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Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal
de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar
condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste
projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta
a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.
Autoria: Sociedade Brasileira de Nutrição
Parenteral e Enteral
Associação Brasileira de Nutrologia
Colégio Brasileiro de Cirurgiões
Sociedade Brasileira de Clínica Médica
Elaboração Final:	 20 de julho de 2011
Participantes:	 Coppini LZ, Waitzberg DL, Sousa CM, Cukier C, 		
				 Nascimento-Dock DB, Alvarez-Leite J, Faintuch J,
				 Pasco MJ, Buzzini R
Terapia Nutricional para Pacientes com
Obesidade Extrema
2 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:
Foram revisados artigos nas bases de dados do MEDLINE (PubMed) e outras fontes
de pesquisa, como busca manual, sem limite de tempo. Foram utilizados como des-
critores: obesidade mórbida, desnutrição, terapia nutricional, nutrição hipocalórica,
mortalidade, complicações e paciente grave.
GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:
A:	 Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.
B:	 Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.
C:	 Relatos de casos (estudos não controlados).
D:	 Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos 	
fisiológicos ou modelos animais.
OBJETIVO:
Apresentar as diretrizes para o paciente com obesidade extrema necessitando de
terapia nutricional por outras doenças associadas, com base na evidência científica
disponível. O tratamento do paciente deve ser individualizado de acordo com suas
condições clínicas e com a realidade e experiência de cada profissional.
CONFLITO DE INTERESSE:
Nenhum conflito de interesse declarado.
3
Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
Introdução
Obesidade é doença crônica, inflamatória, endócrino-
metabólica, heterogênea, multifatorial e caracterizada pelo
excesso de gordura corporal. A obesidade extrema ou obesidade
grau III é definida pelo índice de massa corporal [IMC = peso
(kg) dividido pela altura (m) ao quadrado] igual ou maior a 40
kg/m2 1
(D).
Nos últimos dois decênios, o tratamento cirúrgico teve im-
pacto positivo sobre a obesidade extrema, já que esta população
tem múltiplas condições patológicas que resultam em internação
hospitalar2
(D). Os efeitos adversos da obesidade em todo o orga-
nismo são bem estabelecidos, estando associada a comorbidades
e aumento da mortalidade de pacientes obesos hospitalizados.
Aproximadamente 26,7% dos pacientes internados em unidades
de terapia intensiva apresentam obesidade e 6,8% são obesos
extremos3
(B).
1.	 A obesidade extrema influencia o estado nutricional e
o metabolismo do paciente?
A síndrome metabólica é definida pela presença de três
ou mais fatores de risco à saúde, conforme aponta o Quadro
14
(D).
Os pacientes obesos extremos hospitalizados necessitam de
considerações adicionais em seus cuidados, pois existem mudanças
mecânicas, metabólicas e inflamatórias induzidas pela obesidade
que comprometem o estado nutricional, como hiperglicemia,
hiperinsulinemia, hipertrigliceridemia, complicações cirúrgicas
e cardiovasculares de difícil controle, com impacto negativo no
resultado da terapia nutricional3
(B)2
(D).
Recomendação
Pacientes obesos apresentam risco para comorbidades crônicas
que influenciam diretamente o estado nutricional e o metabolismo.
A obesidade contribui substancialmente para morbidade e mortali-
dade, com prejuízos à qualidade de vida e aumento dos custos hospi-
talares. Isoladamente, é fator de risco para doenças cardiovasculares
4 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
associadas às dislipidemias, à hipertensão arterial
sistêmica, ao diabetes melitus e à resistência à
insulina, resultando em hiperglicemia e diabetes
melitus tipo II. A obesidade grau III é um estado
pró-inflamatório relacionado à produção das
adipocinas pelo tecido adiposo aumentado5
(D).
2.	 A obesidade extrema aumenta o risco
de desenvolvimento de complicações no
paciente grave?
Alguns dados demonstram que a obesidade
(IMC ≥ 30 kg/m²) não resulta em aumento da
mortalidade em pacientes internados em unidade
de terapia intensiva. Entretanto, os obesos crí-
ticos permaneceram mais tempo em ventilação
mecânica e ficam mais tempo internados quando
comparados aos não obesos6
(C). A obesidade é
fator independente para predizer complicações
em terapia intensiva7
(B).
A doença catabólica associada (trauma,
queimadura, sepse), a dependência de venti-
lação mecânica, a presença do câncer (espe-
cialmente se o paciente recebe quimioterapia
ou radioterapia), e a perda de peso corporal
recente e involuntária aumentam o risco da
desnutrição e com concomitante perda de
massa muscular8
(D).
Recomendação
Para avaliar o risco à saúde devem-se investigar
as comorbidades associadas à obesidade, como a
presença de doenças cardiovasculares, diabetes
melitus e apneia do sono, entre outras enfermi-
dades. Pacientes com sobrepeso ou obesos com
comorbidades associadas apresentam risco elevado
de complicações e mortalidade. Outros fatores,
comotabagismo,hipertensãoarterial,hipercoleste-
rolemia, sensibilidade alterada à insulina e história
familiar completam a lista de risco9
(B).
3.	 Quais são os métodos de avaliação
nutricional mais indicados para o
paciente com obesidade extrema?
Quadro 1
* valores recomendados para a população da América do Sul e América Central4
(A).
Fatores de risco	 Valores de corte
Obesidade abdominal
- homens
- mulheres
Triglicérides (mg/dL)
HDL colesterol (mg/dL)
- Homens
- Mulheres
Hipertensão (mmHg)
Glicemia de jejum (mg/dL)
Circunferência da cintura (cm)*
≥ 90 cm
≥ 80 cm
≥150 mg/dl ou em uso de medicação para TG altos
< 40
< 50
Ou em tratamento para HDL colesterol baixo
Pressão arterial (PA) controlada com medicamentos e/ou PA
≥ 130/85 mmHg
≥ 100 mg/dl
5
Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
O paciente com obesidade extrema deve ser
avaliado com emprego de métodos similares
aos utilizados no paciente não-obeso, incluin-
do história clínica, exame físico e medidas
bioquímicas8
(D).
O método utilizado para a avaliação do
acúmulo de gordura do paciente obeso é a rela-
ção entre peso (kg) e altura (m²), denominado
IMC, em kg/m², ou índice de Quetelet. O IMC
correlaciona-se com massa gorda, morbidade e
mortalidade na população e, geralmente, reflete
o excesso de gordura corporal10
(D). Utilizada
para a avaliação do risco de comorbidades, a
circunferência da cintura indica o excesso de
gordura abdominal, capaz de predizer risco à
saúde e a outras doenças4
(D).
Proteínas plasmáticas, marcadores infla-
matórios e balanço nitrogenado podem ser
utilizados para estimativa do catabolismo e da
agressão da doença associada, que devem ser
interpretados de forma análoga aos parâmetros
dos não-obesos10
(D).
No Quadro 2, pode-se observar a classifica-
ção do sobrepeso e da obesidade pelo IMC, cir-
cunferência da cintura e a associação de riscos.
Recomendação
Os pacientes com obesidade extrema têm
risco nutricional e devem ser submetidos à
triagem nutricional para identificação daqueles
que necessitam de avaliação completa do estado
nutricional. O IMC e a medida da circunferên-
cia da cintura (cm) são métodos para classificar
o grau de obesidade e o risco de comorbidades.
Proteínas plasmáticas, marcadores inflamatórios
e balanço nitrogenado podem ser utilizados.
4.	 Quais são os objetivos da terapia
nutricional nos pacientes obesos ex-
tremos hospitalizados com enfermidade
aguda?
Quadro 2
*Risco de doença: Diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doença cardiovascular
Classificação do grau de obesidade e do risco para comorbidades11
(D)
Risco* relativo de doença para peso normal
e circunferência
Homens < 90 cm ≥ 90 cm
Mulheres < 88 cm ≥ 80 cm
IMC kg/m² Classe da obesidade
Baixo peso < 18,5 __ __
Normal 18,5 a <24,9 __ __
Sobrepeso 25 a < 29,9 Aumentado Auto
30 a 34,9 I Alto Muito alto
35 a 39,9 II Muito alto Muito alto
Obeso mórbido ≥ 40 III Extremamente alto Extremamente alto
6 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
Os efeitos adversos da obesidade sobre todo o
organismo estão bem estabelecidos e, portanto,
o objetivo e as estratégias de terapia nutricional
visam à redução dos efeitos da hiperalimentação
e das complicações relacionadas; para tanto, a
nutrição hipocalórica tem sido instituída para
pacientes obesos9
(B).
Em pacientes obesos hospitalizados com en-
fermidade aguda, o regime de terapia nutricional
hipocalórica pode promover o equilíbrio nitrogena-
doediminuirobalançonegativo,semcausarperda
de peso12
(D). Comparando-se a eficácia clínica
da nutrição enteral normocalórica e hipocalórica,
foi revelado que pacientes obesos que receberam
nutrição hipocalórica tiveram menor permanência
em unidade de terapia intensiva, diminuição na te-
rapiaantibióticaetendênciaareduçãodotempode
ventilação mecânica. Porém, não houve diferença
significativa no balanço nitrogenado e nos níveis
de pré-albumina sérica13
(B).
Pacientes obesos hospitalizados devem ser
monitorados em relação às comorbidades rela-
cionadas à obesidade. Esses cuidados devem ser
rigorosos, pois as complicações da hiperalimen-
tação, particularmente a hiperglicemia, podem
comprometer o prognóstico do doente. Portan-
to, a terapia nutricional no obeso gravemente
enfermo é hipocalórica e hiperproteica, enteral
ou parenteral14
(A)15,16
(D).
Promover a moderada perda de peso corpo-
ral, de 5% a 10%, representa queda significante
de 30% do tecido adiposo visceral e significante
decréscimo dos fatores de risco do paciente
obeso. A diminuição da pressão arterial e dos
lipídios séricos, a melhora da sensibilidade à in-
sulina, a normalização da glicemia e da insuline-
mia, a diminuição da suscetibilidade à trombose
venosa, assim como redução dos marcadores
inflamatórios e de doenças cardiovasculares, são
alcançados com a perda de peso17
(D).
Recomendação
Os objetivos da terapia nutricional nos
pacientes obesos extremos hospitalizados são:
diminuir as complicações relacionadas à hipera-
limentação, reduzir as comorbidades, diminuir
o catabolismo proteico, restaurar as funções
orgânicas e metabólicas, bem como aumentar
a expectativa e a qualidade de vida.
5.	 Qual é a recomendação nutricional
para o paciente com obesidade extrema
hospitalizado com enfermidade aguda?
O gasto energético é calculado por meio de
calorimetria indireta; na ausência desta, não há
consenso de qual peso utilizar para cálculo do
metabolismo em repouso; tendo como opção o
peso ideal (IMC = 25) ou o peso atual (mais fre-
quentemente usado). O cálculo do aporte diário
de energia para IMC ≥ 30 deve variar entre 11
a 14 kcal/kg de peso atual/dia (ou 22-25 kcal/kg
de peso ideal/dia), para minimizar o catabolismo
presente nestes pacientes14,18
(A)19
(B)20
(D). Fre-
quentemente é usado o peso ajustado [Peso ideal
ajustado = Peso ideal + (peso real – peso ideal)
x 0,25)20
(D)] para cálculo da terapia nutricional
no obeso, ofertando assim 20 kcal/kg de peso
ajustado/dia13
(B).
Pacientes obesos que recebem 33-70% das
suas necessidades calóricas apresentam melhores
resultados clínicos quando comparados aos que
recebem alimentação eucalórica. É possível
que a restrição calórica melhore a sensibilidade
à insulina e reduza o risco de infecções21
(D).
7
Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
A ingestão proteica deve ser mantida en-
tre 1,5 a 2,5 g/kg de peso ideal ajustado/dia,
para minimizar o catabolismo presente nestes
pacientes14,18
(A)19
(B)20
(D). Para pacientes com
IMC entre 30 e 40, o aporte proteico deve ser >
2,0g/kgdepesoidealajustado/diaeparaIMC>40
deveser≥a2,5g/kgdepesoidealajustado/dia20
(D).
A terapia nutricional enteral não deve ex-
ceder 60-70% das necessidades energéticas no
obeso gravemente doente. Obesos normalmente
possuem alterações relacionadas a síndrome
de hipoventilação, atelectasia e predisposição a
infecções pulmonares. Por outro lado, estes pa-
cientes também possuem intolerância à glicose.
Assim, a escolha da fonte de calorias (lipídeos ou
carboidratos) deve seguir as recomendações para
as doenças de base22
(B)23-25
(D).
Recomendação
Dieta com restrição calórica, hiperproteica, a
qual deve ser adequada quanto à necessidade de
lipídeos e carboidratos, conforme recomendação
da doença de base.
6.	De que forma a terapia nutricional
pode ser implementada para o paciente
com obesidade extrema e enfermidade
aguda?
A via enteral é a preferencial e deve ser
iniciada, sempre que possível, em 24 horas. O
uso de agentes procinéticos pode ser indicado
quando a nutrição enteral não for bem tolerada.
A administração de metoclopramida ou eritromi-
cina como procinéticos deve ser considerada se
o paciente apresentar resíduo gástrico alto26
(D).
Quando mais que 80% das necessidades calóricas
não forem administradas em 72 horas, a terapia
nutricional parenteral pode ser indicada27
(D).
Recomendação
As indicações gerais para terapia nutricional
enteral e parenteral permanecem essencialmente
inalteradas na obesidade extrema. A implementa-
ção da terapia nutricional em paciente com obe-
sidade extrema deve ocorrer o mais brevemente
possível, semelhante ao que acontece em outras
condições clínicas, dando-se preferência à via de
administração mais fisiológica.
7.	Há contraindicações à terapia nu-
tricional em pacientes com obesidade
extrema e enfermidade aguda?
Não há relatos específicos sobre contraindica-
ções à terapia nutricional, apenas recomenda-se
atenção, já que pacientes obesos também possuem
maior tendência à aspiração, desmame de ventila-
dor mais tardio e alterações hepáticas decorrentes
de esteatohepatite não alcoólica22
(B)24,25
(D).
Recomendação
A terapia nutricional não deve ser iniciada ou
deve ser descontinuada se houver instabilidade
hemodinâmica.
8.	 Qual é a terapia nutricional para o
paciente com obesidade extrema sem
enfermidade aguda?
A terapia nutricional para o paciente com
obesidade tem como objetivo promover a perda
de peso corporal de forma saudável, com mu-
dança de hábitos alimentares e estilo de vida. A
restrição energética em relação à alimentação
ingerida previamente pelo paciente, associada
à correção dos erros alimentares mais impor-
tantes, é a maneira mais eficaz de alcançar esse
objetivo10,11
(D).
8 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
Dietas de baixa caloria não estão indicadas
a pacientes obesos extremos hospitalizados com
doenças hipermetabólicas, sendo recomendada
para pacientes obesos não hospitalizados diminui-
ção da ingestão calórica de 500-1000 kcal/dia, o
que pode promover perdas ponderais de 0,5-1 kg/
semana11,28
(D).
A prescrição da dieta hipocalórica tem sido
considerada sempre como parte substancial do tra-
tamento da obesidade. Déficit calórico proveniente
da dieta pode resultar em perda de peso corporal e
melhorar as comorbidades. Dietas muito restritas
são desencorajadas, pelo risco de deficiência de
micronutrientes e pela dificuldade de adesão e
manutenção do peso perdido29
(A)30
(B).
Recomenda-se a ingestão de fibras, como
leguminosas, hortaliças, frutas e grãos integrais,
entre 20-30 g/dia31
(B), controle do consumo de
sódio e observação de adequada ingestão de cálcio,
principalmente em mulheres.
Recomendação
A distribuição de macronutrientes indicada é:
55%a60%decarboidratos,15-20%proteínas,<
30% de gordura do valor energético total (VET);
diminuiçãodaingestãodegordurasaturada<10%
doVET,seLDL-colesterol,>100mg/dlaté7%do
VET31
(B); aumento na ingestão de gordura poli-
insaturada e monoinsaturada (PUFA e MUFA),
10% e 15%, respectivamente11
(D).
9.	 Quando é necessário restringir calorias
ao paciente com obesidade extrema?
Em todas as situações, esteja o paciente hospi-
talizado ou não. Isso porque a resposta orgânica à
injúriadoobesoésemelhanteàdoindivíduoeutrófi-
co,sendooexcessodeenergiaigualmentedeletério.
Em adição, obesos já são indivíduos previamente
inflamados (altos níveis de proteína C reativa, fator
denecrosetumoral–TNFalfa,etc),comlimitações
respiratórias (pela síndrome de hipoventilação) e
diabetes melitus tipo 222,32
(B)23
(D). Todas estas
situaçõesaumentamoriscodecomplicaçõesquando
outra doença está associada, necessitando assim de
cuidado especial no equilíbrio energético.
A redução calórica pode melhorar o tempo
de internação e as complicações (respiratórias e
metabólicas), além de manter o balanço energético
semelhante ao de pacientes com dietas normo ou
hipercalóricas20,28
(D).
Em pacientes candidatos à cirurgia bariátrica,
verifica-se que a perda de peso corporal no pré-
operatório, por no mínimo duas semanas, pode
reduzir a gordura abdominal e diminuir os riscos
da operação33
(B)34
(D).
Nopós-operatóriotardiodecirurgiabariátrica,
se não ocorreu resolução das comorbidades,como
diabetes melitus, dislipidemia ou hipertensão
arterial sistêmica, obedecendo-se às normas
correspondentes a cada enfermidade, também se
deve restringir as calorias33
(B).
Na gravidez, a restrição calórica está indicada
com o propósito de evitar o ganho excessivo de
peso e o surgimento de diabetes gestacional e de
macrossomia fetal, assim como a necessidade de
cesariana e outras comorbidades35
(D).
Recomendação
É necessário restringir calorias no paciente
com obesidade extrema: sempre que o paciente
não for operado da cirurgia bariátrica, incluindo-se
adolescentes; no pós-operatório tardio de cirurgia
bariátrica, se não ocorreu resolução das comorbi-
dades; no pré-operatório de cirurgia bariátrica, por
no mínimo duas semanas; na gravidez, tanto da
paciente obesa cirúrgica como não-cirúrgica.
9
Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
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tance. A multifaceted syndrome responsible
for NIDDM, obesity, hypertension, dysli-
pidemia and atherosclerotic cardiovascular
disease. Diabetes Care 1991;3:173-94.
37.	Expert Panel on Detection, Evaluation, and
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Adults. Executive Summary of the Third
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Terapia nutricional para_pacientes_com_obesidade_extrema

  • 1. 1 Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. Autoria: Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral Associação Brasileira de Nutrologia Colégio Brasileiro de Cirurgiões Sociedade Brasileira de Clínica Médica Elaboração Final: 20 de julho de 2011 Participantes: Coppini LZ, Waitzberg DL, Sousa CM, Cukier C, Nascimento-Dock DB, Alvarez-Leite J, Faintuch J, Pasco MJ, Buzzini R Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema
  • 2. 2 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA: Foram revisados artigos nas bases de dados do MEDLINE (PubMed) e outras fontes de pesquisa, como busca manual, sem limite de tempo. Foram utilizados como des- critores: obesidade mórbida, desnutrição, terapia nutricional, nutrição hipocalórica, mortalidade, complicações e paciente grave. GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA: A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência. B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência. C: Relatos de casos (estudos não controlados). D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. OBJETIVO: Apresentar as diretrizes para o paciente com obesidade extrema necessitando de terapia nutricional por outras doenças associadas, com base na evidência científica disponível. O tratamento do paciente deve ser individualizado de acordo com suas condições clínicas e com a realidade e experiência de cada profissional. CONFLITO DE INTERESSE: Nenhum conflito de interesse declarado.
  • 3. 3 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Introdução Obesidade é doença crônica, inflamatória, endócrino- metabólica, heterogênea, multifatorial e caracterizada pelo excesso de gordura corporal. A obesidade extrema ou obesidade grau III é definida pelo índice de massa corporal [IMC = peso (kg) dividido pela altura (m) ao quadrado] igual ou maior a 40 kg/m2 1 (D). Nos últimos dois decênios, o tratamento cirúrgico teve im- pacto positivo sobre a obesidade extrema, já que esta população tem múltiplas condições patológicas que resultam em internação hospitalar2 (D). Os efeitos adversos da obesidade em todo o orga- nismo são bem estabelecidos, estando associada a comorbidades e aumento da mortalidade de pacientes obesos hospitalizados. Aproximadamente 26,7% dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva apresentam obesidade e 6,8% são obesos extremos3 (B). 1. A obesidade extrema influencia o estado nutricional e o metabolismo do paciente? A síndrome metabólica é definida pela presença de três ou mais fatores de risco à saúde, conforme aponta o Quadro 14 (D). Os pacientes obesos extremos hospitalizados necessitam de considerações adicionais em seus cuidados, pois existem mudanças mecânicas, metabólicas e inflamatórias induzidas pela obesidade que comprometem o estado nutricional, como hiperglicemia, hiperinsulinemia, hipertrigliceridemia, complicações cirúrgicas e cardiovasculares de difícil controle, com impacto negativo no resultado da terapia nutricional3 (B)2 (D). Recomendação Pacientes obesos apresentam risco para comorbidades crônicas que influenciam diretamente o estado nutricional e o metabolismo. A obesidade contribui substancialmente para morbidade e mortali- dade, com prejuízos à qualidade de vida e aumento dos custos hospi- talares. Isoladamente, é fator de risco para doenças cardiovasculares
  • 4. 4 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina associadas às dislipidemias, à hipertensão arterial sistêmica, ao diabetes melitus e à resistência à insulina, resultando em hiperglicemia e diabetes melitus tipo II. A obesidade grau III é um estado pró-inflamatório relacionado à produção das adipocinas pelo tecido adiposo aumentado5 (D). 2. A obesidade extrema aumenta o risco de desenvolvimento de complicações no paciente grave? Alguns dados demonstram que a obesidade (IMC ≥ 30 kg/m²) não resulta em aumento da mortalidade em pacientes internados em unidade de terapia intensiva. Entretanto, os obesos crí- ticos permaneceram mais tempo em ventilação mecânica e ficam mais tempo internados quando comparados aos não obesos6 (C). A obesidade é fator independente para predizer complicações em terapia intensiva7 (B). A doença catabólica associada (trauma, queimadura, sepse), a dependência de venti- lação mecânica, a presença do câncer (espe- cialmente se o paciente recebe quimioterapia ou radioterapia), e a perda de peso corporal recente e involuntária aumentam o risco da desnutrição e com concomitante perda de massa muscular8 (D). Recomendação Para avaliar o risco à saúde devem-se investigar as comorbidades associadas à obesidade, como a presença de doenças cardiovasculares, diabetes melitus e apneia do sono, entre outras enfermi- dades. Pacientes com sobrepeso ou obesos com comorbidades associadas apresentam risco elevado de complicações e mortalidade. Outros fatores, comotabagismo,hipertensãoarterial,hipercoleste- rolemia, sensibilidade alterada à insulina e história familiar completam a lista de risco9 (B). 3. Quais são os métodos de avaliação nutricional mais indicados para o paciente com obesidade extrema? Quadro 1 * valores recomendados para a população da América do Sul e América Central4 (A). Fatores de risco Valores de corte Obesidade abdominal - homens - mulheres Triglicérides (mg/dL) HDL colesterol (mg/dL) - Homens - Mulheres Hipertensão (mmHg) Glicemia de jejum (mg/dL) Circunferência da cintura (cm)* ≥ 90 cm ≥ 80 cm ≥150 mg/dl ou em uso de medicação para TG altos < 40 < 50 Ou em tratamento para HDL colesterol baixo Pressão arterial (PA) controlada com medicamentos e/ou PA ≥ 130/85 mmHg ≥ 100 mg/dl
  • 5. 5 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina O paciente com obesidade extrema deve ser avaliado com emprego de métodos similares aos utilizados no paciente não-obeso, incluin- do história clínica, exame físico e medidas bioquímicas8 (D). O método utilizado para a avaliação do acúmulo de gordura do paciente obeso é a rela- ção entre peso (kg) e altura (m²), denominado IMC, em kg/m², ou índice de Quetelet. O IMC correlaciona-se com massa gorda, morbidade e mortalidade na população e, geralmente, reflete o excesso de gordura corporal10 (D). Utilizada para a avaliação do risco de comorbidades, a circunferência da cintura indica o excesso de gordura abdominal, capaz de predizer risco à saúde e a outras doenças4 (D). Proteínas plasmáticas, marcadores infla- matórios e balanço nitrogenado podem ser utilizados para estimativa do catabolismo e da agressão da doença associada, que devem ser interpretados de forma análoga aos parâmetros dos não-obesos10 (D). No Quadro 2, pode-se observar a classifica- ção do sobrepeso e da obesidade pelo IMC, cir- cunferência da cintura e a associação de riscos. Recomendação Os pacientes com obesidade extrema têm risco nutricional e devem ser submetidos à triagem nutricional para identificação daqueles que necessitam de avaliação completa do estado nutricional. O IMC e a medida da circunferên- cia da cintura (cm) são métodos para classificar o grau de obesidade e o risco de comorbidades. Proteínas plasmáticas, marcadores inflamatórios e balanço nitrogenado podem ser utilizados. 4. Quais são os objetivos da terapia nutricional nos pacientes obesos ex- tremos hospitalizados com enfermidade aguda? Quadro 2 *Risco de doença: Diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doença cardiovascular Classificação do grau de obesidade e do risco para comorbidades11 (D) Risco* relativo de doença para peso normal e circunferência Homens < 90 cm ≥ 90 cm Mulheres < 88 cm ≥ 80 cm IMC kg/m² Classe da obesidade Baixo peso < 18,5 __ __ Normal 18,5 a <24,9 __ __ Sobrepeso 25 a < 29,9 Aumentado Auto 30 a 34,9 I Alto Muito alto 35 a 39,9 II Muito alto Muito alto Obeso mórbido ≥ 40 III Extremamente alto Extremamente alto
  • 6. 6 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Os efeitos adversos da obesidade sobre todo o organismo estão bem estabelecidos e, portanto, o objetivo e as estratégias de terapia nutricional visam à redução dos efeitos da hiperalimentação e das complicações relacionadas; para tanto, a nutrição hipocalórica tem sido instituída para pacientes obesos9 (B). Em pacientes obesos hospitalizados com en- fermidade aguda, o regime de terapia nutricional hipocalórica pode promover o equilíbrio nitrogena- doediminuirobalançonegativo,semcausarperda de peso12 (D). Comparando-se a eficácia clínica da nutrição enteral normocalórica e hipocalórica, foi revelado que pacientes obesos que receberam nutrição hipocalórica tiveram menor permanência em unidade de terapia intensiva, diminuição na te- rapiaantibióticaetendênciaareduçãodotempode ventilação mecânica. Porém, não houve diferença significativa no balanço nitrogenado e nos níveis de pré-albumina sérica13 (B). Pacientes obesos hospitalizados devem ser monitorados em relação às comorbidades rela- cionadas à obesidade. Esses cuidados devem ser rigorosos, pois as complicações da hiperalimen- tação, particularmente a hiperglicemia, podem comprometer o prognóstico do doente. Portan- to, a terapia nutricional no obeso gravemente enfermo é hipocalórica e hiperproteica, enteral ou parenteral14 (A)15,16 (D). Promover a moderada perda de peso corpo- ral, de 5% a 10%, representa queda significante de 30% do tecido adiposo visceral e significante decréscimo dos fatores de risco do paciente obeso. A diminuição da pressão arterial e dos lipídios séricos, a melhora da sensibilidade à in- sulina, a normalização da glicemia e da insuline- mia, a diminuição da suscetibilidade à trombose venosa, assim como redução dos marcadores inflamatórios e de doenças cardiovasculares, são alcançados com a perda de peso17 (D). Recomendação Os objetivos da terapia nutricional nos pacientes obesos extremos hospitalizados são: diminuir as complicações relacionadas à hipera- limentação, reduzir as comorbidades, diminuir o catabolismo proteico, restaurar as funções orgânicas e metabólicas, bem como aumentar a expectativa e a qualidade de vida. 5. Qual é a recomendação nutricional para o paciente com obesidade extrema hospitalizado com enfermidade aguda? O gasto energético é calculado por meio de calorimetria indireta; na ausência desta, não há consenso de qual peso utilizar para cálculo do metabolismo em repouso; tendo como opção o peso ideal (IMC = 25) ou o peso atual (mais fre- quentemente usado). O cálculo do aporte diário de energia para IMC ≥ 30 deve variar entre 11 a 14 kcal/kg de peso atual/dia (ou 22-25 kcal/kg de peso ideal/dia), para minimizar o catabolismo presente nestes pacientes14,18 (A)19 (B)20 (D). Fre- quentemente é usado o peso ajustado [Peso ideal ajustado = Peso ideal + (peso real – peso ideal) x 0,25)20 (D)] para cálculo da terapia nutricional no obeso, ofertando assim 20 kcal/kg de peso ajustado/dia13 (B). Pacientes obesos que recebem 33-70% das suas necessidades calóricas apresentam melhores resultados clínicos quando comparados aos que recebem alimentação eucalórica. É possível que a restrição calórica melhore a sensibilidade à insulina e reduza o risco de infecções21 (D).
  • 7. 7 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina A ingestão proteica deve ser mantida en- tre 1,5 a 2,5 g/kg de peso ideal ajustado/dia, para minimizar o catabolismo presente nestes pacientes14,18 (A)19 (B)20 (D). Para pacientes com IMC entre 30 e 40, o aporte proteico deve ser > 2,0g/kgdepesoidealajustado/diaeparaIMC>40 deveser≥a2,5g/kgdepesoidealajustado/dia20 (D). A terapia nutricional enteral não deve ex- ceder 60-70% das necessidades energéticas no obeso gravemente doente. Obesos normalmente possuem alterações relacionadas a síndrome de hipoventilação, atelectasia e predisposição a infecções pulmonares. Por outro lado, estes pa- cientes também possuem intolerância à glicose. Assim, a escolha da fonte de calorias (lipídeos ou carboidratos) deve seguir as recomendações para as doenças de base22 (B)23-25 (D). Recomendação Dieta com restrição calórica, hiperproteica, a qual deve ser adequada quanto à necessidade de lipídeos e carboidratos, conforme recomendação da doença de base. 6. De que forma a terapia nutricional pode ser implementada para o paciente com obesidade extrema e enfermidade aguda? A via enteral é a preferencial e deve ser iniciada, sempre que possível, em 24 horas. O uso de agentes procinéticos pode ser indicado quando a nutrição enteral não for bem tolerada. A administração de metoclopramida ou eritromi- cina como procinéticos deve ser considerada se o paciente apresentar resíduo gástrico alto26 (D). Quando mais que 80% das necessidades calóricas não forem administradas em 72 horas, a terapia nutricional parenteral pode ser indicada27 (D). Recomendação As indicações gerais para terapia nutricional enteral e parenteral permanecem essencialmente inalteradas na obesidade extrema. A implementa- ção da terapia nutricional em paciente com obe- sidade extrema deve ocorrer o mais brevemente possível, semelhante ao que acontece em outras condições clínicas, dando-se preferência à via de administração mais fisiológica. 7. Há contraindicações à terapia nu- tricional em pacientes com obesidade extrema e enfermidade aguda? Não há relatos específicos sobre contraindica- ções à terapia nutricional, apenas recomenda-se atenção, já que pacientes obesos também possuem maior tendência à aspiração, desmame de ventila- dor mais tardio e alterações hepáticas decorrentes de esteatohepatite não alcoólica22 (B)24,25 (D). Recomendação A terapia nutricional não deve ser iniciada ou deve ser descontinuada se houver instabilidade hemodinâmica. 8. Qual é a terapia nutricional para o paciente com obesidade extrema sem enfermidade aguda? A terapia nutricional para o paciente com obesidade tem como objetivo promover a perda de peso corporal de forma saudável, com mu- dança de hábitos alimentares e estilo de vida. A restrição energética em relação à alimentação ingerida previamente pelo paciente, associada à correção dos erros alimentares mais impor- tantes, é a maneira mais eficaz de alcançar esse objetivo10,11 (D).
  • 8. 8 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Dietas de baixa caloria não estão indicadas a pacientes obesos extremos hospitalizados com doenças hipermetabólicas, sendo recomendada para pacientes obesos não hospitalizados diminui- ção da ingestão calórica de 500-1000 kcal/dia, o que pode promover perdas ponderais de 0,5-1 kg/ semana11,28 (D). A prescrição da dieta hipocalórica tem sido considerada sempre como parte substancial do tra- tamento da obesidade. Déficit calórico proveniente da dieta pode resultar em perda de peso corporal e melhorar as comorbidades. Dietas muito restritas são desencorajadas, pelo risco de deficiência de micronutrientes e pela dificuldade de adesão e manutenção do peso perdido29 (A)30 (B). Recomenda-se a ingestão de fibras, como leguminosas, hortaliças, frutas e grãos integrais, entre 20-30 g/dia31 (B), controle do consumo de sódio e observação de adequada ingestão de cálcio, principalmente em mulheres. Recomendação A distribuição de macronutrientes indicada é: 55%a60%decarboidratos,15-20%proteínas,< 30% de gordura do valor energético total (VET); diminuiçãodaingestãodegordurasaturada<10% doVET,seLDL-colesterol,>100mg/dlaté7%do VET31 (B); aumento na ingestão de gordura poli- insaturada e monoinsaturada (PUFA e MUFA), 10% e 15%, respectivamente11 (D). 9. Quando é necessário restringir calorias ao paciente com obesidade extrema? Em todas as situações, esteja o paciente hospi- talizado ou não. Isso porque a resposta orgânica à injúriadoobesoésemelhanteàdoindivíduoeutrófi- co,sendooexcessodeenergiaigualmentedeletério. Em adição, obesos já são indivíduos previamente inflamados (altos níveis de proteína C reativa, fator denecrosetumoral–TNFalfa,etc),comlimitações respiratórias (pela síndrome de hipoventilação) e diabetes melitus tipo 222,32 (B)23 (D). Todas estas situaçõesaumentamoriscodecomplicaçõesquando outra doença está associada, necessitando assim de cuidado especial no equilíbrio energético. A redução calórica pode melhorar o tempo de internação e as complicações (respiratórias e metabólicas), além de manter o balanço energético semelhante ao de pacientes com dietas normo ou hipercalóricas20,28 (D). Em pacientes candidatos à cirurgia bariátrica, verifica-se que a perda de peso corporal no pré- operatório, por no mínimo duas semanas, pode reduzir a gordura abdominal e diminuir os riscos da operação33 (B)34 (D). Nopós-operatóriotardiodecirurgiabariátrica, se não ocorreu resolução das comorbidades,como diabetes melitus, dislipidemia ou hipertensão arterial sistêmica, obedecendo-se às normas correspondentes a cada enfermidade, também se deve restringir as calorias33 (B). Na gravidez, a restrição calórica está indicada com o propósito de evitar o ganho excessivo de peso e o surgimento de diabetes gestacional e de macrossomia fetal, assim como a necessidade de cesariana e outras comorbidades35 (D). Recomendação É necessário restringir calorias no paciente com obesidade extrema: sempre que o paciente não for operado da cirurgia bariátrica, incluindo-se adolescentes; no pós-operatório tardio de cirurgia bariátrica, se não ocorreu resolução das comorbi- dades; no pré-operatório de cirurgia bariátrica, por no mínimo duas semanas; na gravidez, tanto da paciente obesa cirúrgica como não-cirúrgica.
  • 9. 9 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Referências 1. World Health Organization (WHO). It’s obesity: prevention and management of the global epidemic. The WHO consultation on obesity. Geneva:WHO;2002. 2. Choban PS, Dickerson RN. Morbid obesity and nutrition support: is bigger different? Nutr Clin Pract 2005;20:480-7. 3. Nasraway SA Jr, Albert M, Donnelly AM, Ruthazer R, Shikora SA, Saltzman E. Morbid obesity is an independent determinant of death among surgical critically ill patients. Crit Care Med 2006;34:964-70. 4. Alberti KG, Eckel RH, Grundy SM, Zim- met PZ, Cleeman JI, Donato KA, et al. Harmonizing the metabolic syndrome: a joint interim statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epide- miology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American He- art Association; World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and International Association for the Study of Obesity. Circulation 2009;120:1640-5. 5. Ferrante AW Jr. Obesity-induced in- flammation: a metabolic dialogue in the language of inflammation. J Intern Med 2007;262:408-14. 6. Akinnusi ME, Pineda LA, El Solh AA. Effect of obesity on intensive care morbidity and mortality: a meta-analysis. Crit Care Med 2008;36:151-8. 7. Bercault N, Boulain T, Kuteifan K, Wolf M, Runge I, Fleury JC. Obesity-related excess mortality rate in an adult intensive care unit: a risk-adjusted matched cohort study. Crit Care Med 2004;32:998-1003. 8. August D, Teitelbaum D, Albina J, Bothe A, Guenter P, Heitkemper M, et al. Guidelines for the use of parenteral and enteral nutrition in adult and pediatric patients. J Parenter Enter Nutr 2002;26(Suppl 1):S52-4. 9. Scott SK, Rabito FA, Price PD, Butler NN, Schwartzbaum JA, Jackson BM, et al. Comorbidity among the morbidly obese: a comparative study of 2002 U.S. hospital patient discharges. Surg Obes Relat Dis 2006;2:105-11. 10. Rollison D, Shikora SA, Sutterman E. Obe- sity.In:GottschlichMM,ed.TheA.S.P .E.N. Nutrition support core curriculum. Silver Spring: American Society of Parenteral and Enteral Nutrition;2007. p.695-721. 11. NHLBI Obesity Education Initiative. Clinical guidelines on the identification, evaluation, and treatment of overweight and obesity in adults: the evidence report. NIH Publication No. 98-4083. Bethesda: U.S. Department of Health and Human Services, Public Health Service, National Institutes of Health, National Heart, Lung, and Blood Institute;1998. 12. Malone AM. Permissive underfeeding: its appropriateness in patient with obesity patients on parenteral nutrition and non- obese patients receiving enteral nutrition. Curr Gastroenterol Rep 2007;9:317-22.
  • 10. 10 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 13. Dickerson RN, Boschert KJ, Kudsk KA, Brown RO. Hypocaloric enteral tube feeding in critically ill obese patients. Nu- trition 2002;18:241-6. 14. Burge JC, Goon A, Choban PS, Flan- cbaum L. Efficacy of hypocaloric total parenteral nutrition in hospitalized obese patients: a prospective, double-blind rando- mized trial. JPEN J Parenter Enteral Nutr 1994;18:203-7. 15. Dickerson RN. Hypocaloric feeding of obese patients in the intensive care unit. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2005;8:189-96. 16. Miller JP, Choban PS. Feeding the critically ill obese patient: the role of hypocaloric nutrition support. Respir Care Clin N Am 2006;12:593-601. 17. Després JP. Lipoprotein metabolism in visceral obesity. Int J Obes 1991;15(Suppl 2):45-52. 18. Choban PS, Burge JC, Scales D, Flanc- baum L. Hypoenergetic nutrition support in hospitalized obese patients: a simplified method for clinical application. Am J Clin Nutr 1997;66:546-50. 19. Liu KJ, Cho MJ, Atten MJ, Panizales E, Walter R, Hawkins D, et al. Hypocaloric parenteral nutrition support in elderly obese patients. Am Surg 2000;66:394-400. 20. El-Solh AA. Clinical approach to the critically ill, morbidly obese patient. Am J Respir Crit Care Med 2004;169:557-61. 21. Reeds DN. Nutrition support in the obese, diabetic patient: the role of hypo- caloric feeding. Curr Opin Gastroenterol 2009;25:151-4. 22. Bochicchio GV, Joshi M, Bochicchio K, Nehman S, Tracy JK, Scalea TM. Impact of obesity in the critically ill trauma pa- tient: a prospective study. J Am Coll Surg 2006;203:533-8. 23. Oliveros H, Villamor E. Obesity and mor- tality in critically ill adults: a systematic review and meta-analysis. Obesity (Silver Spring) 2008;16:515-21. 24. Frat JP. Obesity in ICU patients: in- crease or decrease in mortality? Chest 2005;127:414. 25. Vachharajani V, Vital S. Obesity and sepsis. J Intensive Care Med 2006;21:287-95. 26. Kreymann KG, Berger MM, Deutz NE, Hiesmayr M, Jolliet P, Kazandjiev G, et al. ESPEN Guidelines on enteral nutrition: intensive care. Clin Nutr 2006;25:210-23. 27. Joffe A, Wood K. Obesity in critical care. Curr Opin Anaesthesiol 2007;20:113-8. 28. Sociedade Brasileira de Hipertensão, Socie- dade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Sociedade Brasileira de Diabetes, Associa- ção Brasileira para Estudos da Obesidade. I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Trata- mento de Síndrome Metabólica. Arq Bras Cardiol 2005;84(Supl. I):1-28.
  • 11. 11 Terapia Nutricional para Pacientes com Obesidade Extrema Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 29. Ayyad C, Andersen T. Long-term effi- cacy of dietary treatment of obesity: a systematic review of studies published between 1931 and 1999. Obes Rev 2000;1:113-9. 30. Lowe MR, Foster GD, Kerzhnerman I, Swain RM, Wadden TA. Restrictive dieting vs. “undieting” effects on eating regulation in obese clinic attenders. Addict Behav 2001;26:253-66. 31. McKeown NM, Meigs JB, Liu S, Wilson PW, Jacques PF . Whole-grain intake is fa- vorable associated with metabolic risk fac- tors for type 2 diabetes and cardiovascular disease in the Framingham Offspring Study. Am J Clin Nutr 2002;76:390-8. 32. Brown CV, Neville AL, Rhee P, Salim A, Velmahos GC, Demetriades D. The impact of obesity on the outcomes of 1,153 critically injured blunt trauma patients. J Trauma 2005;59:1048-51. 33. Colles SL, Dixon JB, Marks P, Strauss BJ, O’Brien PE. Preoperative weight loss with a very-low-energy diet: quanti- tation of changes in liver and abdominal fat by serial imaging. Am J Clin Nutr 2006;84:304-11. 34. Mechanick JI, Kushner RF, Sugerman HJ, Gonzalez-Campoy JM, Collazo-Clavell ML, Guven S, et al. Executive summary of the recommendations of the American Association of Clinical Endocrinologists, the Obesity Society, and American Society for Metabolic & Bariatric Surgery medi- cal guidelines for clinical practice for the perioperative nutritional, metabolic, and nonsurgical support of the bariatric surgery patient. Endocr Pract 2008;14:318-36. 35. American College of Obstetricians and Gy- necologists. ACOG Committee Opinion number 315, September 2005. Obesity in pregnancy.ObstetGynecol2005;106:671-5. 36. DeFronzo RA, Ferrannini E. Insulin resis- tance. A multifaceted syndrome responsible for NIDDM, obesity, hypertension, dysli- pidemia and atherosclerotic cardiovascular disease. Diabetes Care 1991;3:173-94. 37. Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. Executive Summary of the Third Report of the National Cholesterol Education Program(NCEP)ExpertPanelonDetection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). JAMA 2001;285:2486-97.