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A palavra “xaxado” é uma onomatopeia do barulho xa-xa-xa, que os
dançarinos fazem ao arrastar as “alpercatas” no chão durante a dança.
Há várias controvérsias sobre sua origem. Alguns pesquisadores como
Benjamim e Luís da C. Cascudo, afirmam que é uma dança originária do alto
Sertão de Pernambuco, outros que que seria de Portugal e outros que sua origem é
Negra ou até Indígena. O xaxado foi difundido como uma dança de guerra e
entretenimento pelos cangaceiros, notoriamente do bando de Lampião, no inicio
dos anos 1920, em Vila Bela, atual Serra Talhada. Na época, tornou-se popular em
todos os bandos de cangaço. Era uma dança exclusivamente masculina, por isso
nunca foi considerada uma dança de salão, mesmo porque havia poucas mulheres
em meios aos bandos de cangaceiros, daí então usavam suas armas como dama. A
presença feminina no xaxado se afirmou com a inclusão de Maria Bonita e outras
mulheres ao bando de Lampião
No entanto, as mulheres eram minoria no cangaço, possuindo um papel inferior ao
dos homens a presença feminina nos bandos possuiu a função de “normalizar” e
“institucionalizar” a vida nos bandos, mesmo que dentro das “regras” internas do
cangaço.
de inicio dançavam em fila indiana, o da frente ,sempre o chefe do grupo, puxava
os versos cantados e o restante respondia em coro, com letras de insultos aos
inimigos ou enaltecendo suas aventuras e façanhas.
A dança pode ser desenvolvida em “[...] círculo,
fila indiana, ou com um atrás do outro, avançando
o pé direito em três e quatro movimentos laterais
e puxando o esquerdo num rápido e deslizado
sapateado” . Este é um dos passos básicos do
xaxado, em que, com as mãos cruzadas atrás do
corpo, pode-se caminhar, ou ainda desenvolver o
passo sem sair do lugar
Pode-se explorar este passo com o grupo de
alunos em diferentes formações (círculos, filas,
colunas) além de diversificar no número de
pessoas (duplas, trios, quartetos, entre outros).
Existe ainda a possibilidade de explorar o
deslocamento, procurando contemplar diversas
maneiras de sincronizar esta movimentação em
conjunto.
Comumente os passos do xaxado estão
relacionados com o tema bélico, ou seja, das
lutas e guerras que os grupos de cangaceiros
travavam com frequência em meio à caatinga do
sertão. Deste modo, apesar dos movimentos
parecerem graciosos, devem ser executados com
firmeza e forte caracterização.
O rifle possui espaço importante nas
coreografias de xaxado, assim, enquanto os
passos são executados, a arma deve ser batida no
chão ao ritmo da música, ou ainda empunhada
simbolizando movimentos de guerra. Na escola
podem-se usar cabos de vassouras ou canos de
P.V.C. para representar o rifle.
Por exemplo: Com o grupo dividido em duas colunas,
a coluna da direita começa o passo para direita (a
perna direita inicia o movimento para o lado direito).
Já a coluna da esquerda, inicia para a esquerda (a
perna esquerda inicia o movimento para o lado
esquerdo), possibilitando um efeito visual intercalado
interessante. É possível alternar também entre as
pessoas de cada coluna
As letras ecoadas durante o xaxado inicialmente não possuíam acompanhamento musical, se
caracterizando por sua agressividade, temas bélicos inerentes ao cangaço e diversas sátiras,
contudo, eram simples e fáceis de serem memorizadas pelos ouvintes (CASCUDO, 2012).
Esta canção ressalta características da vida no cangaço, que dentre outros pontos, esboça uma
vertente lúdica, visto que retrata uma brincadeira entre Sabino e Lampião. Alguns estudos
sobre a vida no cangaço apontam que no cotidiano os cangaceiros eram bastante brincalhões.
“ Lá vem sabino
Mais Lampião;
Chapéu de couro,
Fuzil na mão!
Lampião tava durmindo
Acordou muito assustado
Deu um tiro numa graúna
Pensando qu’era soldado!”
Confrontando os trechos apresentados é
possível identificar algumas semelhanças
entre o canto do xaxado e o parraxaxá, como
as rimas e o tema bélico do cangaço, contudo
afirmações mais concretas acerca dos limites
entre as influências que cada manifestação
desferiu sobre a outra são difíceis de
estabelecer.
Outro fato interessante sobre o xaxado, é
que em suas coreografias os dançarinos
utilizam muito do grito em diversos
momentos, o que se relaciona com sua origem
aliada à guerra e as lutas no cangaço.
Câmara Cascudo traz outras contribuições importantes quando supõe que o “Parraxaxá” -
gritos entoados pelos cangaceiros nos intervalos das descargas dos fuzis contra os soldados
da polícia – podem, ter sido anterior ao xaxado influenciando-o, visto que ambas
manifestações surgiram praticamente no mesmo ambiente e sob as mesmas condições. O
parraxaxá agride os soldados em seu canto, apontando as covardias e os crimes do
adversário, além de enaltecer a coragem do bando e os chefes bandoleiros.
As roupas utilizadas no xaxado são baseadas nas vestimentas características dos
cangaceiros, ou seja, em tons de cáqui e marrom, com camisas de manga longa e calças
cumpridas feitas com tecido grosso e couro, que eram utilizadas para a proteção contra os
espinhos da caatinga, além do chapéu e das alpercatas. No chapéu em específico, é possível
observar a existência de materiais brilhantes, como pequenos pedaços de espelhos, vidros ou
moedas. Estes detalhes eram utilizados na época do cangaço para enfeitar o acessório, bem
como para atrapalhar a mira de um possível inimigo sob o sol do sertão, já que eles poderiam
refletir a luz no rosto dos oponentes.
É possível identificar ainda na caracterização dos grupos de xaxado alguns acessórios como lenç
no pescoço, moringa ou cabaça pendurada no corpo das mulheres e os óculos de sol com lentes
arredondadas nos homens.
Atualmente o xaxado é visto principalmente em coreografias estilizadas de grupos
artísticos, que costumam se apresentar em festas juninas, em que os dançarinos fazem
evoluções, dançam juntos, separados, mas sempre mantendo a característica de arrastar as
alpercatas no chão (GASPAR, 2012). Além disso, os grupos costumam também se apresentar
em festivais específicos, que acontecem principalmente na região nordeste.
Apesar das mulheres participarem mais ativamente das apresentações atualmente,
comparando-se com o período de surgimento do xaxado, o destaque ainda é masculino,
sendo este quem empunha o rifle (GASPAR, 2012).
Em Serra Talhada (PE) cidade natal de Lampião, conhecida com a capital do xaxado,
acontece desde 2002 o "Encontro Nordestino de Xaxado", organizado pela fundação Cabras
de Lampião. O objetivo do evento é reunir diversos grupos de xaxado, a fim de preservar a
tradição desta manifestação.
Alguns grupos de xaxado:
- Grupo Cangaceiros de
Lampião - Solidão (PE).
- Os Cabras de Lampião -
Serra Talhada (PE).
- Grupo Raízes Nordestinas
– Fortaleza (CE).
- Grupo Pisada do Sertão –
(PB).
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Dança Xaxado

  • 1.
  • 2. A palavra “xaxado” é uma onomatopeia do barulho xa-xa-xa, que os dançarinos fazem ao arrastar as “alpercatas” no chão durante a dança. Há várias controvérsias sobre sua origem. Alguns pesquisadores como Benjamim e Luís da C. Cascudo, afirmam que é uma dança originária do alto Sertão de Pernambuco, outros que que seria de Portugal e outros que sua origem é Negra ou até Indígena. O xaxado foi difundido como uma dança de guerra e entretenimento pelos cangaceiros, notoriamente do bando de Lampião, no inicio dos anos 1920, em Vila Bela, atual Serra Talhada. Na época, tornou-se popular em todos os bandos de cangaço. Era uma dança exclusivamente masculina, por isso nunca foi considerada uma dança de salão, mesmo porque havia poucas mulheres em meios aos bandos de cangaceiros, daí então usavam suas armas como dama. A presença feminina no xaxado se afirmou com a inclusão de Maria Bonita e outras mulheres ao bando de Lampião
  • 3. No entanto, as mulheres eram minoria no cangaço, possuindo um papel inferior ao dos homens a presença feminina nos bandos possuiu a função de “normalizar” e “institucionalizar” a vida nos bandos, mesmo que dentro das “regras” internas do cangaço. de inicio dançavam em fila indiana, o da frente ,sempre o chefe do grupo, puxava os versos cantados e o restante respondia em coro, com letras de insultos aos inimigos ou enaltecendo suas aventuras e façanhas.
  • 4. A dança pode ser desenvolvida em “[...] círculo, fila indiana, ou com um atrás do outro, avançando o pé direito em três e quatro movimentos laterais e puxando o esquerdo num rápido e deslizado sapateado” . Este é um dos passos básicos do xaxado, em que, com as mãos cruzadas atrás do corpo, pode-se caminhar, ou ainda desenvolver o passo sem sair do lugar Pode-se explorar este passo com o grupo de alunos em diferentes formações (círculos, filas, colunas) além de diversificar no número de pessoas (duplas, trios, quartetos, entre outros). Existe ainda a possibilidade de explorar o deslocamento, procurando contemplar diversas maneiras de sincronizar esta movimentação em conjunto.
  • 5. Comumente os passos do xaxado estão relacionados com o tema bélico, ou seja, das lutas e guerras que os grupos de cangaceiros travavam com frequência em meio à caatinga do sertão. Deste modo, apesar dos movimentos parecerem graciosos, devem ser executados com firmeza e forte caracterização. O rifle possui espaço importante nas coreografias de xaxado, assim, enquanto os passos são executados, a arma deve ser batida no chão ao ritmo da música, ou ainda empunhada simbolizando movimentos de guerra. Na escola podem-se usar cabos de vassouras ou canos de P.V.C. para representar o rifle. Por exemplo: Com o grupo dividido em duas colunas, a coluna da direita começa o passo para direita (a perna direita inicia o movimento para o lado direito). Já a coluna da esquerda, inicia para a esquerda (a perna esquerda inicia o movimento para o lado esquerdo), possibilitando um efeito visual intercalado interessante. É possível alternar também entre as pessoas de cada coluna
  • 6. As letras ecoadas durante o xaxado inicialmente não possuíam acompanhamento musical, se caracterizando por sua agressividade, temas bélicos inerentes ao cangaço e diversas sátiras, contudo, eram simples e fáceis de serem memorizadas pelos ouvintes (CASCUDO, 2012). Esta canção ressalta características da vida no cangaço, que dentre outros pontos, esboça uma vertente lúdica, visto que retrata uma brincadeira entre Sabino e Lampião. Alguns estudos sobre a vida no cangaço apontam que no cotidiano os cangaceiros eram bastante brincalhões. “ Lá vem sabino Mais Lampião; Chapéu de couro, Fuzil na mão! Lampião tava durmindo Acordou muito assustado Deu um tiro numa graúna Pensando qu’era soldado!”
  • 7. Confrontando os trechos apresentados é possível identificar algumas semelhanças entre o canto do xaxado e o parraxaxá, como as rimas e o tema bélico do cangaço, contudo afirmações mais concretas acerca dos limites entre as influências que cada manifestação desferiu sobre a outra são difíceis de estabelecer. Outro fato interessante sobre o xaxado, é que em suas coreografias os dançarinos utilizam muito do grito em diversos momentos, o que se relaciona com sua origem aliada à guerra e as lutas no cangaço. Câmara Cascudo traz outras contribuições importantes quando supõe que o “Parraxaxá” - gritos entoados pelos cangaceiros nos intervalos das descargas dos fuzis contra os soldados da polícia – podem, ter sido anterior ao xaxado influenciando-o, visto que ambas manifestações surgiram praticamente no mesmo ambiente e sob as mesmas condições. O parraxaxá agride os soldados em seu canto, apontando as covardias e os crimes do adversário, além de enaltecer a coragem do bando e os chefes bandoleiros.
  • 8. As roupas utilizadas no xaxado são baseadas nas vestimentas características dos cangaceiros, ou seja, em tons de cáqui e marrom, com camisas de manga longa e calças cumpridas feitas com tecido grosso e couro, que eram utilizadas para a proteção contra os espinhos da caatinga, além do chapéu e das alpercatas. No chapéu em específico, é possível observar a existência de materiais brilhantes, como pequenos pedaços de espelhos, vidros ou moedas. Estes detalhes eram utilizados na época do cangaço para enfeitar o acessório, bem como para atrapalhar a mira de um possível inimigo sob o sol do sertão, já que eles poderiam refletir a luz no rosto dos oponentes. É possível identificar ainda na caracterização dos grupos de xaxado alguns acessórios como lenç no pescoço, moringa ou cabaça pendurada no corpo das mulheres e os óculos de sol com lentes arredondadas nos homens.
  • 9. Atualmente o xaxado é visto principalmente em coreografias estilizadas de grupos artísticos, que costumam se apresentar em festas juninas, em que os dançarinos fazem evoluções, dançam juntos, separados, mas sempre mantendo a característica de arrastar as alpercatas no chão (GASPAR, 2012). Além disso, os grupos costumam também se apresentar em festivais específicos, que acontecem principalmente na região nordeste. Apesar das mulheres participarem mais ativamente das apresentações atualmente, comparando-se com o período de surgimento do xaxado, o destaque ainda é masculino, sendo este quem empunha o rifle (GASPAR, 2012). Em Serra Talhada (PE) cidade natal de Lampião, conhecida com a capital do xaxado, acontece desde 2002 o "Encontro Nordestino de Xaxado", organizado pela fundação Cabras de Lampião. O objetivo do evento é reunir diversos grupos de xaxado, a fim de preservar a tradição desta manifestação. Alguns grupos de xaxado: - Grupo Cangaceiros de Lampião - Solidão (PE). - Os Cabras de Lampião - Serra Talhada (PE). - Grupo Raízes Nordestinas – Fortaleza (CE). - Grupo Pisada do Sertão – (PB).