Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
A religião como meio de comunicação
1. Enzo Pace inicia sua palestra com uma afirmação:
A possibilidade de se estudar os sistemas religiosos
como sistemas elaborados de comunicação
OS PROPÓSITOS SÃO:
1- TRATAR A RELIGIÃO COMO SISTEMA E COMO PODER DE COMUNICAÇÃO.
2- RECONSTRUIR AS CONEXÕES CRIADAS PELA SIMBOLOGIA RELIGIOSA E OS
AMBIENTES SOCIAIS QUE SE ALTERAM NO TEMPO E NO ESPAÇO.
2. O Método utilizado por Pace é o método
genealógico também utilizado por Talal Asad
(1993) em que se estuda genealogicamente o
surgimento das três grandes religiões
mundiais, como grandes famílias ligadas
entre si por parentesco e fé, neste caso, a fé
monoteísta.
Ainda segundo Pace esta fórmula traz um
entendimento mais claro sobre as relações
estruturais em suas fundações e em seus
processos de construção.
3. O Interesse primário é analizar a improvisação
na “ORIGEM”, isto é, o poder de comunicação; e
paralelamente entender a “CONSTRUÇÃO DO
SENTIDO” , ou “Sistematização” no tempo.
Pace define esta relação da seguinte maneira: “ o
primeiro relaciona-se com o poder de
comunicação, o segundo com a constituição e
reprodução no tempo e no espaço de um sistema
de sentido.
4. PRIMEIRO – superar a dicotomia entre a
“modernidade” e a “tradição”. Se a religião é um
sistema de comunicação, esta mesma pode ter
funcionamentos diferentes na diversidade social
em que é apresentada.
Exemplo:
A OFERTA E DEMANDA DOS BENS SIMBÓLICOS
OU DE SALVAÇÃO.
5. Alguns sociólogos Estadunienses elaboraram um
conceito chamado de “Economia Religiosa”. Este
paradigma de um lado confronta a “Religião que
se forma em meio á conflitos sociais”, com a
“Religião que se forma devido a demanda do
mercado”. Não é este o modelo que Enzo adota
neste trabalho, este paradigma apenas nos
mostra que os significados de uma religião em
sua universalidade são influenciados sim pelo
meio que tem sua origem e que desenvolve sua
sistemática.
6. Entender a Religião como meio de comunicação evita
entender “O Conceito que a Religião se decompõe em
diferentes dimensões”.
A Religião não se desfaz, mas se transforma
subjetivamente de acordo com seu meio.
Exemplos:
Em pesquisas realizadas são encontradas diversas visões
da religião:
a) Praticantes da “religião” que não acreditam no conjunto
total de doutrinas ensinadas.
b) Praticantes que se dizer ter a experiência, mas não se
sentem parte do todo.
c) Praticantes que subjetivam a tradição consolidadada
pela escolha individual em “praticar ou não praticar”.
A conclusão de tais posicionamentos é que a maioria dos
entrevistados em pesquisas empíricas não
compreendem a “ sua religião”.
7. Pace traz uma compreensão que parecer ser o
que descreve por exemplo o atual “neo-
pentecostalismo”:
“Se a estrutura profunda da religião está dominada
pela “pura palavra” capaz de fixar ou remover os
limites simbólicos dos universos de sentidos dos
indivíduos e dos grupos sociais, então se trata de
estudar como atua a força da palavra, segundo as
condições sociais e históricas em que uma ou
mais religiões devem ser observadas”.
8. O Paralelismo da compreensão “Origem” e “Tempo” é
a maneira de se evitar a terceira armadilha: “ A Busca
pela definição Existencialista” que defina de uma vez
por todas a essência da religião (Lambert, 1991).
“ A Busca da Religião é a busca da resposta
existencial”
(F.Maia).
Para isto, Pace diz que: “ é preferível considerar as
religiões como sistemas vivos que evoluem”. Para ele,
a comunicação significa elaborar um código que
pode transformar as diferenças “externas” em
“internas”.
9. Além da dicotomia “modernidade” e “
tradição”, existe as dicotomias “primitivo e evoluído”
e “ simples e complexos”.
Esta quarta armadilha leva a pensar em uma
“melhora das formas” de comunicação, sendo que a
realidade é que, no processo de transformação o
“evoluído e complexo” nos parece ser o vencedor.
Isto também nos parece ser o desenvolvimento
normal da comunicação, já que o evoluído é mais
atraente, mesmo não sendo compreendido por sua
complexidade.
10. O ponto de vista então adotado por Enzo é o
mesmo caminho que Max Weber levou a cabo em
seu tratado de “Sociologia das Religiões”.
O método de Weber é o “includente”, onde a
análise circular inicia-se apartir de uma massa de
informações, criando métodos abstratos que
Weber chamava de “tipos ideais” e por fim volta-
se ordenando as informações para apartir daí
interpretá-las á luz dos modelos.
11. Apartir de tantos modelos Enzo define os
fundamentos de sua pesquisa em dois pontos:
1- A Origem do credo religioso
2- O Processo da construção do sistema
Esta base de pesquisa fundamenta as duas
dimensões principais da hipótese teórica:
A) A religião antes da religião
B) A religião observando a si mesma
12. Segundo Pace, toda religião tende a ser
representada não só como diferente da outra,
mas também em virtude da pretensão legítima de
conter em si a verdade, a julgar-se superior, mais
completa, mais verdadeira em relação a outra, a
todas as outras.
Observar como uma religião observa a si mesmo,
evita a imaginá-la como um universo de crenças,
carente das crenças de outra religião.
13. Pace , ainda define que a hipótese atua
justamente em um terreno onde estão presente
diversos estratos, ou melhor, níveis de crenças
precedentes que a religião
“reinterpreta”, modificando quantas vezes
necessário, seus significados e os oferecendo
como um novo horizonte de sentido.
Desta maneira não há como negar que toda
religião é afetada pelo sincretismo, onde a
intensão é dominar a complexidade para que o
fim seja a ordem da estrutura constituída pelo
tempo.
14. A RELIGIÃO SEMPRE SERÁ COMO O HOMEM VÊ A
DEUS
A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE SEMPRE SERÁ
COMO DEUS VÊ O HOMEM
PORTANTO NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE SERMOS
ESPIRITUAIS SEM ANTES COMPREENDERMOS
COMO DEUS NOS COMUNICA SUA VISÃO DO
HOMEM, ISTO É, DE NÓS MESMOS.
A RELIGIÃO É O DESBRAVAMENTO HUMANO EM
BUSCA DE DEUS
JESUS É O DESBRAVAMENTO DE DEUS EM BUSCA
DO HOMEM. (F.MAIA)
15. ALUNOS:
ALEXANDRE AUDIOSO
FERNANDO MAIA
BIBLIOGRAFIA:
NARRAR A DEUS – A religião como meio de
comunicação. Enzo Pace.