O documento descreve um discurso do Senador Marco Maciel no Senado Federal sobre um encontro político recente com jovens líderes. O texto critica Maciel por defender a renovação dos quadros políticos, apesar de ele mesmo estar no poder há décadas, e por sugerir que essa renovação deve vir dos filhos das elites, preservando o status quo. Ele também questiona a legitimidade do poder vitalício de Maciel.
1. Um Martir em nossa História?
A tragédia da política privada
P olítico fanfarrão, ah, são muitos no Brasil, mas com essa marca conservadora tão
“fina” é mesmo um caso para destaque... Na plenária do Senado Federal, a
representação sublime do neoliberalismo mais tradicional e parnasiano... Seria cômico, se
fosse apenas uma história da carochinha!
18 de Maio de 2009: o Senador Marco Maciel discursa sobre um encontro político
ocorrido no último fim-de-semana, no qual o tema do encontro foi “Jovens Líderes...”,
vejamos a lista de convidados: além do referido Senador, um colega seu de Goiás,
Senador Marconi Perilo, representante das oligarquias rurais; a família Skaf de São Paulo,
representante dos maiores industriais brasileiros; os filhos das elites político-empresariais
em geral e alguns segmentos do Terceiro Setor, aquelas ONGs que brincam de filantropia,
no Domingão do Faustão...
A centralidade deste texto, na verdade, veio da inquietação das palavras lentas de
um discurso muito perigoso que significa uma verdadeira contra-reforma preventiva do
conservadorismo porque o saco-de-ossos, digo, o Senador Maciel – do Partido da Frente
Liberal (PFL) que recentemente se travestiu de Democratas – logo se apressou em
abordar dois pontos curiosos do encontro, em sua palestra: no primeiro ponto, refere-se à
necessidade de haver renovação dos quadros na política brasileira, mas é intrigante o fato
dele falar isso, visto que ele mesmo não larga o osso de jeito nenhum, quer dizer, ele está
no poder, em Brasília, há décadas, desde o vergonhoso regime militar; outro ponto, é o
protagonismo dessa renovação, que na perspectiva clientelista de Maciel, tem de ser feito
pelos filhos-das-elites, sim, aqueles garotos que emblematicamente carregam nos nomes,
o peso das famílias que ainda mandam neste país e o pior de tudo, assim ele reafirma
sua posição e seu poder, de forma ambígua, bem à moda brasileira.
O que legitima o poder vitalício de Maciel, certamente, é o seu esforço e o trabalho
extenuante oferecidos à nação brasileira e ao estado de Pernambuco, que ao longo de
tantos anos o conserva no poder, mas todos podem assistir às suas ações, que entre as
histórias saudosistas que ele conta sobre Joaquim Nabuco; as homenagens que ele
presta a ilustres personalidades e as maracutaias tramadas por debaixo do carpete do
Senado, ainda encontra tempo de sempre nos enviar um cartãozinho no “Natal”...
O Hebreo