insultos.
Jesus usa 3 palavras para mostrar como matamos as pessoas:
A. “todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão”: as
palavras “sem motivo” provavelmente são um comentário posterior,
de algum escrita. No entanto, expressam bem o que Jesus quis
dizer. Nem toda ira é maligna. Como evidencia nos escritos dos
apóstolos:
i. “irai-vos e não pequeis...”
ii. “não se ponha o sol sobre a vossa ira...”
iii. “Todo homem seja pronto para ouvir e tardio para
falar...”
Jesus, então, faz referencia à ira injusta, baseada no orgulho, na
vaidade, no ódio, na malícia e na vingança.
B. “e quem proferir um insulto a seu irmão e quem lhe chamar:
Tolo”: as palavras no grego são raca (insulto), um equivalente a
uma palavra aramaica que quer dizer “oco”. E more (tolo). Parece
3. que são um insulto à inteligência da pessoa, como se a chamasse
de “cabeça oca” ou “miolo mole”. Alguém sem capacidade de
raciocínio e incapaz de saber entre o certo e errado.
Essas palavras adquiriram uma nuance religiosa e moral, e eram
aplicadas no VT com referência às pessoas que negavam a existência
de Deus.
Era como dizer que alguém é rebelde, apóstata ou renegado, por não
saber usar a cabeça e não crer em Deus.
Tasker diz assim: “O homem que diz a seu irmão que este está
condenado ao inferno, está ele mesmo em perigo de ir para o inferno.”
Essas palavras, talvez, nunca se consumam em um homicídio, mas
diante de Deus são equivalentes ao homicídio. Conforme João
escreveria mais tarde: “Todo aquele que odeia a seu irmão é
assassino.” (1Jo.3:15). Porque matamos a pessoa em nossa mente
e em nosso coração.
“Nossos pensamentos, olhares e palavras indicam que, como algumas
vezes nos atrevemos a dizer, “gostaríamos que morresse”. Um desejo
assim é uma infração do sexto mandamento.”
John Stott
2. A RECONCILIAÇÃO COM DEUS
Vamos ler novamente os vv.23 a 26.
Ora, se o insulto e a ira são tão sérios e tão perigosos, então devemos
fugir deles como se fossem pragas e tomar precauções o mais rápido
possível.
Daí Jesus citar esses exemplos. Mas vamos lê-los de uma forma mais
contextualizada:
“Se você estiver na igreja, no meio de um culto de adoração, e de
repente se lembrar de que seu irmão tem um ressentimento contra
você, saia da igreja imediatamente e vá fazer as pazes com ele. Não
espera que o culto termine. Procure seu irmão e peça-lhe perdão.
Primeiro vá, depois venha. Primeiro vá reconciliar-se com seu irmão,
depois venha e ofereça sua adoração a Deus.”
4. E, ainda: “Se você tiver uma dívida e o seu credor levá-lo ao tribunal
para receber o dinheiro dele de volta, acerte as contas com ele
rapidamente. Entre num acordo antes de chegarem ao tribunal. Faça-o
enquanto ainda estiverem a caminho do tribunal e pague a sua dívida.
Caso contrário, ao chegarem no tribunal, será tarde demais. O seu
acusador o processará diante do juiz e o juiz o entregará à polícia e
você acabará na cadeia. Você não sairá de lá até que tenha pago o
último centavo. Por isso, o pagamento antes da prisão seria muito
mais sensato.”
Mas com que constância atendemos à chamada de Cristo para a ação
imediata?
Quantas vezes já saímos do culto e fomos resolver aquela desavença?
Sabendo que ele existe?
Quantas vezes tomamos a iniciativa?
Jesus mostra que a saúde do perdão não está em recebermos o
perdão, mas em termos a iniciativa de pedirmos perdão. Há muito mais
saúde nisso. Gera muito mais vida!
Qual é a mensagem principal de Jesus aqui? RECONCILIAÇÃO.
“...vai primeiro reconciliar-te com teu irmão...”
Esse é o sentido de tudo o Jesus fez na cruz e de ter ressuscitado dos
mortos. Que antes fomos reconciliados com Deus em Cristo Jesus e
por isso somos capazes de nos reconciliarmos. Temos sempre a
palavra de reconciliação.
“...Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo
e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava
em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos
homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da
reconciliação.”
2Coríntios 5:18-19
5. Se Deus foi capaz de reconciliar-se com você, sabendo você como
você é. Você não é mais perfeito que Deus para manter-se afastado
daquele que Deus também ama.
CONCLUSÃO:
Assim, entendemos como exceder a justiça dos homens.
Enquanto o mundo exclui os que pensam diferentes, nós agregamos
as diferenças do outro à nossa necessidade de complemento. O outro
me completa. O outro não é tolo. Talvez eu que esteja falhando naquilo
que eu deveria ensinar e testemunhar.
Enquanto o mundo paga “com a mesma moeda”, nós andamos a
segunda milha, entregamos o que nos pedem e damos algo a mais,
algo que nunca é esperado.
Fomos feitos novas criaturas para surpreendermos o mundo.
Nosso padrão não é o mundo. Nosso padrão é Jesus que deu sua vida
por nós.