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A MENSAGEM DO ESPÍRITO Z OU ZÉFIRO
Em janeiro de 1857, quando já havia enviado para a editora imprimir O
Livro dos Espíritos, o Espírito Z havia prometido escrever-lhe uma carta
por ocasião do Ano Novo. Nesse dia, na casa do Sr. Baudin, Z tinha algo
de particular a dizer-lhe. Eis o que escreveu pela médium Srta. Baudin, na
intimidade, para o agora Allan Kardec:
“Caro amigo, não quis te escrever, na última terça-feira, diante de todo o
mundo, porque há certas coisas que não se podem dizer senão entre nós.
Queria primeiro te falar de tua obra, a que fazes imprimir (O Livro dos
Espíritos estava no prelo.)
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Não te canses tanto noite e dia; terás mais resultado, e a obra não perderá
por esperar. Segundo o que vejo, és muito capaz de levar a bom termo a
tua empresa e tens que fazer grandes coisas. Nada, porém, de exagero em
coisa alguma. Observa e aprecia tudo judiciosa e friamente. Não te deixes
arrastar pelos entusiastas, nem pelos muito apressados. Mede todos os teus
passos, a fim de chegares ao fim com segurança. Não creias em mais do
que aquilo que vejas; não desvies a atenção de tudo o que te pareça
incompreensível; virás a saber a respeito mais do que qualquer outro,
porque os assuntos de estudo serão postos sob as tuas vistas. Mas, ai! a
verdade não será ainda conhecida, nem acreditada, por todos, antes de
muito tempo!
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Não verás, nesta existência, senão a aurora do sucesso de tua obra; será
necessário que retornes, reencarnado num outro corpo, para completar o
que tiveres começado, e, então, terás a satisfação de ver, em plena
frutificação, a semente que tiveres difundido sobre a Terra. Terás invejosos
e ciumentos que procurarão te denegrir e contrariar; não te desencorajes;
não te inquietes com o que se dirá ou se fará contra ti; prossegue tua obra;
trabalha sempre pelo progresso da Humanidade, e serás sustentado pelos
bons Espíritos, enquanto perseverares no bom caminho. Lembra-te de que,
há um ano, prometi a minha amizade àqueles que, durante o ano, fossem
convenientes em toda a sua conduta? Pois bem! anuncio-te que és um
daqueles que escolhi entre todos.
Teu amigo que te ama e te protege, Z.”
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O ESPÍRITO Z SEGUNDO KARDEC
Como vimos, Rivail havia dito que Z não era um Espírito superior, mas
muito bom e benevolente. Diz Allan Kardec sobre ele: “Talvez fosse mais
avançado do que o nome que tomou poderia fazer supor; pode-se supô-lo
a julgar pelo caráter sério e a sabedoria de suas comunicações, segundo as
circunstâncias. Em favor de seu nome, poderia se permitir uma linguagem
familiar, própria ao meio onde se manifestava, e dizer, o que lhe acontecia
frequentemente, duras verdades sob a forma alegórica do epigrama
(pequeno poema satírico). Seja como for, sempre conservei dele uma boa
lembrança e o reconhecimento pelos bons conselhos que me deu e a
amizade que me testemunhou. Desapareceu com a dispersão da família
Baudin, dizendo que logo deveria reencarnar.
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A Galeria D'Orleans foi local da Livraria Dentu
e do lançamento de O Livro dos Espíritos.
LANÇAMENTO DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Em 18 de abril de 1857, na Galeria D'Orleans, local da Livraria Dentu, era
lançado ao público a primeira edição de O Livro dos Espíritos. Que trazia
em seu frontispício os seguintes dizeres: “O Livro dos Espíritos, contendo
os princípios da doutrina espírita acerca da natureza, manifestação e
relações dos espíritos com os homens; das leis morais; da vida presente,
vida futura e porvir da humanidade. Escrito e publicado conforme o ditado
e a ordem de espíritos superiores por Allan Kardec.”
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Escreveu Allan Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1858:
"...declaramos desde o princípio, e temos a satisfação de reafirmar agora,
jamais pensamos em fazer de O Livro dos Espíritos objeto de especulação:
Seu produto será aplicado nas coisas de utilidade geral."
Assim em 18 de abril de 1857 raiou para a humanidade a "Era Espírita",
ao surgirem nas prateleiras das livrarias os primeiros volumes de “O Livro
dos Espíritos”.
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SEGUNDA EDIÇÃO DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Em março de 1860, quando do lançamento da segunda edição, através da
Revista Espírita de nº. 3 desse ano, escreveu Allan Kardec sobre esta
nova edição: “Inteiramente refundida e consideravelmente aumentada.
Na primeira edição desta obra, anunciamos uma parte suplementar. Devia
compor-se de todas as questões que ali não puderam entrar, ou que
circunstâncias ulteriores e novos estudos deveriam originar. Mas como
todas se referem a alguma das partes já tratadas, e das quais são o
desenvolvimento, sua publicação isolada não teria apresentado nenhuma
continuidade.
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Preferimos aguardar a reimpressão do livro para incorporar todo o
conjunto, e aproveitamos para dar à distribuição das matérias uma ordem
muito mais metódica, suprimindo ao mesmo tempo tudo quanto tivesse
duplo sentido. Esta reimpressão pode, pois, ser considerada como obra
nova, embora não tenham os princípios sofrido nenhuma alteração, salvo
pouquíssimas exceções, que são antes complementos e esclarecimentos do
que verdadeiras modificações. Esta conformidade com os princípios
emitidos, malgrado a diversidade das fontes em que foram hauridos, é um
fato importante para o estabelecimento da ciência espírita.
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Prova nossa própria correspondência que comunicações em tudo idênticas,
se não quanto à forma, ao menos quanto ao fundo, foram obtidas em
diferentes localidades, e isso muito antes da publicação do nosso livro, o
que veio confirmá-las e dar-lhes um corpo regular. Por seu lado, a História
atesta que a maioria desses princípios tem sido professada pelos homens
mais eminentes, dos tempos antigos e modernos, assim trazendo a sua
sanção.”
DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA ESPÍRITA
Em 1° de janeiro de 1858 circula o primeiro número da "Revue Espirite"
(Revista Espírita), editada em Paris por Allan Kardec.
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No mesmo ano foi publicado o livro "Instruções Práticas sobre as
Manifestações Espíritas", e, ainda nesse profícuo 1858, exatamente a 1° de
abril, é fundada a "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas".
Em 1859 surge o livro "O que é o Espiritismo". A 16 de setembro de 1860
A. Kardec publica a "Carta sobre o Espiritismo", em resposta a um artigo
publicado na "Gazette de Lyon". No mês de janeiro de 1861, Allan Kardec
lança a público "O Livro dos Médiuns" e, ainda nesse ano, no dia 9 de
outubro às 10:30 horas da manhã, em Barcelona, Espanha, são queimados
num auto de fé trezentos volumes e brochuras sobre Espiritismo, entre eles
"O Livro dos Espíritos".
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Em fevereiro de 1862, Kardec publica "O Espiritismo na sua Expressão
mais Simples", e também neste mesmo ano, "Viagem Espírita em 1862".
Em 1864 são editadas as seguintes obras: "Resumo da Lei dos Fenômenos
Espíritas" ou "Primeira Iniciação" e "Imitação do Evangelho Segundo o
Espiritismo", chamado posteriormente de "O Evangelho Segundo o
Espiritismo".
No dia 1º de agosto de 1865 é publicado o livro "O Céu e o Inferno", ou a
"Justiça Divina Segundo o Espiritismo". No ano de 1866 surge a "Coleção
de Preces Espíritas", um extrato do livro "O Evangelho Segundo o
Espiritismo".
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Em 1867 vem a público "Estudo a cerca da Poesia Medianímica" e, em
1868, Kardec lança "A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o
Espiritismo", e o livro "Caracteres da Revelação Espírita".
ORDEM NO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA
Kardec aconselhou aos que desejassem adquirir noções preliminares do
Espiritismo, pela leitura das obras já existentes, sugerindo que as lessem
na seguinte ordem:
1º - O que é o Espiritismo? Esta brochura, de uma centena de páginas
somente, contém sumária exposição dos princípios da Doutrina Espírita,
um apanhado geral desta, permitindo ao leitor apreender-lhe o conjunto
dentro de um quadro restrito. Em poucas palavras ele lhe percebe o
objetivo e pode julgar do seu alcance.
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Aí se encontram, além disso, respostas às principais questões ou objeções
que os novatos se sentem naturalmente propensos a fazer. Esta primeira
leitura, que muito pouco tempo consome, é uma introdução que facilita
um estudo mais aprofundado.
2º - O Livro dos Espíritos. Contém a doutrina completa, como a ditaram
os próprios Espíritos, com toda a sua filosofia e todas as suas
consequências morais. E a revelação do destino do homem, a iniciação no
conhecimento da natureza dos Espíritos e nos mistérios da vida de além-
túmulo. Quem o lê compreende que o Espiritismo objetiva um fim sério,
que não constitui frívolo passatempo.
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3º - O Livro dos Médiuns. Destina-se a guiar os que queiram entregar-se à
prática das manifestações, dando-lhes conhecimento dos meios próprios
para se comunicarem com os Espíritos. E um guia, tanto para os médiuns,
como para os evocadores, é o complemento de O Livro dos Espíritos.
4º - A Revue Spirite. Variada coletânea de fatos, de explicações teóricas e
de trechos isolados, que completam o que se encontra nas duas obras
precedentes, formando-lhes, de certo modo, a aplicação. Sua leitura pode
fazer-se simultaneamente com a daquelas obras, porém, mais proveitosa
será, e, sobretudo, mais inteligível, se for feita depois de O Livro dos
Espíritos.
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LIBERDADE NO ESTUDO E AS ESCOLHAS POR COMPARAÇÃO
Em O Livro dos Médiuns, Kardec aconselhou o seguinte: Os que desejem
tudo conhecer de uma ciência devem necessariamente ler tudo o que se
ache escrito sobre a matéria, ou, pelo menos, o que haja de principal, não
se limitando a um único autor. Devem mesmo ler o pró e o contra, as
críticas como as apologias, inteirar-se dos diferentes sistemas, a fim de
poderem julgar por comparação.
Por esse lado, não preconizamos, nem criticamos obra alguma, visto não
querermos, de nenhum modo, influenciar a opinião que dela se possa
formar. Trazendo nossa pedra ao edifício, colocamo-nos nas fileiras.
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Não nos cabe ser juiz e parte e não alimentamos a ridícula pretensão de ser
o único distribuidor da luz. Toca ao leitor separar o bom do mau, o
verdadeiro do falso.
Em 1869, um pouco antes da sua morte em o Catálogo Racional das Obras
para se Fundar uma Biblioteca Espírita escreveu Kardec o seguinte:
Proibir um livro é dar mostras de que o tememos. O Espiritismo, longe de
temer a divulgação dos escritos publicados contra ele e interditar sua
leitura aos adeptos, chama a atenção destes e do público para tais obras, a
fim de que possam julgar por comparação.
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RETORNO A PÁTRIA ESPIRITUAL
Depois deste grandioso trabalho, no dia 31 de março de 1869, com 65
anos de idade, em Paris, vítima da ruptura de um aneurisma, Allan Kardec
retorna à Pátria Espiritual. Sua missão se completa, no entanto, somente
no ano de 1890, quando é editado o livro "Obras Póstumas", reunindo os
últimos escritos do grande Codificador.
LEIA KARDEC!
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