Caito Maia fundou a Chilli Beans em 1998 e transformou-a na maior rede de óculos e acessórios da América Latina, com presença também na Europa, Estados Unidos e Oriente Médio. A marca se destaca por seu design arrojado, alta tecnologia, preços acessíveis e parcerias criativas. Caito Maia continua inovando e expandindo agressivamente a rede, com a meta de chegar a mil pontos de venda até as Olimpíadas de 2016 e se tornar uma marca global.
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
A expansão internacional de sucesso da Chilli Beans
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Depois de trocar o rock pela carreira de vendedor,
Caito Maia transformou a Chilli Beans na maior rede
de óculos e acessórios da América Latina. A marca
também está presente na Europa, nos Estados Unidos
e até no Oriente Médio. Com seu design arrojado, alta
tecnologia, preços acessíveis e boas parcerias, vende
1,5 milhão de produtos por ano
• por Simone Galib • fotos Ricardo Lisboa
HOMEM DE
VISÃO
4. 23| www.viagenssa.com |
S
e existe alguém no Brasil
que enfrenta a atual crise,
avaliando-a como momen-
to de oportunidades, está em plena
expansão e com taxa zero de baixo
astral, este irrequieto empresário
tem nome, sobrenome, centenas
de lojas, muitos projetos novos e
não para de criar. De quem se tra-
ta? Ora, de Caito Maia, fundador e
presidente da Chilli Beans, a maior
marca de óculos e de acessórios da
América Latina. Fundada por ele
em 1998, hoje a rede tem 700 pon-
tos de venda no país, entre lojas e
quiosques, estando também pre-
sente nos Estados Unidos, Portugal,
Colômbia, México, Peru, Kuwait e
Dubai. Recentemente, abriu sua pri-
meira flagship internacional em um
ponto estratégico: na Third Stre-
et Promenade, uma das ruas mais
descoladas e bem frequentadas de
Santa Mônica, na Califórnia. Em
Portugal, a do Shopping Colombo
é a maior das 12 lojas que a marca
tem no país. A Chilli Beans vende
1,5 milhão de produtos por ano. Po-
rém, ele quer mais e já provou que
sua visão é de longo alcance.
Caito fala com orgulho (no
sentido positivo) de sua expansão
no exterior, especialmente na Amé-
rica. “Estamos bombando. Nossa
loja da Califórnia está em frente à
da Apple e é a que mais fatura. Na
de Hollywood, o tapete vermelho
(do Oscar) passa na frente, a de Mia-
mi fica bem no meio da movimen-
tada Lincoln Road e a de Las Vegas
tem vista para a maior roda gigante
da cidade”, diz. É claro que nada
aconteceu de um dia para o outro
no país do consumo, onde a con-
corrência é grande. “Levei seis anos
para azeitar a minha operação nos
Estados Unidos”, diz ele, acrescen-
tando que lá os quiosques não fun-
cionam. Em geral, “todas as minhas
lojas internacionais vendem muito
bem.”, diz ele.
No Brasil, a Chilli Beans está
muito bem representada, espe-
cialmente na flagship store da rua
Oscar Freire, nos Jardins, uma das
ruas mais sofisticadas de São Pau-
lo. A loja, de 700 m², tem a cara da
marca: é toda branca, tem design
super moderno, palco para shows e
galeria de arte, além de um estoque
com 2,5 mil produtos. Ali também
estão em destaque os modelos de
parcerias com estilistas e artistas e
a primeira máquina de customizar
óculos do mundo.
ROCK´N`ROLL,MODAEPIMENTA
A escalada do empreendedor
começou de um jeito bem informal.
Batizado com o nome de Antonio
Caio Gomes Pereira Filho, homôni-
mo do pai, acabou transformando
o pseudônimo Caito Maia, dado por
um amigo de infância, em sinônimo
de grife e sucesso. O curioso é que
sua vocação parecia estar predesti-
nada à música, que sempre ferveu
em seu sangue desde a adolescên-
cia. Viajava frequentemente a Nova
York para comprar instrumentos
musicais, revendê-los no Brasil e ga-
Fachada da moderna flagship da Chilli Beans, na Oscar Freire, nos Jardins
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nhar dinheiro para tocar. Teve três
bandas e chegou a se apresentar em
casas famosas nos anos 1990, como
a Aeronta. Com a terceira e última,
Las Ticas Tienen Fuego, em que to-
cava guitarra e era vocalista, con-
correu ao famoso prêmio da MTV.
Aos 19 anos foi fazer faculda-
de de música em Boston e trouxe
na mala 200 óculos para os ami-
gos. Assim o produto entrou na sua
vida – e não saiu mais. Revendia-
-o para algumas marcas nacionais,
com um método bem simples: es-
tacionava o carro nos shoppings,
visitava lojas, mostrava os óculos,
emitia a nota fiscal e depois retor-
nava para buscar novos pedidos.
Os modelos continuavam sendo
trazidos dos Estados Unidos.
Caito tinha uma rotina insana
de sacoleiro: embarcava às terças-
-feiras para Los Angeles e Nova
York, enchia a bagagem com as
peças, tomava um banho rápido no
aeroporto e voltava para São Pau-
lo. No final dos anos 1990, teve um
stand no Mercado Mundo Mix, feira
itinerante que rodava o Brasil, com
produtos de vanguarda, assinados
por gente talentosa, como os hoje
estilistas Marcelo Sommer e Ale-
xandre Herchcovitch, entre mui-
tos outros. Foi a partir dali que ele
sentiu a necessidade de criar uma
marca própria. “Era um simples
vendedor de óculos e queria ter um
nome simpático, mas não glamou-
roso, que fosse falado no mundo
inteiro”, conta o empresário.
Assim, surgiu a Chilli Beans
(chili em inglês significa pimenta).
O nome e o logo foram escolhidos
devido à paixão de Caito pelas tais
pimentas. “Adoro, já perdi até o
paladar por conta disso, as pimen-
tas são a minha santa protetora”,
diz ele, que tem vidros de diversos
tipos, inclusive no showroon da
marca, em Alphaville, onde traba-
lham 323 pessoas. Na sequência,
abriu uma pequena loja na galeria
Ouro Fino, da rua Augusta, ponto
de encontro da chamada turma
underground ou alternativa da
capital paulista. Logo, no espaço
de apenas 9 m², surgiam filas de
consumidores, atraídos pelos ócu-
los de sol com lentes coloridas e
Caito Maia tem uma estante só de presentes que ganha quando visita as lojas franqueadas
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design diferenciado. A pimenta, ao
que tudo indica, deu sorte...
MÁQUINADEÓCULOS
A vocação para inovar no mer-
cado faz parte do DNA da marca,
que criou uma identidade cheia de
sex appeal, personalidade e atitu-
de. A Chilli Beans abriu o primeiro
quiosque, no Shopping Villa Lo-
bos, trazendo para o varejo ótico
o conceito de self service. Ou seja:
o cliente pode manusear e experi-
mentar o produto, tendo 15 dias de
adaptação, antes de comprá-lo. Foi
também a pioneira ao lançar ven-
ding machines (máquinas de ven-
das) de óculos e de permitir que o
cliente crie o seu próprio modelo.
Outro diferencial, criado em 2012
em todas as lojas e quiosques da
rede foi o Chilli+, uma ferramen-
ta de alta tecnologia, desenvolvida
pela IBM, na qual câmeras adapta-
das filmam o cliente e
congelam sua ima-
gem. Assim, ele pode
se ver com os óculos
que está experimen-
tando e ainda enviar as
imagens para o e-mail e
redes sociais. Este ano, foi
eleita como a melhor franquia
do país pela Associação Brasi-
leira de Franchising.
Sim, há sempre novidades e não
faltam emoções nos domínios do
carismático Caito Maia (veja box).
“Não sou mais baby, nem marca
nova. Então, preciso me cutucar,
me questionar constantemente.
Aqui nada é definitivo, mas mutan-
te. Meu diretor de marketing, por
exemplo, veio da Adidas”, revela.
Essa equipe afinada lança, segundo
ele, dez modelos novos de óculos
por semana, com variação de cores,
estampas e grafismos, além de cin-
co relógios e três modelos de grau
(estes últimos representam 30%
dos produtos). E Caito, usa óculos?
Curiosamente, ele fez uma cirurgia
para se livrar dos 7,5 graus de mio-
pia que tinha em cada olho. “Hoje,
uso só para ter estilo. As pessoas
compram óculos por isso”, diz ele.
MÚSICA,MODAEARTE
Osprodutosdamarcacostumam
ser consumidos por um público, de
15 aos 35 anos. Esse é o foco (os ado-
lescentes e jovens, por exemplo, ado-
ram). Mas a rede também tem uma
linha infantil; não existe nada rígido
e qualquer adulto pode se identificar
com os modelos de óculos, acessórios
e relógios. “Somos democráticos. Não
somos música eletrônica, mas sim
rock´in´roll, bossa nova...”, diz. Outro
fator que incide diretamente nas ven-
das é o preço - os óculos de sol com
design e qualidade custam em média
R$ 265,00. “Não dou desconto, mas
tenho preços honestos. Ganho no vo-
lume e com a cultura.”
Música, moda e arte formam
o tripé da rede. Por isso, são feitas
parcerias constantes com estilistas,
designers e renomados artistas. A
Chilli Beans tem coleções assinadas
por Alexandre Herchcovitch (que
carregou caixas no Mercado Mundo
Mix, junto com Caito, no início da
carreira), Gloria Coelho e Ronaldo
Fraga, entre outros. Está sempre
presente nas semanas de moda
do país, provocando barulho.
Em março do ano passado, fez
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sua primeira parceria internacional
com a Kravitz Design, braço de de-
sign do músico Lenny Kravitz. A co-
leção foi lançada simultaneamen-
te no Brasil e nos Estados Unidos.
Também apoia festas, shows e os
maiores eventos de música do Bra-
sil e do mundo, como o Rock in Rio.
Uma das ações que geraram
mega repercussão foi feita em abril
deste ano, na ocasião do lançamento
da coleção Punk Glam, em parceria
com a marca austríaca Swarovski.
A Chilli Beans trouxe ao país o astro
do punk mundial, Iggy Pop, que arre-
bentou um óculos gigante, coberto de
cristais, em plena São Paulo Fashion
Week. “Tivemos mais retorno de mí-
dia do que o desfile de despedida de
Gisele Bundchen. Só no Google foram
48 páginas”, comemora Caito.
DISCIPLINAEFOCO
Caito Maia trabalha e viaja mui-
to. Diz visitar em média 200 lo-
jas da rede por ano (50 delas
em três dias) para ter contato
com o varejo e aprender sem-
pre mais. “É assim que damos
um up grade.” Casado, pai
de dois meninos, de 3 e 5
anos, conta que coloca
seus filhos na cama
três vezes por sema-
na. Malha todos os
dias e tem uma ali-
mentação equilibra-
da. Como consegue
dar conta de tudo?
“Sou extremamente
disciplinado. Na minha
caixa de entrada e saída
de e-mails não sobra ne-
Da coleção de lançamentos da Chilli Beans, três prometem causar frisson.
Agora em julho, a marca vai colocar no mercado óculos e relógios inspirados
nas cantoras Rita Lee, Amy Winehouse e na banda Ramonas. O de Amy é um
modelo, de estilo gatinho, imitando o traço marcante que ela usava no olho. As
pulseiras trazem desenhos de suas roupas. Já o de Rita tem armação redonda,
sua marca registrada. Aliás, Rita e Caito discutiram juntos a criação do produto.
OrelógiodosRamonasvememformatodediscodevinileoponteiroseinspira
nasantigasvitrolas.ViagensS/Aviutudoemprimeiramão–eadorou!
No último trimestre do ano, Caito vai lançar a coleção Beatles, no programa
The Voice, da Globo. Os novos produtos terão ações poderosas de marketing. A
partir de 1º de agosto, ele também já começa a vender as passagens
para o Fashion Cruise Chilli Beans, que teve a sua primeira versão
este ano e fez sucesso. O projeto começou como uma convenção
anual, até então realizada de forma convencional, no Memorial
da América Latina, em São Paulo. Há dois anos, ele contratou um
diretor artístico do Cirque du Soleil, que transformou o encontro
de negócios em um evento descolado em alto mar.
A primeira versão estreou este ano.Paraapróxima,quevai
ocorrernoprimeirofinaldeabrilemumsupertransatlântico,
otripémúsica,modaearteganhareforço.Caitodiz
estarnegociandoocachêcomumagrandebanda
internacional(cujonomeéaindasegredo).Alémde
todososrepresentantesdarede,estarãotambéma
bordomaisde30artistasplásticosegentedegrandes
marcasdouniversofashion,quefarão25desfiles.“Será
comoumworkshopdeumagrandefaculdadedemoda”,
prometeofocadopresidentedaChilliBeans.
RITALEE,AmyWinehouse+CALENDÁRIOFASHION
nhum, porque respondo tudo na
hora e depois ganho tempo”, expli-
ca. Para ele, a disciplina e a repeti-
ção constante geram a perfeição.
Outro segredo da vida, diz, é o foco
nos projetos e nos produtos. “As
grandes ideias se perdem se não fo-
rem direcionadas.” Indagado sobre
a atual situação econômica do país,
é taxativo: “Você escolhe se quer
estar em um país de oportunidades
ou de crise, eu prefiro a primeira op-
ção”, diz, otimista.
O visionário dono da Chilli Be-
ans tem ainda muitos projetos.
Quer chegar às Olimpíadas de 2016
com mil pontos de venda. “Meu so-
nho é ser uma marca global.”
Alguém duvida que ele vai che-
gar lá?