Este documento descreve um projeto-piloto para estudar as relações entre a população e o espaço em Luanda através de abordagens interdisciplinares das ciências sociais. O projeto inclui mapeamento da cidade, identificação de atividades e distribuição populacional, análise institucional e desenvolvimento de ferramentas para coleta de dados qualitativos e quantitativos. O objetivo é demonstrar como as ciências sociais podem contribuir para pesquisas ambientais e de sustentabilidade.
Cesaltina Abreu - Espaços e Sociabilidades em Luanda, DW Debate 05/12/2014
1. Workshop Estudos
Urbanos em Angola
Luanda, 5 e 6 de Dezembro deLuanda, 5 e 6 de Dezembro de
20142014
Espaços e Sociabilidades em
Luanda:
que papel para as ciências
sociais?
Tina
2. 1. Introdução
A ideia de realizar este estudo foi recolocada quando, em Newcastle
juntamente com outros docentes da UAN, dava a minha contribuição para a
criação e preparação da implementação do CESSAF.
A motivação nasceu da dificuldade que os meus colegas de Engenharia e das
Ciências Exactas em perceber o que eu estava a fazer ali, em
representação da FCS e, numa perspectiva mais abrangente, o que é que
as Ciências Sociais tinham a ver com um projecto de criação e
implementação de um programa de doutoramento em ciências da
sustentabilidade para a Africa.
Por experiência de muitos anos de trabalho de campo como Agrónoma, sabia
que a demonstração seria o caminho, precisava criar ou aproveitar uma
oportunidade. E a oportunidade surgiu quando um geoquímico avançou
com a proposta de realizar uma actividade na qual pudesse apresentar um
trabalho sobre a poluição do ar em Luanda. Imediatamente outras
pesquisas e estudos foram identificados e eu aproveitei a oportunidade
para propor que, o que quer que viesse a ser feito se enquadrasse no
âmbito de um projecto-piloto, cujo principal objectivo era testar a
capacidade daquele conjunto de professores trabalhar junto.
Simplificando, realizou-se em Setembro de 2013 um workshop, aqui em
Luanda, juntando UAN, Ministério do Trabalho, TOTAL, a partilhar estudos
e dados que possuíam. Foi então apresentada a proposta de uma
6. Quadro Conceptual do
CESSAFCompreender
a necessidade
de mudança
para um
caminho
sustentável
Conhecime
nto e
habilidade
para decidir
e agir de
um modo
sustentável
Reconhecer e
premiar decisões
e acções de
outras pessoas a
favor do
desenvolvimento
sustentável
O que é conhecimento?
O que são dados?
Quem, Onde e Como nós
podemos obter/produzir
conhecimento?
Como se tornar um PhD
com uma sólida formação
em sustentabilidade?
8. Basic
Metodologias &
Práticas
Dados Quantitativos &
EstatísticosMétodos
Transversais
Pesquisa
Qualitativa
Análise
Comparativa
Pesquisa
Interdisciplina
r
Práticas de
Pesquisa &
Trabalho de Campo
Mapeamento &
Modelação
Escrita e
Cultura
Académicas
Conhecimento
e Habilidades
Pedagógicas
E-Learning & outros
Métodos Colaborativos
Análise
InstitucionalMapeamento dos
Participantes
Conhecimento e Dados
Habilidades básicas de
pesquisa
Literaci
a
9. O Projecto de Demonstração
Objectivo:
Com base nesta identificação prévia, oCom base nesta identificação prévia, o
meu propósito era desenvolver ummeu propósito era desenvolver um
projecto para demonstrar o uso e o valorprojecto para demonstrar o uso e o valor
das abordagens das ciências sociais paradas abordagens das ciências sociais para
a realização de estudos ambientais ema realização de estudos ambientais em
Luanda ou em qualquer outro lugarLuanda ou em qualquer outro lugar
10. Estágios de preparação – já feito
– Mapeamento de Luanda com GIS – mapa em processo de produção
– Material sobre a história e o desenvolvimento da cidade
• Documentos
• Mapas
• Fotografias e Imagens
• Narrativas e depoimentos
– Metodologia para realizar o estudo
• Mapeamento dos participantes/envolvidos
• Quadro de Amostragem para os entrevistados / respondentes / GIS
participativo e coleta de dados (residentes, profissões, professores,
farmacêuticos)
• Quadro para implantações do estudo
• Identificação dos dados apropriados / tipos de informação –
– Clima
– Saúde
– Actividade Económica
– Loteamentos Residenciais
– Transportes / comunicações
– Percepções / Consciência do Público
– Políticas do Governo
– Mapeamento Institucional
11. Ferramentas para a colecta de dados
– em preparação
Em diversos estágios de preparação encontra-se
um conjunto de ferramentas para a recolha de
dados fiáveis
• Questionários
• Guiões para as entrevistas
•Kit de ferramentas para a Análise de respostas
rápidas
•Técnicas para entrevistas foto-induzidas
•Guiões para Grupos-Focais
•Abordagens para a colecta participativa de dados
pelos residentes, profissionais, professores,
farmacêuticos, etc.,
– Incluindo entrevistas foto-induzidas,
fotonarrativas e fotonovelas
12. Identificação das principais áreas para
a construção de um Quadro Teórico
– Métodos de Pesquisa: Avaliação, Análise e
Pesquisa
– Desenvolvimento Sustentável
– Globalização e Justiça Social e Ambiental
– Planeamento para a Mudança Climática
– A Natureza do Conhecimento (Treinamento
em PGR da Faculdade de Humanidades e
Ciências Sociais, HASS)
Este último módulo, complementado pelos
restantes indicados, pode tornar-se a base do
programa de capacitação do staff, para passar a
13. 3. Desenho do projecto-piloto
Desenvolvimento de um quadro compreensivo para
abranger a diversidade de relações entre a população e
o espaço
- Desenvolver módulos que relacionem teoria social,
sociologia do ambiente, ecologia política, mudança
climática e justiça social, entre outros temas, através de
abordagens interdisciplinares e multiculturais
- Desenho de estudos comparativos a partir de
experiências da Africa e da América Latina
- Partilha de informação e identificação de oportunidades
para a criação ou integração em redes já existentes
(CLACSO, CODESRIA, entre outras)
14. 3. O Direito e a Política
1. Quadros Teóricos para abordar as tensões
entre:
• Cidadania e consumismo
•Individualismo e acção colectiva/bem comum
.Estudos sobre a vulnerabilidade e a adaptação às
mudanças climáticas e a expansão de uma cidadania ambiental
2. Ideias/sugestões sobre como abordar:
a questão da justiça ambiental
o papel do direito/lei na criação do futuro
3. Informação sobre Bibliografia e Referências
16. Projecto de Demonstração
• Mapas
• Identificação das principais actividades
• Distribuição da população
• Análise Institucional
• Dados sobre o Clima
18. Cidade baixa
Musseques e vizinhanças de transição
Área de Expansão de urbanização controlada e alguns assentamen
Novas áreas planifica
Luanda – Tipologia de uma cidade nos
limites do informal
19. 2010 – 350,00 Km²
( projecção )
2000 - 270,05 Km²
1998 - 253,27 Km²
1989 - 100,80 Km²
1980 - 19,42 Km²
Luanda vem tendo uma epxansão
urbana exponencial
20. Usos da Terra em Luanda
Cidade Baixa
Cidade Alta
1ª área expansão
2ª área expansão
Polos Industriais
Musseques
Condominios
Áreas Rurais
21. CPA – Centro Politico e
Administrativo
Comércio e Serviços
(pequeno comércio formal)
Industria Ligeira Industria Pesada Sector Informal Residencial
Cidade Baixa
Cidade Alta
Ingombota
Maculusso
Marginal/cidade baixa Boavista Road, Cacuaco-
Viana Road, Cazenga
Viana
Estrada da Boavista
Luanda-Estrada do Cacuaco
Mercados, Feiras e venda
nas ruas (ambnulantes)
Cidade Colonial: cidade
baixa
Cidade –Alta
Cidade Baixa
-Administração Pública
Marginal:
-Administração Pública
-Novo Porto
- Important e junção
marítima, rodoviária e
ferroviária
-Comércio de Retaiho
-Serviços
Construção naval
Comidas e bebidas
Metalurgia
Textieis e confecções
Tabaco
Madeira e mobiliário
Equipamento e Materia
lEléctrico
Papel
Plasticos
Borracha/pneus
Materiais de Construção
Concreto e caixilharia
55 mercados
6 Feiras
Incontável número de
ambulantes
Cidade Baixa: antigas
vizinhanças
Cidade Alta:
-Governo
-Palácio
-Residência do Bispo
Cidade Baixa
-Comércio Retaiho
-Serviços
- Industria (comidas e
bebidas)
Comida e bebida Cidade-Alta
-Residências de altos
funcionários do governo
1º. Área de expansão
Ingombota/Maculusso
Residencial
Serviços
Comércio de Retaiho
Aeroporto e importante
junção aérea e rodoviária
Comida e bebida -1ª.expansão da cidade
(1940/60)
Principalmente residencial
Musseques Sector Informal
principalmente comércio de
retalho
Actividades Industriais
Cazenga- Material de
Construção, concretoe
caixilharia, bebidas e
indústria ligeira
ambizanga – cimento,
Materiais de Construção
Terra Nova – Tabaco
Sambizanga/petrangol –
Refinaria, Metalurgia e
Cimento
5 maiores mercados:
-Kikolo – 4871
-Roque Santeiro – 4184
-Asa Branca – 3 800
-Correios/Golf2 – 2240
-Kwanzas (Ngola Kiluanje) –
2078
Musseques
-Musseques em torno da
cidade colonial
- Musseques muito antigos
- Musseques antigos
-Novos Musseques
- Musseques recentes
Luanda – antigas cidades
satélites:
-Viana
-Cacuaco
-Catete
Serviços
Comércio formal e informal
Actividades Industriais
Agricultura
Viana-Materiais de
Construção, bebidas e outras
indústrias ligeiras
Cacuaco- Minerais Não-
metálicos: Cimento e vidro,
ceramica
Catete- Materiais de
Construção
Bom Jesus: indústria ligeira
e bebidas
Viana-metais pesados,
metalo-mecânica, 2 acieiras
Principais usos da Terra em Luanda
22. Tipos de Assentamentos Características Localização Nomes / Exemplos
URBANOS
1 – Antigo Centro Urbano Modelo urbano ocidental
Maioria dos edifícios> 35 anos
Alterações constantes e consideráveis na estrutura
original
Cidade Colonial
1ª. Área de expansão
Cidade Baixa
Maculusso /Ingombota
2 – Novos subúsbios organizados e
Condominios
<10 anos
Padrão urbano convencional
Parcerias público / privadas
De médio a elevado rendimento
Área de Expansão
Antigos municípios “rurais” (Viana e
Cacuaco)
Morro Bento
Talatona
Benfica
Cacuaco, Viana e Camama
3 – Bairros Populares > 35 anos
Iniciativas públicas e privadas de habitação para
rendimento médio a baixo
Infraestruturas básicas planificadas
Área de Expansão Kilamba Kiaxi,
Sao Paulo
Marcal
Rangel
4 – Áreas de Habitação Social >2002
Maioritariamente iniciativa do governo
Limite da área de expansão Panguila e Cacuaco
Zango e Viana
5 - Areas de auto-construção orientada >= 10 anos
Habitações familiares individuais
Iniciativa do Governo a e privada
Planificada eorganizada
Medio a alto rendimento
Área de Expansão Kilamba Kiaxi
6 – Musseques de Transitção Perto da cidade formal, trabalho e serviços
públicos
Instalados antes da independência
Densidade crescente
Começa agora o crescimento na vertical
Nos limites da 1ª área de expansão Bairros para classes trabalhadoras
-Bairro Operario
-Catambor
7 – Musseques planificados Anos 80
Auto-construção em espaços com
arruamentos
Expansão dos Musseques de Transição
Acesso formal e informal para arrendamento de
casas
Tijolos ou blocos de concreto + telhados de zinco
2ª. Área de expansão (continuação dos
Musseques de Transição)
Palanca
Mabor
8 – Musseques Antigos > 30 anos
Fora do asfalto
Ruas não utilizáveis para transporte público, sem
infraestrutura de saneamento
padrão de construção de baixa qualidade
casos de expansão para áreas perigosas (erosão)
Limites da 1ª. Área de expansão Cazenga
Sagrada Esperança
9 – Musseques periféricos Construções Precárias <10 anos
Nos limites da cidade, assentamentos de deslocados
durante a guerra civil
Sem infraestrutura e sem arruamento
Areas sem ocupação até aos anos 80 Arredores de Cacuaco, Viana e Camama
Rocha Pinto
Petrangol
Tipos de Assentamentos/loteamentos em Luanda
23. Viana – 60% ZEE Sambizanga Cacuaco Benfica Cazenga
Polo Viana 30%
Viana cidade 20%
Quicuxi 10%
10% Sambizanga +
Petrangol 10%
10% 5% 5%
Distribuição das actividades industriais por áreas