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C~~,o ~ c~s~ic~ c~ ~s~ ~©s
~~.. 3~-~¢~
NEGROS E ENGENHOS
Retratos de Negros
Gtegório de Mattos Guem (1633-1696) foi um
célebre poeta nascido na Bahia e falecido em Pernam-
buco que, em concord3ncia com sua vida movimrntada
e mnHitual, escreveu um grande volume de poesias de
vários g@nerds mas que tinha a distlnguí•lu sau sentido
satírico, que manipulava coma os poderosos e os vícios
c costumes da cerra. A Academia Brasileira de Letras
recolheu e editousuaprodupopoéticaemseis volumes:
Sacra, laica. Gradosq Satírica (2 voLs.), Ultima, além
deuma coletánea,Licenciosa,náoimpressaécujascópias
óe g)3at'dazn nos reservados da Biblioteca Nacional e da
Academia Brasileira de Letras(i ).
Gregário de Mattos cstudou na UNversidade de
Coimbra, onde doutorou-se em Leis. Foi juiz do crime
ide órfãos em Lisboa e, depois, por desavenças com o
poder da metrópole, voltou 3 Bahia, ondc chegou a ser
`tcsotueiro-mor e vigário geral do arcebispado da Bahia,
'apesaz de só ter ordens menores.
Uraltt~oAaaob Pelxmo 6r ACWerAla tvWlcaatic leam:Saov (1923},uri(º (19z3T.
amma(1930);ra/irlra ( t930, z vob.)ÚWwa (1933)
Um dos alvos preferidos de Gregário de Manos
foi o governador Antótúo de Sousa de Meneses, chamado
oBraço dePrata. Na estrofe final pode-se perceber bem
o caráter da poesia de Gregário de Mattos:
"Xinga-m o negm, o branco te pngucja;
E a nnada te aleija:
Epor [nt sem sabor c poungraça,
~ fabula do lar,riso daPeça
Ah! Que a baila, que o buço tc lev5ra,
Vçnba segunda vcz Icvar•ce a csca!"(2)
No retrato que faz Gregário de Mattos das condiçáes
de vida da Bahia de seu tempo, ressaha uma visco crítica
e heqüentemrnte detrisiva da complexa situaçáo racial
e cultural da sociedade da col8nia, em quc uma minoria
de brancos opunha•se e dominava uma massa variada
de negros, índios e tttestiçoo de todos os matizes.
Uma das ví[imas do poeta fui o governador Ant8~
raio Luiz Gonçalves da Càmata Coutinho, que governou
(x) Gr[p6(4f h Ma1w,'Ao gocanraor m Gaü,MIMb 4 Souue aeneen, akvMtlo
o e.,aa a 9nu~~. em: FlwNgro aa Io..Ia e.mltnm, wl. I, ma r.a a vameym.
ab Gc Iamlro, Pudica~'vo 0a AcaaLmY Eruilcin 0e levu (Colccb AEiab himm).
1916:A.
345
a colt5nia depois do Braço de Pram e que, entre outros
tSeméritos aetrntava a mndiçáo de manduco, httdada
de seu pai.
"Pada a xu tempo tw cuco,
Um momuo, digo.mhumana,
Que no bico era tomo,
Erro salgue mameluco (...)
ILe veio, sem ser rogado
Um troço de fidalguia
Pedestre nva0ula,
com ac bico rondo. (...>
An[nde x por w pt,
E anta de catar 4< vez,
Naoh1a5a portuguez,
Mas dita o seu cobc(._)
PagLnoa queF homem branco,
Wtloml comoum talhão;
Mameluco em quarto grão
E maligno debele o aarlco.(..J"(3)
A lrreveréncia contumaz de Gregário de Mattos
conte os gove[naftes e os "enfidalgados" da Bahia, que
ek defl[tia mm malig[tidºde num soneto transcrito a
seguir, custou ao potra a depottaç3o para Angola. Aí
permaneceu poralgum tempo,sobrevivrndocomo advo-
gado, atf que consegtriu voltar ao Brasil, Rxando•x em
Pertnmburn, onde faleceu em 1696.
SONEFO
A certos etFfidalgados
•f aCMmMalloahla,c4aNlClo:FkvlMploCSAxrlaBmtlleln.ory,F.w6cVueagee.
INaot.Mplrnn Nacblut 1950 mlrb uabaEe FYnrilFab N PoeMBmllálre.~vl. 1.
I s) Glcambm M.aos, -hwáa m ao.sroaam m eNLL a111aNb wu GonSMnF m
Cfimua Cow4,0o. iNalmrJ1¢ n.lebm Nmmhr, n,1w«aor". ro:PfaIHBb.
aPd1..19{ó:eoai.
o1gF.AmVMMyacqabdelaeaaPuaicatbamamm~laerulleìnmLna(Colq¡9
AHnbPclmma 19{6: 1{a.
'1Jm calção depindobº a mehrom;
Cunia de aracu; mantEo de acua,
Emlogo de coW, arco e atoara;
Perlecóo de guuás, em va de gorra:
Fundo o beiço, xm teme que marº
O pa¿que lhe envaroumm uma awe;
Sendo a mie a que a pede!he apllcica
Por reprimo-lhe o sangue, que não coleº.
Aluve sem orlo.bmt0 sem fE:
Sem mauler que a ao gosto; e quutlo em,
De bano x tomou em abaetE.
Não se5 como acabou. nem em9u< guerra:
S6 xl que deste Adáo de MacapE,
Uns fiaalgoa procedem desce [erra.••
A Il[m1pmcissáo dt Cinaa em PttnambuCO
•clrealomMrISoiMncaaNkFo:P(wlaale4PonaereHarre,amF.6.mvuamam,
nWea.l,epenr N:b~1.1a50,E61ranuNlinm:kNM4aw,_, vd. I.oF.ra.. l9{6:1{9150.
"Um negro magro, em suglf mW jusro;
Doü entregues de um Joã prndentes,
Bobado oPerca;maü dob pW[en[a;
Sais crianças com azas sem maLscoam;
Dc vermsitlo o mwaro maü robusro;
Tr2s m<wnos l'radWms moceetes;
Ixz w dou briaaesmui agentes:
Vinte ou rri[Ns canellas de ombro onusto.
Sem dFbia reverEncia 5Na andores;
Um perMeo de algodão tlrlto em [eryco;
EmPocina dezpares de menores:
Atrãs um negro, um cego, um mamaluw;
Trb !ores de tapºzu grltedotes:
É a ptociaão d< tinoem Pernambuco.'•
Pedagogia Escmvism
O jesuítaJorge Brnci, sustido em Rimini, na Itália,
em 1650, foi admitidore Companhia deJesus em 1665.
Veio para o Brasil em 1681, em rnmpanhia do padre
MtBnioVieira e t1e outro jesuíta de origem Italian,Joao
MtáNo Andreoni, o Antonil da Gaitara e Opultincia
do BraNlpar suas drogas e minar
346
Benci escreveu na Bahia, em 1700, sua obra mais
conhecida, Economia crLstá dos senhores Fio Governo
dos Escravos. Permaneceu no Brasil até fins de 1705,
quando foi transferido para Lisboa Faleçrn aí em julho
de 1708.Mdteoni,naturalde Wca,na Itália,onde[tasceu
em t649, ingressou na Companhia de Jes[ts em Roma,
e
w
A
a
9
9
Ji
~
em 1667. Foi secretário de vários provinciais da Compa-
nhia de Jesus no Brasil e chegou ao cargo de provincial
entre 1706 c 1709. Foì provincial do Colëgio da Bahia
e publicou, em 1711, em Lisboa, seu livro Cultura e
Opulência do Brasil. Faleceu em 1716, na Bahia.
Como se disse anteriormente, ambos os jesuítas
têm a aproximá-los outras circunstâncias que não a ori-
gem nacional comum ou o interesse por temas econõ-
micos. Os dois ingressam no Brasil em companhia do
padre Antônio Vieira e constituiriam o núcleo essencial
da oposição às idéias e ao apostolado do grande jesuíta,
não só no plano intelectual mas no território concreto
da ação política. É bem conhecido o papel de ambos
na alteração radical de rumos da política jesuítica em
São Paulo sobre os índios, que garantiria a volta dos
missionários após sua expuisão, à custa das liberdades
indígenas que submetiam aos interesses dos colonos.
Não menos conhecida é a oposição apaixonada
de Vieira a ta!política concessiva- Um dos últimos grandes
textos de Vieira foi precisamenteo"Votosobre as dúvidas
dos moradores de São Paulo acerca da administração
dos índios", proferido em 1694, três anos antes de sua
morte (! ).
( 1) Pc. Antonb Vltira Ob►us Escolbldus, vol V —/:'m dcfrzu drs indlw. Lisboa. Ed Livror,a
$iCa Costa, 1951: i40-35A.
ZLI ~ 1'~_
A participação de Andreoni e Benci na mudança
de rumos da Companhia de Jesus, com a desistência
do compromisso ético com a defesa dos índios, fica clara
pelos encargos e responsabilidades que, entào, assumiam.
Andreoni representou o provincial da Companhia de Je-
sus,Alexandre Gusmão, nos entendimentos r ajustes con-
certados com os principais moradores de São Paulo. Por
essa época, Benci tinha responsabilidades diretas na admi-
nistração dos índios da mesma capitania.
Nos textos adiante transcritos foram selecionados
trechos de capítulos das obras referidas de Benci e An-
dreoni sobre a condição econômica e disciplinar dos
escravos negros no Brasil. O livro de Benci é um manual
de operação da massa escrava pelos patrões, com vistas
à sua utilização correta e eficaz. A despeito de todas
as suas razões r justificativas de caráter teológico e ético
que legitimam a escravidão, o texto de Benci é menos
um tratado de mora! que um instFumento normativo
e utilitário.
,,
U texto de Andreoni refere-se à descrição porme-
norizada da principal atividade de exportação da colônia,
os engenhos de açúcar, que consumiam a maior parte
da força dc trabalho escrava existente no Brasil.
Jorge Benci. Como bem
castigar os escraz>os
(1700)
' Jorge Benci. Economia nlsrã dos senhores nu Guuenlo dos E'scratxu A primeira edlçi0
(ol (Nta cm Roma, m Oficina de António de Rossi. na Peça dc Ceci, cm 1705. A cdlçio
utilizada foi prepuada, prefaciada e anonda por ScraRm Lclte, Porto, Llv. Apostolado da
Imprrnsa, 195 : 1a2-1S0.
"(...) Mostra-se que o castigo dos escravos não deve
passar de açoites e prisões moderadas
Até agora só dissemos o castigo, que não hão de dar os senhores
a seus servos; agora direi qual deve ser o que lhes hão dr dar, para
que ponhamos n remate a este discurso. Qual pois deve ser o castigo,
que devem procurar saber os senhores, c eu aqui lhes quisera ensinar?
Já o declarou v Espírito Santo no Eclesiás[ico, dizendo:Servo malévolo
(ou, como se colhe do texto grego, muléjico ou malitioso) tortura
et compedeS Tortura flagellorum {comenta Hugo Cardeal) et com-
pedes r.~inculorum. Tendes algum servo mau, malicioso c inclinado
ao vício? Castigai-o; mas seja o castigo ou de açoites ou dc ferros.
listes são os castigos próprios dos servos, e de que usaram sempre
os senhores prudentes c discretos de todas as nações do mundo.
Primeiramente, abrando o servo contra o que deve, deveis usar dos
açoites: Tortura flugellor[tm. Não seja porém estes tais e tantos, que
cheguem a rasgá-lo r feri-Io de sorte que corra em fio o sangue,
como barbaramente costumam alg[tns senhores. Mandava deus na
Lei velha, que cometendo-se algum crime, pelo qual o delinqüente
347
merecesse açoites• os juízes lho mandassem dar, c que a medida deles
a tomariam da qualidade da culpa, contanto que os açoites não passas-
sem de quarenta. ir a razâo dr taxar este número, a deu o mesmo
Deus; para que não fique o teu irmão feia c indignamente maltratado,
e o vejas com teus olhos cruelmente chagado r ferido. (... )
Mas, por que pode haver nos escravos delitos tão graves e atrozes,
que mereçam muito maior número de açoites; não pretendo impedir
aos senhores o direito que tém para que Lhos hajam de dar. E para
procederem como é justo, devem Fazer neste caso o que fazem os
médicos, quando receitam a purga ao enfermo debilitado e fato.
Se a não pode levar toda de um golpe sem perigo de maior dano;
dividindo-a em partes, mandam yue sc lhe dê assim dividida, de tal
sorte que em um dia tome uma parte, outra em outro dia; c assim
a vem o enfermo a tomar toda. Do mesmo modo se há dc haver
o senhor com o escravo, quando o crime, que cometeu, merece maior
número dc açoites do que acabamos dc dizer. Os açoites são medicina
da culpa; e se os merecerem os escravos em maior númem do que
de ordinário se lhes devem dar, déem-se-lhes por partes, isto í:, trinta
ou quarenta hoje, outros cantos daqui a dois dias, daqui a outros
dois dias outros tantos; e assim dando-se-lhes por partes, e divididos,
podr_rão receber todo aquele número, que sc o recebessem por junto
em um dia, chegariam a ponto ou de desfalecer dessangrados, ou
dc acabar a vida. (...)
E sendo caso que o escravo assim castigado não sc emende e não
deixe a rebeldia, domai-o com ferros, prendendo-o ou com grilhões,
ou com correntes, compedes vrnculorum; poryue nenhum castigo
conduz mais para a doutrina e bom ensino dos srn•os (ainda com
vantagem aos açoites) do yue as prisões. Diz o Espírito Santo no
Eclesiástico, que. a boa doutrina é o grilhão aos pésdos maus e culpados;
porque os ata c prende, para que não façam desatinos. Assim expõem
este lugar os intérpretes; porém a mim me parece que se pode dizer
também às avessas: que as prisões são uma grande doutrina, para
que os maus caiam em si r emendem a vida. (...}
E sc o escravo chegaz a cometer delito, tão grave, que não sejam
castigo suficiente os açoites nem os ferros, por merecerem o último
suplício: que fará neste caso o senhor? O que fará, eu o não sei;
mas direi o que deve fazer, no caso que queira que• se lhe dê a pena
de morte. Deve cntrcgá-lo à Justiça, para que conhecendo da causa
o castigue conforme o merecimento de suas culpas. ( ..) Quero dizer:
quando o senhor quer que o escravo seja castigado com a pena, que
o seu crime merece, e ele lha não pode dar, deve remetê-lo à Justiça;
e ela lhe dará, sc a merecer, a sentença de morte.
Mas contra ísto se me oferece uma forte objeção, a qual nos portu-
gueses, quP tão amantes são da honra e do pundonor, não pode deixar
de fazer grande impressão e abalo. A objeção é esta: Que entregar
o seno criminoso 3 Justiça, não diz bem com a nobreza e fidalguia
do senhor. Confesso, que não acabo de entender onde está aqui o
pundonor r o timbre. Basta que não há de ser aponta da nobreza
do senhor tirar a vida ao seu escravo bárbara e inumanamente; e
há dr. ser menoscabo seu entregâ-lo à Justiça, para que o castigue
com o rigor que o crime pede r manda a lei! Basca que quer antes
o senhor castigar ao escravo com a demasia e excesso, a que a sua
paixão ou impiedade o estimula; quer antes parecer verdugo e fazer
0 oficio dr verdugo; e não acha que é isto ofensa de sua fidalguia!
lì sc deixar o escravo à Justiça c arbítrio dos julgadores, há de ser
afronta e menoscabo e desdoiro de sua pessoa! (...)
Direis: pois, Padre, neste mesmo caso não haverá outro meio, com
que. u remedeiem as coisas? O seno merece a morte; eu não lha
posso dar, nem o quero entregar à Justiça, p.•tra que lha dé; pois de
força hei de ceder do meu cimbre eentregar-lho? Vão haverá ouro
caminho, por onde fique castigado o servo, r eu não ceda do meu
pundonor? Digo que sim há, e é este: sc o castigardes com prisões
continuadamente por largo tempo, e com açoites interpolados, até
que julgueis ptvdentcmcntr que está satisfeito o delito. Ou também
degredando o vendido para outra parte; tna_s atendendo sempre às
condições acima ditas, se for casado. F. desta sorte, sem ofender a
!ci de Drus, podereis emendar o vosso escravo, dando-lhe o castigo
moderado, e só a fim de que se corrija r não erre: dlsciplirtc; »e
c~rel. (...),.
João Antônio Andreoni. Ofabrico do açúcar
(1711)
Joxu Anui>nio Ancfrconl (And[e Joio AntOnil). Cidtura r Upu4~rcia Aa Rrasll. A primcin
cdi~~o foi kita cm L~~hoa, nº Ofrxina Acal UcslanCcsirna. cm 1711 Edk•90 utlllzada tiw
P~ub. Cia Ed. Nacional (Colcç:io Rotcúo cio Bruil, vol 2 ), t96,: 159 1G4.
"(...)Como se há de haver o senhor do engenho com seus escravos.
Os ESCRAVOS sâo as mâos e os pés do senhor do engenho, porque
sem eles no Brasil não é possível fazer, consen•ar e aumentar fazenda,
nem ter engenho corrente. E do modo com que se há com eles,
depende të-los bons ou maus para o serviço. Por isso, é necessário
comprar cada ano algumas peças e reparti-las pelos partidos, roças,
serrarias e parcas. E porque comumente são de nações diversas, e
348
uns mais boçais yue ouuros e de forças muito diferentes, se há de
fazer a repaztição com reparo e escolha, c não às cegas. Os que vëm
para o Brasil sâo ardas, minas, corgos, dc São Tomé, de Angola, de
Cabo Verde e alguns de Moçambique, que vêm nas naus da Índia.
Us ardas e os minas são robustos. Os de Cabo Verde e de São TomE
são mais fracos. Os de Angola, criados em [.uanda, são mais capazes
de aprender oficios mecânicos que os das outras partes já nomeadas.
Entre os congos, há também alguns bastantcmcnte industriosos e bons
não somente pan o serviço da cana, mas para as oficinas c para o
meneio da casa (...)
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Mentores ainda são, para 9ualqucr ofiNo, os mWuaa; porém, multa
deles, usando mal do favor dos srnhores, sio soberbos c viciosos,
ePrezam•x de vakntea aparcihados para qualquer desaforo. E,contu-
do,eks e das da mesma cor,mdinunmena levamnoBnatl a melhor
sorte; porque, corra aquW pote de aattBue de brancos que tEm nat
vetas q tatue,dos seusmesmos SENtorea,osenfeidçamde talrttatseha,
que alguns rodo lha sofrem, tudo lha perdoam: e parece que u
não atrevem a «prerndt-tos: antes, todos os mimos são seus. E não
E Reil cousa deddfr u nesta parle são mais santos os unhora
ou o unhoro,poisnãonita rntrc eks c elo quem x delas governar
tlemuatos,quenão são osmelDora,puaqueu verifique oprovétbb
que diz: que o Brasil E infcno dm negros, purgatório dos Drmca
eparaíso dosmulatose das mulato;salvo quando,por alguma descon-
fiança ou cìiunc o amor x cotada em ódio c sºi armado de todo
o gtnero de crueldade e rigor. Bom [valer-se de sou DaMBdades
quando quiserem usa hem delas, como assim o fazem alguns; porta
temu lhesh5 de dumma mio que peguem tm braço, e dc cunvos
X vçam arnhorea Forro mulato desutquieto E perdição manifesta,
porque o dDmeiro que dito para se fivnrem,ruo vezes sai de outro
mino que dos seus mesmas copos, comrepetidos Pecados:e, depon
de fiorras, contlnuam a ser ruína de muiroa (...)
Eb Brasa, costumam dizer que para o escovo sio necessários trEs
PPP,a saber,pau,pão epano.E,posa que comecemmal,principiando
peb castigo queE opau,concedo,prouvera a Deus que tào abundante
fMse o cana e o vesru como muito vezo E o castigo, dado por
qualquer causa pouco provada, ou levantada; e com inswmrntos
h muito rigor, arada quando os crimes soo certos, de que u não
usa nem com os brutos animais. narndo algum senhor coara caso
de tmr pvab que de meia dózn ae escravos, pois o cavaloE servido,
e tem quem lhe busque capim, cem Wno para o suor, c stla e belo
doando. (...)
Nãonstigaroseuows queelescammemcertaorlesnãoleve,porém
cates u hão de averiguar antes, para não esstlgu inocrntes, e u
Dão de ouvir os drbradoa e, conveetcNos, cougu-se-ão com açoita
moderados ou com os meterem erra uma corante de tetro por algum
tempo a tronco. Castigar com tmpno, com ãNmo vingulvo, per
mão própria e com insmunrnms tetríven e chegar talvez aos pobre
com fogo ou lure ardente, ou ceará-tos m pra, raio selva para u
sofrer entre b5rbaraa, marco cornos serre taistios ntWicos. O cevo
E que, se o senhor u houver com os atnvos como pai, darubWa
o necesa5rio pua o suºtenm e vestido, e algum dtacanao no mbamq
x poderá também depois haver corta senhor, c não atranlrario,
ando convencidos dss culpo que comemnm, de receberem com
miaerieórdta o Jusm e merecido cotlgts. (...)
O que sehi dt evitar nos engenhosE o emborrachuem-se comgarapa
azeda, ou dguºrdrnte, botando conceder-lhes a garoeº doce,que Wa
não fiz dano, e com ela fazem seus resgates com os que a voto
lhes dão 6uDtha, ftiJóes, aipins c batato-
Ver que os udtorca ttm cuidado de dar alguma edn de sobeja
da mesa aosuus filhos pequenos é causade queos escravosoa silvam
de boa vontade e que u alegrem de ma multiplicar ºerras e servas.
Pelo contrário. alguma escavo procuram de ptapóslm abottq º6
para Sue não cluguem os filtros de sou rnrranhss a padecer o que
daspadecem. (...).•
Francisco Pyrard. Do mãjico no Brrull
(1611)
Francisco (Fcançois) pyrard,de lavai, foi um aven-
tureiro francés que viveu entre fins do século XVI e
começo do século XVII (1570-1621) e que passou gran-
de parte de sua idade adule em várias pattes das ilhas
e terra lìrme do oceano Índico e das Índias Orientais,
prirtcipalmente eau áreas de domínio pormgué!s. O topd-
~ [rimo de seu local tte origem, Lavai, foi incorporado ao
seu rtoine nas várias ediçáes e referF!ncias que há de
sua obra
A história de-Pynrd não é diversa da de tantos
izea outros marinheiros e comerciantes bretões ou norrnan-
~, dos que, nos séculos XVIe XVIí, lançarazn-se em expeeii-
trots suporradaspor atroadores privados de Rufo, Dieppe
ou Saint Maio, sobre o mundo colonial da África, das
índias Orientais e das Américas, printlpalmente sobre
regióes conrroladasporportugueseseespanhóis. À seme-
Ihança de muitos outros aventureiros de seu tempo, náu-
fragos ou pHsioneiros das poténcias cdoniais,PyrardPó-
dedeixaroregistroescrito~ suaseucperiências e desven-
turas, trndo publicado, por solicitação de cura ministro
da cotte francesa, o relato de suas experie3lcias coloniais.
A primeira edição, mm 371 páginas, apareceu aze 1611.
Fm 1615 publicou uma segunda edição muito ampliada.
eras dois arolumes (738 pp. + 717 pp.} Dois anos antes
de sua morte o livro teria aros terceira edição, também
em dois volumes. Conhecem-se outras edtçces lnnetsas
e, em 1858, surgiu a primeira rradução em pomlgue;s,
mm notas deJoaquim Elitxloro da Cunha Rivan, lmpren-
349
iser nacional, Nova Goa. Com base nessa edição fez-se
a reediçao do Porto, 1944, ara dois wlumes.
A presença de Pyrud no Brasil devm•se a um
acidente de navegaç3o quando wltava das ftlfBas Orlrn-
tals à Europa e, forçado por tempestades, foi o navio
desviado pata a Bahia,onde o aventureiro fiancés petma-
narn por dois meses antes de cotsseguir _ casa final-
mente àFrança. O[acto de Pyratd constitui a primeis
slazradva fidedigna e detalhada sobre as condições de
vida na cidade colonial larasüeita. Esta experii`rleia, soma•
da $vivéncia e dpuidade de observação de Pyrard sobre
a economia, o comércio colonial, o tráfico de merca-
dorias e inc(tuìve de escravos rntre as diversas colõnias
pottuguecas da Ártica, das índias Orirntais e ffa América,
convertem seu livro numa fonte primária de informações
de grande interesse-
• rrallrw.M.m.mmsl,.,alere:wmo,,.r ea rnyare cnM•maau:n,am ortrnraka
,WM OY MIk rt /ucrlpMmr Osuanimou; ar6mr NJYWtrM [,Ne; Pm4 Cara DrvM
k Ckn.161[. aOlibutllloaaPrracbcoryrW,'Dp vJamro aral4 ab0.PYua Aryolc
Gglq 5. Tm2. Mau c Oos Escv,vot Oe Ablu .tyirWo xVi. cm: Vb¡,w„ b Rv,Mrco
M+uK ee(aw(.'CaYeMoa umkL Oeruarercp[i 41uOW Oelreul4OaM4<Malün,
Mouco c m Brota, e w Qaéirnta cmor sue me acon[acam re mama vkacm nw Osx
MJt que ae0purcarcsP.Ifer fIFUI . 1611) C..)". w[ [.PonY. 91611am xMANet 9lne
mmmrlre,m 11, Ova,ia dvllkarla a0., 191C 16;166
'(.,.) DO TRÁFICA NO BRASA, RIO DA PRATA, ANGOIA, CONGO,
S. TOMÉ, MINA E DOS ESCRAVOS DE ÁI-RICA
Qg pmmgucacs, na sw luvtgaçfio mercºntll para o erssü, Indlas Oa-
denraü, Angora c outras parta de aquém do Cabo da Boa Eepcartça,
ílio x xrvem de $andes nautas, noa só de canvelss, ss maloca
dss quab não taccdem o porte de mil e duzentu a mil e rrczeons
mmladu; ou nmbém usam de [moios redondos, que compram eras
ãancesa e Bammgos. (...)
Qs portugueses,pois,tendo tomado carga de [relu esmo maodorias,
vão-se na voln do Bati, pm sair em tem etn algum dos portos
daquele país e pamcipabuence no de Potnambum, quc E o lugss orMe
x Fiz maior trãgco de açsírtirca e onde x produz maior quantidade
dc pau do Brasil.(...)
Quando os ptMnlgueses Dão querem volto do Brssll diretamente a
Portugal, mu hzrr mab larga vbgem, vendem aü uma parte da sua
focada, a que acham memor saída, c tomam a carrego mui bem
o seu [avio de farinha de Mmldmm, 9uc é umº ais, de que abaixo
filarei;c comesncaga,emmaDumpane da focada que vouxenm,
tomam a derrota do reino de Angola, que f a late dD Brasil, afundo
dele tml léguas ou mais e possuído pelos prumguaa.Jm º oiro grana
da Wdn para o sul, na cosa de Ábin, entre a GuinE c o Cabo da
Boa Esperulça. É a mais pobre tem do mundo, e E nela mal caro
o sustento Ore Wda, por não produ:u mab que alguns frutos O quc
coas dez soldos em França, custarf quarcnn no Bruü, mss vi cem.
350
O único uºm que all x faz f o de exnvos negros, e nem pm
ouro cei5a a tém ospfMuguexa,porque aMoser iaóonão quetedam
aU atar.porquanto a tetra não produz mab 9uc algum ãmms e gado.
e isso mesmo aanhadºmente. Daqui procede que em Espanha Dão
senteraiam i more oremalfeitores,mmox fu emFrança,mssenvbm-
nos a arss ecoas desems para ali trafinrem. A farinha de ma[dtoa,
que sio coas mab de gnuenn soldos o alqueire. quc pesa pouco
mais ou meros vinte ladras no Brasil. vale cm Angola ãs vexa oito
asnco6 E enquanm ss mercadorias da Europa, custam ab duas ucas
mais caras que ro Bnail. Ttroo em comutação de wu macadonas,
cscnws, de que W hã tio grande número que mais não pode xr,
e poso por cevo que é ata uma das maiores c mais tt rtss acode
de el-rN d< Espanha em todas aquela costas, porque Oe vém sem
dbpéndio ou custo algum. Por cada cabeça de escavo, $arme au
pequeno, Sue doe sal, pagamos dez cnlzadw; t quando dtcg+m a
outra rem para ser vendidos, ou Bcar nela, pagam ainda trinta por
cenm do seu valor. Por isso m prbodra compre Cuanm pouco moia
de coda c na navio sd dtapend<m o mmtimenm; meu às vexa morre
$cuide número deles
Quamo á moeda miúda dela tas dc Angol; não E mab do quc
pequenas conrhss ou búrbs e pequenas peças de pano feiro de uma
cera planta Estes panos sio do eomprimenm de uma voa pouco
mais ou menos, conforme o preço, e quando >V vão ºo mercado
pua compor a que Fio mista, náo levam ouro moeda. Com ate
pabnão dispcndc nada Orol d< Espardta, e tira dek $ronda provN[os
Flã ali uma mina de pnt; e mesmo os mmnb trazem ás vezo ate
metal; de sorte que era portuguesa, assim os tlaqu<la banda, Como
osdeMoç+mbiqueede Soma queremconcertar-x para conquistarem
a tem, cada um da sua parte, e assim chegarem ao sitlo daquela
mitocganhã-nPor vence e cinrnsoldosde cvsmrincãodela quarenq
e a pesa ~ mui boa e pura A ®usa porque não vai maior número
de navios a Mgob, f por su ali o u intempendo e mal sadio e,
alémdisso, tem<rem•sc descasa de Guiné,quc também Emuiinumpe•
rada e cheia de calcou; o que faz su ali tão grande a carestla do
ºus[enm da vida e as esenvos tio bantos; mss, quarMo ata chegam
a outras tema, são mal caros por copeiro do risco que nisso x
corre.
Ore quc querem vWro dais dbenmente e Portugal, saem com carrega
mento de escravos; mu os que queres foca mais longa viagem, vão-
nos vemluaoRb da Pnn, donde tiram moiro dinheiro, e dali voltam
ainda ao erasü a toma rova carga de açúcares e doces, c do Brasil
a Portugal. Outros vão dire[amence de Angola ao Brasil pm vender
os seus escravos, porque ali hão nüata grande número dela para
servir m seus engenhos de açúcu; porque os da América sio são
de t$o bom mWlho, < nao obedecem de tio boa mente cromo a
de Angola e dc Cabo Verde. Mu, pela maor parte riu vezes, vão
ìe ` -' Ocldennis, oMe os verldem por coro preço.
O Rio da Pnniaz a uma c cinco graus da banda do ntl na Amérin,
que éamamaalmn,poucomaisoumenos,do CabodaBoaEspelartp;
mas, ore que ali vão, fucm•ro secretamente e com temor, porquanm
o rei de Evpºnha rem defendida o tendo para aras parta, pesa não
xr defraudado noa xlu direitos; c todo o dinheiro que x tis por
erra Wa é tto secreramen[e que x não pode descobrir, pois a de&ser
é tit
o db
mm
o dü
a dl
mum
ü va
'm pua
etaiºm
e gado.
lüa uãp
enviam•
ndloca,
pouco
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Vin
se
s'&~5q~~ë4
~
a:
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b
b
u
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E mo atreuº que hrva ã pata dc mwoe De soae quc pua levºrem
o dinheiro, uam w saca <haw dek b ºHonro, e dcpols de saídw
06 oHchis dc d•rN, levsnnndo 16 ãnmcas, o guardam, e assim todo
o dinheiro que daquela parta x tira, E tuteDmdo e devaudando
a 0veltw dc el-ret dc Espanha E nem por iSao deütadt de Hnr datl
muito, porque rodo o dlnhNm que corte no Btull c em Mgoia de
tl vem.
Ee[eRiodaPnssx chamaassimporquevanepamaopEdamonoWha
de Potosl, de onde x tln a maior parto da prata que vem das Índio
lYidrnais, e aU c4ta mercadores vendem muf ban xus eKnvaa,
e roo actrxm lado proa, e depois vão dali menu sorva rasga dc
açsSeara ao BrasLL (...)„
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  • 1. C~~,o ~ c~s~ic~ c~ ~s~ ~©s ~~.. 3~-~¢~ NEGROS E ENGENHOS Retratos de Negros Gtegório de Mattos Guem (1633-1696) foi um célebre poeta nascido na Bahia e falecido em Pernam- buco que, em concord3ncia com sua vida movimrntada e mnHitual, escreveu um grande volume de poesias de vários g@nerds mas que tinha a distlnguí•lu sau sentido satírico, que manipulava coma os poderosos e os vícios c costumes da cerra. A Academia Brasileira de Letras recolheu e editousuaprodupopoéticaemseis volumes: Sacra, laica. Gradosq Satírica (2 voLs.), Ultima, além deuma coletánea,Licenciosa,náoimpressaécujascópias óe g)3at'dazn nos reservados da Biblioteca Nacional e da Academia Brasileira de Letras(i ). Gregário de Mattos cstudou na UNversidade de Coimbra, onde doutorou-se em Leis. Foi juiz do crime ide órfãos em Lisboa e, depois, por desavenças com o poder da metrópole, voltou 3 Bahia, ondc chegou a ser `tcsotueiro-mor e vigário geral do arcebispado da Bahia, 'apesaz de só ter ordens menores. Uraltt~oAaaob Pelxmo 6r ACWerAla tvWlcaatic leam:Saov (1923},uri(º (19z3T. amma(1930);ra/irlra ( t930, z vob.)ÚWwa (1933) Um dos alvos preferidos de Gregário de Manos foi o governador Antótúo de Sousa de Meneses, chamado oBraço dePrata. Na estrofe final pode-se perceber bem o caráter da poesia de Gregário de Mattos: "Xinga-m o negm, o branco te pngucja; E a nnada te aleija: Epor [nt sem sabor c poungraça, ~ fabula do lar,riso daPeça Ah! Que a baila, que o buço tc lev5ra, Vçnba segunda vcz Icvar•ce a csca!"(2) No retrato que faz Gregário de Mattos das condiçáes de vida da Bahia de seu tempo, ressaha uma visco crítica e heqüentemrnte detrisiva da complexa situaçáo racial e cultural da sociedade da col8nia, em quc uma minoria de brancos opunha•se e dominava uma massa variada de negros, índios e tttestiçoo de todos os matizes. Uma das ví[imas do poeta fui o governador Ant8~ raio Luiz Gonçalves da Càmata Coutinho, que governou (x) Gr[p6(4f h Ma1w,'Ao gocanraor m Gaü,MIMb 4 Souue aeneen, akvMtlo o e.,aa a 9nu~~. em: FlwNgro aa Io..Ia e.mltnm, wl. I, ma r.a a vameym. ab Gc Iamlro, Pudica~'vo 0a AcaaLmY Eruilcin 0e levu (Colccb AEiab himm). 1916:A. 345
  • 2. a colt5nia depois do Braço de Pram e que, entre outros tSeméritos aetrntava a mndiçáo de manduco, httdada de seu pai. "Pada a xu tempo tw cuco, Um momuo, digo.mhumana, Que no bico era tomo, Erro salgue mameluco (...) ILe veio, sem ser rogado Um troço de fidalguia Pedestre nva0ula, com ac bico rondo. (...> An[nde x por w pt, E anta de catar 4< vez, Naoh1a5a portuguez, Mas dita o seu cobc(._) PagLnoa queF homem branco, Wtloml comoum talhão; Mameluco em quarto grão E maligno debele o aarlco.(..J"(3) A lrreveréncia contumaz de Gregário de Mattos conte os gove[naftes e os "enfidalgados" da Bahia, que ek defl[tia mm malig[tidºde num soneto transcrito a seguir, custou ao potra a depottaç3o para Angola. Aí permaneceu poralgum tempo,sobrevivrndocomo advo- gado, atf que consegtriu voltar ao Brasil, Rxando•x em Pertnmburn, onde faleceu em 1696. SONEFO A certos etFfidalgados •f aCMmMalloahla,c4aNlClo:FkvlMploCSAxrlaBmtlleln.ory,F.w6cVueagee. INaot.Mplrnn Nacblut 1950 mlrb uabaEe FYnrilFab N PoeMBmllálre.~vl. 1. I s) Glcambm M.aos, -hwáa m ao.sroaam m eNLL a111aNb wu GonSMnF m Cfimua Cow4,0o. iNalmrJ1¢ n.lebm Nmmhr, n,1w«aor". ro:PfaIHBb. aPd1..19{ó:eoai. o1gF.AmVMMyacqabdelaeaaPuaicatbamamm~laerulleìnmLna(Colq¡9 AHnbPclmma 19{6: 1{a. '1Jm calção depindobº a mehrom; Cunia de aracu; mantEo de acua, Emlogo de coW, arco e atoara; Perlecóo de guuás, em va de gorra: Fundo o beiço, xm teme que marº O pa¿que lhe envaroumm uma awe; Sendo a mie a que a pede!he apllcica Por reprimo-lhe o sangue, que não coleº. Aluve sem orlo.bmt0 sem fE: Sem mauler que a ao gosto; e quutlo em, De bano x tomou em abaetE. Não se5 como acabou. nem em9u< guerra: S6 xl que deste Adáo de MacapE, Uns fiaalgoa procedem desce [erra.•• A Il[m1pmcissáo dt Cinaa em PttnambuCO •clrealomMrISoiMncaaNkFo:P(wlaale4PonaereHarre,amF.6.mvuamam, nWea.l,epenr N:b~1.1a50,E61ranuNlinm:kNM4aw,_, vd. I.oF.ra.. l9{6:1{9150. "Um negro magro, em suglf mW jusro; Doü entregues de um Joã prndentes, Bobado oPerca;maü dob pW[en[a; Sais crianças com azas sem maLscoam; Dc vermsitlo o mwaro maü robusro; Tr2s m<wnos l'radWms moceetes; Ixz w dou briaaesmui agentes: Vinte ou rri[Ns canellas de ombro onusto. Sem dFbia reverEncia 5Na andores; Um perMeo de algodão tlrlto em [eryco; EmPocina dezpares de menores: Atrãs um negro, um cego, um mamaluw; Trb !ores de tapºzu grltedotes: É a ptociaão d< tinoem Pernambuco.'• Pedagogia Escmvism O jesuítaJorge Brnci, sustido em Rimini, na Itália, em 1650, foi admitidore Companhia deJesus em 1665. Veio para o Brasil em 1681, em rnmpanhia do padre MtBnioVieira e t1e outro jesuíta de origem Italian,Joao MtáNo Andreoni, o Antonil da Gaitara e Opultincia do BraNlpar suas drogas e minar 346 Benci escreveu na Bahia, em 1700, sua obra mais conhecida, Economia crLstá dos senhores Fio Governo dos Escravos. Permaneceu no Brasil até fins de 1705, quando foi transferido para Lisboa Faleçrn aí em julho de 1708.Mdteoni,naturalde Wca,na Itália,onde[tasceu em t649, ingressou na Companhia de Jes[ts em Roma, e w A a 9 9 Ji
  • 3. ~ em 1667. Foi secretário de vários provinciais da Compa- nhia de Jesus no Brasil e chegou ao cargo de provincial entre 1706 c 1709. Foì provincial do Colëgio da Bahia e publicou, em 1711, em Lisboa, seu livro Cultura e Opulência do Brasil. Faleceu em 1716, na Bahia. Como se disse anteriormente, ambos os jesuítas têm a aproximá-los outras circunstâncias que não a ori- gem nacional comum ou o interesse por temas econõ- micos. Os dois ingressam no Brasil em companhia do padre Antônio Vieira e constituiriam o núcleo essencial da oposição às idéias e ao apostolado do grande jesuíta, não só no plano intelectual mas no território concreto da ação política. É bem conhecido o papel de ambos na alteração radical de rumos da política jesuítica em São Paulo sobre os índios, que garantiria a volta dos missionários após sua expuisão, à custa das liberdades indígenas que submetiam aos interesses dos colonos. Não menos conhecida é a oposição apaixonada de Vieira a ta!política concessiva- Um dos últimos grandes textos de Vieira foi precisamenteo"Votosobre as dúvidas dos moradores de São Paulo acerca da administração dos índios", proferido em 1694, três anos antes de sua morte (! ). ( 1) Pc. Antonb Vltira Ob►us Escolbldus, vol V —/:'m dcfrzu drs indlw. Lisboa. Ed Livror,a $iCa Costa, 1951: i40-35A. ZLI ~ 1'~_ A participação de Andreoni e Benci na mudança de rumos da Companhia de Jesus, com a desistência do compromisso ético com a defesa dos índios, fica clara pelos encargos e responsabilidades que, entào, assumiam. Andreoni representou o provincial da Companhia de Je- sus,Alexandre Gusmão, nos entendimentos r ajustes con- certados com os principais moradores de São Paulo. Por essa época, Benci tinha responsabilidades diretas na admi- nistração dos índios da mesma capitania. Nos textos adiante transcritos foram selecionados trechos de capítulos das obras referidas de Benci e An- dreoni sobre a condição econômica e disciplinar dos escravos negros no Brasil. O livro de Benci é um manual de operação da massa escrava pelos patrões, com vistas à sua utilização correta e eficaz. A despeito de todas as suas razões r justificativas de caráter teológico e ético que legitimam a escravidão, o texto de Benci é menos um tratado de mora! que um instFumento normativo e utilitário. ,, U texto de Andreoni refere-se à descrição porme- norizada da principal atividade de exportação da colônia, os engenhos de açúcar, que consumiam a maior parte da força dc trabalho escrava existente no Brasil. Jorge Benci. Como bem castigar os escraz>os (1700) ' Jorge Benci. Economia nlsrã dos senhores nu Guuenlo dos E'scratxu A primeira edlçi0 (ol (Nta cm Roma, m Oficina de António de Rossi. na Peça dc Ceci, cm 1705. A cdlçio utilizada foi prepuada, prefaciada e anonda por ScraRm Lclte, Porto, Llv. Apostolado da Imprrnsa, 195 : 1a2-1S0. "(...) Mostra-se que o castigo dos escravos não deve passar de açoites e prisões moderadas Até agora só dissemos o castigo, que não hão de dar os senhores a seus servos; agora direi qual deve ser o que lhes hão dr dar, para que ponhamos n remate a este discurso. Qual pois deve ser o castigo, que devem procurar saber os senhores, c eu aqui lhes quisera ensinar? Já o declarou v Espírito Santo no Eclesiás[ico, dizendo:Servo malévolo (ou, como se colhe do texto grego, muléjico ou malitioso) tortura et compedeS Tortura flagellorum {comenta Hugo Cardeal) et com- pedes r.~inculorum. Tendes algum servo mau, malicioso c inclinado ao vício? Castigai-o; mas seja o castigo ou de açoites ou dc ferros. listes são os castigos próprios dos servos, e de que usaram sempre os senhores prudentes c discretos de todas as nações do mundo. Primeiramente, abrando o servo contra o que deve, deveis usar dos açoites: Tortura flugellor[tm. Não seja porém estes tais e tantos, que cheguem a rasgá-lo r feri-Io de sorte que corra em fio o sangue, como barbaramente costumam alg[tns senhores. Mandava deus na Lei velha, que cometendo-se algum crime, pelo qual o delinqüente 347
  • 4. merecesse açoites• os juízes lho mandassem dar, c que a medida deles a tomariam da qualidade da culpa, contanto que os açoites não passas- sem de quarenta. ir a razâo dr taxar este número, a deu o mesmo Deus; para que não fique o teu irmão feia c indignamente maltratado, e o vejas com teus olhos cruelmente chagado r ferido. (... ) Mas, por que pode haver nos escravos delitos tão graves e atrozes, que mereçam muito maior número de açoites; não pretendo impedir aos senhores o direito que tém para que Lhos hajam de dar. E para procederem como é justo, devem Fazer neste caso o que fazem os médicos, quando receitam a purga ao enfermo debilitado e fato. Se a não pode levar toda de um golpe sem perigo de maior dano; dividindo-a em partes, mandam yue sc lhe dê assim dividida, de tal sorte que em um dia tome uma parte, outra em outro dia; c assim a vem o enfermo a tomar toda. Do mesmo modo se há dc haver o senhor com o escravo, quando o crime, que cometeu, merece maior número dc açoites do que acabamos dc dizer. Os açoites são medicina da culpa; e se os merecerem os escravos em maior númem do que de ordinário se lhes devem dar, déem-se-lhes por partes, isto í:, trinta ou quarenta hoje, outros cantos daqui a dois dias, daqui a outros dois dias outros tantos; e assim dando-se-lhes por partes, e divididos, podr_rão receber todo aquele número, que sc o recebessem por junto em um dia, chegariam a ponto ou de desfalecer dessangrados, ou dc acabar a vida. (...) E sendo caso que o escravo assim castigado não sc emende e não deixe a rebeldia, domai-o com ferros, prendendo-o ou com grilhões, ou com correntes, compedes vrnculorum; poryue nenhum castigo conduz mais para a doutrina e bom ensino dos srn•os (ainda com vantagem aos açoites) do yue as prisões. Diz o Espírito Santo no Eclesiástico, que. a boa doutrina é o grilhão aos pésdos maus e culpados; porque os ata c prende, para que não façam desatinos. Assim expõem este lugar os intérpretes; porém a mim me parece que se pode dizer também às avessas: que as prisões são uma grande doutrina, para que os maus caiam em si r emendem a vida. (...} E sc o escravo chegaz a cometer delito, tão grave, que não sejam castigo suficiente os açoites nem os ferros, por merecerem o último suplício: que fará neste caso o senhor? O que fará, eu o não sei; mas direi o que deve fazer, no caso que queira que• se lhe dê a pena de morte. Deve cntrcgá-lo à Justiça, para que conhecendo da causa o castigue conforme o merecimento de suas culpas. ( ..) Quero dizer: quando o senhor quer que o escravo seja castigado com a pena, que o seu crime merece, e ele lha não pode dar, deve remetê-lo à Justiça; e ela lhe dará, sc a merecer, a sentença de morte. Mas contra ísto se me oferece uma forte objeção, a qual nos portu- gueses, quP tão amantes são da honra e do pundonor, não pode deixar de fazer grande impressão e abalo. A objeção é esta: Que entregar o seno criminoso 3 Justiça, não diz bem com a nobreza e fidalguia do senhor. Confesso, que não acabo de entender onde está aqui o pundonor r o timbre. Basta que não há de ser aponta da nobreza do senhor tirar a vida ao seu escravo bárbara e inumanamente; e há dr. ser menoscabo seu entregâ-lo à Justiça, para que o castigue com o rigor que o crime pede r manda a lei! Basca que quer antes o senhor castigar ao escravo com a demasia e excesso, a que a sua paixão ou impiedade o estimula; quer antes parecer verdugo e fazer 0 oficio dr verdugo; e não acha que é isto ofensa de sua fidalguia! lì sc deixar o escravo à Justiça c arbítrio dos julgadores, há de ser afronta e menoscabo e desdoiro de sua pessoa! (...) Direis: pois, Padre, neste mesmo caso não haverá outro meio, com que. u remedeiem as coisas? O seno merece a morte; eu não lha posso dar, nem o quero entregar à Justiça, p.•tra que lha dé; pois de força hei de ceder do meu cimbre eentregar-lho? Vão haverá ouro caminho, por onde fique castigado o servo, r eu não ceda do meu pundonor? Digo que sim há, e é este: sc o castigardes com prisões continuadamente por largo tempo, e com açoites interpolados, até que julgueis ptvdentcmcntr que está satisfeito o delito. Ou também degredando o vendido para outra parte; tna_s atendendo sempre às condições acima ditas, se for casado. F. desta sorte, sem ofender a !ci de Drus, podereis emendar o vosso escravo, dando-lhe o castigo moderado, e só a fim de que se corrija r não erre: dlsciplirtc; »e c~rel. (...),. João Antônio Andreoni. Ofabrico do açúcar (1711) Joxu Anui>nio Ancfrconl (And[e Joio AntOnil). Cidtura r Upu4~rcia Aa Rrasll. A primcin cdi~~o foi kita cm L~~hoa, nº Ofrxina Acal UcslanCcsirna. cm 1711 Edk•90 utlllzada tiw P~ub. Cia Ed. Nacional (Colcç:io Rotcúo cio Bruil, vol 2 ), t96,: 159 1G4. "(...)Como se há de haver o senhor do engenho com seus escravos. Os ESCRAVOS sâo as mâos e os pés do senhor do engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, consen•ar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente. E do modo com que se há com eles, depende të-los bons ou maus para o serviço. Por isso, é necessário comprar cada ano algumas peças e reparti-las pelos partidos, roças, serrarias e parcas. E porque comumente são de nações diversas, e 348 uns mais boçais yue ouuros e de forças muito diferentes, se há de fazer a repaztição com reparo e escolha, c não às cegas. Os que vëm para o Brasil sâo ardas, minas, corgos, dc São Tomé, de Angola, de Cabo Verde e alguns de Moçambique, que vêm nas naus da Índia. Us ardas e os minas são robustos. Os de Cabo Verde e de São TomE são mais fracos. Os de Angola, criados em [.uanda, são mais capazes de aprender oficios mecânicos que os das outras partes já nomeadas. Entre os congos, há também alguns bastantcmcnte industriosos e bons não somente pan o serviço da cana, mas para as oficinas c para o meneio da casa (...) ! e t c s ~ q c E c d ç c fi 0 a r, s p n d b F P E< q d u b C d e 1 , n St S 0 d ç~ 0
  • 5. s uy Petra 9n8a Itzer ,que aka; ottu- eiau ego Iguü u1a rcen te; e Igoe rotes e sua ózer ~~ .~ :oco lha : de atro ern tõa art Xm eL Ka Mentores ainda são, para 9ualqucr ofiNo, os mWuaa; porém, multa deles, usando mal do favor dos srnhores, sio soberbos c viciosos, ePrezam•x de vakntea aparcihados para qualquer desaforo. E,contu- do,eks e das da mesma cor,mdinunmena levamnoBnatl a melhor sorte; porque, corra aquW pote de aattBue de brancos que tEm nat vetas q tatue,dos seusmesmos SENtorea,osenfeidçamde talrttatseha, que alguns rodo lha sofrem, tudo lha perdoam: e parece que u não atrevem a «prerndt-tos: antes, todos os mimos são seus. E não E Reil cousa deddfr u nesta parle são mais santos os unhora ou o unhoro,poisnãonita rntrc eks c elo quem x delas governar tlemuatos,quenão são osmelDora,puaqueu verifique oprovétbb que diz: que o Brasil E infcno dm negros, purgatório dos Drmca eparaíso dosmulatose das mulato;salvo quando,por alguma descon- fiança ou cìiunc o amor x cotada em ódio c sºi armado de todo o gtnero de crueldade e rigor. Bom [valer-se de sou DaMBdades quando quiserem usa hem delas, como assim o fazem alguns; porta temu lhesh5 de dumma mio que peguem tm braço, e dc cunvos X vçam arnhorea Forro mulato desutquieto E perdição manifesta, porque o dDmeiro que dito para se fivnrem,ruo vezes sai de outro mino que dos seus mesmas copos, comrepetidos Pecados:e, depon de fiorras, contlnuam a ser ruína de muiroa (...) Eb Brasa, costumam dizer que para o escovo sio necessários trEs PPP,a saber,pau,pão epano.E,posa que comecemmal,principiando peb castigo queE opau,concedo,prouvera a Deus que tào abundante fMse o cana e o vesru como muito vezo E o castigo, dado por qualquer causa pouco provada, ou levantada; e com inswmrntos h muito rigor, arada quando os crimes soo certos, de que u não usa nem com os brutos animais. narndo algum senhor coara caso de tmr pvab que de meia dózn ae escravos, pois o cavaloE servido, e tem quem lhe busque capim, cem Wno para o suor, c stla e belo doando. (...) Nãonstigaroseuows queelescammemcertaorlesnãoleve,porém cates u hão de averiguar antes, para não esstlgu inocrntes, e u Dão de ouvir os drbradoa e, conveetcNos, cougu-se-ão com açoita moderados ou com os meterem erra uma corante de tetro por algum tempo a tronco. Castigar com tmpno, com ãNmo vingulvo, per mão própria e com insmunrnms tetríven e chegar talvez aos pobre com fogo ou lure ardente, ou ceará-tos m pra, raio selva para u sofrer entre b5rbaraa, marco cornos serre taistios ntWicos. O cevo E que, se o senhor u houver com os atnvos como pai, darubWa o necesa5rio pua o suºtenm e vestido, e algum dtacanao no mbamq x poderá também depois haver corta senhor, c não atranlrario, ando convencidos dss culpo que comemnm, de receberem com miaerieórdta o Jusm e merecido cotlgts. (...) O que sehi dt evitar nos engenhosE o emborrachuem-se comgarapa azeda, ou dguºrdrnte, botando conceder-lhes a garoeº doce,que Wa não fiz dano, e com ela fazem seus resgates com os que a voto lhes dão 6uDtha, ftiJóes, aipins c batato- Ver que os udtorca ttm cuidado de dar alguma edn de sobeja da mesa aosuus filhos pequenos é causade queos escravosoa silvam de boa vontade e que u alegrem de ma multiplicar ºerras e servas. Pelo contrário. alguma escavo procuram de ptapóslm abottq º6 para Sue não cluguem os filtros de sou rnrranhss a padecer o que daspadecem. (...).• Francisco Pyrard. Do mãjico no Brrull (1611) Francisco (Fcançois) pyrard,de lavai, foi um aven- tureiro francés que viveu entre fins do século XVI e começo do século XVII (1570-1621) e que passou gran- de parte de sua idade adule em várias pattes das ilhas e terra lìrme do oceano Índico e das Índias Orientais, prirtcipalmente eau áreas de domínio pormgué!s. O topd- ~ [rimo de seu local tte origem, Lavai, foi incorporado ao seu rtoine nas várias ediçáes e referF!ncias que há de sua obra A história de-Pynrd não é diversa da de tantos izea outros marinheiros e comerciantes bretões ou norrnan- ~, dos que, nos séculos XVIe XVIí, lançarazn-se em expeeii- trots suporradaspor atroadores privados de Rufo, Dieppe ou Saint Maio, sobre o mundo colonial da África, das índias Orientais e das Américas, printlpalmente sobre regióes conrroladasporportugueseseespanhóis. À seme- Ihança de muitos outros aventureiros de seu tempo, náu- fragos ou pHsioneiros das poténcias cdoniais,PyrardPó- dedeixaroregistroescrito~ suaseucperiências e desven- turas, trndo publicado, por solicitação de cura ministro da cotte francesa, o relato de suas experie3lcias coloniais. A primeira edição, mm 371 páginas, apareceu aze 1611. Fm 1615 publicou uma segunda edição muito ampliada. eras dois arolumes (738 pp. + 717 pp.} Dois anos antes de sua morte o livro teria aros terceira edição, também em dois volumes. Conhecem-se outras edtçces lnnetsas e, em 1858, surgiu a primeira rradução em pomlgue;s, mm notas deJoaquim Elitxloro da Cunha Rivan, lmpren- 349
  • 6. iser nacional, Nova Goa. Com base nessa edição fez-se a reediçao do Porto, 1944, ara dois wlumes. A presença de Pyrud no Brasil devm•se a um acidente de navegaç3o quando wltava das ftlfBas Orlrn- tals à Europa e, forçado por tempestades, foi o navio desviado pata a Bahia,onde o aventureiro fiancés petma- narn por dois meses antes de cotsseguir _ casa final- mente àFrança. O[acto de Pyratd constitui a primeis slazradva fidedigna e detalhada sobre as condições de vida na cidade colonial larasüeita. Esta experii`rleia, soma• da $vivéncia e dpuidade de observação de Pyrard sobre a economia, o comércio colonial, o tráfico de merca- dorias e inc(tuìve de escravos rntre as diversas colõnias pottuguecas da Ártica, das índias Orirntais e ffa América, convertem seu livro numa fonte primária de informações de grande interesse- • rrallrw.M.m.mmsl,.,alere:wmo,,.r ea rnyare cnM•maau:n,am ortrnraka ,WM OY MIk rt /ucrlpMmr Osuanimou; ar6mr NJYWtrM [,Ne; Pm4 Cara DrvM k Ckn.161[. aOlibutllloaaPrracbcoryrW,'Dp vJamro aral4 ab0.PYua Aryolc Gglq 5. Tm2. Mau c Oos Escv,vot Oe Ablu .tyirWo xVi. cm: Vb¡,w„ b Rv,Mrco M+uK ee(aw(.'CaYeMoa umkL Oeruarercp[i 41uOW Oelreul4OaM4<Malün, Mouco c m Brota, e w Qaéirnta cmor sue me acon[acam re mama vkacm nw Osx MJt que ae0purcarcsP.Ifer fIFUI . 1611) C..)". w[ [.PonY. 91611am xMANet 9lne mmmrlre,m 11, Ova,ia dvllkarla a0., 191C 16;166 '(.,.) DO TRÁFICA NO BRASA, RIO DA PRATA, ANGOIA, CONGO, S. TOMÉ, MINA E DOS ESCRAVOS DE ÁI-RICA Qg pmmgucacs, na sw luvtgaçfio mercºntll para o erssü, Indlas Oa- denraü, Angora c outras parta de aquém do Cabo da Boa Eepcartça, ílio x xrvem de $andes nautas, noa só de canvelss, ss maloca dss quab não taccdem o porte de mil e duzentu a mil e rrczeons mmladu; ou nmbém usam de [moios redondos, que compram eras ãancesa e Bammgos. (...) Qs portugueses,pois,tendo tomado carga de [relu esmo maodorias, vão-se na voln do Bati, pm sair em tem etn algum dos portos daquele país e pamcipabuence no de Potnambum, quc E o lugss orMe x Fiz maior trãgco de açsírtirca e onde x produz maior quantidade dc pau do Brasil.(...) Quando os ptMnlgueses Dão querem volto do Brssll diretamente a Portugal, mu hzrr mab larga vbgem, vendem aü uma parte da sua focada, a que acham memor saída, c tomam a carrego mui bem o seu [avio de farinha de Mmldmm, 9uc é umº ais, de que abaixo filarei;c comesncaga,emmaDumpane da focada que vouxenm, tomam a derrota do reino de Angola, que f a late dD Brasil, afundo dele tml léguas ou mais e possuído pelos prumguaa.Jm º oiro grana da Wdn para o sul, na cosa de Ábin, entre a GuinE c o Cabo da Boa Esperulça. É a mais pobre tem do mundo, e E nela mal caro o sustento Ore Wda, por não produ:u mab que alguns frutos O quc coas dez soldos em França, custarf quarcnn no Bruü, mss vi cem. 350 O único uºm que all x faz f o de exnvos negros, e nem pm ouro cei5a a tém ospfMuguexa,porque aMoser iaóonão quetedam aU atar.porquanto a tetra não produz mab 9uc algum ãmms e gado. e isso mesmo aanhadºmente. Daqui procede que em Espanha Dão senteraiam i more oremalfeitores,mmox fu emFrança,mssenvbm- nos a arss ecoas desems para ali trafinrem. A farinha de ma[dtoa, que sio coas mab de gnuenn soldos o alqueire. quc pesa pouco mais ou meros vinte ladras no Brasil. vale cm Angola ãs vexa oito asnco6 E enquanm ss mercadorias da Europa, custam ab duas ucas mais caras que ro Bnail. Ttroo em comutação de wu macadonas, cscnws, de que W hã tio grande número que mais não pode xr, e poso por cevo que é ata uma das maiores c mais tt rtss acode de el-rN d< Espanha em todas aquela costas, porque Oe vém sem dbpéndio ou custo algum. Por cada cabeça de escavo, $arme au pequeno, Sue doe sal, pagamos dez cnlzadw; t quando dtcg+m a outra rem para ser vendidos, ou Bcar nela, pagam ainda trinta por cenm do seu valor. Por isso m prbodra compre Cuanm pouco moia de coda c na navio sd dtapend<m o mmtimenm; meu às vexa morre $cuide número deles Quamo á moeda miúda dela tas dc Angol; não E mab do quc pequenas conrhss ou búrbs e pequenas peças de pano feiro de uma cera planta Estes panos sio do eomprimenm de uma voa pouco mais ou menos, conforme o preço, e quando >V vão ºo mercado pua compor a que Fio mista, náo levam ouro moeda. Com ate pabnão dispcndc nada Orol d< Espardta, e tira dek $ronda provN[os Flã ali uma mina de pnt; e mesmo os mmnb trazem ás vezo ate metal; de sorte que era portuguesa, assim os tlaqu<la banda, Como osdeMoç+mbiqueede Soma queremconcertar-x para conquistarem a tem, cada um da sua parte, e assim chegarem ao sitlo daquela mitocganhã-nPor vence e cinrnsoldosde cvsmrincãodela quarenq e a pesa ~ mui boa e pura A ®usa porque não vai maior número de navios a Mgob, f por su ali o u intempendo e mal sadio e, alémdisso, tem<rem•sc descasa de Guiné,quc também Emuiinumpe• rada e cheia de calcou; o que faz su ali tão grande a carestla do ºus[enm da vida e as esenvos tio bantos; mss, quarMo ata chegam a outras tema, são mal caros por copeiro do risco que nisso x corre. Ore quc querem vWro dais dbenmente e Portugal, saem com carrega mento de escravos; mu os que queres foca mais longa viagem, vão- nos vemluaoRb da Pnn, donde tiram moiro dinheiro, e dali voltam ainda ao erasü a toma rova carga de açúcares e doces, c do Brasil a Portugal. Outros vão dire[amence de Angola ao Brasil pm vender os seus escravos, porque ali hão nüata grande número dela para servir m seus engenhos de açúcu; porque os da América sio são de t$o bom mWlho, < nao obedecem de tio boa mente cromo a de Angola e dc Cabo Verde. Mu, pela maor parte riu vezes, vão ìe ` -' Ocldennis, oMe os verldem por coro preço. O Rio da Pnniaz a uma c cinco graus da banda do ntl na Amérin, que éamamaalmn,poucomaisoumenos,do CabodaBoaEspelartp; mas, ore que ali vão, fucm•ro secretamente e com temor, porquanm o rei de Evpºnha rem defendida o tendo para aras parta, pesa não xr defraudado noa xlu direitos; c todo o dinheiro que x tis por erra Wa é tto secreramen[e que x não pode descobrir, pois a de&ser é tit o db mm o dü a dl mum ü va
  • 7. 'm pua etaiºm e gado. lüa uãp enviam• ndloca, pouco a dm s vezo dmüs, ~ ~, rcadu n sem de a„ wen a a por tmw porre ~ que .~ num rodo ate rims. ate nino uem uela inn, sera o e, eptr do Vin se s'&~5q~~ë4 ~ a: ~ b b u u E mo atreuº que hrva ã pata dc mwoe De soae quc pua levºrem o dinheiro, uam w saca <haw dek b ºHonro, e dcpols de saídw 06 oHchis dc d•rN, levsnnndo 16 ãnmcas, o guardam, e assim todo o dinheiro que daquela parta x tira, E tuteDmdo e devaudando a 0veltw dc el-ret dc Espanha E nem por iSao deütadt de Hnr datl muito, porque rodo o dlnhNm que corte no Btull c em Mgoia de tl vem. Ee[eRiodaPnssx chamaassimporquevanepamaopEdamonoWha de Potosl, de onde x tln a maior parto da prata que vem das Índio lYidrnais, e aU c4ta mercadores vendem muf ban xus eKnvaa, e roo actrxm lado proa, e depois vão dali menu sorva rasga dc açsSeara ao BrasLL (...)„ 351