Carukango foi um escravo moçambicano que liderou um grande quilombo na Serra do Deitado entre Macaé e Conceição de Macabu por mais de duas décadas. Existem duas versões sobre a morte de Carukango e a destruição do quilombo: uma conta que ele se rendeu e foi assassinado, enquanto a outra diz que negociou sua rendição mas também foi morto depois de se entregar junto com seus companheiros. O quilombo e plantações foram queimados e o corpo de Carukango mutilado como exemplo para outros esc
2. A HISTÓRIA DO QUILOMBO DE CARUKANGO
No início do século XIX chegou ao porto de Imbetiba em Macaé
um escravo moçambicano, baixo, corcunda, manco da perna esquerda,
com o nome de Carukango. Ficou conhecido no navio por seus dotes de
líder espiritual, ou nos dizeres da época: feiticeiro.
Carukango foi vendido ao fazendeiro Francisco Pinto, cuja
família era muito numerosa e poderosa na região. As suas fazendas
ficavam na Freguesia de Nossa Senhora das Neves e Santa Rita,
atualmente parte do município de Macaé, que na época pertencia à
cidade de Cabo Frio.
3. O QUILOMBO
O Quilombo de Carukango era um desses agrupamentos que
ameaçavam a ordem da Colônia. Situava-se mais precisamente num platô
localizado na Serra do Deitado, entre Macaé e Conceição de Macabu.
Constituindo-se em uma das maiores comunidades quilombolas do Estado
do Rio de Janeiro, o quilombo desenvolvia diversas atividades agrícolas,
além da caça e da pesca.
E resistiu por mais de 2 décadas.
4. MORTE DE CARUKANGO
Existem duas versões sobre a morte de Carukango e a
destruição do Quilombo .
Versão mais popular
A mais conhecida, e que muitos historiadores garantem se
tratar de uma lenda, conta que, ao chegar no Quilombo de
Carukando o coronel Antônio Coelho Antão de Vasconcellos e seus
soldados se depararam com centenas de escravos, armados de
foices, lanças e algumas armas de fogo, prontos para se
defenderem.
5. Ao perceber a luta desproporcional que havia iniciado,
Carukango surge no meio de todos, paralisando a briga. Usando um
manto branco religioso e com um crucifixo no peito, se aproximou do
grupo invasor dando a entender que ia se render mas, de repente,
sacou uma pistola que estava escondida embaixo do manto e dispara
contra o filho mais novo de Francisco Pinto. Imediatamente
Carukango foi linchado e ao ver o seu líder morto, os quilombolas
que não haviam sido atingidos se suicidaram, jogando-se dos
penhascos.
6. VERSÃO DOS HISTORIADORES
A versão dos historiadores, que tem como base o documento
intitulado “Livro de Registros de Óbitos da Freguesia de Nossa Senhora
das Neves e Santa Rita/1808-1847″, no relato do Vigário João
Bernardo da Costa Resende, o ataque ao ”Quilombo do pé do Rio
Macabú” ocorreu no dia 01/04/1831, uma Sexta Feira Santa.
Ele conta que, Carukango negociou a sua rendição, dizendo aos
soldados que se entregaria em troca de pouparem a sua vida e de seus
companheiros do quilombo.
7. O comandante deu sua palavra, aceitando os termos da negociação e
após todos se entregarem, o soldado José Nunes do Barreto atirou no líder
quilombola, quando Carukango caiu de joelhos, outro soldado atirou pelas
costas matando-o. Após os combates, todos os guerreiros ainda vivos foram
degolados e seus corpos atirados nos penhascos, junto com mortos e feridos.
Somente as mulheres foram poupadas e devolvidas aos seus donos.
O grande quilombo e todas as plantações foram queimados.
E Carukango, teve seu corpo retalhado e exposto nas fazendas da região.
Sua cabeça foi espetada numa lança e colocada na estrada de maior
movimento até a sua completa decomposição para que servisse de exemplo
aos demais escravos.