O documento discute a visão eurocêntrica que nega a história e os avanços científicos e tecnológicos dos povos africanos. Aponta que houve grandes reinos na África com notável organização política e que o Egito foi o berço de uma das primeiras civilizações humanas, construída por povos de pele negra. Defende que a história da África e do Brasil estão ligadas e que é necessário resgatar a história do continente africano.
2. • A contestação do passado científico e tecnológico dos africanos e o exagero das
características “fantasiosas” desse povo foi, certamente, uma das principais proezas do
eurocentrismo.
• Observamos, ainda nos dias de hoje, a autoestima da população africana muito frágil, em
razão da partilha do continente e do processo de descolonização.
3. • Pesquisadores europeus reproduziram para o resto do mundo que o povo africano não
cooperou de forma alguma para a composição do saber universal.
• O Continente Africano é visto a todo o momento como um lugar aonde o civilizado ainda
não chegou, cujos moradores, em geral, apresentam-se como seres selvagens,
repugnantes, debilitados, imorais e, por isso, incapacitados de edificar ou propagar
qualquer tipo de conhecimento válido.
4. • Muitos não sabem que a África é um continente antigo e muito menos o quanto é bem
localizado geograficamente e que a população que ali vivia, e vive, tem história.
• Grandes reinos africanos ali imperavam com um senso de comando e organização notável;
baseando-se em uma ordem de clãs, de linhagem, por classificação de idade e ainda por
unidades políticas, sob várias formas.
• Algumas grandes chefias, consideradas Estados tradicionais, são conhecidas desde o século
IV, como o Império do Gana e depois o Império do Mali; Império Ioruba; Império do Benin;
Império Songai; Império Kanem-Bornu.
5. • A dificuldade em desconstruir essas inverdades a respeito dos povos africanos é complexa,
pois existe uma visão, sempre de sentido pejorativo, preconceituoso, sobre o continente
africano.
• É como se tudo de ruim estivesse lá (selvagens, escravos, doenças, fome, guerras...).
• O fato de a História oficial da humanidade ser baseada nos padrões europeus, ou seja,
eurocêntricos, nos distancia de uma visão otimista e impede a identificação dos traços do
passado intelectual e científico desses povos em nossa realidade.
6. • Observamos na escrita da história que a maioria dos pesquisadores sobre o tema “África”
ainda persistem no modelo da história oficial.
• O africano é o diferente, e lidar com isso é muito difícil para quem acredita que a cor da
pele é o que prevalece em termos de sabedoria, ou melhor, de tudo.
• A visão do outro, é um fator muito significativo em termos de dominação, ela cria
estratégias para tal através do preconceito e da crença de que a brancura é sinal de aptidão
e inteligência.
7. • Felizmente, existe um movimento revisionista e de debate dessa “hipotética” história oficial.
São cientistas e historiadores, muitos de nacionalidade africana, preocupados em quebrar
os paradigmas tradicionais preconceituosos da análise histórica.
• Através de pesquisas percebeu-se que o Continente Africano esteve sempre à frente do
crescimento da humanidade.
• Foram encontrados, no continente, vários sítios arqueológicos, demonstrando assim a
existência dos povos africanos há mais de cem mil anos naquela região.
• De lá surgiu o que muitos chamam de primeira civilização humana: o Egito, com todo
mistério, fascínio e incredulidade que perpassa os tempos.
8. • Quem teria a capacidade e a inteligência de construir obras tão magníficas como as
pirâmides? Quem detinha tanto conhecimento na arquitetura, matemática, astronomia?
Dominava as cheias do Rio Nilo, sabendo aproveitar-se delas para uma excelente colheita?
Um povo de pele negra?
• Jamais!!, eles eram inaptos na visão eurocêntrica, assim o eurocentrismo exibiu a civilização
egípcia como sendo a de um povo branco, todavia, historiadores revisionistas já se
manifestaram e comprovaram que se tratava de povos de pele negra; certamente
constituídos de uma mescla de vários povos africanos existentes ao sul e norte do vale do
rio Nilo.
9. • E por falar em mistura, mescla, não podemos esquecer que somos frutos do encontro da
diversidade de grupos étnicos ameríndios, europeus e africanos.
• Como brasileiros, devemos ser conscientes de que a história da África e a história do Brasil
são intimamente ligadas, e o resgate histórico do Continente Africano se faz necessário.