SlideShare uma empresa Scribd logo
1
INFORME MENSAL Zai Gezunt
Ano 3 Fevereiro de 2.017 No
31
“Shir Hashirim”(Cânticodos Cânticos), de
ScholemAleichem
Abrahão Gitelman
“CânticodosCânticos”faz parte do VelhoTestamento,
aceito por judeus e cristãos. Embora atribuído ao rei
Salomão, alguns estudiosos opinam que se trata de
versos de canções que celebravam casamentos,
compostos por volta de 400 A.C., 500 anos após o seu
reinado. De qualquer modo, há mais de dois milênios
exerce enorme fascínio sobre boa parte da
humanidade.
No iníciodo séculoXX, SholemAleichem, escreveuma
obradiferente doseupadrão,umaevocaçãopoética,e
dá-lhe este título grandioso. Seria preciso muito
conhecimento, muita autoconfiança para tal. Só
mesmo um mestre consagrado poderia tê-la feito.
Escrita em ídiche, mas com citações do Cântico no
original, em hebraico. As duas línguas convivem e se
completam harmoniosamente. Pela imaginação do
personagem Shimek, alter ego de Sholem Aleichem, a
Ucrânia em plena primavera, transfigura-se no Israel
Bíblico, a “terra do leite e mel”. Nos prados,
entremeadosde bosquese pomares,corremgazelas,e
ouvem-se trinados de pássaros. Ao longe, enxergam-
se os montes Líbano, Gilead e Hermon, onde brotam
cedros, pinheiros e ciprestes. No ar, perfumes de
açucenas,líriose rosas.
Aleichem já contava 50 anos quando a escreveu.
Portanto,é obradamaturidade. Noentanto,descreve-
a, no sub-título, como “A Iuguend Roman”. Romance
sôbre a juventude? Para a juventude ou sobre a sua
própria? Parece ser tudo isso. Traços autobiográficos
ficam evidentes. Estavam enraizados no íntimo do
escritor e tinham que ser exteriorizados. Catarse. Mas
com que facilidade o texto nos atinge! Direto por
aquela pequena ferida que nunca fecha, pois sempre
remoída:a lembrançadoprimeiroamor.
Podemos enquadrá-lo como conto, novela ou
romance?Quando se começa a escrever,nemsempre
ficaclaro quantaspáginasterá o manuscrito.Aleichem
já estava doente, com tuberculose, quando iniciou a
obra em 1909. Depois de dois anos, sentiu que
precisava terminá-la. Havia outros projetos na sua
pauta. Simplificou a narrativa, não nos revelando os
detalhes do tempo em que Shimek saiu de casa, para
estudar noutra cidade. Em vez de romance curto,
tornou-se um conto comprido. Sua tradução em
português, de Jacó Guinsburg e Sime Rinski, foi
publicada em “Jóias do Conto Ídiche”, Rampa SP, em
1948. Republicadonovamente comoconto,novolume
“A paz esteja convosco”, Perspectiva SP, 1966,
dedicado a Aleichem. Em 2015, a diretora Eva
Neymann, da Ucrânia, transformou-o em filme. Foi
exibido nos Festivais de Toronto e Karlovy Vary (Rep.
Tcheca), no mesmo ano. Também selecionado para a
Mostra do Filme Judaico, em Lisboa, em março de
2016.
Divide-se em 4 partes. O narrador é Shimek, ainda
menino. A personagem feminina, Buzi, vive com os
avós,poisperdeuospaismuitocedo.Seupai erairmão
mais velho de Shimek, que é, assim, tio de Buzi. As
duas crianças crescem juntas e não obstante a idade
(10 anos ou pouco mais), cria-se um clima romântico
intenso.OCânticodosCânticos,queShimekaprendera
no heder, incendeia a sua fantasia e potencializa o
sentimento que nutre por Buzi, e que é, claramente,
retribuído. Nas duas últimas partes, passaram-se
alguns anos (talvez uns 5). Há um hiato na narrativa,
mas de forma alguma a compreensão do texto é
prejudicada.Oautorfornece todososelementos.
“Tolinha”, costumava enfatizar (brincando), Shimeka
sua superioridade (ilusória), sobre Buzi.Ele iaaoheder
e ela não. Ele sabia das coisas, ela não. Mas
justamente, por serem muito exigidas, sem acessoao
heder, masapenasalfabetizadasemídiche,asmeninas
judias, alem de se tornarem adultas precocemente,
2
desenvolviam um senso de compreensão aguçado.
Shimek,coma costumeirainocência ,conta para Buzi,
a história de uma princesa que ficará aprisionada por
sete anos,até que ele,Shimek,venha resgatá-la. Buzi,
não gosta desta história. É a única das histórias que
Shimek lhe conta, que ela decididamente não gosta.
(...) A gente não deve voar tão alto (...) Era uma
premonição. Buzi pressentia que sete anos é tempo
demasiado, e ela mesma (a princesa), então não mais
poderiasersalva.
Numaprimeiraalusãoàsensualidade, Buziretiraamão
quando Shimek a segura. (...) Isso não se faz. Não se
deve (...) Percebe-se que Buzi já é menina-moça, mas
Shimek ainda é um criançola, uma criança sonhadora
(...)-Somos então estranhos? Não somos irmão e
irmã?- Ah!... se fôssemos,retrucaBuzi,reticente.
Passa-se o tempo. De acordo com o costume,
conquanto ainda muito nova, Buzi vai se casar. Com
outra pessoa que não Shimek. Quando este fica
sabendo, corre de volta à cidade natal, para reafirmar
que a ama e nunca a esqueceu ... mas já não é mais
ouvido.
A situação mudou. Buzi responde: (...) Talvez me
lembre, das cartas que eu escrevia (...) como poderia
aceitaragora, tantatolice? (...) haviacompreendido de
há muito, que tudo isso era de se prever, nossos
caminhos eram tão diversos (...) que eu, uma
judiazinha provinciana, não poderia nivelar-se a você,
Shimek,que quistrilharseucaminhoe certamenteiria
longe,chegariaaté muitoalto(...).De quemse tratava,
se não do próprio ScholemAleichem?
No pensamentode Shimek,teriabastado umasimples
conversa para reverter tudo, dada a ligação entre os
dois.Poroutro lado,elamal deviaconheceronoivo,
em vista do costume das famílias de arranjarem os
casamentos. Entretanto, vê,surpreso, que Buzi não só
eralindacomoSulamitadoCânticodosCânticos,como
também, prática e determinada. Shimek ainda se
aferra a esperanças vãs: (...) Há nas palavras de Buzi,
uma tonalidade estranha (...) Uma voz que, pelo que
me parece, quer sufocar outra voz. Uma voz interior
(...)
Afinal, Shimekse dáconta,que havianosúltimosanos,
negligenciado seu sonho dourado. Mas, mesmo que
nãofosse estudarfora, teriamudadoalgumacoisa?Ele
seria algo mais que um garoto que nunca ganhara um
copeque? Muito tempo passaria até que pudesse ser
considerado como “alguém”. Mesmo a instituição
judaica do ”kest” (período em que o pai da esposa
sustenta o casal, até que o marido complete os
estudos), não estava ao seu alcance, pois o “sogro”
seriaseuprópriopai,de formaalguma,um homemde
posses. O parentesco tio-sobrinha também não
ajudava. Ainda nos dias de hoje, há quem não aceite
estaunião,por próximademais.
Discretos, mas onipresentes, os pais de Shimek tudo
vêem e conduzem os cordéis do destino. Ainda que
Buzi continuasse a amar Shimek, (e há bons motivos,
no texto, para se pensar assim), ela não iria contrariar
os avósque queriamdar-lhe segurança,semdelongas.
Pobre Shimek. Nãotinhaamenorchance...Espera-oa
seguir, umadurarealidade.Comoelepróprioconstata:
“a adolescência para sempre perdida” e “a felicidade
para sempre frustrada”. Uma névoa fria invade a
atmosfera do Cântico dos Cânticos, que se torna
cinzentae triste. Paranós,leitores,restarásempreum
consolo:maisumavez,o Amor é sublimadopelaArte.
XXX
Reflexões sobre umaviagem
Amália Davidovich
“Meu caro Jacek,estoulhe enviandominhasreflexões
sobre Krasnistaw, conforme você me pediu em nosso
memoravel encontronaPolônia”Assimcomeçominha
carta ao professor e escritor polonês da cidade de
Lublin.Atendi aoseu pedidoparaconstar do livroque
ele estápreparando,para contar a históriados judeus
de Krasnistaw de onde meuspaisvieram,
Com isso ele pretende mostrar às novas gerações o
massacre bárbaroexecutadopelosnazistascontra uma
populaçãojudaica,que fazia florescerascidadesonde
vivia e não poupando esforços em enriquecer seus
filhoscomoque háde maispreciosonoserhumano:o
conhecimento. Estes educadores foram massacrados,
sem dó nem piedade, por uma sanha perversa e
amaldiçoada.Eo mundocalou...
3
Nasci no Brasil, mas desde pequena ouvia meus pais
falaremdacidadezinhade Krasnistaw, pertencente ao
Estadode Lublin,cujacapital temonome homônimoe
onde nasceram e viveram durante muitos anos.
Passados mais de 70 anos, desde que emigraram para
o Brasil,deixarampara trás toda uma históriade vida,
desta longínqua e pequena cidade, que para eles
representavaoseumundoe eu,tendoabsorvidotodo
este universo, através deles e passados tantos anos,
não conseguia me desvincular das imagens que se
sucediamemminhamente.
Assim, tal qual um rápido lampejo, que se irradia por
todo o seu ser, eis me em Krasnistaw. Atônita, sem
saber por onde começar fechei os olhos por alguns
instantes, para poder sentir o pedaço de chão, sim, o
chão por onde osmeusavóscaminharame viveram,e,
por uma ironiado destinofoi lhesnegadoeste direito.
Jamais acreditavam que esta tragédia pudesse
acontecer.
No fundo do meu ser, havia até então em mim, uma
ligeira ilusão de que algo eu iria ver e ouvir. Ledo
engano,dasentranhasdaquelaspedras,osilênciofoia
voz mais alta que se fez ouvir. Os fantasmas ficaram
estagnados no amontoado daquelas pedras. As vozes
se calaram para sempre...Não há testemunha
nenhuma para dizer algo que te alente, como se
quisessemse livrardosfantasmasque povoamassuas
mentes.Oque sobrou,se modificou,é difícil distinguir
os 70 anos passados.
Saí de lá embargada, porém, com uma leve sensação
de dever cumprido e ter prestado uma singela
homenagem aos meus queridos avós, que um dia
também sonharam em me conhecer. Do fundo da
minhaalma e sob grande emoção,consegui balbuciar:
“Eu estouaqui”!
Krasnistaw continua Krasnistaw, mas tenho a
convicçãode que nuncamaisserá a mesma.
A Cidade da gente miuda
A cidade dagente miúda,amigoespectador,encontra-
se bem no meio da abençoada “Zona de Residência”
criada pelo governo Tzarista, onde os judeus foram
amontoadosunssobre os outros,comoarenquesnum
barril,comordemde crescereme se multiplicarem.E o
nome destafamosacidade é Kasrilevke.
O habitante desta cidade não é um simples pobretão
ou azarado trata-se, compreendam bem, de uma
espécie de pobreque,Deusolivre,nãose entrega,não
se envergonhadasuapobreza,pelocontrário,elaé até
umahonra.Em nossalínguaissose chama“pobre,mas
alegre.
Oculta num recanto, bem longe, isolada de todo o
mundo exterior, lá fica essa cidade, como que
orfanada, imersa em sonhos e enfeitiçada, em si
mesma. Gente miúda, muito miuda não só ignoravam
tudo a respeito de automóveis, navegação aérea e
aviões, como, durante muito tenpo, nem mesmo
queriam ouvir falar de nossa velha e corriqueira
estradade ferro.
Nem queriam acreditar que existisse em algum lugar
domundo,urnaestradade ferro.“Qual oque!” diziam
eles— “sonhos,invençõescomosehouvesse umafeira
no céu, uma vaca voando sôbre o telhado!” E outras
expressõeszombeteiras.
Até que aconteceuumcaso:umrespeitavel cidadãodc
Kasrílevke precisou ir a Moscou. Ele foi e voltou, e
jurou,portudooque é sagradoque ele própriofôrade
trematé Moscou emapenastresquartosde hora...Isto
naturalmente, foi interpretado como uma grande
mentira.
Seja como fôr, a história do trem é um fato, contra o
qual não se pode dizernada e se um judeurespeitável
jura por certo não tirou essas coisas do ar;
especialmente, depois que ele lhes deu a entender,
com lógica, o poder da estrada de ferro, e até
desenhou no papel como as rodas giram e a chaminé
apita e os vagões voam e os judeus viajam para
Moscou.
A gentinhamiúdaescutou,escutou,fingiuassentircom
a cabeça, mas lá. no íntimo riam com gôsto, dizendo
com seusbotões:“Qual é a vantagem, as rodas giram,
a chaminé apita, os vagões voam,- os judeus viajam
para Moscou e voltamde novo.?.
Essa gentinha miuda é pobre mas contente e quando
se lhe perguntam como vivem respondem de que
vivemos? Não está vendo? Ha, ha, ha, vivemos...e o
que é extraordinário,ondequerque osencontre estão
correndocomo baratas tontas,um para cá, outro para
lá e nunca têm tempo. “Aonde estão correndo?” Não
4
está vendo Ha, ha, ha! Estamos correndo. A gente
espera arranjar alguma coisinha, ganhar para o
sábado.0 ganhar para o sábado — eis o ideal desta
gente. A semana inteira êles trabalham, mourejam a
duras penas, se arrebentam de labutar, comem o pão
que o diabo amassou, bebem a água dos infernos,
contantoque garantam o sábado.!
Dizem—que,desde que Kasrilevke é cidade,aindanão
aconteceu que um judeu, Deus nos livre, passasse
fome no sábado. Pois como seria admissível que um
judeu não tivesse peixe no sábado? Se não tem peixe,
consegue carne. Se não consegue carne, arranja um
arenque. se não arranjar arenque contenta-se com
pão com cebola. E se não tiver pão com cebola,
consegue-o emprestado no vizinho e no outro sábado
o vizinhoemprestarádele.
Decerto, você quererá saber como é Kasrílevke. É
bonita como ouro, de longe então nem se fala! De
longe,eladáa impressão.de umgirassol carregadode
sementes,oude umamassade macarrãotôdacortada.
A cidade estende-se diante dagente,comonumprato,
e pode-se vê-laaumamilhade distância,comtôdasas
suas preciosidades. Pois a própria cidade, se me
compreendem, está sôbre uma colina, isto é, sobre a
cidade encostou-se uma colina; e no sopé da colina,
encontram-se casinhas em quantidade, uma por cima
da outra, comovelhaslápides.
Não se pode falar propriamente em ruas, porque as
casasnãoforamconstruídas, calculadase medidascom
um metroe muitoespaçoentre ascasas tampoucohá.
E para que deixarumlugar inutilmente vazio,quando
se pode aproveitá-lopara colocar outra casa em cima
dêle? Pois está escrito que o mundo foi criado para
morar e nãopara olhar.Que históriaé essade olhar?
Zai Gezunt-Edição do Grupo Amigos do Ídish
Editor: Eng. Samuel Belk
E Mail: belk@uol.com.br
Colaborador: Eng. Moysés Worcman
E Mail: worcmosh@gmail.com
Entretanto, não se preocupe. Existem em Kasrilevke
ruas grandes e ruas pequenas, ruelas e vielas. O
remédio é não andar sózinho à noite, sem lanterna!
Quanto à gentinha. miúda, não se preocupe. Um
kasrilevkenseemnuncavai se perder.Cada qual acerta
o caminhopara a sua casa, para a sua mulhere filhos,
como umpassarinho para seu ninho...
Além disso, no meio da cidade, há. uma larga praça,
semicircular, ou talvez quadrada, onde ficam as
lojinhas, as vendas, os açougues, as barracas e as
bancas.Aí se arma a feira, tôdasas manhãs,para onde
afluem muitos camponeses com tôda espécie de
produtos e gêneros: peixe, cebolas, salsas e outras
hortaliças.Vendemasverdurase adquiremdosjudeus
outros objetos necessários, e dessa maneira os
kasrilevkenses ganham a vida. Não é lá grande coisa,
mas sempre é umganha-pão.
E lá mesmo se encontram, casas de estudo, com as
sinagogas, com as escolas da cidade onde os meninos
judeusestudame rezam,aprendemalere escrever. A
casa de banhos das mulheres também fica ali bem
como o asilode indigentes,ondeosjudeusmorrem.
Não, Kasrilevke ainda não conhece esgotos, água
encanada, eletricidade e outros luxos semelhantes.
Mas qual a diferença? Morre-se em toda parte e se é
enterrado da mema maneira, Não é mesmo? Assim
dizia sempre o meu mestre Reb Israel Melach, nas
festas, justoquandoestavamaisalegre,jábembebido
e prontopara arregaçar as abas do casaco e cair numa
valsaou lançar-se numadança russa, a kasatchok.
Tenha saude e cresça alegre para seucasamento

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Fichas de leitura do 2º Período (12º ano)
Fichas de leitura do 2º Período (12º ano)Fichas de leitura do 2º Período (12º ano)
Fichas de leitura do 2º Período (12º ano)
12º A Golegã
 
Análise de natal na barca
Análise de natal na barcaAnálise de natal na barca
Análise de natal na barca
ma.no.el.ne.ves
 
Contos de fadas slaid novo
Contos de fadas slaid novoContos de fadas slaid novo
Contos de fadas slaid novo
nonoano
 
GQ57_MOTYwalcyr
GQ57_MOTYwalcyrGQ57_MOTYwalcyr
Fichas de leitura do 1º Período (12º ano)
Fichas de leitura do 1º Período (12º ano)Fichas de leitura do 1º Período (12º ano)
Fichas de leitura do 1º Período (12º ano)
12º A Golegã
 
Mar Me Quer, Mia Couto
Mar Me Quer, Mia CoutoMar Me Quer, Mia Couto
Mar Me Quer, Mia Couto
catiasgs
 
Ficha de leitura - Maria Beatriz
Ficha de leitura - Maria BeatrizFicha de leitura - Maria Beatriz
Ficha de leitura - Maria Beatriz
12º A Golegã
 
Exerc felicidade clandestina
Exerc felicidade clandestinaExerc felicidade clandestina
Exerc felicidade clandestina
Miriam Pires
 
Artur azevedo história de um soneto
Artur azevedo   história de um sonetoArtur azevedo   história de um soneto
Artur azevedo história de um soneto
Tulipa Zoá
 
Ficha de leitura - Maria do Rosário
Ficha de leitura - Maria do RosárioFicha de leitura - Maria do Rosário
Ficha de leitura - Maria do Rosário
12º A Golegã
 
Joana
JoanaJoana
Ensaio literatura portuguesa: José Cardoso Pires, "De Profundis, Valsa Lenta"
Ensaio literatura portuguesa: José Cardoso Pires, "De Profundis, Valsa Lenta"Ensaio literatura portuguesa: José Cardoso Pires, "De Profundis, Valsa Lenta"
Ensaio literatura portuguesa: José Cardoso Pires, "De Profundis, Valsa Lenta"
UFMG
 
Trabalho de Marcus Vinicius Rodrigues dos Reis
Trabalho de Marcus Vinicius Rodrigues dos ReisTrabalho de Marcus Vinicius Rodrigues dos Reis
Trabalho de Marcus Vinicius Rodrigues dos Reis
Marcus Rodrigues
 
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
Raquel Alves
 
10 livros da literatura brasileira
10 livros da literatura brasileira10 livros da literatura brasileira
10 livros da literatura brasileira
Diego Peterson
 
Realismo quincas borba
Realismo quincas borbaRealismo quincas borba
Realismo quincas borba
Miriam599424
 
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 33
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 33ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 33
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 33
luisprista
 
UMA PITADA DE LITERATURA: ANÁLISE DOS NARRADORES DE DOM CASMURRO E BOM LADRÃO.
UMA PITADA DE LITERATURA: ANÁLISE DOS NARRADORES DE DOM CASMURRO E BOM LADRÃO.UMA PITADA DE LITERATURA: ANÁLISE DOS NARRADORES DE DOM CASMURRO E BOM LADRÃO.
UMA PITADA DE LITERATURA: ANÁLISE DOS NARRADORES DE DOM CASMURRO E BOM LADRÃO.
eloine123
 
Conto da Ilha Desconhecida - Ficha de Leitura
Conto da Ilha Desconhecida - Ficha de LeituraConto da Ilha Desconhecida - Ficha de Leitura
Conto da Ilha Desconhecida - Ficha de Leitura
e- Arquivo
 

Mais procurados (19)

Fichas de leitura do 2º Período (12º ano)
Fichas de leitura do 2º Período (12º ano)Fichas de leitura do 2º Período (12º ano)
Fichas de leitura do 2º Período (12º ano)
 
Análise de natal na barca
Análise de natal na barcaAnálise de natal na barca
Análise de natal na barca
 
Contos de fadas slaid novo
Contos de fadas slaid novoContos de fadas slaid novo
Contos de fadas slaid novo
 
GQ57_MOTYwalcyr
GQ57_MOTYwalcyrGQ57_MOTYwalcyr
GQ57_MOTYwalcyr
 
Fichas de leitura do 1º Período (12º ano)
Fichas de leitura do 1º Período (12º ano)Fichas de leitura do 1º Período (12º ano)
Fichas de leitura do 1º Período (12º ano)
 
Mar Me Quer, Mia Couto
Mar Me Quer, Mia CoutoMar Me Quer, Mia Couto
Mar Me Quer, Mia Couto
 
Ficha de leitura - Maria Beatriz
Ficha de leitura - Maria BeatrizFicha de leitura - Maria Beatriz
Ficha de leitura - Maria Beatriz
 
Exerc felicidade clandestina
Exerc felicidade clandestinaExerc felicidade clandestina
Exerc felicidade clandestina
 
Artur azevedo história de um soneto
Artur azevedo   história de um sonetoArtur azevedo   história de um soneto
Artur azevedo história de um soneto
 
Ficha de leitura - Maria do Rosário
Ficha de leitura - Maria do RosárioFicha de leitura - Maria do Rosário
Ficha de leitura - Maria do Rosário
 
Joana
JoanaJoana
Joana
 
Ensaio literatura portuguesa: José Cardoso Pires, "De Profundis, Valsa Lenta"
Ensaio literatura portuguesa: José Cardoso Pires, "De Profundis, Valsa Lenta"Ensaio literatura portuguesa: José Cardoso Pires, "De Profundis, Valsa Lenta"
Ensaio literatura portuguesa: José Cardoso Pires, "De Profundis, Valsa Lenta"
 
Trabalho de Marcus Vinicius Rodrigues dos Reis
Trabalho de Marcus Vinicius Rodrigues dos ReisTrabalho de Marcus Vinicius Rodrigues dos Reis
Trabalho de Marcus Vinicius Rodrigues dos Reis
 
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
 
10 livros da literatura brasileira
10 livros da literatura brasileira10 livros da literatura brasileira
10 livros da literatura brasileira
 
Realismo quincas borba
Realismo quincas borbaRealismo quincas borba
Realismo quincas borba
 
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 33
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 33ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 33
ApresentaçãO Para DéCimo Segundo Ano, Aula 33
 
UMA PITADA DE LITERATURA: ANÁLISE DOS NARRADORES DE DOM CASMURRO E BOM LADRÃO.
UMA PITADA DE LITERATURA: ANÁLISE DOS NARRADORES DE DOM CASMURRO E BOM LADRÃO.UMA PITADA DE LITERATURA: ANÁLISE DOS NARRADORES DE DOM CASMURRO E BOM LADRÃO.
UMA PITADA DE LITERATURA: ANÁLISE DOS NARRADORES DE DOM CASMURRO E BOM LADRÃO.
 
Conto da Ilha Desconhecida - Ficha de Leitura
Conto da Ilha Desconhecida - Ficha de LeituraConto da Ilha Desconhecida - Ficha de Leitura
Conto da Ilha Desconhecida - Ficha de Leitura
 

Semelhante a Zai Gezunt Nº 31

Dom Casmurro
Dom CasmurroDom Casmurro
Dom Casmurro
Alexandre Dourado
 
Realismo Machado de Assis
Realismo   Machado de AssisRealismo   Machado de Assis
Realismo Machado de Assis
Daniele dos Santos Souza Onodera
 
Lua Nova
Lua NovaLua Nova
Lua Nova
Gabriel Abreu
 
Dom Casmurro
Dom CasmurroDom Casmurro
Dom Casmurro
Aline Bicudo
 
Dom Casmurro 3ª D - 2011
Dom Casmurro   3ª D - 2011Dom Casmurro   3ª D - 2011
Dom Casmurro 3ª D - 2011
Maria Inês de Souza Vitorino Justino
 
Amaoealuva
AmaoealuvaAmaoealuva
Dom casmurro
Dom casmurroDom casmurro
Dom casmurro
Seduc/AM
 
Edelweiss
EdelweissEdelweiss
Edelweiss
EdelweissEdelweiss
Hermann Hesse - Sidarta - Livro para Autoconhecimento
Hermann Hesse - Sidarta - Livro para AutoconhecimentoHermann Hesse - Sidarta - Livro para Autoconhecimento
Hermann Hesse - Sidarta - Livro para Autoconhecimento
FabioLofrano
 
Dom Casmurro
Dom CasmurroDom Casmurro
Dom Casmurro
clemildapetrolina
 
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdfRealismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
CyntiaJorge
 
Dom Casmurro
Dom CasmurroDom Casmurro
Dom Casmurro
Allan Henrique
 
Zai Gezunt - Edição 19
Zai Gezunt - Edição 19Zai Gezunt - Edição 19
Zai Gezunt - Edição 19
PLETZ.com -
 
Aula 16 machado de assis
Aula 16   machado de assisAula 16   machado de assis
Aula 16 machado de assis
Jonatas Carlos
 
A persistência das memórias
A persistência das memóriasA persistência das memórias
A persistência das memórias
escritamemorialistica
 
Zai Gezunt 09
Zai Gezunt 09Zai Gezunt 09
Zai Gezunt 09
PLETZ.com -
 
Ficha de leitura sobre o livro "Dom Casmurro"
Ficha de leitura sobre o livro "Dom Casmurro" Ficha de leitura sobre o livro "Dom Casmurro"
Ficha de leitura sobre o livro "Dom Casmurro"
Geovana Pimentel Boalento
 
Edelweiss
EdelweissEdelweiss
Machado de Assis
Machado de AssisMachado de Assis
Machado de Assis
7 de Setembro
 

Semelhante a Zai Gezunt Nº 31 (20)

Dom Casmurro
Dom CasmurroDom Casmurro
Dom Casmurro
 
Realismo Machado de Assis
Realismo   Machado de AssisRealismo   Machado de Assis
Realismo Machado de Assis
 
Lua Nova
Lua NovaLua Nova
Lua Nova
 
Dom Casmurro
Dom CasmurroDom Casmurro
Dom Casmurro
 
Dom Casmurro 3ª D - 2011
Dom Casmurro   3ª D - 2011Dom Casmurro   3ª D - 2011
Dom Casmurro 3ª D - 2011
 
Amaoealuva
AmaoealuvaAmaoealuva
Amaoealuva
 
Dom casmurro
Dom casmurroDom casmurro
Dom casmurro
 
Edelweiss
EdelweissEdelweiss
Edelweiss
 
Edelweiss
EdelweissEdelweiss
Edelweiss
 
Hermann Hesse - Sidarta - Livro para Autoconhecimento
Hermann Hesse - Sidarta - Livro para AutoconhecimentoHermann Hesse - Sidarta - Livro para Autoconhecimento
Hermann Hesse - Sidarta - Livro para Autoconhecimento
 
Dom Casmurro
Dom CasmurroDom Casmurro
Dom Casmurro
 
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdfRealismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
 
Dom Casmurro
Dom CasmurroDom Casmurro
Dom Casmurro
 
Zai Gezunt - Edição 19
Zai Gezunt - Edição 19Zai Gezunt - Edição 19
Zai Gezunt - Edição 19
 
Aula 16 machado de assis
Aula 16   machado de assisAula 16   machado de assis
Aula 16 machado de assis
 
A persistência das memórias
A persistência das memóriasA persistência das memórias
A persistência das memórias
 
Zai Gezunt 09
Zai Gezunt 09Zai Gezunt 09
Zai Gezunt 09
 
Ficha de leitura sobre o livro "Dom Casmurro"
Ficha de leitura sobre o livro "Dom Casmurro" Ficha de leitura sobre o livro "Dom Casmurro"
Ficha de leitura sobre o livro "Dom Casmurro"
 
Edelweiss
EdelweissEdelweiss
Edelweiss
 
Machado de Assis
Machado de AssisMachado de Assis
Machado de Assis
 

Mais de PLETZ.com -

Women in High-Tech Report - 2022
Women in High-Tech Report - 2022Women in High-Tech Report - 2022
Women in High-Tech Report - 2022
PLETZ.com -
 
Women in Israeli High-Tech Report - 2022
Women in Israeli High-Tech Report - 2022Women in Israeli High-Tech Report - 2022
Women in Israeli High-Tech Report - 2022
PLETZ.com -
 
Shana tova from the speaker of the knesset
Shana tova from the speaker of the knessetShana tova from the speaker of the knesset
Shana tova from the speaker of the knesset
PLETZ.com -
 
20% Decrease in Negative Arabic Social Media Post Towards Normalizations Agre...
20% Decrease in Negative Arabic Social Media Post Towards Normalizations Agre...20% Decrease in Negative Arabic Social Media Post Towards Normalizations Agre...
20% Decrease in Negative Arabic Social Media Post Towards Normalizations Agre...
PLETZ.com -
 
Manipulating social media report compressed
Manipulating social media report compressedManipulating social media report compressed
Manipulating social media report compressed
PLETZ.com -
 
Cartões de Shana Tova
Cartões de Shana TovaCartões de Shana Tova
Cartões de Shana Tova
PLETZ.com -
 
Synagogues of Slovakia
Synagogues of SlovakiaSynagogues of Slovakia
Synagogues of Slovakia
PLETZ.com -
 
Yiddish Cartoons
Yiddish CartoonsYiddish Cartoons
Yiddish Cartoons
PLETZ.com -
 
Conheça a cidade de Haifa
Conheça a cidade de HaifaConheça a cidade de Haifa
Conheça a cidade de Haifa
PLETZ.com -
 
Conheça Israel
Conheça IsraelConheça Israel
Conheça Israel
PLETZ.com -
 
Palavras Constroem Mundos
Palavras Constroem MundosPalavras Constroem Mundos
Palavras Constroem Mundos
PLETZ.com -
 
Programação do 22º Festival de Cinema Judaico de São Paulo
Programação do 22º Festival de Cinema Judaico de São PauloProgramação do 22º Festival de Cinema Judaico de São Paulo
Programação do 22º Festival de Cinema Judaico de São Paulo
PLETZ.com -
 
Zai Gezunt 42
Zai Gezunt 42Zai Gezunt 42
Zai Gezunt 42
PLETZ.com -
 
Zai Gezunt 42
Zai Gezunt 42Zai Gezunt 42
Zai Gezunt 42
PLETZ.com -
 
Revista Amazônia Judaica - Ediçãi 12
Revista Amazônia Judaica - Ediçãi 12Revista Amazônia Judaica - Ediçãi 12
Revista Amazônia Judaica - Ediçãi 12
PLETZ.com -
 
Zai Gezunt - Edição 41
Zai Gezunt - Edição 41Zai Gezunt - Edição 41
Zai Gezunt - Edição 41
PLETZ.com -
 
Zai Gezunt Nº 34
Zai Gezunt Nº 34Zai Gezunt Nº 34
Zai Gezunt Nº 34
PLETZ.com -
 
Zai Gezunt Nº 35
Zai Gezunt Nº 35Zai Gezunt Nº 35
Zai Gezunt Nº 35
PLETZ.com -
 
Zai Gezunt Nº 36
Zai Gezunt Nº 36Zai Gezunt Nº 36
Zai Gezunt Nº 36
PLETZ.com -
 
A batalha por Jerusalem
A batalha por JerusalemA batalha por Jerusalem
A batalha por Jerusalem
PLETZ.com -
 

Mais de PLETZ.com - (20)

Women in High-Tech Report - 2022
Women in High-Tech Report - 2022Women in High-Tech Report - 2022
Women in High-Tech Report - 2022
 
Women in Israeli High-Tech Report - 2022
Women in Israeli High-Tech Report - 2022Women in Israeli High-Tech Report - 2022
Women in Israeli High-Tech Report - 2022
 
Shana tova from the speaker of the knesset
Shana tova from the speaker of the knessetShana tova from the speaker of the knesset
Shana tova from the speaker of the knesset
 
20% Decrease in Negative Arabic Social Media Post Towards Normalizations Agre...
20% Decrease in Negative Arabic Social Media Post Towards Normalizations Agre...20% Decrease in Negative Arabic Social Media Post Towards Normalizations Agre...
20% Decrease in Negative Arabic Social Media Post Towards Normalizations Agre...
 
Manipulating social media report compressed
Manipulating social media report compressedManipulating social media report compressed
Manipulating social media report compressed
 
Cartões de Shana Tova
Cartões de Shana TovaCartões de Shana Tova
Cartões de Shana Tova
 
Synagogues of Slovakia
Synagogues of SlovakiaSynagogues of Slovakia
Synagogues of Slovakia
 
Yiddish Cartoons
Yiddish CartoonsYiddish Cartoons
Yiddish Cartoons
 
Conheça a cidade de Haifa
Conheça a cidade de HaifaConheça a cidade de Haifa
Conheça a cidade de Haifa
 
Conheça Israel
Conheça IsraelConheça Israel
Conheça Israel
 
Palavras Constroem Mundos
Palavras Constroem MundosPalavras Constroem Mundos
Palavras Constroem Mundos
 
Programação do 22º Festival de Cinema Judaico de São Paulo
Programação do 22º Festival de Cinema Judaico de São PauloProgramação do 22º Festival de Cinema Judaico de São Paulo
Programação do 22º Festival de Cinema Judaico de São Paulo
 
Zai Gezunt 42
Zai Gezunt 42Zai Gezunt 42
Zai Gezunt 42
 
Zai Gezunt 42
Zai Gezunt 42Zai Gezunt 42
Zai Gezunt 42
 
Revista Amazônia Judaica - Ediçãi 12
Revista Amazônia Judaica - Ediçãi 12Revista Amazônia Judaica - Ediçãi 12
Revista Amazônia Judaica - Ediçãi 12
 
Zai Gezunt - Edição 41
Zai Gezunt - Edição 41Zai Gezunt - Edição 41
Zai Gezunt - Edição 41
 
Zai Gezunt Nº 34
Zai Gezunt Nº 34Zai Gezunt Nº 34
Zai Gezunt Nº 34
 
Zai Gezunt Nº 35
Zai Gezunt Nº 35Zai Gezunt Nº 35
Zai Gezunt Nº 35
 
Zai Gezunt Nº 36
Zai Gezunt Nº 36Zai Gezunt Nº 36
Zai Gezunt Nº 36
 
A batalha por Jerusalem
A batalha por JerusalemA batalha por Jerusalem
A batalha por Jerusalem
 

Zai Gezunt Nº 31

  • 1. 1 INFORME MENSAL Zai Gezunt Ano 3 Fevereiro de 2.017 No 31 “Shir Hashirim”(Cânticodos Cânticos), de ScholemAleichem Abrahão Gitelman “CânticodosCânticos”faz parte do VelhoTestamento, aceito por judeus e cristãos. Embora atribuído ao rei Salomão, alguns estudiosos opinam que se trata de versos de canções que celebravam casamentos, compostos por volta de 400 A.C., 500 anos após o seu reinado. De qualquer modo, há mais de dois milênios exerce enorme fascínio sobre boa parte da humanidade. No iníciodo séculoXX, SholemAleichem, escreveuma obradiferente doseupadrão,umaevocaçãopoética,e dá-lhe este título grandioso. Seria preciso muito conhecimento, muita autoconfiança para tal. Só mesmo um mestre consagrado poderia tê-la feito. Escrita em ídiche, mas com citações do Cântico no original, em hebraico. As duas línguas convivem e se completam harmoniosamente. Pela imaginação do personagem Shimek, alter ego de Sholem Aleichem, a Ucrânia em plena primavera, transfigura-se no Israel Bíblico, a “terra do leite e mel”. Nos prados, entremeadosde bosquese pomares,corremgazelas,e ouvem-se trinados de pássaros. Ao longe, enxergam- se os montes Líbano, Gilead e Hermon, onde brotam cedros, pinheiros e ciprestes. No ar, perfumes de açucenas,líriose rosas. Aleichem já contava 50 anos quando a escreveu. Portanto,é obradamaturidade. Noentanto,descreve- a, no sub-título, como “A Iuguend Roman”. Romance sôbre a juventude? Para a juventude ou sobre a sua própria? Parece ser tudo isso. Traços autobiográficos ficam evidentes. Estavam enraizados no íntimo do escritor e tinham que ser exteriorizados. Catarse. Mas com que facilidade o texto nos atinge! Direto por aquela pequena ferida que nunca fecha, pois sempre remoída:a lembrançadoprimeiroamor. Podemos enquadrá-lo como conto, novela ou romance?Quando se começa a escrever,nemsempre ficaclaro quantaspáginasterá o manuscrito.Aleichem já estava doente, com tuberculose, quando iniciou a obra em 1909. Depois de dois anos, sentiu que precisava terminá-la. Havia outros projetos na sua pauta. Simplificou a narrativa, não nos revelando os detalhes do tempo em que Shimek saiu de casa, para estudar noutra cidade. Em vez de romance curto, tornou-se um conto comprido. Sua tradução em português, de Jacó Guinsburg e Sime Rinski, foi publicada em “Jóias do Conto Ídiche”, Rampa SP, em 1948. Republicadonovamente comoconto,novolume “A paz esteja convosco”, Perspectiva SP, 1966, dedicado a Aleichem. Em 2015, a diretora Eva Neymann, da Ucrânia, transformou-o em filme. Foi exibido nos Festivais de Toronto e Karlovy Vary (Rep. Tcheca), no mesmo ano. Também selecionado para a Mostra do Filme Judaico, em Lisboa, em março de 2016. Divide-se em 4 partes. O narrador é Shimek, ainda menino. A personagem feminina, Buzi, vive com os avós,poisperdeuospaismuitocedo.Seupai erairmão mais velho de Shimek, que é, assim, tio de Buzi. As duas crianças crescem juntas e não obstante a idade (10 anos ou pouco mais), cria-se um clima romântico intenso.OCânticodosCânticos,queShimekaprendera no heder, incendeia a sua fantasia e potencializa o sentimento que nutre por Buzi, e que é, claramente, retribuído. Nas duas últimas partes, passaram-se alguns anos (talvez uns 5). Há um hiato na narrativa, mas de forma alguma a compreensão do texto é prejudicada.Oautorfornece todososelementos. “Tolinha”, costumava enfatizar (brincando), Shimeka sua superioridade (ilusória), sobre Buzi.Ele iaaoheder e ela não. Ele sabia das coisas, ela não. Mas justamente, por serem muito exigidas, sem acessoao heder, masapenasalfabetizadasemídiche,asmeninas judias, alem de se tornarem adultas precocemente,
  • 2. 2 desenvolviam um senso de compreensão aguçado. Shimek,coma costumeirainocência ,conta para Buzi, a história de uma princesa que ficará aprisionada por sete anos,até que ele,Shimek,venha resgatá-la. Buzi, não gosta desta história. É a única das histórias que Shimek lhe conta, que ela decididamente não gosta. (...) A gente não deve voar tão alto (...) Era uma premonição. Buzi pressentia que sete anos é tempo demasiado, e ela mesma (a princesa), então não mais poderiasersalva. Numaprimeiraalusãoàsensualidade, Buziretiraamão quando Shimek a segura. (...) Isso não se faz. Não se deve (...) Percebe-se que Buzi já é menina-moça, mas Shimek ainda é um criançola, uma criança sonhadora (...)-Somos então estranhos? Não somos irmão e irmã?- Ah!... se fôssemos,retrucaBuzi,reticente. Passa-se o tempo. De acordo com o costume, conquanto ainda muito nova, Buzi vai se casar. Com outra pessoa que não Shimek. Quando este fica sabendo, corre de volta à cidade natal, para reafirmar que a ama e nunca a esqueceu ... mas já não é mais ouvido. A situação mudou. Buzi responde: (...) Talvez me lembre, das cartas que eu escrevia (...) como poderia aceitaragora, tantatolice? (...) haviacompreendido de há muito, que tudo isso era de se prever, nossos caminhos eram tão diversos (...) que eu, uma judiazinha provinciana, não poderia nivelar-se a você, Shimek,que quistrilharseucaminhoe certamenteiria longe,chegariaaté muitoalto(...).De quemse tratava, se não do próprio ScholemAleichem? No pensamentode Shimek,teriabastado umasimples conversa para reverter tudo, dada a ligação entre os dois.Poroutro lado,elamal deviaconheceronoivo, em vista do costume das famílias de arranjarem os casamentos. Entretanto, vê,surpreso, que Buzi não só eralindacomoSulamitadoCânticodosCânticos,como também, prática e determinada. Shimek ainda se aferra a esperanças vãs: (...) Há nas palavras de Buzi, uma tonalidade estranha (...) Uma voz que, pelo que me parece, quer sufocar outra voz. Uma voz interior (...) Afinal, Shimekse dáconta,que havianosúltimosanos, negligenciado seu sonho dourado. Mas, mesmo que nãofosse estudarfora, teriamudadoalgumacoisa?Ele seria algo mais que um garoto que nunca ganhara um copeque? Muito tempo passaria até que pudesse ser considerado como “alguém”. Mesmo a instituição judaica do ”kest” (período em que o pai da esposa sustenta o casal, até que o marido complete os estudos), não estava ao seu alcance, pois o “sogro” seriaseuprópriopai,de formaalguma,um homemde posses. O parentesco tio-sobrinha também não ajudava. Ainda nos dias de hoje, há quem não aceite estaunião,por próximademais. Discretos, mas onipresentes, os pais de Shimek tudo vêem e conduzem os cordéis do destino. Ainda que Buzi continuasse a amar Shimek, (e há bons motivos, no texto, para se pensar assim), ela não iria contrariar os avósque queriamdar-lhe segurança,semdelongas. Pobre Shimek. Nãotinhaamenorchance...Espera-oa seguir, umadurarealidade.Comoelepróprioconstata: “a adolescência para sempre perdida” e “a felicidade para sempre frustrada”. Uma névoa fria invade a atmosfera do Cântico dos Cânticos, que se torna cinzentae triste. Paranós,leitores,restarásempreum consolo:maisumavez,o Amor é sublimadopelaArte. XXX Reflexões sobre umaviagem Amália Davidovich “Meu caro Jacek,estoulhe enviandominhasreflexões sobre Krasnistaw, conforme você me pediu em nosso memoravel encontronaPolônia”Assimcomeçominha carta ao professor e escritor polonês da cidade de Lublin.Atendi aoseu pedidoparaconstar do livroque ele estápreparando,para contar a históriados judeus de Krasnistaw de onde meuspaisvieram, Com isso ele pretende mostrar às novas gerações o massacre bárbaroexecutadopelosnazistascontra uma populaçãojudaica,que fazia florescerascidadesonde vivia e não poupando esforços em enriquecer seus filhoscomoque háde maispreciosonoserhumano:o conhecimento. Estes educadores foram massacrados, sem dó nem piedade, por uma sanha perversa e amaldiçoada.Eo mundocalou...
  • 3. 3 Nasci no Brasil, mas desde pequena ouvia meus pais falaremdacidadezinhade Krasnistaw, pertencente ao Estadode Lublin,cujacapital temonome homônimoe onde nasceram e viveram durante muitos anos. Passados mais de 70 anos, desde que emigraram para o Brasil,deixarampara trás toda uma históriade vida, desta longínqua e pequena cidade, que para eles representavaoseumundoe eu,tendoabsorvidotodo este universo, através deles e passados tantos anos, não conseguia me desvincular das imagens que se sucediamemminhamente. Assim, tal qual um rápido lampejo, que se irradia por todo o seu ser, eis me em Krasnistaw. Atônita, sem saber por onde começar fechei os olhos por alguns instantes, para poder sentir o pedaço de chão, sim, o chão por onde osmeusavóscaminharame viveram,e, por uma ironiado destinofoi lhesnegadoeste direito. Jamais acreditavam que esta tragédia pudesse acontecer. No fundo do meu ser, havia até então em mim, uma ligeira ilusão de que algo eu iria ver e ouvir. Ledo engano,dasentranhasdaquelaspedras,osilênciofoia voz mais alta que se fez ouvir. Os fantasmas ficaram estagnados no amontoado daquelas pedras. As vozes se calaram para sempre...Não há testemunha nenhuma para dizer algo que te alente, como se quisessemse livrardosfantasmasque povoamassuas mentes.Oque sobrou,se modificou,é difícil distinguir os 70 anos passados. Saí de lá embargada, porém, com uma leve sensação de dever cumprido e ter prestado uma singela homenagem aos meus queridos avós, que um dia também sonharam em me conhecer. Do fundo da minhaalma e sob grande emoção,consegui balbuciar: “Eu estouaqui”! Krasnistaw continua Krasnistaw, mas tenho a convicçãode que nuncamaisserá a mesma. A Cidade da gente miuda A cidade dagente miúda,amigoespectador,encontra- se bem no meio da abençoada “Zona de Residência” criada pelo governo Tzarista, onde os judeus foram amontoadosunssobre os outros,comoarenquesnum barril,comordemde crescereme se multiplicarem.E o nome destafamosacidade é Kasrilevke. O habitante desta cidade não é um simples pobretão ou azarado trata-se, compreendam bem, de uma espécie de pobreque,Deusolivre,nãose entrega,não se envergonhadasuapobreza,pelocontrário,elaé até umahonra.Em nossalínguaissose chama“pobre,mas alegre. Oculta num recanto, bem longe, isolada de todo o mundo exterior, lá fica essa cidade, como que orfanada, imersa em sonhos e enfeitiçada, em si mesma. Gente miúda, muito miuda não só ignoravam tudo a respeito de automóveis, navegação aérea e aviões, como, durante muito tenpo, nem mesmo queriam ouvir falar de nossa velha e corriqueira estradade ferro. Nem queriam acreditar que existisse em algum lugar domundo,urnaestradade ferro.“Qual oque!” diziam eles— “sonhos,invençõescomosehouvesse umafeira no céu, uma vaca voando sôbre o telhado!” E outras expressõeszombeteiras. Até que aconteceuumcaso:umrespeitavel cidadãodc Kasrílevke precisou ir a Moscou. Ele foi e voltou, e jurou,portudooque é sagradoque ele própriofôrade trematé Moscou emapenastresquartosde hora...Isto naturalmente, foi interpretado como uma grande mentira. Seja como fôr, a história do trem é um fato, contra o qual não se pode dizernada e se um judeurespeitável jura por certo não tirou essas coisas do ar; especialmente, depois que ele lhes deu a entender, com lógica, o poder da estrada de ferro, e até desenhou no papel como as rodas giram e a chaminé apita e os vagões voam e os judeus viajam para Moscou. A gentinhamiúdaescutou,escutou,fingiuassentircom a cabeça, mas lá. no íntimo riam com gôsto, dizendo com seusbotões:“Qual é a vantagem, as rodas giram, a chaminé apita, os vagões voam,- os judeus viajam para Moscou e voltamde novo.?. Essa gentinha miuda é pobre mas contente e quando se lhe perguntam como vivem respondem de que vivemos? Não está vendo? Ha, ha, ha, vivemos...e o que é extraordinário,ondequerque osencontre estão correndocomo baratas tontas,um para cá, outro para lá e nunca têm tempo. “Aonde estão correndo?” Não
  • 4. 4 está vendo Ha, ha, ha! Estamos correndo. A gente espera arranjar alguma coisinha, ganhar para o sábado.0 ganhar para o sábado — eis o ideal desta gente. A semana inteira êles trabalham, mourejam a duras penas, se arrebentam de labutar, comem o pão que o diabo amassou, bebem a água dos infernos, contantoque garantam o sábado.! Dizem—que,desde que Kasrilevke é cidade,aindanão aconteceu que um judeu, Deus nos livre, passasse fome no sábado. Pois como seria admissível que um judeu não tivesse peixe no sábado? Se não tem peixe, consegue carne. Se não consegue carne, arranja um arenque. se não arranjar arenque contenta-se com pão com cebola. E se não tiver pão com cebola, consegue-o emprestado no vizinho e no outro sábado o vizinhoemprestarádele. Decerto, você quererá saber como é Kasrílevke. É bonita como ouro, de longe então nem se fala! De longe,eladáa impressão.de umgirassol carregadode sementes,oude umamassade macarrãotôdacortada. A cidade estende-se diante dagente,comonumprato, e pode-se vê-laaumamilhade distância,comtôdasas suas preciosidades. Pois a própria cidade, se me compreendem, está sôbre uma colina, isto é, sobre a cidade encostou-se uma colina; e no sopé da colina, encontram-se casinhas em quantidade, uma por cima da outra, comovelhaslápides. Não se pode falar propriamente em ruas, porque as casasnãoforamconstruídas, calculadase medidascom um metroe muitoespaçoentre ascasas tampoucohá. E para que deixarumlugar inutilmente vazio,quando se pode aproveitá-lopara colocar outra casa em cima dêle? Pois está escrito que o mundo foi criado para morar e nãopara olhar.Que históriaé essade olhar? Zai Gezunt-Edição do Grupo Amigos do Ídish Editor: Eng. Samuel Belk E Mail: belk@uol.com.br Colaborador: Eng. Moysés Worcman E Mail: worcmosh@gmail.com Entretanto, não se preocupe. Existem em Kasrilevke ruas grandes e ruas pequenas, ruelas e vielas. O remédio é não andar sózinho à noite, sem lanterna! Quanto à gentinha. miúda, não se preocupe. Um kasrilevkenseemnuncavai se perder.Cada qual acerta o caminhopara a sua casa, para a sua mulhere filhos, como umpassarinho para seu ninho... Além disso, no meio da cidade, há. uma larga praça, semicircular, ou talvez quadrada, onde ficam as lojinhas, as vendas, os açougues, as barracas e as bancas.Aí se arma a feira, tôdasas manhãs,para onde afluem muitos camponeses com tôda espécie de produtos e gêneros: peixe, cebolas, salsas e outras hortaliças.Vendemasverdurase adquiremdosjudeus outros objetos necessários, e dessa maneira os kasrilevkenses ganham a vida. Não é lá grande coisa, mas sempre é umganha-pão. E lá mesmo se encontram, casas de estudo, com as sinagogas, com as escolas da cidade onde os meninos judeusestudame rezam,aprendemalere escrever. A casa de banhos das mulheres também fica ali bem como o asilode indigentes,ondeosjudeusmorrem. Não, Kasrilevke ainda não conhece esgotos, água encanada, eletricidade e outros luxos semelhantes. Mas qual a diferença? Morre-se em toda parte e se é enterrado da mema maneira, Não é mesmo? Assim dizia sempre o meu mestre Reb Israel Melach, nas festas, justoquandoestavamaisalegre,jábembebido e prontopara arregaçar as abas do casaco e cair numa valsaou lançar-se numadança russa, a kasatchok. Tenha saude e cresça alegre para seucasamento