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2014
ATENÇÃO BÁSICA
CADERNOS
de
ESTRATÉGIAS PARA O CUIDADO DA PESSOA COM DOENÇA CRÔNICA
OBESIDADE
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção à Saúde
Departamento de Atenção Básica
ESTRATÉGIAS PARA O CUIDADO DA PESSOA COM DOENÇA CRÔNICA
OBESIDADE
Cadernos de Atenção Básica, no
38
Brasília – DF
2014
© 2014 Ministério da Saúde.
Todos os direitos reservados. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual
em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>. O conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da
Saúde pode ser acessado na página: <www.saude.gov.br/editora>.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial
– Sem Derivações 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que
citada a fonte.
Tiragem: 1ª edição – 2014 – 20.000 exemplares
Elaboração, distribuição e Informações:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção à Saúde
Departamento de Atenção Básica
Edifício Premium, SAF Sul, Quadra 2,
Lote 5/6, Bloco II, Subsolo
CEP: 70.070-600 – Brasília/DF
Fone: (61) 3315-9031
E-mail: dab@saude.gov.br
Site: dab.saude.gov.br
Editor geral:
Hêider Aurélio Pinto
Editor técnico geral:
Patrícia Constante Jaime
Patrícia Sampaio Chueiri
Coordenação técnica geral:
Patrícia Constante Jaime
Revisão técnica geral:
Ana Carolina Feldenheimer da Silva
Autores:
Aline Schilling Copstein.
Ana Carolina Feldenheimer da Silva
Aneron de Avila Canals
Carolina Belomo de Souza
Danielle Keylla Alencar Cruz
Danusa Santos Brandão
Gisele Ane Bortolini
José Eudes Barroso
Lena Azeredo de Lima
Maria Natacha Toral Bertolin
Mariana Carvalho Pinheiro
Pablo de Lannoy Stürmer
Renata de Souza Escobar
Sandra Matsudo
Tanara Vogel Pinheiro
Colaboração:
Beatriz Martins da Costa Maciel
Mara Lucia dos Santos Costa
Editora responsável:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria-Executiva
Subsecretaria de Assuntos Administrativos
Coordenação-Geral de Documentação e Informação
Coordenação de Gestão Editorial
SIA, Trecho 4, lotes 540/610
CEP: 71200-040 – Brasília/DF
Tels.: (61) 3315-7790 / 3315-7794
Fax: (61) 3233-9558
Site: http://editora.saude.gov.br
E-mail: editora.ms@saude.gov.br
Equipe editorial:
Normalização: Amanda Soares
Revisão: Marcia Medrado Abrantes e Eveline de Assis
Capa, projeto gráfico e diagramação: Marcelo Gomes
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Ficha Catalográfica
_______________________________________________________________________________________________________
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica : obesidade / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
212 p. : il. – (Cadernos de Atenção Básica, n. 38)
ISBN 978-85-334-2121-9
1. Obesidade – prevenção e controle. 2. Comportamento alimentar. 3. Promoção da saúde. I. Título.
CDU 616-056.2
_______________________________________________________________________________________________________
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2014/0121
Títulos para indexação:
Em inglês: Strategies for the care of the person with chronic disease: Obesity
Em espanhol: Estrategias para el cuidado de la persona con enfermedad crónica: Obesidad
Figura 1 – Fluxograma descritivo de atividades para a Atenção à Saúde, segundo
classificação do IMC na Atenção Básica para indivíduos adultos.........................................33
Figura 2 – Fluxograma para atendimento de crianças e de adolescentes com excesso
de peso .....................................................................................................................................50
Figura 3 – Avaliação do traçado da curva de acompanhamento do estado nutricional da
gestante, segundo o gráfico de Índice de Massa Corporal, por semana gestacional...........63
Figura 4 – Proposta de algoritmo para avaliação dos estágios de mudança em relação
à perda de peso ........................................................................................................................80
Figura 5 – Proposta para o processo de estabelecimento de metas.....................................82
Tabela 1 – Ponto de corte de IMC, de acordo com a idade, para diagnóstico de excesso
de peso e de obesidade.............................................................................................................39
Tabela 2 – Critérios para classificação do estado nutricional, de acordo com os índices
antropométricos.......................................................................................................................40
Tabela 3 – Valores críticos e índices antropométricos para classificação do estado
nutricional de adolescentes......................................................................................................46
Tabela 4 – Ponto de corte de IMC, de acordo com a idade, para diagnóstico de excesso
de peso e de obesidade.............................................................................................................47
Tabela 5 – Ponto de corte para avaliação de sobrepeso e obesidade para gestantes
adolescentes.............................................................................................................................60
Tabela 6 – Valores de pressão arterial no consultório, Mapa, Ampa e MRPA, que
caracterizam hipertensão, hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada.......69
Tabela 7 – Valores preconizados para o diagnóstico de DM tipo 2 e seus estágios
pré-clínicos................................................................................................................................69
Quadro 1 – Classificação do estado nutricional para adultos (20 a 60 anos).......................37
Quadro 2 – Verificação de fatores dietéticos relacionados à obesidade infantil e na
adolescência .............................................................................................................................52
Quadro 3 – Classificação do estado nutricional para idosos (acima de 60 anos)................53
Quadro 4 – Conduta para calcular a semana gestacional a partir da data da última
menstruação (DUM)..................................................................................................................59
Quadro 5 – Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação, segundo o estado
nutricional inicial......................................................................................................................62
Quadro 6 – Observações em caso de gestantes adolescentes e gestação múltipla.............65
Quadro 7 – Interpretação do edema na gestação...................................................................65
Quadro 8 – Contraindicações a exercício aeróbico e sinais para interrupção do
exercício físico durante a gestação.........................................................................................66
Quadro 9 – Classificação do risco aumentado para doenças cardiovasculares de acordo
com a circunferência de cintura..............................................................................................68
Quadro 10 – Recomendações dos teores de lipídios ou gorduras no sangue......................68
Quadro 11 – Doenças endócrinas associadas ao excesso de peso........................................71
Quadro 12 – Síntese das diretrizes do Guia Alimentar...........................................................84
Quadro 13 – Exemplos de frutas, verduras e legumes...........................................................86
Quadro 14 – Classificação dos tipos de fibras.........................................................................87
Quadro 15 – Tipos de ácidos graxos alimentares....................................................................91
Quadro 16 – Definição dos termos diet e light.......................................................................95
Quadro 17 – As dimensões do PRACTICE................................................................................103
Quadro 18 – Papéis comumente adotados por familiares de pessoas com obesidade.......103
Quadro 19 – Medicamentos associados ao ganho de peso.................................................151
Quadro 20 – Diretrizes gerais para o tratamento cirúrgico da obesidade e
acompanhamento pré e pós-cirurgia bariátrica...................................................................156
Quadro 21 – Evolução dietética no pós-operatório da cirurgia bariátrica.........................158
Quadro 22 – Critérios diagnósticos para anorexia nervosa segundo o DSM-IV e a CID-10....165
Quadro 23 – Critérios diagnósticos para bulimia nervosa segundo o DSM-IV e a CID-10.......167
Apresentação............................................................................................................................ 13
1 Introdução.............................................................................................................................. 17
Referências.....................................................................................................................................................21
2 Conceito.................................................................................................................................. 23
2.1 Instrumentos para avaliação do estado nutricional..............................................................................25
Referências ....................................................................................................................................................27
3 Classificação, diagnóstico e manejo da obesidade............................................................. 29
3.1 Organização da atenção para prevenção e controle da obesidade ....................................................31
3.2 Organização da linha de cuidado das pessoas com sobrepeso e obesidade.......................................31
3.3 Classificação.............................................................................................................................................36
3.3.1 Adultos...........................................................................................................................................36
3.3.1.1 Classificação do estado nutricional.......................................................................................36
3.3.2 Um olhar sob a perspectiva das fases do curso da vida...............................................................38
3.3.3 Crianças..........................................................................................................................................38
3.3.4 Abordagens para o manejo do sobrepeso e da obesidade em lactentes, pré-escolares e
escolares..................................................................................................................................................41
3.3.5 Adolescentes .................................................................................................................................45
3.3.5.1 Abordagens para o manejo do sobrepeso e da obesidade em adolescentes....................48
3.3.6 Intervenção para crianças e adolescentes com excesso de peso.................................................... 50
3.3.7 Abordagem geral...........................................................................................................................50
3.3.8 Idosos..............................................................................................................................................53
3.3.8.1 Classificação do estado nutricional.......................................................................................53
3.3.8.2 Modificações fisiológicas ocasionadas pelo envelhecimento..............................................55
3.3.8.3 Cuidado especial no acompanhamento do idoso obeso.....................................................56
3.3.8.4 Cuidados com a alimentação.................................................................................................56
3.3.9 Gestantes........................................................................................................................................58
3.3.9.1 Cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) da gestante.....................................................58
3.3.9.2 Cálculo da semana gestacional.............................................................................................58
3.3.9.3 Classificação do diagnóstico nutricional...............................................................................59
3.3.9.4 Gestante adolescente.............................................................................................................60
3.3.9.5 Acompanhamento e controle do ganho de peso e do estado nutricional durante a
gestação .............................................................................................................................................62
3.3.9.6 Ganho de peso ......................................................................................................................62
3.3.9.7 Acompanhamento da evolução do estado nutricional ......................................................63
3.3.9.8 Edema.....................................................................................................................................65
3.3.9.9 Atividade física durante a gestação......................................................................................66
3.3.9.10 Nutrizes.................................................................................................................................66
3.3.10 Mulher na menopausa ...............................................................................................................67
3.3.11 Outros exames que devem ser realizados em pacientes com excesso de peso
(IMC >25 kg/m2
)......................................................................................................................................68
3.3.11.1 Circunferência da cintura....................................................................................................68
3.3.11.2 Lipidograma.........................................................................................................................68
3.3.11.3 Pressão arterial.....................................................................................................................68
3.3.11.4 Glicemia ..............................................................................................................................69
3.3.11.5 Avaliação do risco cardiovascular........................................................................................70
3.3.11.6 Avalição de condições endócrinas.......................................................................................70
3.3.11.7 Obesidade e câncer..............................................................................................................71
Referências ....................................................................................................................................................72
Bibliografia complementar...........................................................................................................................75
4 Estratégias de abordagem.................................................................................................... 77
4.1 Estabelecimento de um plano de ação para mudança de comportamento com foco na
promoção da alimentação saudável e atividade física................................................................................79
4.2 Avaliação do estágio de mudança do comportamento........................................................................79
4.3 Avaliação do consumo alimentar...........................................................................................................81
4.4 Orientação alimentar com vistas à promoção do peso saudável.........................................................83
4.4.1 Diretriz 1 – Os alimentos saudáveis e as refeições.......................................................................84
4.4.2 Diretriz 2 – Cereais, tubérculos e raízes........................................................................................85
4.4.3 Diretriz 3 – Frutas, legumes e verduras (FLV)...............................................................................86
4.4.3.1 Fibras.......................................................................................................................................87
4.4.4 Diretriz 4 – Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteínas...........................................87
4.4.5 Diretriz 5 – Leites e derivados, carnes e ovos...............................................................................88
4.4.5.1 Leites e derivados...................................................................................................................88
4.4.5.2 Carnes (bovinos, suínos, aves e peixes) e ovos.....................................................................89
4.4.6 Diretriz 6 – Gordura, açúcares e sal .............................................................................................89
4.4.6.1 Recomendação em relação ao valor energético total (VET)...............................................90
4.4.6.2 Gordura trans.........................................................................................................................90
4.4.6.3 Açúcar.....................................................................................................................................92
4.4.6.4 Sal............................................................................................................................................92
4.4.7 Diretriz 7 – Água............................................................................................................................93
4.5 Alimentos diet e light..............................................................................................................................95
4.6 Edulcorantes............................................................................................................................................96
Referências ....................................................................................................................................................97
5 Abordagem cognitivo-comportamental.............................................................................. 99
5.1 Classificando o pensamento disfuncional............................................................................................101
5.2 Identificando desencadeantes e modificando o pensamento disfuncional......................................101
5.3 Abordagem familiar..............................................................................................................................102
5.4 O trabalho com grupos: uma estratégia para a construção coletiva do conhecimento...................104
5.4.1 Composição dos grupos...............................................................................................................104
5.4.2 Atividades educativas sobre alimentação saudável ..................................................................105
5.5 Recomendações importantes para o cuidado integral .....................................................................106
5.6 Práticas alimentares e o resgate da culinária para saúde e prazer no cotidiano da população .....107
5.7 A busca por uma alimentação saudável...............................................................................................108
5.8 Valorização de ganhos na saúde e no bem-estar................................................................................109
Referências...................................................................................................................................................111
Bibliografia complementar.........................................................................................................................112
6 Promoção da saúde, educação em saúde e prevenção da obesidade............................. 113
6.1 A prevenção e o controle da obesidade nos diferentes níveis organizacionais da Atenção à
Saúde............................................................................................................................................................120
Referências ..................................................................................................................................................124
7 Promoção da atividade física.............................................................................................. 127
7.1 Nível de atividade física........................................................................................................................130
Referências ..................................................................................................................................................135
Bibliografia complementar.........................................................................................................................135
8 Tratamento dietoterápico................................................................................................... 137
Referências...................................................................................................................................................148
9 Tratamento medicamentoso .............................................................................................. 149
10 Tratamento cirúrgico......................................................................................................... 153
10.1 Atenção dietética na cirurgia bariátrica......................................................................................157
10.1.1 Pré-operatório.........................................................................................................................157
10.1.2 Pós-operatório.........................................................................................................................157
10.2 O papel dos profissionais da Atenção Básica na cirurgia bariátrica..........................................159
Referências...................................................................................................................................................160
Bibliografia complementar.........................................................................................................................160
11 Distúrbios alimentares: bulimia, compulsão alimentar e transtornos alimentares.... 161
11.1 Anorexia nervosa.................................................................................................................................164
11.2 Bulimia nervosa...................................................................................................................................166
11.3 Transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP)......................................................................167
11.4 O papel da Atenção Básica nos transtornos alimentares..................................................................168
11.5 Instrumentos para avaliação dos transtornos alimentares...............................................................169
Referências ..................................................................................................................................................170
Bibliografia complementar.........................................................................................................................171
12 Mitos e tabus sobre dietas da moda................................................................................ 173
Referências ..................................................................................................................................................178
Apêndice.................................................................................................................................. 179
Apêndice A – Indicadores para a linha de cuidado das pessoas com excesso de peso...........................181
Anexos..................................................................................................................................... 185
ANEXO A – Formulário de marcadores de consumo alimentar para crianças menores de 2 anos,
crianças com 2 anos ou mais, adolescentes, adultos, gestantes e idosos.................................................187
ANEXO B – Critérios de Tanner para a avaliação do desenvolvimento puberal feminino e masculino.188
ANEXO C – Avaliação do estado nutricional da gestante, segundo o Índice de Massa Corporal
(IMC), por semana gestacional...................................................................................................................190
ANEXO D – Gráfico de Acompanhamento Nutricional da Gestante – Índice de Massa Corporal,
segundo semana de gestação.....................................................................................................................191
ANEXO E – Lista de substituições de alimentos.........................................................................................192
ANEXO F – Questionário de Prontidão para Atividade Física (Q-PAF).....................................................194
ANEXO G – Equações para estimar a taxa metabólica basal, segundo idade e sexo..............................195
ANEXO H – Dez passos para alimentação saudável de gestantes............................................................198
ANEXO I – Dez passos para a alimentação saudável de crianças menores de 2 anos ............................199
ANEXO J – Dez passos para a alimentação saudável de crianças entre 2 e 10 anos...............................200
ANEXO K – Dez passos para a alimentação saudável de adolescentes....................................................202
ANEXO L – Dez passos para a alimentação saudável de adultos..............................................................203
ANEXO M – Dez passos para a alimentação saudável de idosos..............................................................204
ANEXO N – Teste de Atitudes Alimentares – Eating Attitudes Test (EAT)................................................205
ANEXO O – Escala de Compulsão Alimentar Periódica (Ecap)..................................................................207
Apresentação
15
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
O panorama mundial e brasileiro de doenças crônicas não transmissíveis tem se revelado como
um novo desafio para a saúde pública. A complexidade do perfil nutricional que ora se desenha
no Brasil revela a importância de um modelo de Atenção à Saúde que incorpore definitivamente
ações de promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis.
Neste cenário epidemiológico do grupo de doenças crônicas não transmissíveis, destaca-se a
obesidade por ser simultaneamente uma doença e um fator de risco para outras doenças deste
grupo, como a hipertensão e o diabetes, igualmente com taxas de prevalência em elevação no
País. As prevalências de sobrepeso e obesidade cresceram de maneira importante nos últimos
30 anos.
O modo de viver da sociedade moderna tem determinado um padrão alimentar que,
aliado ao sedentarismo, em geral não é favorável à saúde da população. A Política Nacional
de Alimentação e Nutrição aponta a obesidade como um dos grandes desafios do contexto
atual e suas diretrizes norteiam a organização do cuidado integral ao indivíduo com sobrepeso
e obesidade, a vigilância alimentar e nutricional, a promoção da alimentação adequada e
saudável, que devem ocorrer no cotidiano dos serviços de Saúde, assim como macropolíticas que
potencializem uma vida mais saudável.
Considerando que os fatores de risco e proteção são muitas vezes comuns às doenças crônicas,
que essas doenças podem estar associadas e que o tratamento não medicamentoso apresenta
alto grau de semelhança entre elas, verificou-se a necessidade de revisar os Cadernos de Atenção
Básica, trazendo abordagem conjunta.
Por isso, nesta Coleção serão publicadas as novas edições dos Cadernos de Hipertensão
Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, além do lançamento do Caderno de Estratégias para o
Cuidado da Pessoa com Doença Crônica.
O Cadernos de Atenção Básica, nº 38 – Obesidade tem como objetivo subsidiar os profissionais
de Saúde atuantes nos serviços de Atenção Básica do SUS para o cuidado integral da obesidade,
com ênfase no manejo alimentar e nutricional.
Um dos principais destaques desta publicação é a abordagem integral e humanizada ao
indivíduo com excesso de peso, com enfoque na promoção da saúde e prevenção de outras
doenças crônicas não transmissíveis, a fim de incluir nas rotinas dos serviços de Atenção Básica
a abordagem alimentar e nutricional como uma prática efetiva e cotidiana. Desta forma,
espera-se que este Caderno (CAB) contribua para qualificar a atenção integral aos indivíduos
com doenças crônicas não transmissíveis, especialmente nos casos que envolvam o excesso de
peso, considerando o sujeito em sua singularidade e sua inserção sociocultural.
Ministério da Saúde
Introdução 1
19
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
A população brasileira passou por diversas mudanças nas últimas quatro décadas. Essas
mudanças ocorreram na composição demográfica, com aumento na expectativa de vida e na
proporção de idosos na população. Além da transição demográfica, também vivenciamos uma
transição epidemiológica, com diminuição das doenças infecciosas e aumento das doenças
crônicas e a transição nutricional, com queda da desnutrição em todas as idades e aumento do
excesso de peso, em todas as idades e classes de renda. Essa realidade tem implicações no que se
refere ao complexo quadro de saúde-doença do País, uma vez que os problemas ambientais, de
violência e do processo de envelhecimento populacional, com aumento das doenças e agravos
não transmissíveis, somam-se aos problemas já existentes, como a morbimortalidade por doenças
infecciosas e os problemas de saúde na infância (PAIM et al., 2011; SCHMIDT et al., 2011; BARRETO
et al., 2011; VICTORA et al., 2011).
As doenças e agravos não transmissíveis vêm aumentando e, no Brasil, são as principais causas
de óbitos em adultos, sendo a obesidade um dos fatores de maior risco para o adoecimento
neste grupo. A prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos para a
promoção da saúde e redução de morbimortalidade, não só por ser um fator de risco importante
para outras doenças, mas também por interferir na duração e qualidade de vida, e ainda ter
implicações diretas na aceitação social dos indivíduos quando excluídos da estética difundida
pela sociedade contemporânea (SCHMIDT et al., 2011).
No Brasil, segundo dados da última pesquisa de orçamentos familiares (POF 2008), cerca
de 15% dos adultos apresentam obesidade e cerca de metade da população maior de 20 anos
apresenta excesso de peso. O que mais chama a atenção nessa epidemia é a velocidade com que
ela aumentou nas últimas décadas. Em 1975 (IBGE, 1976) a obesidade estava presente em 2,8%
dos homens e 7,8% das mulheres; já em 2003, (IBGE, 2010) a prevalência entre homens era de
8,8% e de 12,7% em mulheres. Em 2009, a prevalência de obesidade era de 12,5% entre homens
e de 16,9% entre as mulheres. O excesso de peso, que compreende o sobrepeso e a obesidade,
atualmente acomete 50,1% dos homens e 48% das mulhers (IBGE, 2010). O aumento da obesidade
é uma realidade não apenas no Brasil, mas praticamente em todos os países do chamado mundo
ocidental, em todas as faixas de idade e em ambos os sexos (MONTEIRO, CONDE; POPKIN, 2007;
POPKIN, 2010; POPKIN, 2011; JONES-SMITH et al., 2011).
Estudo recente realizado com os dados do Sistema de Vigilância de fatores de Risco e de
Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis por meio de Inquérito Telefônico (Vigitel)
também analisou a variação temporal do excesso de peso e da obesidade nas capitais brasileiras
em um menor período de tempo. Observou-se que as prevalências de excesso de peso foram de
43%, 42,7%, 44,2% e 46,6% para cada ano do período de 2006 a 2009, respectivamente, e que
para a obesidade as prevalências foram de 11,4%, 12,7%, 13,2% e 13,8%, no mesmo período
de estudo. Verificou-se, ainda, que houve tendência de aumento de prevalência do excesso de
peso para homens com 65 anos ou mais e que as mulheres com menos de 45 anos foram as
20
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
que mais contribuíram para o aumento nas prevalências de excesso de peso entre 2006 a 2009
(GIGANTE et al., 2011). A análise temporal dos dados do Vigitel apontam para um aumento anual
de 1,08% e 0,72% nas taxas de excesso de peso e obesidade, respectivamente, entre e população
adulta brasileira.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade pode ser compreendida como
um agravo de caráter multifatorial decorrente de balanço energético positivo que favorece o
acúmulo de gordura, associado a riscos para a saúde devido à sua relação com complicações
metabólicas, como aumento da pressão arterial, dos níveis de colesterol e triglicerídeos
sanguíneos e resistência à insulina. Entre suas causas, estão relacionados fatores biológicos,
históricos, ecológicos, econômicos, sociais, culturais e políticos (OMS, 2000).
O excesso de peso tem como determinantes proximais o padrão alimentar e o dispêndio
energético. O padrão alimentar atual identificado por pesquisas nacionais evidenciam o fenômeno
da transição nutricional na população brasileira, que se caracteriza pelo elevado percentual de
consumo de alimentos ricos em açúcar, gorduras saturadas, trans e sal e pelo baixo consumo
de carboidratos complexos e fibras. A evolução do padrão de consumo da população brasileira
entre as décadas de 1970 e 2009 mostra as seguintes tendências: aumento do consumo de
alimentos ultraprocessados (biscoitos, embutidos, refrigerantes, refeições prontas). Estabilização
do consumo de frutas e hortaliças (que representam menos da metade da recomendação de
consumo) e redução de consumo de alimentos básicos como ovos, gordura animal, peixe,
leguminosas, raízes e tubérculos e arroz (IBGE, 2011).
A globalização, o marketing exacerbado de alimentos processados, o consumismo, a
necessidade de prazeres rápidos e respostas imediatas contribuem para o aparecimento da
obesidade como uma questão social. A obesidade envolve complexa relação entre corpo-saúde-
alimento e sociedade, uma vez que os grupos têm diferentes inserções sociais e concepções
diversas sobre estes temas, que variam com a história.
Este complexo cenário traz grandes desafios para a Rede de Atenção à Saúde do SUS,
em especial para a Atenção Básica. Por sua proximidade ao cotidiano de vida das pessoas,
tem maior poder de compreensão da dinâmica social e dos determinantes de saúde de cada
território, tornando-se local privilegiado para desenvolvimento de ações de promoção de saúde
e enfrentamento do excesso de peso que acomete o indivíduo, as famílias e a população. Assim,
as intervenções para a reversão do excesso de peso, das populações e dos indivíduos, precisam
considerar as diversas concepções presentes na sociedade sobre alimentação, atividade física,
corpo e saúde. A Atenção Básica, além de acolher e tratar o indivíduo com excesso de peso,
deve ser a ordenadora do cuidado e centro de comunicação entre os demais pontos da Rede de
Atenção, garantindo o cuidado integral.
21
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
Referências
BARRETO, M. L. et al. Successes and failures in the control of infectious diseases in Brazil: social and
environmental context, policies, interventions, and research needs. Lancet, [S. l.], v. 377, n. 9780, p. 1877-
1889, May 2011. Epub 2011 May 9.
GIGANTE, D. P. et al. Variação temporal na prevalência do excesso de peso e obesidade em adultos: Brasil,
2006 a 2009. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 14, p. 157-165, set. 2011. Suplemento 1.
IBGE. Estudo Nacional da Despesa Familiar – Endef. Rio de Janeiro, 1976.
______. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: antropometria e estado nutricional de crianças,
adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010.
______. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio
de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011.
JONES-SMITH, J. C. et al. Cross-national comparisons of time trends in overweight inequality by
socioeconomic status among women using repeated cross-sectional surveys from 37 developing countries,
1989-2007. Am. J. Epidemiol., [S.l.], v. 173, n. 6, p. 667-675, Mar. 2011.
MONTEIRO, C. A.; CONDE, W. L.; POPKIN, B. M. Income-specific trends in obesity in Brazil: 1975-2003.
American Journal of Public Health, Washington, v. 97, n. 10, p. 1808-1812, oct. 2007. Epub 2007 Aug. 29.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a
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PAIM J. et al. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. Lancet, [S.l.], v. 377, n.
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POPKIN, B. M. Is the obesity epidemic a national security issue around the globe? Curr. Opin. Endocrinol.
Diabetes Obes., [S.l.], v. 18, n. 5, p. 328-331, maio 2011.
______. Recent dynamics suggest selected countries catching up to US obesity. Am. J. Clin. Nutr., [S.l.], v. 91,
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Conceito 2
25
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
A obesidade é um agravo multifatorial originado, na maioria dos casos, pelo desbalanço
energético, quando o indivíduo consome mais energia do que gasta (OMS, 1995). Esse desbalanço
energético positivo resulta em ganho de peso. Há diversos métodos para avaliar se o peso de
uma pessoa é excessivo. Na prática clínica cotidiana e para a avaliação em nível populacional,
recomenda-se o uso do Índice de Massa Corporal (IMC) por sua facilidade de mensuração e por
ser uma medida não invasiva e de baixo custo. O IMC é estimado pela relação entre o peso e
a altura do indivíduo, expresso em kg/m2
(ANJOS, 1992). O IMC, além de classificar o indivíduo
com relação ao peso, também é um indicador de riscos para a saúde e tem relação com várias
complicações metabólicas.
O conteúdo aqui apresentado faz parte da publicação: Protocolos do Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional: SISVAN (BRASIL, 2008).
Para o cálculo do IMC, são necessárias informações de peso (em quilogramas) e altura
(em metros).
A fórmula para o cálculo do IMC é: peso (em kg) dividido pela altura2
(em metros).
peso (em kg)
altura2
(em metros)
Para uma efetiva vigilância do estado nutricional dos usuários das Unidades de Saúde é
necessário que a mesma esteja devidamente instrumentalizada para essa ação.
2.1 Instrumentos para avaliação do estado nutricional
•	 Equipamentos antropométricos: balança pediátrica e de plataforma; infantômetro
(estadiômetro infantil ou horizontal) e estadiômetro vertical.
•	 Calculadora, planilha ou disco para a identificação do Índice de Massa Corporal (IMC).
•	 Cartões e cadernetas de acompanhamento do estado de saúde, por fase da vida:
°° Caderneta de Saúde da Criança, do Ministério da Saúde.
°° Caderneta de Saúde do Adolescente, do Ministério da Saúde.
°° Cartão da Gestante, do Ministério da Saúde.
IMC =
26
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
°° Caderneta do Idoso, do Ministério da Saúde.
•	 Gráficos ou tabelas de crescimento infantil (OMS 2006).
•	 Formulários de marcadores do consumo alimentar do Sisvan (Anexo A).
Os equipamentos para avaliação do estado nutricional devem estar disponíveis em
quantidade suficiente e em boas condições de uso e de conservação. Devido ao aumento
de usuários com excesso de peso, cada vez mais tornam-se necessárias balanças com
capacidade para mensuração do peso corporal com capacidade maior do que 150 kg.
27
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
Referências
ANJOS, L. A. Índice de massa corporal (massa corporal estatura-2) como indicador do estado nutricional de
adultos: revisão da literatura. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 26, n. 6, p. 431-436, 1992.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos do Sistema de Vigilância alimentar e nutricional SISVAN. Brasília:
Ministério da Saúde, 2008.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva,
1995. (WHO Technical Report Series, n. 854).
Classificação,
diagnóstico e manejo
da obesidade
3
31
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
3.1 Organização da atenção para prevenção e controle da
obesidade
O aumento da população que apresenta agravos crônicos não transmissíveis enfatiza
a necessidade de organização do serviço de Saúde para atender a essa demanda de maneira
organizada e qualificada. Atualmente, preconiza-se que o cuidado desses indivíduos seja
organizado em Redes de Atenção à Saúde (RAS). As RAS provêm cuidados que visam melhorar
a Atenção à Saúde em três níveis: no nível micro (os indivíduos e suas famílias), no nível meso
(serviços de Saúde e a comunidade) e no nível macro (as macropolíticas de Saúde). As necessidades
dos pacientes com condições crônicas são distintas daqueles com condições agudas, pois precisam
de apoio continuado, não apenas de intervenções biomédicas, o cuidado deve ser planejado e de
atenção capaz de prever suas necessidades. Para esse grupo a atenção necessita ser integrada e,
para sua efetividade, tem de envolver tempo, oferta de cuidados de saúde e o empoderamento
para o autocuidado (MENDES, 2011).
Nesse sentido, a prevenção e o controle da obesidade devem prever a oferta de um escopo
amplo de ações que apoiem os indivíduos na adoção de modos de vida saudáveis que permita
a manutenção ou a recuperação do peso saudável. Por isso, torna-se necessária a articulação
da RAS com uma rede muito mais complexa, composta por outros saberes, outros serviços e
outras instituições, não apenas do setor Saúde, ou seja, a busca da interdisciplinaridade e da
intersetorialidade, e essencialmente a busca de parcerias na comunidade e equipamentos sociais,
implementando novas formas de agir, mesmo em pequenas dimensões.
Neste escopo amplo de ações não se pode esquecer o papel fundamental dos próprios
indivíduos, famílias e comunidades para adoção de modos de vida saudáveis e luta pela garantia
de políticas públicas que promovam a vida saudável. Nesse sentido, a Rede de Atenção à Saúde, em
especial as equipes de Atenção Básica, devem contribuir para o empoderamento dos indivíduos
sobre suas condições de saúde de forma a auxiliá-los no processo de autocuidado. Ou seja, na
atenção e ação que exercem sobre si mesmos para preservar e cultivar uma boa qualidade de vida
de maneira responsável, autônoma e livre nas escolhas das ferramentas para a sua realização.
3.2Organizaçãodalinhadecuidadodaspessoascomsobrepeso
e obesidade
Para a atenção ao indivíduo portador de sobrepeso e obesidade é necessária uma contínua
ação de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) para identificação dos casos, estratificação de
risco e organização da oferta de cuidado. A VAN pode ser realizada em todos os pontos de atenção
da rede, desde a Atenção Básica (AB) até a Atenção Hospitalar. Na AB, além das Unidades Básicas
de Saúde (UBS), destacam-se outros equipamentos e programas que são locais privilegiados para
a ação: o Programa Saúde na Escola tem como uma das ações do Componente 1 (Avaliação
32
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
das condições de saúde) realizar o diagnóstico nutricional dos educandos, que, ao serem
diagnosticados com excesso de peso, devem ser encaminhados para a UBS. Outro importante
ponto de atenção, situado na AB, são as Academias da Saúde e similares, espaço privilegiado
para a realização de práticas de promoção à saúde constituindo-se em um espaço de captação de
indivíduos com doenças crônicas, entre elas a obesidade.
Na rotina da Atenção Básica, a VAN deve fazer parte do cuidado às demandas espontânea
e programada. Os atendimentos de puericultura, pré-natal, acompanhamento de hipertensos
e diabéticos, por exemplo, são momentos oportunos para a mensuração do peso e da altura e
para a classificação do estado nutricional dos indivíduos, além de conhecimento sobre os hábitos
alimentares, permitindo identificar aqueles com excesso de peso e hábitos alimentares não
saudáveis e orientando a oferta de cuidado para estes casos. As ações de pesar e medir também
podem ser realizadas na atenção à demanda espontânea, que pode ser importante momento de
captação de usuários com excesso de peso que não frequentam a UBS nas ações programadas.
Na prática do acolhimento, uma atribuição de todos os profissionais, é preciso estar atento
aos aspectos relacionados à alimentação e à nutrição, considerando-os determinantes de saúde e
levando em conta a subjetividade e a complexidade do comportamento alimentar (BRASIL, 2011).
Para além da Atenção Básica, os ambulatórios de especialidades, os hospitais e outros pontos
de atenção que compõem a rede também devem estar sensíveis à captação do usuário com
excesso de peso, identificando os casos e encaminhando os indivíduos para a Atenção Básica para
que nesse espaço seja ordenado o cuidado do usuário na Rede de Atenção.
Para uma eficiente captação e acolhimento dessa demanda, os profissionais de Saúde devem
estar capacitados e sensibilizados para essa temática, entendendo que o excesso de peso é um
agravo à saúde, com grande influência no desenvolvimento de outras doenças crônicas e que a
reversão desse quadro pode e deve ser, na maioria das situações, realizada na Atenção Básica.
A partir da classificação de risco segundo IMC e de acordo com cada fase do curso da vida as
equipes de Atenção Básica terão subsídios importantes para organizar a atenção a indivíduos com
excesso de peso/obesidade. O fluxograma a seguir sintetiza a oferta de cuidado para indivíduos
adultos conforme classificação do IMC.
Neste CAB, serão fornecidas informações sobre o cuidado da obesidade nas demais fases
do curso da vida que auxiliará as equipes na organização da atenção a gestantes, a crianças, a
adolescentes e a idosos com excesso de peso/obesidade.
É fundamental garantir apoio diagnóstico e terapêutico para que a Atenção Básica
seja resolutiva no controle dos casos de obesidade. Isto inclui aspectos de infraestrutura das
Unidades Básicas de Saúde (como rampas de acesso, portas largas, cadeiras, macas e balanças
com capacidade para mais de 200 kg, esfignomanômetro, entre outros), oferta e acesso regular a
exames solicitados e a medicamentos prescritos, oferta de práticas integrativas e complementares,
teleconsultoria, apoio matricial, articulação com demais pontos da RAS, entre outros.
Na prevenção e no tratamento do sobrepeso/obesidade, o apoio matricial interdisciplinar
é um grande potencializador da resolutividade das equipes da Atenção Básica, pois promove
33
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
a ampliação dos saberes acerca da complexidade desses agravos e permite uma melhor oferta
de cuidados. Nesse sentido, os Núcleos de Apoio a Saúde da Família (Nasf) cumprem esse papel
com as equipes de Saúde da Família, por se configurarem como equipes multiprofissionais. O
Ministério da Saúde vem trabalhando no sentido de elaborar diretrizes para as ações dos Nasf,
com o objetivo de avançar na qualificação das atividades das equipes, efetivando ações que vão
da promoção à reabilitação, fundamentais para a garantia da integralidade (BRASIL, 2006a).
Outras informações sobre a atuação dos Nasf podem ser encontradas em Cadernos de Atenção
Básica, nº 27 – Diretrizes do Nasf.
Figura 1 – Fluxograma descritivo de atividades para a Atenção à Saúde, segundo
classificação do IMC na Atenção Básica para indivíduos adultos
IMC
<25 kg/m²
Vigilância
alimentar e
nutricional
Ações de
promoção da
alimentação
adequada e
saudável e
atividade física
NORMAL
IMC de 25 a
29,9 kg/m²
Vigilância alimentar
e nutricional
Ações de
promoção da
alimentação
adequada e
saudável e
atividade física
Plano de ação para
voltar ao
IMC normal
SOBREPESO
IMC de 25 a
29,9 kg/m² com
comorbidades
Vigilância alimentar
e nutricional
Orientação sobre
alimentação
adequada e
saudável e
atividade física
Prescrição
dietética*
SOBREPESO
IMC de 30 a
40 kg/m² com e sem
comorbidades
Vigilância alimentar
e nutricional
Orientação sobre
alimentação
adequada e
saudável e
atividade física
Prescrição
dietética. Terapia
comportamental*
Farmacoterapia*
OBESIDADE
Identificação e acolhimento dos indivíduos com excesso de peso/obesidade
Busca ativa, demanda espontânea, demanda programada
A p o i o d i a g n ó s t i c o e t e r a p ê u t i c o
R e g u l a ç ã o e s i s t e m a d e i n f o r m a ç ã o
Fonte: CGAN/DAB/SAS/MS.
Comorbidades: Hipertensão, diabetes, hiperlipidemia e/ou outras DCNT desencadeadas ou agravadas pela obesidade.
*Quando necessário, após avaliação com a equipe de Apoio Matricial.
Conforme o fluxograma acima, para indivíduos adultos, independentemente do IMC,
é necessário garantir a oferta de ações de promoção da alimentação adequada e saudável e
atividade física, seja na UBS ou em outros espaços no território, como as Academias da Saúde, os
clubes, as praças etc. Neste CAB estão descritas orientações de como organizar essas ações.
34
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
Como já explicitado, a Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) também deve fazer parte
das ações cotidianas das equipes, pois, além de permitir identificar a situação alimentar e
nutricional da população adstrita e subsidiar a classificação de risco para organização da
atenção, permite avaliar o impacto das ações desenvolvidas e acompanhar a evolução do estado
nutricional de indivíduos, famílias e comunidade. Os instrumentos para realizar a VAN estão
descritos neste CAB, nos itens "Instrumentos para avaliação do estado nutricional" e "Avaliação
do consumo alimentar", que fazem parte dos protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional (Sisvan).
Nos casos de indivíduos que apresentam sobrepeso (IMC de 25 kg/m² a 29,9 kg/m²), mas sem
comorbidades, as equipes de AB devem organizar, com estes indivíduos, planos de cuidado para
retornar à faixa de IMC normal (IMC de 18,5 kg/m² a 24,9 kg/m²). Esta ação deve ser realizada
preferencialmente em grupos operativos de forma a otimizar a oferta do cuidado, levando em
conta as evidências que comprovam os melhores resultados deste tipo de ação, e também a
alta prevalência de excesso de peso da população adulta, o que provocaria grande demanda de
atendimentos individuais.
Para aqueles que já apresentam comorbidades, como hipertensão e diabetes, é fundamental
que, nas consultas de acompanhamento, os profissionais estejam atentos ao estado nutricional
e aos hábitos alimentares. Nesses casos, além de incluir os indivíduos nas atividades em grupo,
é preciso avaliar a necessidade de prescrição dietética individual pelo nutricionista. Esta decisão
deve ser discutida entre a equipe de Referência da AB e a equipe de Apoio Matricial, que
pode ser a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) ou outro arranjo matricial
implantado no município ou regional de Saúde. A prescrição dietética deverá ser realizada por
nutricionista da equipe de Apoio Matricial ou de outro ponto de Atenção à Saúde, de acordo
com a disponibilidade desta oferta de cuidado na Rede de Atenção do município ou regional
de Saúde.
Para tratamento dos casos de obesidade (IMC de 30 kg/m² a 40 kg/m²), com ou sem
comorbidades, é necessária uma oferta terapêutica mais densa. As equipes de referência da AB
com as equipes de Apoio Matricial devem avaliar a necessidade e organizar a oferta para estes
indivíduos, quando for o caso, da terapia comportamental e da farmacoterapia no âmbito da
Atenção Básica. Deve-se ofertar também para estes indivíduos ações em grupo para promoção
da alimentação adequada e saudável e atividade física, mas observando a necessidade de grupo
específico para obesos permitindo que estes indivíduos sintam-se melhor acolhidos em um grupo
com as mesmas características.
Os casos mais complexos ou com IMC >40 kg/m2
deverão ser assistidos em serviços de Atenção
Especializada (ambulatorial ou hospitalar), desde que este esteja presente no território. Cabe à
AB, por meio de suas equipes de Referência e de Apoio Matricial, ordenar a organização da rede
municipal ou regional de Atenção à Saúde para garantir a oferta deste cuidado especializado. Ou
seja, a partir da classificação de risco de sua população adstrita e da contínua Vigilância Alimentar
e Nutricional, a AB deverá ser capaz de nortear a oferta de cuidado nos serviços de Atenção
Especializada, informando o quantitativo de indivíduos que necessitam do cuidado nestes pontos
de atenção e ordenando os casos prioritários de atendimento ao serviço especializado. O ideal é
que a equipe de AB também ofereça outras opções terapêuticas (grupos de caminhada, atividade
física etc.) para acompanhar de forma conjunta a evolução do tratamento desses indivíduos.
35
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
É importante que as equipes de AB mantenham o vínculo com os indivíduos enquanto são
assistidos nos serviços de Atenção Especializada, assim como com as equipes de profissionais
desses serviços, de forma a desempenhar seu papel de coordenadora do cuidado na Rede de
Atenção à Saúde. Para tanto, é importante a implementação de mecanismos de gestão do
cuidado nos municípios e regiões de Saúde, como bons sistemas de informação e de regulação,
fóruns de discussão de casos e educação permanente dos profissionais.
A finalidade da organização de uma linha de cuidado das pessoas com sobrepeso e obesidade
é fortalecer e qualificar a atenção à pessoa com esta doença por meio da integralidade e da
longitudinalidade do cuidado, em todos os pontos de atenção. Leia mais sobre a organização
do cuidado às pessoas com doenças crônicas em Cadernos de Atenção Básica, nº 35 – Estratégias
para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica.
Resumo dos passos para a modelagem da linha de cuidado:
•	 Partir da situação-problema “atenção às pessoas com sobrepeso e obesidade na Unidade
Básica de Saúde” problematizando a história natural da doença e como deveria ocorrer a
realização do cuidado destas pessoas (qual o fluxo assistencial que deve ser garantido para
pessoas com sobrepeso e obesidade, no sentido de atender às suas necessidades de saúde?).
•	 Identificar quais são os pontos de atenção no município/distrito/região/estado e suas
respectivas competências, utilizando uma matriz para sistematizar essa informação e lhe
dar visibilidade (que ações esses pontos de atenção devem desenvolver incluindo ações
promocionais, preventivas, curativas, cuidadoras, reabilitadoras e paliativas?).
•	 Identificar as necessidades das Unidades Básicas de Saúde (UBS) quanto ao sistema logístico
para o cuidado dos usuários (cartão SUS, prontuário eletrônico, centrais de regulação,
sistema de transporte sanitário), pontuando o que já existe e o que necessita ser pactuado
com a gestão municipal/distrital/regional/estadual.
•	 Identificar as necessidades das UBS quanto ao sistema de apoio (diagnóstico, terapêutico,
assistência farmacêutica e sistema de informação), pontuando o que já existe e o que
necessita ser pactuado com a gestão municipal/distrital/regional/estadual.
•	 Identificar como funciona o sistema de gestão da rede (espaços de pactuação – colegiado
de gestão, Programação Pactuada e Integrada (PPI), Comissão Intergestora Regional (CIR),
Comissão Intergestora Bipartite (CIB), entre outros).
•	 Desenhar o itinerário terapêutico dos usuários na rede e relacionar as necessidades
logísticas e de apoio necessárias. Definir os fluxos assistenciais que são necessários para
atender às suas necessidades de saúde e às diretrizes ou aos protocolos assistenciais.
•	 Identificar a população estimada de pessoas com sobrepeso e obesidade e os diferentes
estratos de risco e realizar a programação de cuidado de acordo com os parâmetros
baseados em evidências que podem ser definidos localmente ou em âmbito estadual
ou federal.
36
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
•	 Definir metas e indicadores que serão utilizados para monitoramento e avaliação das
linhas de cuidado (Apêndice A).
Apesar de, em geral, as linhas de cuidado ainda serem organizadas por doenças, é essencial que
a equipe avalie seu paciente integralmente, já que comumente o sobrepeso e a obesidade estão
associados a outros fatores de risco/doenças. É importante lembrar de que não há necessidade
de organizar o cuidado na Atenção Básica também de forma fragmentada, por doenças, sendo
fundamental garantir o acesso e o cuidado longitudinal para a pessoa, independente de qual
problema ela possui.
3.3 Classificação
De modo geral, o IMC pode classificar um indivíduo em: desnutrido (baixo peso); eutrófico
(peso adequado); sobrepeso (peso acima do adequado) e obeso. Essa classificação tem diferentes
pontos de corte que variam de acordo com a idade e sexo (menores de 19 anos de idade); de
acordo com a idade gestacional (em mulheres grávidas) e entre idosos.
3.3.1 Adultos
Compreende todos os indivíduos com idade entre 20 e 60 anos incompletos.
Para a avaliação do estado nutricional de adultos, são necessárias as seguintes informações:
•	 Peso.
•	 Estatura.
Passos para a classificação do estado nutricional:
1.	 Mensuração do peso e da altura.
2.	 Cálculo do IMC.
3.3.1.1 Classificação do estado nutricional
Para a classificação do estado nutricional, são adotados os seguintes conceitos, segundo o
valor do Índice de Massa Corporal do adulto:
37
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
Quadro 1 – Classificação do estado nutricional para adultos (20 a 60 anos)
Classificação do estado nutricional Pontos de corte
Baixo peso <18,5 kg/m2
Eutrófico >18,5 e <25 kg/m2
Sobrepeso >25 e <30 kg/m2
Obesidade I >30 e <35 kg/m2
Obesidade II >35 e <40 kg/m2
Obesidade III >40 kg/m2
Fonte: OMS, 1995.
Os pontos de corte adotados para o IMC seguem a recomendação da Organização Mundial
da Saúde (OMS, 1995). Indivíduos com IMC maior ou igual a 25 kg/m2
são classificados como
excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) e devem receber atendimento específico para redução
do peso a fim de promover a adequação do estado nutricional, com IMC menor do que 25 kg/m2
.
Procedimentos iniciais para a avaliação do perfil alimentar e nutricional:
•	 Pesar e medir o adulto.
•	 Realizar a aferição da medida da cintura do adulto.
•	 Calcular o IMC do adulto e classificar o seu estado nutricional.
•	 Avaliar os hábitos alimentares do adulto, a disponibilidade e a variedade de alimentos
na família e o recebimento de benefícios provenientes de programas de transferência de
renda e outros tipos de auxílio (cesta básica, leite etc.).
•	 Avaliar o nível de atividade física, avaliando todas as atividades realizadas: trabalho fora
de casa, trabalhos domésticos, deslocamento, transporte, lazer, cuidado de crianças ou
idosos etc.
•	 Realizar exame clínico.
•	 Avaliar exames bioquímicos.
•	 Avaliar outros dados clínicos e hábitos de saúde pertinentes (sinais clínicos de deficiências
de micronutrientes, prática de atividade física, funcionamento intestinal etc.).
Ao ser classificado com o peso acima do adequado, IMC igual ou maior que 25 kg/m2
(excesso
de peso):
•	 Apresentar ao adulto o diagnóstico encontrado, explicar o que representa e dar as devidas
orientações para cada caso (sobrepeso e/ou obesidade).
38
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
•	 Anotar a altura, peso e IMC no prontuário do paciente, com registro de data da avaliação
e anotar dados no cartão de peso do adulto.
•	 Orientar o adulto quanto aos resultados do exame clínico e bioquímico (anemia,
dislipidemias etc.) realizados.
•	 Avaliar a necessidade de nova solicitação de exames e de encaminhamento para consulta
com outros profissionais de Saúde.
3.3.2 Um olhar sob a perspectiva das fases do curso da vida
Ao longo do curso da vida humana, identificam-se fases que se destacam por apresentarem
características peculiares e necessidades fisiológicas e psicossociais específicas.
A abordagem alimentar e nutricional descrita nos itens anteriores tem ênfase na intervenção
em adultos, e, por serem gerais, atendem também a todas as fases do curso de vida. O item a
seguir destacará algumas questões relevantes que envolvem a especificidade das outras fases
que devem ser consideradas pelos profissionais de Saúde no contato com a população.
3.3.3 Crianças
Compreende todos os indivíduos menores de 10 anos, com diferentes parâmetros e
orientações por faixas etárias. O referencial para classificar o estado nutricional de crianças
menores de 5 anos são as curvas de crescimento infantil propostas pela Organização Mundial
da Saúde em 2006 (OMS, 2006), e para as crianças de 5 a 10 anos incompletos a referência da
Organização Mundial da Saúde lançada em 2007 (OMS, 2007).
Para a avaliação do estado nutricional de crianças entre zero e 10 anos de idade, são
necessárias as seguintes informações:
•	 Data de nascimento.
•	 Data do atendimento.
•	 Peso.
•	 Estatura*.
•	 Sexo.
* A mensuração da altura de crianças de zero a 24 meses de idade deve ser realizada com a criança deitada (comprimento) e entre as crianças
maiores de 24 meses a mensuração deve ser feita em pé.
Cálculo de idade em meses
39
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
Passos para a classificação do estado nutricional:
1.	 Mensuração do peso e da altura.
2.	 Cálculo do IMC.
3.	 Cálculo da idade em meses.
4.	 Com o valor obtido, é possível usar a tabela a seguir para identificar sobrepeso ou
obesidade.
5.	 Avaliação dos valores encontrados de acordo com a referência. Um importante instrumento
para a classificação do estado nutricional é a Caderneta da Criança. Os dados de peso e
altura podem ser colocados no gráfico e avaliados na curva de crescimento.
Tabela 1 – Ponto de corte de IMC, de acordo com a idade, para diagnóstico
de excesso de peso e obesidade
  Meninos Meninas   Meninos Meninas
Idade
em
anos*
Sobrepeso Obesidade Sobrepeso Obesidade
Idade
em
anos*
Sobrepeso Obesidade Sobrepeso Obesidade
2 17,33 18,84 17,09 18,72 6 16,76 18,52 17,01 19,22
2,5 17,09 18,56 16,92 18,53 6,5 16,89 18,75 17,13 19,48
3 16,89 18,34 16,80 18,42 7 17,05 19,02 17,29 19,79
3,5 16,75 18,21 16,76 18,44 7,5 17,23 19,33 17,49 20,15
4 16,67 18,17 16,77 18,53 8 17,44 19,67 17,73 20,56
4,5 16,63 18,21 16,83 18,67 8,5 17,66 20,06 18,01 21,02
5 16,62 18,29 16,90 18,81 9 17,91 20,47 18,33 21,51
5,5 16,68 18,35 16,92 19,01 9,5 18,18 20,92 18,67 22,03
Fonte: OMS, 2007.
*A idade completa é considerada até 5 meses e 29 dias. Por exemplo, uma criança com 3 anos 5 meses e 29 dias deverá
entrar na faixa de 3 anos, e uma criança com 3 anos e 6 meses deverá entrar na faixa de 3,5 anos
Para a classificação do estado nutricional, são adotados os seguintes critérios, segundo os
índices antropométricos:
40
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
Tabela 2 – Critérios para classificação do estado nutricional, de acordo
com os índices antropométricos
VALORES CRÍTICOS
ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS
CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS
INCOMPLETOS
CRIANÇAS DE 5 A 10
ANOS INCOMPLETOS
Peso
para
idade
Peso
para
estatura
IMC para
idade
Estatura
para
idade
Peso
para
idade
IMC para
idade
Estatura
para
idade
< Percentil
0,1
< Escore-z
-3
Muito
baixo
peso para
a idade
Magreza
acentuada
Magreza
acentuada
Muito
baixa
estatura
para a
idade
Muito
baixo
peso para
a idade
Magreza
acentuada
Muito
baixa
estatura
para a
idade
≥ Percentil
0,1 e
< Percentil 3
≥ Escore-z
-3 e
< Escore-z 2
Baixo
peso para
a idade
Magreza
Magreza
acentuada
Baixa
estatura
para a
idade
Baixo
peso para
a idade
Magreza
Baixa
estatura
para a
idade
≥ Percentil 3
e < Percentil
15
≥ Escore-z
-2 e
< Escore-z
-1
Peso
adequado
para a
idade
Eutrofia Eutrofia
Estatura
adequada
para a
idade
Peso
adequado
para a
idade
Eutrofia
Estatura
adequada
para a
idade
≥ Percentil 15
e ≤ Percentil
85
≥ Escore-z
-1 e
≤ Escore-z
+1
> Percentil 85
e ≤ Percentil
97
> Escore-z
+1 e
≤ Escore-z
+2
Risco de
sobrepeso
Risco de
sobrepeso
Sobrepeso
> Percentil 97
e ≤ Percentil
99,9
> Escore-z
+2 e
≤ Escore-z
+3
Peso
elevado
para a
idade
Sobrepeso Sobrepeso Peso
elevado
para a
idade
Obesidade
> Percentil
99,9
> Escore-z
+3
Obesidade Obesidade
Obesidade
grave
Fonte: Adaptado de Organización de la Salud. Curso de Capacitación sobre la evalución del crecimienti del niño
versión 1 – Noviembre 2006. Ginebra, OMS, 2006.
Ao ser classificada com o peso acima do adequado (excesso de peso): apresentar o diagnóstico
encontrado à mãe ou responsável pela criança no momento do atendimento, explicando o que
este representa com as devidas orientações para cada caso. São situações de alerta entre crianças:
•	 Peso elevado para idade, com curva de crescimento ascendente.
Para menores de 2 anos, quando apresentar excesso de peso, avaliar também a altura da
criança. Caso apresente déficit de altura, essa pode ser recuperada, na maioria dos casos, com
uma intervenção adequada e imediata.
O índice antropométrico mais recomendado pelo Sisvan para avaliação do excesso de peso
é o IMC-para-idade. Isso porque a associação para determinar o risco à saúde é mais sensível
quando avaliada a relação entre o peso e o quadrado da medida de altura (IMC) do que com
41
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
a medida isolada da altura (Peso-para-estatura). Acima do percentil 97 (Escore-z +2), a criança
apresenta obesidade.
Outras ações importantes:
•	 Avaliar a orientação da curva de crescimento, segundo os índices antropométricos
utilizados (ascendente, horizontal ou descendente).
•	 Registrar os dados na Caderneta de Saúde da Criança.
•	 Avaliar os hábitos alimentares da criança, prática de aleitamento materno (em menores
de 2 anos), a disponibilidade e variedade de alimentos na família e o recebimento de
benefícios provenientes de programas de transferência de renda e outros tipos de auxílio
(cesta básica, leite, etc.) – Usar formulário do Sisvan como referência (Anexo A).
•	 Realizar anamnese alimentar da criança.
•	 Avaliar a prática de atividade física e o número de horas que a criança passa em frente a
vídeos (televisão, computador, video game etc.) por dia.
•	 Avaliar a alimentação da criança no ambiente escolar e as possíveis influências nas suas
escolhas alimentares.
3.3.4 Abordagens para o manejo do sobrepeso e da obesidade
em lactentes, pré-escolares e escolares
A alimentação saudável desde o início da vida fetal e ao longo da primeira infância,
contemplando a alimentação da gestante, da nutriz, o aleitamento materno e a introdução
oportuna da alimentação complementar, tem impactos positivos, afetando não somente o
crescimento e o desenvolvimento da criança, mas também as demais fases do curso da vida. O
inverso também ocorre, a alimentação inadequada pode levar ao risco nutricional, propiciando
desnutrição ou excesso de peso, gerando um aumento da suscetibilidade para doenças crônicas
não transmissíveis na vida adulta, como diabetes, obesidade, doenças do coração e hipertensão.
Desta forma, uma alimentação adequada e saudável tem benefícios de curto e de longo
prazos, tanto para a mulher como para a criança. O aleitamento materno é a primeira prática de
alimentação saudável. A promoção do aleitamento materno é considerada uma das ações básicas
para a promoção do pleno crescimento e desenvolvimento, redução da mortalidade infantil e
prevenção de doenças na infância e na fase adulta. No entanto, para a promoção desta prática,
devem ser garantidas as condições necessárias à sua realização, desde o acesso ao pré-natal,
alojamento conjunto, o efetivo direito à licença-maternidade, direito à informação, apoio das
instituições, profissionais de Saúde, da família e a sociedade. A ausência desses fatores é responsável
42
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
pelas dificuldades enfrentadas pelas mulheres para o início e a manutenção do aleitamento
materno (CONFERÊNCIA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL, 2004).
Na rede de Atenção Básica, deve-se objetivar a implementação de estratégias como a
Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil. Os serviços de Saúde devem estar preparados e acessíveis
tanto no pré-natal quanto após o nascimento do bebê, no sentido de receber, apoiar e estimular
a mulher, o companheiro e a família. Os profissionais de Saúde devem estar sensibilizados e aptos
para responder às demandas técnicas, também para dar suporte às angústias, tensões e receios,
promovendo o acolhimento necessário neste período.
Por volta dos 6 meses de idade, o leite materno sozinho já não é suficiente para satisfazer
às necessidades da criança; portanto, as crianças devem começar a receber outros alimentos e
o leite materno deve continuar a ser oferecido, de forma complementar, até o segundo ano de
vida. Deve-se estar atento para este momento, pois, além de poder propiciar o desmame precoce,
a introdução inadequada de alimentação complementar ao aleitamento, insuficiente em termos
de conteúdo energético e de nutrientes, tem representado grande fator de risco para a saúde e
nutrição das crianças, resultando em agravos como desnutrição, alergias alimentares, anemias,
hipovitaminose A e sobrepeso.
A primeira fase da infância apresenta importantes aspectos para a formação de hábitos e
práticas em geral, e especificamente alimentares. Inserida no contexto familiar, a criança começa
a formar e internalizar os padrões de comportamento alimentar, em termos de sabor, olfato,
textura, quantidade dos alimentos, horário e ambiente das refeições etc. Trata-se de um processo
que se inicia nessa fase e se estende por todas as demais fases do curso da vida.
A alimentação complementar deve seguir os hábitos alimentares da família (desde que
saudáveis) adaptada às necessidades fisiológicas da criança. O preparo da alimentação da criança
deve ser cuidadoso, em particular para as pequenas que estão sendo apresentadas aos novos
alimentos a partir dos 6 meses (ao completar os 6 meses de vida). A consistência dos alimentos
deve-se adequar à maturidade fisiológica da criança, de tal forma que aos 12 meses de vida
ela já consuma os alimentos próprios da família. Nesse período, a criança está formando seus
hábitos alimentares, sendo uma fase essencial, já que terá repercussão no padrão alimentar
do indivíduo por todo o curso da vida. Na idade de 6 meses, devem ser oferecidas duas papas
de frutas e uma papa salgada com um alimento de cada grupo. Na idade de 7 meses, devem
ser oferecidas duas papas de frutas e duas papas salgadas. O material Dez Passos para uma
Alimentação Saudável: Guia alimentar para menores de 2 anos é uma publicação do Ministério
da Saúde e apresenta as recomendações de alimentação saudável para crianças menores de 2
anos (Anexo I) (BRASIL, 2010).
Desta forma, a introdução adequada de alimentos complementares pressupõe a presença de
alimentos dos diferentes grupos (frutas, legumes e verduras; cereais e leguminosas; carnes e leite),
em formas de papas, purês. Deve-se evitar o consumo excessivo de farinhas, açúcar, sal, óleos e
alimentos industrializados. A utilização de farinhas com o leite consumido pela criança, quando
43
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
ocorre precocemente, além de precipitar o desmame (e prejudicar o aleitamento materno),
introduz desnecessariamente uma prática capaz de contribuir para o excesso alimentar.
O conceito da criança "gordinha" como sinônimo de saúde deve ser reconstruído por meio
de um processo educativo compartilhado entre profissionais de Saúde e a família, no sentido de
sensibilizar para a necessidade de um acompanhamento nutricional, estimulando a formação
de práticas alimentares saudáveis. Desta forma, torna-se imprescindível a valorização do
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, a partir da Caderneta da Criança.
O acompanhamento nutricional das crianças com excesso de peso visa à manutenção do
crescimento e da saúde da criança com ênfase na construção de hábitos saudáveis. Crianças de
2 a 7 anos com IMC percentil maior ou igual a 95 com complicações devem receber intervenção
para perda de peso. Crianças maiores de 7 anos com IMC percentil maior ou igual a 95 sem ou
com complicações devem receber intervenção para perda de peso. Essa perda de peso deve ser
acompanhada para não interferir no crescimento.
Promoção da alimentação saudável à criança:
•	 Promoção, apoio e estímulo ao aleitamento materno exclusivo até o 6º mês e complementar
até 2 anos de vida ou mais.
•	 Valorização do acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento, a partir da
Caderneta da Criança.
•	 Orientação da alimentação da criança com base nos dez passos da alimentação da criança
menor de 2 anos (Anexo I).
•	 Incentivo ao uso de alimentos regionais, especialmente frutas, legumes e verduras.
•	 Incentivo ao consumo de alimentos fontes de ferro.
•	 Orientação sobre o consumo de alimentos fontes de vitamina C com alimentos fontes de
ferro para aumentar a biodisponibilidade deste micronutriente.
•	 Orientação sobre as principais fontes de vitamina A e de iodo.
•	 Estímulo ao uso moderado do sal iodado e correto armazenamento do sal no domicílio.
•	 Estímulo à produção de alimentos por meio de hortas domésticas e à criação de pequenos
animais pela comunidade.
Em relação aos pré-escolares e escolares, esta é a fase em que a criança apresenta grande
desenvolvimento, adquirindo conhecimentos e habilidades e apresentando uma socialização
mais intensa.
No que diz respeito à alimentação, cabe salientar que, a partir dos 2 anos de idade, a criança
tem o apetite reduzido, pois há uma desaceleração na velocidade do seu crescimento. Torna-se
mais seletiva na ingestão dos alimentos, porém não tem habilidade de escolher uma alimentação
balanceada e adequada ao seu crescimento e desenvolvimento, apresentando grande senso de
imitação. Os pais, a família, assim como as instituições de educação têm um papel importante
44
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
na promoção da alimentação saudável, pois são estes que determinam os alimentos que serão
oferecidos, estabelecendo limites em relação aos alimentos inadequados, tais como refrigerantes,
balas, doces, guloseimas, frituras e alimentos gordurosos, visando à proteção à saúde e à
prevenção do excesso de peso. Na infância, devem ser estimulados o consumo diário de arroz,
feijão, frutas, legumes e verduras, incluindo os folhosos, laticínios e carnes magras. No Anexo J,
estão listados os dez passos para a alimentação saudável de crianças de 2 a 10 anos.
A alimentação pode ser fonte de muitas descobertas para a criança e ser um modo de
demonstrar carinho e cuidado, mas pode também servir para chantagens. O hábito de oferecer
às crianças doces ou outras guloseimas, como forma de recompensa, estimula a ingestão de
alimentos além das necessidades nutricionais. O prêmio por ingerir alimentos nutritivos valoriza
mais a recompensa do que o próprio alimento. Frases como “coma toda a refeição para ganhar a
sobremesa”, “coma as verduras e legumes e você poderá sair para brincar” são exemplos disso. Faz
parte da cultura esse tipo de troca, a qual pode colaborar para o desenvolvimento da obesidade,
uma vez que as crianças vão associando alimentos às sensações que eles proporcionam. Essas
associações podem se perpetuar até a vida adulta, sendo comum o uso da alimentação como forma
de compensar sentimentos negativos, facilitando o aumento de peso (RIO DE JANEIRO, 2005).
A alimentação infantil merece ser cuidada e isso não significa oferecer aos filhos tudo o que
eles querem ou veem em propagandas. O público infantil é o principal alvo das propagandas
de alimentos, que apelam para desenhos coloridos, “bichinhos” carinhosos, músicas animadas,
artistas simpáticos e coleção de brindes, para chamar a atenção das crianças e estimular o
consumo permanente de certos produtos. Por ser uma fase da vida em que a referência familiar
é fundamental na formação dos hábitos alimentares, os pais devem ficar atentos à influência da
propaganda sobre a alimentação da família.
Entretanto, os espaços de convivência da criança com outras pessoas acontecem em diferentes
núcleos, para além da família. Desta forma, é importante a atuação do profissional nestes outros
espaços, uma vez que a criança tem acesso a comportamentos e hábitos alimentares oriundos
de grupos que não são o seu círculo familiar, e que podem influenciar o seu próprio hábito
alimentar que continua em formação. A preocupação com a alimentação, nessa fase, além do
requisito nutricional, deve ser fortalecer hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar e nas
creches, de forma contínua e respeitando a cultura regional.
A escola é um ambiente crucial para a promoção da alimentação saudável, pois caracteriza-se
por um espaço de troca de informações e ideias. Nesse espaço, a criança adquire conhecimentos e
habilidades, tem contato com diferentes culturas, alimenta-se e educa-se de forma abrangente.
A educação nutricional deve envolver pais, professores, nutricionistas, manipuladores de
alimentos (merendeiras) e cantineiros, visto que todos os profissionais são responsáveis por
incentivar as crianças a adquirirem, desde cedo, hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para
a prevenção de problemas relacionados à alimentação, tais como a desnutrição, anemia, cáries
e a obesidade infantil e, mais importante ainda, que a criança exerça seu direito à alimentação
de maneira saudável.
45
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
Buscando o desenvolvimento saudável da criança, sempre que possível, os profissionais devem
promover a prática de atividades lúdicas que estimulem a atividade física no âmbito da família,
creche, escola e comunidade. Pode-se encorajar práticas rotineiras de lazer segundo a faixa etária
(subir e descer escadas, acompanhar o adulto em caminhadas curtas, no lugar da locomoção,
por exemplo, por veículo, etc., correr, brincar de pique, pular corda, pular amarelinha, nadar,
jogar bola, dançar, andar de bicicleta, ou seja, estimular a realização de atividades físicas nos
momentos de lazer no cotidiano, aproveitando espaços públicos para a realização de atividades
dirigidas às crianças.
O cuidado à saúde infantil consiste em um conjunto de ações realizadas em diferentes espaços
institucionais nos quais a criança está inserida: família, creche, escola, rede de Saúde, instituições
religiosas, comunidade. Esse conjunto de ações e a oferta de ambientes sociocultural e afetivo
adequados contribuem para o alcance do potencial genético e o bem-estar físico e emocional,
necessários para a formação de uma geração saudável, produtiva e feliz.
Nesta perspectiva, a promoção do crescimento e do desenvolvimento infantil deve ser
assegurada por políticas públicas, como estratégia de desenvolvimento visando à superação das
desigualdades sociais e oferecendo oportunidades de explorar a potencialidade biopsicossocial
da criança.
3.3.5 Adolescentes
Compreende todos os indivíduos com idade de 10 a 20 anos incompletos. Para a classificação
do estado nutricional dos adolescentes, deve ser adotada a referência da Organização Mundial
da Saúde lançada em 2007 (OMS, 2007). Para mais informações sobre a análise de dados
antropométricos na população adolescente, consulte o capítulo correspondente na publicação
Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. Orientações para a coleta e análise de dados
antropométricos em serviços de saúde (BRASIL, 2011).
Para a avaliação do estado nutricional de adolescentes de 10 a 19 anos de idade são necessárias
as seguintes informações:
•	 Data de nascimento.
•	 Data do atendimento.
•	 Peso.
•	 Estatura.
•	 Sexo.
Cálculo de idade em meses
46
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
Passos para a classificação do estado nutricional:
1.	 Mensuração do peso e da altura.
2.	 Cálculo do IMC.
3.	 Cálculo da idade em meses.
4.	 Com o valor obtido, é possível usar a tabela abaixo para identificar sobrepeso ou obesidade.
5.	 Avaliação dos valores encontrados de acordo com a referência. Um importante instrumento
para a classificação do estado nutricional é a Caderneta do Adolescente. Os dados de peso
e altura podem ser colocados no gráfico e avaliados na curva de crescimento.
6.	 Avaliar o estágio de maturação sexual de acordo com o proposto por Tanner (Anexo B).
Maturação sexual: A identificação do estágio de maturação sexual do adolescente,
realizada por meio da avaliação do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários,
permite identificar em que fase de seu desenvolvimento puberal ele se encontra. O
estagiamento desta maturação foi sistematizado por Tanner (1989). Dessa forma, devem
ser adotadas as planilhas dos critérios de Tanner (Anexo B), identificando o estágio
correspondente para o desenvolvimento da genitália e pilosidade pubiana, no caso dos
meninos, e mamas e pilosidade pubiana, no caso das meninas.
Tabela 3 – Valores críticos e índices antropométricos para classificação do
estado nutricional de adolescentes
VALORES CRÍTICOS
ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA
ADOLESCENTES
IMC-para-idade Estatura-para-idade
< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza Acentuada1
Muito baixa estatura para
a idade
≥ Percentil 0,1 e
< Percentil 3
≥ Escore-z -3 e
< Escore-z -2
Magreza Baixa estatura para a idade
≥ Percentil 3 e
< Percentil 15
≥ Escore-z -2 e
< Escore-z -1
Eutrofia
Estatura adequada para a
idade2,3
≥ Percentil 15 e
≤ Percentil 85
≥ Escore-z -1 e
≤ Escore-z +1
> Percentil 85 e
≤ Percentil 97
> Escore-z +1 e
≤ Escore-z +2
Sobrepeso
> Percentil 97 e
≤ Percentil 99,9
> Escore-z +2 e
≤ Escore-z +3
Obesidade
> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave
Fonte: Adaptado de Organización de la Salud. Curso de Capacitación sobre la evalución del crecimienti del niño
versión 1 – Noviembre 2006. Ginebra, OMS, 2006.
47
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
1. Um adolescente classificado com IMC-para-idade abaixo do percentil 0,1 (Escore-z -3) é muito magro. Em
populações saudáveis, encontra-se um adolescente nessa situação para cada mil. Contudo, alguns casos correspondem
a transtornos alimentares. Em caso de suspeita dessas situações, o adolescente deve ser referenciado para um
atendimento especializado.
2. Acima do percentil 97 (Escore-z +2), o adolescente pode apresentar obesidade. A obesidade é uma doença crônica
de natureza multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo, acarretando prejuízos à saúde.
3. Um adolescente classificado com estatura-para-idade acima do percentil 99,9 (Escore-z +3) é muito alto, mas
raramente corresponde a um problema. Contudo, alguns casos correspondem a desordens endócrinas e tumores. Em
caso de suspeitas dessas situações, o adolescente deve ser referenciado para um atendimento especializado.
Tabela 4 – Ponto de corte de IMC, de acordo com a idade, para diagnóstico
de excesso peso e de obesidade
  Meninos Meninas Meninos Meninas  
Idade
em
anos*
Sobrepeso Obesidade Sobrepeso Obesidade
Idade
em
anos*
Sobrepeso Obesidade Sobrepeso Obesidade
10 18,48 21,40 19,03 22,57 15,5 23,12 27,44 23,83 28,58
10,5 18,81 21,91 19,43 23,13 16 23,53 27,87 24,10 28,87
11 19,16 22,45 19,86 23,72 16,5 23,91 28,27 24,32 29,11
11,5 19,54 23,01 20,32 24,34 17 24,27 28,63 24,50 29,28
12 19,95 23,58 20,81 24,97 17,5 24,60 28,95 24,65 29,42
12,5 20,38 24,16 21,31 25,60 18 24,91 29,24 24,77 29,52
13 20,83 24,76 21,80 26,21 18,5 25,19 29,50 24,87 29,60
13,5 21,30 25,35 22,28 26,79 19 25,45 29,72 24,97 29,67
14 21,77 25,92 22,73 27,32 19,5 25,45 29,72 24,97 29,67
14,5 22,23 26,46 23,15 27,80 20 25,45 29,72 24,97 29,67
15 22,68 26,97 23,51 28,22          
Fonte: OMS, 2007.
*A idade completa é considerada até 5 meses e 29 dias, por exemplo, uma adolescente com 15 anos 5 meses e 29 dias
deverá entrar na faixa de 15 anos, e uma adolescente com 15 anos e 7 meses deverá entrar na faixa de 15,5.
Ao ser classificado com o peso acima do adequado (excesso de peso) apresentar ao adolescente
e/ou responsável o diagnóstico encontrado, explicar o que representa e dar as devidas orientações
para cada caso. São situações que indicam alerta entre adolescentes: excesso de peso; baixo peso;
e identificação de práticas alimentares inadequadas.
Outras ações importantes:
•	 Avaliar a orientação da curva de crescimento, segundo os índices antropométricos
utilizados (ascendente, horizontal ou descendente).
•	 Registrar os dados na Caderneta de Saúde do Adolescente.
•	 Avaliar os hábitos alimentares do adolescente – usar formulário do Sisvan como referência
(Anexo A).
•	 Avaliar a prática de atividade física e o número de horas que o adolescente passa em
frente a vídeos (televisão, computador, video game etc.) por dia.
•	 Avaliar a alimentação do adolescente fora do ambiente de casa – escola, finais de semana,
lanches fora do lar e as possíveis influências dos grupos sociais nas suas escolhas alimentares.
48
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
3.3.5.1 Abordagens para o manejo do sobrepeso e da obesidade em adolescentes
Quanto aos adolescentes, a alimentação saudável deve conter nutrientes adequados ao
crescimento e às modificações corporais que ocorrem neste período. A adolescência é o período
de transição entre a infância e a fase adulta (entre 10 e 19 anos), caracterizada por intensas
transformações biopsicossociais.
Este é um período do curso da vida em que o crescimento e o desenvolvimento (maturação
sexual) se tornam mais acelerados. No acompanhamento clínico do adolescente, deve-se
considerar o diagnóstico antropométrico associado à avaliação do grau de maturação sexual,
existindo diferenças de composição corporal entre os sexos e entre os estágios de maturação que
afetam as necessidades nutricionais, o crescimento e desenvolvimento. O aumento do IMC em
meninos é mais relacionado ao aumento de massa magra do que ao tecido adiposo, diferente
das meninas.
Nesta fase, é comum o culto exagerado ao corpo. O crescimento acelerado e muitas vezes
repentino faz com que a percepção corporal fique alterada. Enquanto as meninas tendem a seguir
dietas da moda para emagrecer, que não suprem as suas necessidades nutricionais, podendo
levar aos transtornos alimentares, os meninos, procurando ganhar mais massa muscular, iniciam
a utilização indiscriminada de suplementos nutricionais.
A família também tem menos controle sobre a alimentação dos adolescentes, já que estes
têm uma vida um pouco mais independente e pertencem a um grupo no qual o comportamento
alimentar é um dos itens que os identifica socialmente.
O imediatismo e a procura pelo prazer e pela novidade são marcas do seu comportamento.
A substituição de alimentos in natura por produtos industrializados e processados, muitas vezes
mais calóricos, pode acarretar excesso de peso e carências nutricionais.
Assim, a equipe de Saúde deve ter disponibilidade, flexibilidade e sensibilidade para
acolher e escutar as necessidades dos adolescentes. Deve estar preparada para compreender os
sentimentos de conflito pertinentes a esta fase, que oscilam entre a perda da identidade infantil
e a aceitação da mudança corporal. Os conflitos relacionados à sexualidade podem também estar
presentes, sendo transferidos para a alimentação, acarretando, em alguns, o baixo peso e, em
outros, o excesso de peso. É muito comum a imposição de rótulos àqueles que são “diferentes”.
No entanto, a graça da vida está na diferença, na diversidade entre as pessoas e, por isso, salientar
mensagens de estímulo à autoestima, valorizando justamente a ideia de respeito às diferenças e
reconhecimento dos limites de cada um, é uma das tarefas mais importantes dos profissionais de
Saúde e Educação (RIO DE JANEIRO, 2005).
Cabe destacar que o adolescente deve ser parte ativa das ações de Saúde, cabendo à
equipe atendê-lo de forma desprovida de autoritarismo e de soluções prontas. Faz parte do
acompanhamento resgatar a sua autoestima para que se possa promover o desenvolvimento
de sua autonomia, assim como promover sua participação social ativa em ações comunitárias
de seu interesse (protagonismo juvenil), principalmente naquelas relativas à saúde e nutrição.
Os adolescentes têm direito a escolhas, mas é preciso que as opções saudáveis sejam oferecidas
e sejam também acessíveis em seu cotidiano. Alimentar-se bem depende de acesso, informação
e escolha. Conhecer mais sobre os alimentos/alimentação é um grande trunfo para fazer
escolhas mais saudáveis. Assim, a equipe de Saúde deve incentivar e facilitar a promoção do
49
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade
peso saudável, proporcionando informações relacionadas aos alimentos, como sazonalidade e
consequentemente preço, análise de rótulos para compreensão da composição do alimento,
data de validade e das condições das embalagens, armazenagem, sua utilização em preparações
práticas, saudáveis e saborosas.
Ao lado da família, a escola, o grupo social, o trabalho e a mídia têm influências sobre as
escolhas, o consumo de alimentos e a prática de atividade física, e devem ser considerados pelos
profissionais de Saúde.
A escola tem papel importante na formação de diversos valores e comportamentos, dentre
estes, os que dizem respeito à nutrição e à atividade física. Ressalta-se o papel da alimentação
escolar (merenda, cantina) na criação e/ou incentivo de hábitos alimentares saudáveis.
As práticas alimentares têm forte relação com o trabalho, pois ele determina vários aspectos
das práticas cotidianas: o acesso físico ao alimento, não só pela renda adquirida, mas também
pela possibilidade de realização de refeições (estabelecimentos comerciais próximo aos locais de
trabalho e o horário das refeições), além dos desgastes específicos de cada processo de trabalho
(BURLANDY, 2004).
O adolescente que está inserido no trabalho estabelece novos horários de refeições,
principalmente na situação escola-trabalho, podendo ocasionar a omissão de refeições, realizá-
las fora de casa ou substituir refeições por lanches, o que pode ser mais prático e rápido, mas
estes podem ser altamente calóricos e pobres em fibras, vitaminas e minerais. Neste caso, deve-se
aconselhar a opção por refeições equilibradas, composta por alimentos de cada grupo, tornando
o prato colorido, variado, proporcionando mais saciedade e bem-estar.
Estimular práticas de lazer como andar de bicicleta, jogar bola, futebol, dançar, fazer
ginástica, nadar e práticas rotineiras para aumentar atividade física, tais como subir e descer
escadas, fazer caminhadas curtas no lugar da locomoção por veículo, são ações que devem fazer
parte do acompanhamento da saúde do adolescente. Em paralelo, devem ser desestimulados
os hábitos promotores do sedentarismo, como permanência excessiva em frente à televisão, ao
computador e em jogos de video games.
Além disso, o envolvimento do adolescente com atividades de lazer ou esportivas pode
alterar o seu padrão alimentar, aumentando as necessidades nutricionais e modificando as
práticas alimentares. As substituições de algumas das principais refeições, como almoço e jantar,
por lanches rápidos são comuns e podem comprometer a satisfação das necessidades nutricionais
nesta fase. No Anexo K, estão listados os dez passos da alimentação saudável para adolescentes.
Os serviços de Saúde integrados à comunidade podem promover oportunidades coletivas para
o desenvolvimento de atividade física regular, incentivando gincanas, danças, jogos, olimpíadas
e outras atividades físicas.
50
Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
3.3.6 Intervenção para crianças e adolescentes com excesso de peso
De acordo com o fluxograma abaixo, podemos dividir o fluxo de atendimento por idade,
crianças de 2 a 7 anos e crianças maiores de 7 anos.
Crianças de 2 a 7 anos: com IMC entre os percentis 85 e 95 e crianças com IMC percentil maior
ou igual a 95 sem complicações devem ter orientações de alimentação saudável e atividade física
para manutenção do peso corporal, uma vez que ainda crescerão adequando a relação peso/estatura.
Crianças com IMC percentil maior ou igual a 95 com complicações devem receber intervenção para
perda de peso. Essa perda de peso deve ser acompanhada para não interferir no crescimento.
Crianças com idade >7 anos: com IMC entre os percentis 85 e 95 sem complicação devem ter
orientações de alimentação saudável e atividade física para manutenção do peso corporal, uma vez
que ainda crescerão adequando a relação peso/estatura. Crianças com IMC entre os percentis 85 e 95
com complicação devem ter orientações de alimentação saudável e atividade física para manutenção.
IMC percentil maior ou igual a 95 sem ou com complicações devem receber intervenção para perda
de peso. Essa perda de peso deve ser acompanhada para não interferir no crescimento.
Figura 2 – Fluxograma para atendimento de crianças e de adolescentes
com excesso de peso
2 a 7 anos
IMC Percentil
85 – 95
Manutenção do
Peso
IMC Percentil
>95–
Sem
complicações
Com
complicações
Manutenção
do Peso
Perda de Peso
>7 anos
IMC Percentil
>95–
IMC Percentil
85 – 95
Sem
complicações
Com
complicações
Manutenção
do Peso
Perda de Peso Perda de Peso
Fonte: DIETZ; BARLOW, 1998.
*Complicações: Hipertensão, dislipidemias e resistência à insulina.
3.3.7 Abordagem geral
Considerando as recomendações adotadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria, a conduta
nutricional pode ser dividida em cinco etapas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009;
VITOLO, 2008):
Estratégias para cuidado de obesidade
Estratégias para cuidado de obesidade
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  • 2. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica ESTRATÉGIAS PARA O CUIDADO DA PESSOA COM DOENÇA CRÔNICA OBESIDADE Cadernos de Atenção Básica, no 38 Brasília – DF 2014
  • 3. © 2014 Ministério da Saúde. Todos os direitos reservados. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>. O conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da Saúde pode ser acessado na página: <www.saude.gov.br/editora>. Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Sem Derivações 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Tiragem: 1ª edição – 2014 – 20.000 exemplares Elaboração, distribuição e Informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Edifício Premium, SAF Sul, Quadra 2, Lote 5/6, Bloco II, Subsolo CEP: 70.070-600 – Brasília/DF Fone: (61) 3315-9031 E-mail: dab@saude.gov.br Site: dab.saude.gov.br Editor geral: Hêider Aurélio Pinto Editor técnico geral: Patrícia Constante Jaime Patrícia Sampaio Chueiri Coordenação técnica geral: Patrícia Constante Jaime Revisão técnica geral: Ana Carolina Feldenheimer da Silva Autores: Aline Schilling Copstein. Ana Carolina Feldenheimer da Silva Aneron de Avila Canals Carolina Belomo de Souza Danielle Keylla Alencar Cruz Danusa Santos Brandão Gisele Ane Bortolini José Eudes Barroso Lena Azeredo de Lima Maria Natacha Toral Bertolin Mariana Carvalho Pinheiro Pablo de Lannoy Stürmer Renata de Souza Escobar Sandra Matsudo Tanara Vogel Pinheiro Colaboração: Beatriz Martins da Costa Maciel Mara Lucia dos Santos Costa Editora responsável: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria-Executiva Subsecretaria de Assuntos Administrativos Coordenação-Geral de Documentação e Informação Coordenação de Gestão Editorial SIA, Trecho 4, lotes 540/610 CEP: 71200-040 – Brasília/DF Tels.: (61) 3315-7790 / 3315-7794 Fax: (61) 3233-9558 Site: http://editora.saude.gov.br E-mail: editora.ms@saude.gov.br Equipe editorial: Normalização: Amanda Soares Revisão: Marcia Medrado Abrantes e Eveline de Assis Capa, projeto gráfico e diagramação: Marcelo Gomes Impresso no Brasil / Printed in Brazil Ficha Catalográfica _______________________________________________________________________________________________________ Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica : obesidade / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 212 p. : il. – (Cadernos de Atenção Básica, n. 38) ISBN 978-85-334-2121-9 1. Obesidade – prevenção e controle. 2. Comportamento alimentar. 3. Promoção da saúde. I. Título. CDU 616-056.2 _______________________________________________________________________________________________________ Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2014/0121 Títulos para indexação: Em inglês: Strategies for the care of the person with chronic disease: Obesity Em espanhol: Estrategias para el cuidado de la persona con enfermedad crónica: Obesidad
  • 4. Figura 1 – Fluxograma descritivo de atividades para a Atenção à Saúde, segundo classificação do IMC na Atenção Básica para indivíduos adultos.........................................33 Figura 2 – Fluxograma para atendimento de crianças e de adolescentes com excesso de peso .....................................................................................................................................50 Figura 3 – Avaliação do traçado da curva de acompanhamento do estado nutricional da gestante, segundo o gráfico de Índice de Massa Corporal, por semana gestacional...........63 Figura 4 – Proposta de algoritmo para avaliação dos estágios de mudança em relação à perda de peso ........................................................................................................................80 Figura 5 – Proposta para o processo de estabelecimento de metas.....................................82
  • 5. Tabela 1 – Ponto de corte de IMC, de acordo com a idade, para diagnóstico de excesso de peso e de obesidade.............................................................................................................39 Tabela 2 – Critérios para classificação do estado nutricional, de acordo com os índices antropométricos.......................................................................................................................40 Tabela 3 – Valores críticos e índices antropométricos para classificação do estado nutricional de adolescentes......................................................................................................46 Tabela 4 – Ponto de corte de IMC, de acordo com a idade, para diagnóstico de excesso de peso e de obesidade.............................................................................................................47 Tabela 5 – Ponto de corte para avaliação de sobrepeso e obesidade para gestantes adolescentes.............................................................................................................................60 Tabela 6 – Valores de pressão arterial no consultório, Mapa, Ampa e MRPA, que caracterizam hipertensão, hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada.......69 Tabela 7 – Valores preconizados para o diagnóstico de DM tipo 2 e seus estágios pré-clínicos................................................................................................................................69
  • 6. Quadro 1 – Classificação do estado nutricional para adultos (20 a 60 anos).......................37 Quadro 2 – Verificação de fatores dietéticos relacionados à obesidade infantil e na adolescência .............................................................................................................................52 Quadro 3 – Classificação do estado nutricional para idosos (acima de 60 anos)................53 Quadro 4 – Conduta para calcular a semana gestacional a partir da data da última menstruação (DUM)..................................................................................................................59 Quadro 5 – Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação, segundo o estado nutricional inicial......................................................................................................................62 Quadro 6 – Observações em caso de gestantes adolescentes e gestação múltipla.............65 Quadro 7 – Interpretação do edema na gestação...................................................................65 Quadro 8 – Contraindicações a exercício aeróbico e sinais para interrupção do exercício físico durante a gestação.........................................................................................66 Quadro 9 – Classificação do risco aumentado para doenças cardiovasculares de acordo com a circunferência de cintura..............................................................................................68 Quadro 10 – Recomendações dos teores de lipídios ou gorduras no sangue......................68 Quadro 11 – Doenças endócrinas associadas ao excesso de peso........................................71 Quadro 12 – Síntese das diretrizes do Guia Alimentar...........................................................84 Quadro 13 – Exemplos de frutas, verduras e legumes...........................................................86 Quadro 14 – Classificação dos tipos de fibras.........................................................................87 Quadro 15 – Tipos de ácidos graxos alimentares....................................................................91 Quadro 16 – Definição dos termos diet e light.......................................................................95 Quadro 17 – As dimensões do PRACTICE................................................................................103 Quadro 18 – Papéis comumente adotados por familiares de pessoas com obesidade.......103 Quadro 19 – Medicamentos associados ao ganho de peso.................................................151 Quadro 20 – Diretrizes gerais para o tratamento cirúrgico da obesidade e acompanhamento pré e pós-cirurgia bariátrica...................................................................156 Quadro 21 – Evolução dietética no pós-operatório da cirurgia bariátrica.........................158 Quadro 22 – Critérios diagnósticos para anorexia nervosa segundo o DSM-IV e a CID-10....165 Quadro 23 – Critérios diagnósticos para bulimia nervosa segundo o DSM-IV e a CID-10.......167
  • 7.
  • 8. Apresentação............................................................................................................................ 13 1 Introdução.............................................................................................................................. 17 Referências.....................................................................................................................................................21 2 Conceito.................................................................................................................................. 23 2.1 Instrumentos para avaliação do estado nutricional..............................................................................25 Referências ....................................................................................................................................................27 3 Classificação, diagnóstico e manejo da obesidade............................................................. 29 3.1 Organização da atenção para prevenção e controle da obesidade ....................................................31 3.2 Organização da linha de cuidado das pessoas com sobrepeso e obesidade.......................................31 3.3 Classificação.............................................................................................................................................36 3.3.1 Adultos...........................................................................................................................................36 3.3.1.1 Classificação do estado nutricional.......................................................................................36 3.3.2 Um olhar sob a perspectiva das fases do curso da vida...............................................................38 3.3.3 Crianças..........................................................................................................................................38 3.3.4 Abordagens para o manejo do sobrepeso e da obesidade em lactentes, pré-escolares e escolares..................................................................................................................................................41 3.3.5 Adolescentes .................................................................................................................................45 3.3.5.1 Abordagens para o manejo do sobrepeso e da obesidade em adolescentes....................48 3.3.6 Intervenção para crianças e adolescentes com excesso de peso.................................................... 50 3.3.7 Abordagem geral...........................................................................................................................50 3.3.8 Idosos..............................................................................................................................................53 3.3.8.1 Classificação do estado nutricional.......................................................................................53 3.3.8.2 Modificações fisiológicas ocasionadas pelo envelhecimento..............................................55 3.3.8.3 Cuidado especial no acompanhamento do idoso obeso.....................................................56 3.3.8.4 Cuidados com a alimentação.................................................................................................56 3.3.9 Gestantes........................................................................................................................................58
  • 9. 3.3.9.1 Cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) da gestante.....................................................58 3.3.9.2 Cálculo da semana gestacional.............................................................................................58 3.3.9.3 Classificação do diagnóstico nutricional...............................................................................59 3.3.9.4 Gestante adolescente.............................................................................................................60 3.3.9.5 Acompanhamento e controle do ganho de peso e do estado nutricional durante a gestação .............................................................................................................................................62 3.3.9.6 Ganho de peso ......................................................................................................................62 3.3.9.7 Acompanhamento da evolução do estado nutricional ......................................................63 3.3.9.8 Edema.....................................................................................................................................65 3.3.9.9 Atividade física durante a gestação......................................................................................66 3.3.9.10 Nutrizes.................................................................................................................................66 3.3.10 Mulher na menopausa ...............................................................................................................67 3.3.11 Outros exames que devem ser realizados em pacientes com excesso de peso (IMC >25 kg/m2 )......................................................................................................................................68 3.3.11.1 Circunferência da cintura....................................................................................................68 3.3.11.2 Lipidograma.........................................................................................................................68 3.3.11.3 Pressão arterial.....................................................................................................................68 3.3.11.4 Glicemia ..............................................................................................................................69 3.3.11.5 Avaliação do risco cardiovascular........................................................................................70 3.3.11.6 Avalição de condições endócrinas.......................................................................................70 3.3.11.7 Obesidade e câncer..............................................................................................................71 Referências ....................................................................................................................................................72 Bibliografia complementar...........................................................................................................................75 4 Estratégias de abordagem.................................................................................................... 77 4.1 Estabelecimento de um plano de ação para mudança de comportamento com foco na promoção da alimentação saudável e atividade física................................................................................79 4.2 Avaliação do estágio de mudança do comportamento........................................................................79 4.3 Avaliação do consumo alimentar...........................................................................................................81 4.4 Orientação alimentar com vistas à promoção do peso saudável.........................................................83 4.4.1 Diretriz 1 – Os alimentos saudáveis e as refeições.......................................................................84 4.4.2 Diretriz 2 – Cereais, tubérculos e raízes........................................................................................85 4.4.3 Diretriz 3 – Frutas, legumes e verduras (FLV)...............................................................................86 4.4.3.1 Fibras.......................................................................................................................................87
  • 10. 4.4.4 Diretriz 4 – Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteínas...........................................87 4.4.5 Diretriz 5 – Leites e derivados, carnes e ovos...............................................................................88 4.4.5.1 Leites e derivados...................................................................................................................88 4.4.5.2 Carnes (bovinos, suínos, aves e peixes) e ovos.....................................................................89 4.4.6 Diretriz 6 – Gordura, açúcares e sal .............................................................................................89 4.4.6.1 Recomendação em relação ao valor energético total (VET)...............................................90 4.4.6.2 Gordura trans.........................................................................................................................90 4.4.6.3 Açúcar.....................................................................................................................................92 4.4.6.4 Sal............................................................................................................................................92 4.4.7 Diretriz 7 – Água............................................................................................................................93 4.5 Alimentos diet e light..............................................................................................................................95 4.6 Edulcorantes............................................................................................................................................96 Referências ....................................................................................................................................................97 5 Abordagem cognitivo-comportamental.............................................................................. 99 5.1 Classificando o pensamento disfuncional............................................................................................101 5.2 Identificando desencadeantes e modificando o pensamento disfuncional......................................101 5.3 Abordagem familiar..............................................................................................................................102 5.4 O trabalho com grupos: uma estratégia para a construção coletiva do conhecimento...................104 5.4.1 Composição dos grupos...............................................................................................................104 5.4.2 Atividades educativas sobre alimentação saudável ..................................................................105 5.5 Recomendações importantes para o cuidado integral .....................................................................106 5.6 Práticas alimentares e o resgate da culinária para saúde e prazer no cotidiano da população .....107 5.7 A busca por uma alimentação saudável...............................................................................................108 5.8 Valorização de ganhos na saúde e no bem-estar................................................................................109 Referências...................................................................................................................................................111 Bibliografia complementar.........................................................................................................................112 6 Promoção da saúde, educação em saúde e prevenção da obesidade............................. 113 6.1 A prevenção e o controle da obesidade nos diferentes níveis organizacionais da Atenção à Saúde............................................................................................................................................................120 Referências ..................................................................................................................................................124
  • 11. 7 Promoção da atividade física.............................................................................................. 127 7.1 Nível de atividade física........................................................................................................................130 Referências ..................................................................................................................................................135 Bibliografia complementar.........................................................................................................................135 8 Tratamento dietoterápico................................................................................................... 137 Referências...................................................................................................................................................148 9 Tratamento medicamentoso .............................................................................................. 149 10 Tratamento cirúrgico......................................................................................................... 153 10.1 Atenção dietética na cirurgia bariátrica......................................................................................157 10.1.1 Pré-operatório.........................................................................................................................157 10.1.2 Pós-operatório.........................................................................................................................157 10.2 O papel dos profissionais da Atenção Básica na cirurgia bariátrica..........................................159 Referências...................................................................................................................................................160 Bibliografia complementar.........................................................................................................................160 11 Distúrbios alimentares: bulimia, compulsão alimentar e transtornos alimentares.... 161 11.1 Anorexia nervosa.................................................................................................................................164 11.2 Bulimia nervosa...................................................................................................................................166 11.3 Transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP)......................................................................167 11.4 O papel da Atenção Básica nos transtornos alimentares..................................................................168 11.5 Instrumentos para avaliação dos transtornos alimentares...............................................................169 Referências ..................................................................................................................................................170 Bibliografia complementar.........................................................................................................................171 12 Mitos e tabus sobre dietas da moda................................................................................ 173 Referências ..................................................................................................................................................178 Apêndice.................................................................................................................................. 179 Apêndice A – Indicadores para a linha de cuidado das pessoas com excesso de peso...........................181 Anexos..................................................................................................................................... 185 ANEXO A – Formulário de marcadores de consumo alimentar para crianças menores de 2 anos, crianças com 2 anos ou mais, adolescentes, adultos, gestantes e idosos.................................................187 ANEXO B – Critérios de Tanner para a avaliação do desenvolvimento puberal feminino e masculino.188
  • 12. ANEXO C – Avaliação do estado nutricional da gestante, segundo o Índice de Massa Corporal (IMC), por semana gestacional...................................................................................................................190 ANEXO D – Gráfico de Acompanhamento Nutricional da Gestante – Índice de Massa Corporal, segundo semana de gestação.....................................................................................................................191 ANEXO E – Lista de substituições de alimentos.........................................................................................192 ANEXO F – Questionário de Prontidão para Atividade Física (Q-PAF).....................................................194 ANEXO G – Equações para estimar a taxa metabólica basal, segundo idade e sexo..............................195 ANEXO H – Dez passos para alimentação saudável de gestantes............................................................198 ANEXO I – Dez passos para a alimentação saudável de crianças menores de 2 anos ............................199 ANEXO J – Dez passos para a alimentação saudável de crianças entre 2 e 10 anos...............................200 ANEXO K – Dez passos para a alimentação saudável de adolescentes....................................................202 ANEXO L – Dez passos para a alimentação saudável de adultos..............................................................203 ANEXO M – Dez passos para a alimentação saudável de idosos..............................................................204 ANEXO N – Teste de Atitudes Alimentares – Eating Attitudes Test (EAT)................................................205 ANEXO O – Escala de Compulsão Alimentar Periódica (Ecap)..................................................................207
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  • 16. 15 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade O panorama mundial e brasileiro de doenças crônicas não transmissíveis tem se revelado como um novo desafio para a saúde pública. A complexidade do perfil nutricional que ora se desenha no Brasil revela a importância de um modelo de Atenção à Saúde que incorpore definitivamente ações de promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. Neste cenário epidemiológico do grupo de doenças crônicas não transmissíveis, destaca-se a obesidade por ser simultaneamente uma doença e um fator de risco para outras doenças deste grupo, como a hipertensão e o diabetes, igualmente com taxas de prevalência em elevação no País. As prevalências de sobrepeso e obesidade cresceram de maneira importante nos últimos 30 anos. O modo de viver da sociedade moderna tem determinado um padrão alimentar que, aliado ao sedentarismo, em geral não é favorável à saúde da população. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição aponta a obesidade como um dos grandes desafios do contexto atual e suas diretrizes norteiam a organização do cuidado integral ao indivíduo com sobrepeso e obesidade, a vigilância alimentar e nutricional, a promoção da alimentação adequada e saudável, que devem ocorrer no cotidiano dos serviços de Saúde, assim como macropolíticas que potencializem uma vida mais saudável. Considerando que os fatores de risco e proteção são muitas vezes comuns às doenças crônicas, que essas doenças podem estar associadas e que o tratamento não medicamentoso apresenta alto grau de semelhança entre elas, verificou-se a necessidade de revisar os Cadernos de Atenção Básica, trazendo abordagem conjunta. Por isso, nesta Coleção serão publicadas as novas edições dos Cadernos de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, além do lançamento do Caderno de Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica. O Cadernos de Atenção Básica, nº 38 – Obesidade tem como objetivo subsidiar os profissionais de Saúde atuantes nos serviços de Atenção Básica do SUS para o cuidado integral da obesidade, com ênfase no manejo alimentar e nutricional. Um dos principais destaques desta publicação é a abordagem integral e humanizada ao indivíduo com excesso de peso, com enfoque na promoção da saúde e prevenção de outras doenças crônicas não transmissíveis, a fim de incluir nas rotinas dos serviços de Atenção Básica a abordagem alimentar e nutricional como uma prática efetiva e cotidiana. Desta forma, espera-se que este Caderno (CAB) contribua para qualificar a atenção integral aos indivíduos com doenças crônicas não transmissíveis, especialmente nos casos que envolvam o excesso de peso, considerando o sujeito em sua singularidade e sua inserção sociocultural. Ministério da Saúde
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  • 20. 19 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade A população brasileira passou por diversas mudanças nas últimas quatro décadas. Essas mudanças ocorreram na composição demográfica, com aumento na expectativa de vida e na proporção de idosos na população. Além da transição demográfica, também vivenciamos uma transição epidemiológica, com diminuição das doenças infecciosas e aumento das doenças crônicas e a transição nutricional, com queda da desnutrição em todas as idades e aumento do excesso de peso, em todas as idades e classes de renda. Essa realidade tem implicações no que se refere ao complexo quadro de saúde-doença do País, uma vez que os problemas ambientais, de violência e do processo de envelhecimento populacional, com aumento das doenças e agravos não transmissíveis, somam-se aos problemas já existentes, como a morbimortalidade por doenças infecciosas e os problemas de saúde na infância (PAIM et al., 2011; SCHMIDT et al., 2011; BARRETO et al., 2011; VICTORA et al., 2011). As doenças e agravos não transmissíveis vêm aumentando e, no Brasil, são as principais causas de óbitos em adultos, sendo a obesidade um dos fatores de maior risco para o adoecimento neste grupo. A prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos para a promoção da saúde e redução de morbimortalidade, não só por ser um fator de risco importante para outras doenças, mas também por interferir na duração e qualidade de vida, e ainda ter implicações diretas na aceitação social dos indivíduos quando excluídos da estética difundida pela sociedade contemporânea (SCHMIDT et al., 2011). No Brasil, segundo dados da última pesquisa de orçamentos familiares (POF 2008), cerca de 15% dos adultos apresentam obesidade e cerca de metade da população maior de 20 anos apresenta excesso de peso. O que mais chama a atenção nessa epidemia é a velocidade com que ela aumentou nas últimas décadas. Em 1975 (IBGE, 1976) a obesidade estava presente em 2,8% dos homens e 7,8% das mulheres; já em 2003, (IBGE, 2010) a prevalência entre homens era de 8,8% e de 12,7% em mulheres. Em 2009, a prevalência de obesidade era de 12,5% entre homens e de 16,9% entre as mulheres. O excesso de peso, que compreende o sobrepeso e a obesidade, atualmente acomete 50,1% dos homens e 48% das mulhers (IBGE, 2010). O aumento da obesidade é uma realidade não apenas no Brasil, mas praticamente em todos os países do chamado mundo ocidental, em todas as faixas de idade e em ambos os sexos (MONTEIRO, CONDE; POPKIN, 2007; POPKIN, 2010; POPKIN, 2011; JONES-SMITH et al., 2011). Estudo recente realizado com os dados do Sistema de Vigilância de fatores de Risco e de Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis por meio de Inquérito Telefônico (Vigitel) também analisou a variação temporal do excesso de peso e da obesidade nas capitais brasileiras em um menor período de tempo. Observou-se que as prevalências de excesso de peso foram de 43%, 42,7%, 44,2% e 46,6% para cada ano do período de 2006 a 2009, respectivamente, e que para a obesidade as prevalências foram de 11,4%, 12,7%, 13,2% e 13,8%, no mesmo período de estudo. Verificou-se, ainda, que houve tendência de aumento de prevalência do excesso de peso para homens com 65 anos ou mais e que as mulheres com menos de 45 anos foram as
  • 21. 20 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica que mais contribuíram para o aumento nas prevalências de excesso de peso entre 2006 a 2009 (GIGANTE et al., 2011). A análise temporal dos dados do Vigitel apontam para um aumento anual de 1,08% e 0,72% nas taxas de excesso de peso e obesidade, respectivamente, entre e população adulta brasileira. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade pode ser compreendida como um agravo de caráter multifatorial decorrente de balanço energético positivo que favorece o acúmulo de gordura, associado a riscos para a saúde devido à sua relação com complicações metabólicas, como aumento da pressão arterial, dos níveis de colesterol e triglicerídeos sanguíneos e resistência à insulina. Entre suas causas, estão relacionados fatores biológicos, históricos, ecológicos, econômicos, sociais, culturais e políticos (OMS, 2000). O excesso de peso tem como determinantes proximais o padrão alimentar e o dispêndio energético. O padrão alimentar atual identificado por pesquisas nacionais evidenciam o fenômeno da transição nutricional na população brasileira, que se caracteriza pelo elevado percentual de consumo de alimentos ricos em açúcar, gorduras saturadas, trans e sal e pelo baixo consumo de carboidratos complexos e fibras. A evolução do padrão de consumo da população brasileira entre as décadas de 1970 e 2009 mostra as seguintes tendências: aumento do consumo de alimentos ultraprocessados (biscoitos, embutidos, refrigerantes, refeições prontas). Estabilização do consumo de frutas e hortaliças (que representam menos da metade da recomendação de consumo) e redução de consumo de alimentos básicos como ovos, gordura animal, peixe, leguminosas, raízes e tubérculos e arroz (IBGE, 2011). A globalização, o marketing exacerbado de alimentos processados, o consumismo, a necessidade de prazeres rápidos e respostas imediatas contribuem para o aparecimento da obesidade como uma questão social. A obesidade envolve complexa relação entre corpo-saúde- alimento e sociedade, uma vez que os grupos têm diferentes inserções sociais e concepções diversas sobre estes temas, que variam com a história. Este complexo cenário traz grandes desafios para a Rede de Atenção à Saúde do SUS, em especial para a Atenção Básica. Por sua proximidade ao cotidiano de vida das pessoas, tem maior poder de compreensão da dinâmica social e dos determinantes de saúde de cada território, tornando-se local privilegiado para desenvolvimento de ações de promoção de saúde e enfrentamento do excesso de peso que acomete o indivíduo, as famílias e a população. Assim, as intervenções para a reversão do excesso de peso, das populações e dos indivíduos, precisam considerar as diversas concepções presentes na sociedade sobre alimentação, atividade física, corpo e saúde. A Atenção Básica, além de acolher e tratar o indivíduo com excesso de peso, deve ser a ordenadora do cuidado e centro de comunicação entre os demais pontos da Rede de Atenção, garantindo o cuidado integral.
  • 22. 21 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade Referências BARRETO, M. L. et al. Successes and failures in the control of infectious diseases in Brazil: social and environmental context, policies, interventions, and research needs. Lancet, [S. l.], v. 377, n. 9780, p. 1877- 1889, May 2011. Epub 2011 May 9. GIGANTE, D. P. et al. Variação temporal na prevalência do excesso de peso e obesidade em adultos: Brasil, 2006 a 2009. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 14, p. 157-165, set. 2011. Suplemento 1. IBGE. Estudo Nacional da Despesa Familiar – Endef. Rio de Janeiro, 1976. ______. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010. ______. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011. JONES-SMITH, J. C. et al. Cross-national comparisons of time trends in overweight inequality by socioeconomic status among women using repeated cross-sectional surveys from 37 developing countries, 1989-2007. Am. J. Epidemiol., [S.l.], v. 173, n. 6, p. 667-675, Mar. 2011. MONTEIRO, C. A.; CONDE, W. L.; POPKIN, B. M. Income-specific trends in obesity in Brazil: 1975-2003. American Journal of Public Health, Washington, v. 97, n. 10, p. 1808-1812, oct. 2007. Epub 2007 Aug. 29. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneva, Switzerland: WHO, 2000. (WHO Technical Report Series, n. 894). PAIM J. et al. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. Lancet, [S.l.], v. 377, n. 9779, p. 1778-1797, May 2011. POPKIN, B. M. Is the obesity epidemic a national security issue around the globe? Curr. Opin. Endocrinol. Diabetes Obes., [S.l.], v. 18, n. 5, p. 328-331, maio 2011. ______. Recent dynamics suggest selected countries catching up to US obesity. Am. J. Clin. Nutr., [S.l.], v. 91, n. 1, p. 284S-288S, Jan. 2010. SCHMIDT M. I. et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet, [S.l.], v. 377, n. 9781, p. 1949-1961, June 2011. VICTORA C. G. et al. Maternal and child health in Brazil: progress and challenges. Lancet, [S.l.], v. 377, n. 9780, p. 1863-1876, May 2011.
  • 23.
  • 25.
  • 26. 25 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade A obesidade é um agravo multifatorial originado, na maioria dos casos, pelo desbalanço energético, quando o indivíduo consome mais energia do que gasta (OMS, 1995). Esse desbalanço energético positivo resulta em ganho de peso. Há diversos métodos para avaliar se o peso de uma pessoa é excessivo. Na prática clínica cotidiana e para a avaliação em nível populacional, recomenda-se o uso do Índice de Massa Corporal (IMC) por sua facilidade de mensuração e por ser uma medida não invasiva e de baixo custo. O IMC é estimado pela relação entre o peso e a altura do indivíduo, expresso em kg/m2 (ANJOS, 1992). O IMC, além de classificar o indivíduo com relação ao peso, também é um indicador de riscos para a saúde e tem relação com várias complicações metabólicas. O conteúdo aqui apresentado faz parte da publicação: Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional: SISVAN (BRASIL, 2008). Para o cálculo do IMC, são necessárias informações de peso (em quilogramas) e altura (em metros). A fórmula para o cálculo do IMC é: peso (em kg) dividido pela altura2 (em metros). peso (em kg) altura2 (em metros) Para uma efetiva vigilância do estado nutricional dos usuários das Unidades de Saúde é necessário que a mesma esteja devidamente instrumentalizada para essa ação. 2.1 Instrumentos para avaliação do estado nutricional • Equipamentos antropométricos: balança pediátrica e de plataforma; infantômetro (estadiômetro infantil ou horizontal) e estadiômetro vertical. • Calculadora, planilha ou disco para a identificação do Índice de Massa Corporal (IMC). • Cartões e cadernetas de acompanhamento do estado de saúde, por fase da vida: °° Caderneta de Saúde da Criança, do Ministério da Saúde. °° Caderneta de Saúde do Adolescente, do Ministério da Saúde. °° Cartão da Gestante, do Ministério da Saúde. IMC =
  • 27. 26 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica °° Caderneta do Idoso, do Ministério da Saúde. • Gráficos ou tabelas de crescimento infantil (OMS 2006). • Formulários de marcadores do consumo alimentar do Sisvan (Anexo A). Os equipamentos para avaliação do estado nutricional devem estar disponíveis em quantidade suficiente e em boas condições de uso e de conservação. Devido ao aumento de usuários com excesso de peso, cada vez mais tornam-se necessárias balanças com capacidade para mensuração do peso corporal com capacidade maior do que 150 kg.
  • 28. 27 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade Referências ANJOS, L. A. Índice de massa corporal (massa corporal estatura-2) como indicador do estado nutricional de adultos: revisão da literatura. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 26, n. 6, p. 431-436, 1992. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos do Sistema de Vigilância alimentar e nutricional SISVAN. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva, 1995. (WHO Technical Report Series, n. 854).
  • 29.
  • 31.
  • 32. 31 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade 3.1 Organização da atenção para prevenção e controle da obesidade O aumento da população que apresenta agravos crônicos não transmissíveis enfatiza a necessidade de organização do serviço de Saúde para atender a essa demanda de maneira organizada e qualificada. Atualmente, preconiza-se que o cuidado desses indivíduos seja organizado em Redes de Atenção à Saúde (RAS). As RAS provêm cuidados que visam melhorar a Atenção à Saúde em três níveis: no nível micro (os indivíduos e suas famílias), no nível meso (serviços de Saúde e a comunidade) e no nível macro (as macropolíticas de Saúde). As necessidades dos pacientes com condições crônicas são distintas daqueles com condições agudas, pois precisam de apoio continuado, não apenas de intervenções biomédicas, o cuidado deve ser planejado e de atenção capaz de prever suas necessidades. Para esse grupo a atenção necessita ser integrada e, para sua efetividade, tem de envolver tempo, oferta de cuidados de saúde e o empoderamento para o autocuidado (MENDES, 2011). Nesse sentido, a prevenção e o controle da obesidade devem prever a oferta de um escopo amplo de ações que apoiem os indivíduos na adoção de modos de vida saudáveis que permita a manutenção ou a recuperação do peso saudável. Por isso, torna-se necessária a articulação da RAS com uma rede muito mais complexa, composta por outros saberes, outros serviços e outras instituições, não apenas do setor Saúde, ou seja, a busca da interdisciplinaridade e da intersetorialidade, e essencialmente a busca de parcerias na comunidade e equipamentos sociais, implementando novas formas de agir, mesmo em pequenas dimensões. Neste escopo amplo de ações não se pode esquecer o papel fundamental dos próprios indivíduos, famílias e comunidades para adoção de modos de vida saudáveis e luta pela garantia de políticas públicas que promovam a vida saudável. Nesse sentido, a Rede de Atenção à Saúde, em especial as equipes de Atenção Básica, devem contribuir para o empoderamento dos indivíduos sobre suas condições de saúde de forma a auxiliá-los no processo de autocuidado. Ou seja, na atenção e ação que exercem sobre si mesmos para preservar e cultivar uma boa qualidade de vida de maneira responsável, autônoma e livre nas escolhas das ferramentas para a sua realização. 3.2Organizaçãodalinhadecuidadodaspessoascomsobrepeso e obesidade Para a atenção ao indivíduo portador de sobrepeso e obesidade é necessária uma contínua ação de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) para identificação dos casos, estratificação de risco e organização da oferta de cuidado. A VAN pode ser realizada em todos os pontos de atenção da rede, desde a Atenção Básica (AB) até a Atenção Hospitalar. Na AB, além das Unidades Básicas de Saúde (UBS), destacam-se outros equipamentos e programas que são locais privilegiados para a ação: o Programa Saúde na Escola tem como uma das ações do Componente 1 (Avaliação
  • 33. 32 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica das condições de saúde) realizar o diagnóstico nutricional dos educandos, que, ao serem diagnosticados com excesso de peso, devem ser encaminhados para a UBS. Outro importante ponto de atenção, situado na AB, são as Academias da Saúde e similares, espaço privilegiado para a realização de práticas de promoção à saúde constituindo-se em um espaço de captação de indivíduos com doenças crônicas, entre elas a obesidade. Na rotina da Atenção Básica, a VAN deve fazer parte do cuidado às demandas espontânea e programada. Os atendimentos de puericultura, pré-natal, acompanhamento de hipertensos e diabéticos, por exemplo, são momentos oportunos para a mensuração do peso e da altura e para a classificação do estado nutricional dos indivíduos, além de conhecimento sobre os hábitos alimentares, permitindo identificar aqueles com excesso de peso e hábitos alimentares não saudáveis e orientando a oferta de cuidado para estes casos. As ações de pesar e medir também podem ser realizadas na atenção à demanda espontânea, que pode ser importante momento de captação de usuários com excesso de peso que não frequentam a UBS nas ações programadas. Na prática do acolhimento, uma atribuição de todos os profissionais, é preciso estar atento aos aspectos relacionados à alimentação e à nutrição, considerando-os determinantes de saúde e levando em conta a subjetividade e a complexidade do comportamento alimentar (BRASIL, 2011). Para além da Atenção Básica, os ambulatórios de especialidades, os hospitais e outros pontos de atenção que compõem a rede também devem estar sensíveis à captação do usuário com excesso de peso, identificando os casos e encaminhando os indivíduos para a Atenção Básica para que nesse espaço seja ordenado o cuidado do usuário na Rede de Atenção. Para uma eficiente captação e acolhimento dessa demanda, os profissionais de Saúde devem estar capacitados e sensibilizados para essa temática, entendendo que o excesso de peso é um agravo à saúde, com grande influência no desenvolvimento de outras doenças crônicas e que a reversão desse quadro pode e deve ser, na maioria das situações, realizada na Atenção Básica. A partir da classificação de risco segundo IMC e de acordo com cada fase do curso da vida as equipes de Atenção Básica terão subsídios importantes para organizar a atenção a indivíduos com excesso de peso/obesidade. O fluxograma a seguir sintetiza a oferta de cuidado para indivíduos adultos conforme classificação do IMC. Neste CAB, serão fornecidas informações sobre o cuidado da obesidade nas demais fases do curso da vida que auxiliará as equipes na organização da atenção a gestantes, a crianças, a adolescentes e a idosos com excesso de peso/obesidade. É fundamental garantir apoio diagnóstico e terapêutico para que a Atenção Básica seja resolutiva no controle dos casos de obesidade. Isto inclui aspectos de infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde (como rampas de acesso, portas largas, cadeiras, macas e balanças com capacidade para mais de 200 kg, esfignomanômetro, entre outros), oferta e acesso regular a exames solicitados e a medicamentos prescritos, oferta de práticas integrativas e complementares, teleconsultoria, apoio matricial, articulação com demais pontos da RAS, entre outros. Na prevenção e no tratamento do sobrepeso/obesidade, o apoio matricial interdisciplinar é um grande potencializador da resolutividade das equipes da Atenção Básica, pois promove
  • 34. 33 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade a ampliação dos saberes acerca da complexidade desses agravos e permite uma melhor oferta de cuidados. Nesse sentido, os Núcleos de Apoio a Saúde da Família (Nasf) cumprem esse papel com as equipes de Saúde da Família, por se configurarem como equipes multiprofissionais. O Ministério da Saúde vem trabalhando no sentido de elaborar diretrizes para as ações dos Nasf, com o objetivo de avançar na qualificação das atividades das equipes, efetivando ações que vão da promoção à reabilitação, fundamentais para a garantia da integralidade (BRASIL, 2006a). Outras informações sobre a atuação dos Nasf podem ser encontradas em Cadernos de Atenção Básica, nº 27 – Diretrizes do Nasf. Figura 1 – Fluxograma descritivo de atividades para a Atenção à Saúde, segundo classificação do IMC na Atenção Básica para indivíduos adultos IMC <25 kg/m² Vigilância alimentar e nutricional Ações de promoção da alimentação adequada e saudável e atividade física NORMAL IMC de 25 a 29,9 kg/m² Vigilância alimentar e nutricional Ações de promoção da alimentação adequada e saudável e atividade física Plano de ação para voltar ao IMC normal SOBREPESO IMC de 25 a 29,9 kg/m² com comorbidades Vigilância alimentar e nutricional Orientação sobre alimentação adequada e saudável e atividade física Prescrição dietética* SOBREPESO IMC de 30 a 40 kg/m² com e sem comorbidades Vigilância alimentar e nutricional Orientação sobre alimentação adequada e saudável e atividade física Prescrição dietética. Terapia comportamental* Farmacoterapia* OBESIDADE Identificação e acolhimento dos indivíduos com excesso de peso/obesidade Busca ativa, demanda espontânea, demanda programada A p o i o d i a g n ó s t i c o e t e r a p ê u t i c o R e g u l a ç ã o e s i s t e m a d e i n f o r m a ç ã o Fonte: CGAN/DAB/SAS/MS. Comorbidades: Hipertensão, diabetes, hiperlipidemia e/ou outras DCNT desencadeadas ou agravadas pela obesidade. *Quando necessário, após avaliação com a equipe de Apoio Matricial. Conforme o fluxograma acima, para indivíduos adultos, independentemente do IMC, é necessário garantir a oferta de ações de promoção da alimentação adequada e saudável e atividade física, seja na UBS ou em outros espaços no território, como as Academias da Saúde, os clubes, as praças etc. Neste CAB estão descritas orientações de como organizar essas ações.
  • 35. 34 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica Como já explicitado, a Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) também deve fazer parte das ações cotidianas das equipes, pois, além de permitir identificar a situação alimentar e nutricional da população adstrita e subsidiar a classificação de risco para organização da atenção, permite avaliar o impacto das ações desenvolvidas e acompanhar a evolução do estado nutricional de indivíduos, famílias e comunidade. Os instrumentos para realizar a VAN estão descritos neste CAB, nos itens "Instrumentos para avaliação do estado nutricional" e "Avaliação do consumo alimentar", que fazem parte dos protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). Nos casos de indivíduos que apresentam sobrepeso (IMC de 25 kg/m² a 29,9 kg/m²), mas sem comorbidades, as equipes de AB devem organizar, com estes indivíduos, planos de cuidado para retornar à faixa de IMC normal (IMC de 18,5 kg/m² a 24,9 kg/m²). Esta ação deve ser realizada preferencialmente em grupos operativos de forma a otimizar a oferta do cuidado, levando em conta as evidências que comprovam os melhores resultados deste tipo de ação, e também a alta prevalência de excesso de peso da população adulta, o que provocaria grande demanda de atendimentos individuais. Para aqueles que já apresentam comorbidades, como hipertensão e diabetes, é fundamental que, nas consultas de acompanhamento, os profissionais estejam atentos ao estado nutricional e aos hábitos alimentares. Nesses casos, além de incluir os indivíduos nas atividades em grupo, é preciso avaliar a necessidade de prescrição dietética individual pelo nutricionista. Esta decisão deve ser discutida entre a equipe de Referência da AB e a equipe de Apoio Matricial, que pode ser a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) ou outro arranjo matricial implantado no município ou regional de Saúde. A prescrição dietética deverá ser realizada por nutricionista da equipe de Apoio Matricial ou de outro ponto de Atenção à Saúde, de acordo com a disponibilidade desta oferta de cuidado na Rede de Atenção do município ou regional de Saúde. Para tratamento dos casos de obesidade (IMC de 30 kg/m² a 40 kg/m²), com ou sem comorbidades, é necessária uma oferta terapêutica mais densa. As equipes de referência da AB com as equipes de Apoio Matricial devem avaliar a necessidade e organizar a oferta para estes indivíduos, quando for o caso, da terapia comportamental e da farmacoterapia no âmbito da Atenção Básica. Deve-se ofertar também para estes indivíduos ações em grupo para promoção da alimentação adequada e saudável e atividade física, mas observando a necessidade de grupo específico para obesos permitindo que estes indivíduos sintam-se melhor acolhidos em um grupo com as mesmas características. Os casos mais complexos ou com IMC >40 kg/m2 deverão ser assistidos em serviços de Atenção Especializada (ambulatorial ou hospitalar), desde que este esteja presente no território. Cabe à AB, por meio de suas equipes de Referência e de Apoio Matricial, ordenar a organização da rede municipal ou regional de Atenção à Saúde para garantir a oferta deste cuidado especializado. Ou seja, a partir da classificação de risco de sua população adstrita e da contínua Vigilância Alimentar e Nutricional, a AB deverá ser capaz de nortear a oferta de cuidado nos serviços de Atenção Especializada, informando o quantitativo de indivíduos que necessitam do cuidado nestes pontos de atenção e ordenando os casos prioritários de atendimento ao serviço especializado. O ideal é que a equipe de AB também ofereça outras opções terapêuticas (grupos de caminhada, atividade física etc.) para acompanhar de forma conjunta a evolução do tratamento desses indivíduos.
  • 36. 35 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade É importante que as equipes de AB mantenham o vínculo com os indivíduos enquanto são assistidos nos serviços de Atenção Especializada, assim como com as equipes de profissionais desses serviços, de forma a desempenhar seu papel de coordenadora do cuidado na Rede de Atenção à Saúde. Para tanto, é importante a implementação de mecanismos de gestão do cuidado nos municípios e regiões de Saúde, como bons sistemas de informação e de regulação, fóruns de discussão de casos e educação permanente dos profissionais. A finalidade da organização de uma linha de cuidado das pessoas com sobrepeso e obesidade é fortalecer e qualificar a atenção à pessoa com esta doença por meio da integralidade e da longitudinalidade do cuidado, em todos os pontos de atenção. Leia mais sobre a organização do cuidado às pessoas com doenças crônicas em Cadernos de Atenção Básica, nº 35 – Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica. Resumo dos passos para a modelagem da linha de cuidado: • Partir da situação-problema “atenção às pessoas com sobrepeso e obesidade na Unidade Básica de Saúde” problematizando a história natural da doença e como deveria ocorrer a realização do cuidado destas pessoas (qual o fluxo assistencial que deve ser garantido para pessoas com sobrepeso e obesidade, no sentido de atender às suas necessidades de saúde?). • Identificar quais são os pontos de atenção no município/distrito/região/estado e suas respectivas competências, utilizando uma matriz para sistematizar essa informação e lhe dar visibilidade (que ações esses pontos de atenção devem desenvolver incluindo ações promocionais, preventivas, curativas, cuidadoras, reabilitadoras e paliativas?). • Identificar as necessidades das Unidades Básicas de Saúde (UBS) quanto ao sistema logístico para o cuidado dos usuários (cartão SUS, prontuário eletrônico, centrais de regulação, sistema de transporte sanitário), pontuando o que já existe e o que necessita ser pactuado com a gestão municipal/distrital/regional/estadual. • Identificar as necessidades das UBS quanto ao sistema de apoio (diagnóstico, terapêutico, assistência farmacêutica e sistema de informação), pontuando o que já existe e o que necessita ser pactuado com a gestão municipal/distrital/regional/estadual. • Identificar como funciona o sistema de gestão da rede (espaços de pactuação – colegiado de gestão, Programação Pactuada e Integrada (PPI), Comissão Intergestora Regional (CIR), Comissão Intergestora Bipartite (CIB), entre outros). • Desenhar o itinerário terapêutico dos usuários na rede e relacionar as necessidades logísticas e de apoio necessárias. Definir os fluxos assistenciais que são necessários para atender às suas necessidades de saúde e às diretrizes ou aos protocolos assistenciais. • Identificar a população estimada de pessoas com sobrepeso e obesidade e os diferentes estratos de risco e realizar a programação de cuidado de acordo com os parâmetros baseados em evidências que podem ser definidos localmente ou em âmbito estadual ou federal.
  • 37. 36 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica • Definir metas e indicadores que serão utilizados para monitoramento e avaliação das linhas de cuidado (Apêndice A). Apesar de, em geral, as linhas de cuidado ainda serem organizadas por doenças, é essencial que a equipe avalie seu paciente integralmente, já que comumente o sobrepeso e a obesidade estão associados a outros fatores de risco/doenças. É importante lembrar de que não há necessidade de organizar o cuidado na Atenção Básica também de forma fragmentada, por doenças, sendo fundamental garantir o acesso e o cuidado longitudinal para a pessoa, independente de qual problema ela possui. 3.3 Classificação De modo geral, o IMC pode classificar um indivíduo em: desnutrido (baixo peso); eutrófico (peso adequado); sobrepeso (peso acima do adequado) e obeso. Essa classificação tem diferentes pontos de corte que variam de acordo com a idade e sexo (menores de 19 anos de idade); de acordo com a idade gestacional (em mulheres grávidas) e entre idosos. 3.3.1 Adultos Compreende todos os indivíduos com idade entre 20 e 60 anos incompletos. Para a avaliação do estado nutricional de adultos, são necessárias as seguintes informações: • Peso. • Estatura. Passos para a classificação do estado nutricional: 1. Mensuração do peso e da altura. 2. Cálculo do IMC. 3.3.1.1 Classificação do estado nutricional Para a classificação do estado nutricional, são adotados os seguintes conceitos, segundo o valor do Índice de Massa Corporal do adulto:
  • 38. 37 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade Quadro 1 – Classificação do estado nutricional para adultos (20 a 60 anos) Classificação do estado nutricional Pontos de corte Baixo peso <18,5 kg/m2 Eutrófico >18,5 e <25 kg/m2 Sobrepeso >25 e <30 kg/m2 Obesidade I >30 e <35 kg/m2 Obesidade II >35 e <40 kg/m2 Obesidade III >40 kg/m2 Fonte: OMS, 1995. Os pontos de corte adotados para o IMC seguem a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995). Indivíduos com IMC maior ou igual a 25 kg/m2 são classificados como excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) e devem receber atendimento específico para redução do peso a fim de promover a adequação do estado nutricional, com IMC menor do que 25 kg/m2 . Procedimentos iniciais para a avaliação do perfil alimentar e nutricional: • Pesar e medir o adulto. • Realizar a aferição da medida da cintura do adulto. • Calcular o IMC do adulto e classificar o seu estado nutricional. • Avaliar os hábitos alimentares do adulto, a disponibilidade e a variedade de alimentos na família e o recebimento de benefícios provenientes de programas de transferência de renda e outros tipos de auxílio (cesta básica, leite etc.). • Avaliar o nível de atividade física, avaliando todas as atividades realizadas: trabalho fora de casa, trabalhos domésticos, deslocamento, transporte, lazer, cuidado de crianças ou idosos etc. • Realizar exame clínico. • Avaliar exames bioquímicos. • Avaliar outros dados clínicos e hábitos de saúde pertinentes (sinais clínicos de deficiências de micronutrientes, prática de atividade física, funcionamento intestinal etc.). Ao ser classificado com o peso acima do adequado, IMC igual ou maior que 25 kg/m2 (excesso de peso): • Apresentar ao adulto o diagnóstico encontrado, explicar o que representa e dar as devidas orientações para cada caso (sobrepeso e/ou obesidade).
  • 39. 38 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica • Anotar a altura, peso e IMC no prontuário do paciente, com registro de data da avaliação e anotar dados no cartão de peso do adulto. • Orientar o adulto quanto aos resultados do exame clínico e bioquímico (anemia, dislipidemias etc.) realizados. • Avaliar a necessidade de nova solicitação de exames e de encaminhamento para consulta com outros profissionais de Saúde. 3.3.2 Um olhar sob a perspectiva das fases do curso da vida Ao longo do curso da vida humana, identificam-se fases que se destacam por apresentarem características peculiares e necessidades fisiológicas e psicossociais específicas. A abordagem alimentar e nutricional descrita nos itens anteriores tem ênfase na intervenção em adultos, e, por serem gerais, atendem também a todas as fases do curso de vida. O item a seguir destacará algumas questões relevantes que envolvem a especificidade das outras fases que devem ser consideradas pelos profissionais de Saúde no contato com a população. 3.3.3 Crianças Compreende todos os indivíduos menores de 10 anos, com diferentes parâmetros e orientações por faixas etárias. O referencial para classificar o estado nutricional de crianças menores de 5 anos são as curvas de crescimento infantil propostas pela Organização Mundial da Saúde em 2006 (OMS, 2006), e para as crianças de 5 a 10 anos incompletos a referência da Organização Mundial da Saúde lançada em 2007 (OMS, 2007). Para a avaliação do estado nutricional de crianças entre zero e 10 anos de idade, são necessárias as seguintes informações: • Data de nascimento. • Data do atendimento. • Peso. • Estatura*. • Sexo. * A mensuração da altura de crianças de zero a 24 meses de idade deve ser realizada com a criança deitada (comprimento) e entre as crianças maiores de 24 meses a mensuração deve ser feita em pé. Cálculo de idade em meses
  • 40. 39 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade Passos para a classificação do estado nutricional: 1. Mensuração do peso e da altura. 2. Cálculo do IMC. 3. Cálculo da idade em meses. 4. Com o valor obtido, é possível usar a tabela a seguir para identificar sobrepeso ou obesidade. 5. Avaliação dos valores encontrados de acordo com a referência. Um importante instrumento para a classificação do estado nutricional é a Caderneta da Criança. Os dados de peso e altura podem ser colocados no gráfico e avaliados na curva de crescimento. Tabela 1 – Ponto de corte de IMC, de acordo com a idade, para diagnóstico de excesso de peso e obesidade   Meninos Meninas   Meninos Meninas Idade em anos* Sobrepeso Obesidade Sobrepeso Obesidade Idade em anos* Sobrepeso Obesidade Sobrepeso Obesidade 2 17,33 18,84 17,09 18,72 6 16,76 18,52 17,01 19,22 2,5 17,09 18,56 16,92 18,53 6,5 16,89 18,75 17,13 19,48 3 16,89 18,34 16,80 18,42 7 17,05 19,02 17,29 19,79 3,5 16,75 18,21 16,76 18,44 7,5 17,23 19,33 17,49 20,15 4 16,67 18,17 16,77 18,53 8 17,44 19,67 17,73 20,56 4,5 16,63 18,21 16,83 18,67 8,5 17,66 20,06 18,01 21,02 5 16,62 18,29 16,90 18,81 9 17,91 20,47 18,33 21,51 5,5 16,68 18,35 16,92 19,01 9,5 18,18 20,92 18,67 22,03 Fonte: OMS, 2007. *A idade completa é considerada até 5 meses e 29 dias. Por exemplo, uma criança com 3 anos 5 meses e 29 dias deverá entrar na faixa de 3 anos, e uma criança com 3 anos e 6 meses deverá entrar na faixa de 3,5 anos Para a classificação do estado nutricional, são adotados os seguintes critérios, segundo os índices antropométricos:
  • 41. 40 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica Tabela 2 – Critérios para classificação do estado nutricional, de acordo com os índices antropométricos VALORES CRÍTICOS ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS INCOMPLETOS CRIANÇAS DE 5 A 10 ANOS INCOMPLETOS Peso para idade Peso para estatura IMC para idade Estatura para idade Peso para idade IMC para idade Estatura para idade < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixo peso para a idade Magreza acentuada Magreza acentuada Muito baixa estatura para a idade Muito baixo peso para a idade Magreza acentuada Muito baixa estatura para a idade ≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3 ≥ Escore-z -3 e < Escore-z 2 Baixo peso para a idade Magreza Magreza acentuada Baixa estatura para a idade Baixo peso para a idade Magreza Baixa estatura para a idade ≥ Percentil 3 e < Percentil 15 ≥ Escore-z -2 e < Escore-z -1 Peso adequado para a idade Eutrofia Eutrofia Estatura adequada para a idade Peso adequado para a idade Eutrofia Estatura adequada para a idade ≥ Percentil 15 e ≤ Percentil 85 ≥ Escore-z -1 e ≤ Escore-z +1 > Percentil 85 e ≤ Percentil 97 > Escore-z +1 e ≤ Escore-z +2 Risco de sobrepeso Risco de sobrepeso Sobrepeso > Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9 > Escore-z +2 e ≤ Escore-z +3 Peso elevado para a idade Sobrepeso Sobrepeso Peso elevado para a idade Obesidade > Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Obesidade Obesidade grave Fonte: Adaptado de Organización de la Salud. Curso de Capacitación sobre la evalución del crecimienti del niño versión 1 – Noviembre 2006. Ginebra, OMS, 2006. Ao ser classificada com o peso acima do adequado (excesso de peso): apresentar o diagnóstico encontrado à mãe ou responsável pela criança no momento do atendimento, explicando o que este representa com as devidas orientações para cada caso. São situações de alerta entre crianças: • Peso elevado para idade, com curva de crescimento ascendente. Para menores de 2 anos, quando apresentar excesso de peso, avaliar também a altura da criança. Caso apresente déficit de altura, essa pode ser recuperada, na maioria dos casos, com uma intervenção adequada e imediata. O índice antropométrico mais recomendado pelo Sisvan para avaliação do excesso de peso é o IMC-para-idade. Isso porque a associação para determinar o risco à saúde é mais sensível quando avaliada a relação entre o peso e o quadrado da medida de altura (IMC) do que com
  • 42. 41 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade a medida isolada da altura (Peso-para-estatura). Acima do percentil 97 (Escore-z +2), a criança apresenta obesidade. Outras ações importantes: • Avaliar a orientação da curva de crescimento, segundo os índices antropométricos utilizados (ascendente, horizontal ou descendente). • Registrar os dados na Caderneta de Saúde da Criança. • Avaliar os hábitos alimentares da criança, prática de aleitamento materno (em menores de 2 anos), a disponibilidade e variedade de alimentos na família e o recebimento de benefícios provenientes de programas de transferência de renda e outros tipos de auxílio (cesta básica, leite, etc.) – Usar formulário do Sisvan como referência (Anexo A). • Realizar anamnese alimentar da criança. • Avaliar a prática de atividade física e o número de horas que a criança passa em frente a vídeos (televisão, computador, video game etc.) por dia. • Avaliar a alimentação da criança no ambiente escolar e as possíveis influências nas suas escolhas alimentares. 3.3.4 Abordagens para o manejo do sobrepeso e da obesidade em lactentes, pré-escolares e escolares A alimentação saudável desde o início da vida fetal e ao longo da primeira infância, contemplando a alimentação da gestante, da nutriz, o aleitamento materno e a introdução oportuna da alimentação complementar, tem impactos positivos, afetando não somente o crescimento e o desenvolvimento da criança, mas também as demais fases do curso da vida. O inverso também ocorre, a alimentação inadequada pode levar ao risco nutricional, propiciando desnutrição ou excesso de peso, gerando um aumento da suscetibilidade para doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta, como diabetes, obesidade, doenças do coração e hipertensão. Desta forma, uma alimentação adequada e saudável tem benefícios de curto e de longo prazos, tanto para a mulher como para a criança. O aleitamento materno é a primeira prática de alimentação saudável. A promoção do aleitamento materno é considerada uma das ações básicas para a promoção do pleno crescimento e desenvolvimento, redução da mortalidade infantil e prevenção de doenças na infância e na fase adulta. No entanto, para a promoção desta prática, devem ser garantidas as condições necessárias à sua realização, desde o acesso ao pré-natal, alojamento conjunto, o efetivo direito à licença-maternidade, direito à informação, apoio das instituições, profissionais de Saúde, da família e a sociedade. A ausência desses fatores é responsável
  • 43. 42 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica pelas dificuldades enfrentadas pelas mulheres para o início e a manutenção do aleitamento materno (CONFERÊNCIA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL, 2004). Na rede de Atenção Básica, deve-se objetivar a implementação de estratégias como a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil. Os serviços de Saúde devem estar preparados e acessíveis tanto no pré-natal quanto após o nascimento do bebê, no sentido de receber, apoiar e estimular a mulher, o companheiro e a família. Os profissionais de Saúde devem estar sensibilizados e aptos para responder às demandas técnicas, também para dar suporte às angústias, tensões e receios, promovendo o acolhimento necessário neste período. Por volta dos 6 meses de idade, o leite materno sozinho já não é suficiente para satisfazer às necessidades da criança; portanto, as crianças devem começar a receber outros alimentos e o leite materno deve continuar a ser oferecido, de forma complementar, até o segundo ano de vida. Deve-se estar atento para este momento, pois, além de poder propiciar o desmame precoce, a introdução inadequada de alimentação complementar ao aleitamento, insuficiente em termos de conteúdo energético e de nutrientes, tem representado grande fator de risco para a saúde e nutrição das crianças, resultando em agravos como desnutrição, alergias alimentares, anemias, hipovitaminose A e sobrepeso. A primeira fase da infância apresenta importantes aspectos para a formação de hábitos e práticas em geral, e especificamente alimentares. Inserida no contexto familiar, a criança começa a formar e internalizar os padrões de comportamento alimentar, em termos de sabor, olfato, textura, quantidade dos alimentos, horário e ambiente das refeições etc. Trata-se de um processo que se inicia nessa fase e se estende por todas as demais fases do curso da vida. A alimentação complementar deve seguir os hábitos alimentares da família (desde que saudáveis) adaptada às necessidades fisiológicas da criança. O preparo da alimentação da criança deve ser cuidadoso, em particular para as pequenas que estão sendo apresentadas aos novos alimentos a partir dos 6 meses (ao completar os 6 meses de vida). A consistência dos alimentos deve-se adequar à maturidade fisiológica da criança, de tal forma que aos 12 meses de vida ela já consuma os alimentos próprios da família. Nesse período, a criança está formando seus hábitos alimentares, sendo uma fase essencial, já que terá repercussão no padrão alimentar do indivíduo por todo o curso da vida. Na idade de 6 meses, devem ser oferecidas duas papas de frutas e uma papa salgada com um alimento de cada grupo. Na idade de 7 meses, devem ser oferecidas duas papas de frutas e duas papas salgadas. O material Dez Passos para uma Alimentação Saudável: Guia alimentar para menores de 2 anos é uma publicação do Ministério da Saúde e apresenta as recomendações de alimentação saudável para crianças menores de 2 anos (Anexo I) (BRASIL, 2010). Desta forma, a introdução adequada de alimentos complementares pressupõe a presença de alimentos dos diferentes grupos (frutas, legumes e verduras; cereais e leguminosas; carnes e leite), em formas de papas, purês. Deve-se evitar o consumo excessivo de farinhas, açúcar, sal, óleos e alimentos industrializados. A utilização de farinhas com o leite consumido pela criança, quando
  • 44. 43 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade ocorre precocemente, além de precipitar o desmame (e prejudicar o aleitamento materno), introduz desnecessariamente uma prática capaz de contribuir para o excesso alimentar. O conceito da criança "gordinha" como sinônimo de saúde deve ser reconstruído por meio de um processo educativo compartilhado entre profissionais de Saúde e a família, no sentido de sensibilizar para a necessidade de um acompanhamento nutricional, estimulando a formação de práticas alimentares saudáveis. Desta forma, torna-se imprescindível a valorização do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, a partir da Caderneta da Criança. O acompanhamento nutricional das crianças com excesso de peso visa à manutenção do crescimento e da saúde da criança com ênfase na construção de hábitos saudáveis. Crianças de 2 a 7 anos com IMC percentil maior ou igual a 95 com complicações devem receber intervenção para perda de peso. Crianças maiores de 7 anos com IMC percentil maior ou igual a 95 sem ou com complicações devem receber intervenção para perda de peso. Essa perda de peso deve ser acompanhada para não interferir no crescimento. Promoção da alimentação saudável à criança: • Promoção, apoio e estímulo ao aleitamento materno exclusivo até o 6º mês e complementar até 2 anos de vida ou mais. • Valorização do acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento, a partir da Caderneta da Criança. • Orientação da alimentação da criança com base nos dez passos da alimentação da criança menor de 2 anos (Anexo I). • Incentivo ao uso de alimentos regionais, especialmente frutas, legumes e verduras. • Incentivo ao consumo de alimentos fontes de ferro. • Orientação sobre o consumo de alimentos fontes de vitamina C com alimentos fontes de ferro para aumentar a biodisponibilidade deste micronutriente. • Orientação sobre as principais fontes de vitamina A e de iodo. • Estímulo ao uso moderado do sal iodado e correto armazenamento do sal no domicílio. • Estímulo à produção de alimentos por meio de hortas domésticas e à criação de pequenos animais pela comunidade. Em relação aos pré-escolares e escolares, esta é a fase em que a criança apresenta grande desenvolvimento, adquirindo conhecimentos e habilidades e apresentando uma socialização mais intensa. No que diz respeito à alimentação, cabe salientar que, a partir dos 2 anos de idade, a criança tem o apetite reduzido, pois há uma desaceleração na velocidade do seu crescimento. Torna-se mais seletiva na ingestão dos alimentos, porém não tem habilidade de escolher uma alimentação balanceada e adequada ao seu crescimento e desenvolvimento, apresentando grande senso de imitação. Os pais, a família, assim como as instituições de educação têm um papel importante
  • 45. 44 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica na promoção da alimentação saudável, pois são estes que determinam os alimentos que serão oferecidos, estabelecendo limites em relação aos alimentos inadequados, tais como refrigerantes, balas, doces, guloseimas, frituras e alimentos gordurosos, visando à proteção à saúde e à prevenção do excesso de peso. Na infância, devem ser estimulados o consumo diário de arroz, feijão, frutas, legumes e verduras, incluindo os folhosos, laticínios e carnes magras. No Anexo J, estão listados os dez passos para a alimentação saudável de crianças de 2 a 10 anos. A alimentação pode ser fonte de muitas descobertas para a criança e ser um modo de demonstrar carinho e cuidado, mas pode também servir para chantagens. O hábito de oferecer às crianças doces ou outras guloseimas, como forma de recompensa, estimula a ingestão de alimentos além das necessidades nutricionais. O prêmio por ingerir alimentos nutritivos valoriza mais a recompensa do que o próprio alimento. Frases como “coma toda a refeição para ganhar a sobremesa”, “coma as verduras e legumes e você poderá sair para brincar” são exemplos disso. Faz parte da cultura esse tipo de troca, a qual pode colaborar para o desenvolvimento da obesidade, uma vez que as crianças vão associando alimentos às sensações que eles proporcionam. Essas associações podem se perpetuar até a vida adulta, sendo comum o uso da alimentação como forma de compensar sentimentos negativos, facilitando o aumento de peso (RIO DE JANEIRO, 2005). A alimentação infantil merece ser cuidada e isso não significa oferecer aos filhos tudo o que eles querem ou veem em propagandas. O público infantil é o principal alvo das propagandas de alimentos, que apelam para desenhos coloridos, “bichinhos” carinhosos, músicas animadas, artistas simpáticos e coleção de brindes, para chamar a atenção das crianças e estimular o consumo permanente de certos produtos. Por ser uma fase da vida em que a referência familiar é fundamental na formação dos hábitos alimentares, os pais devem ficar atentos à influência da propaganda sobre a alimentação da família. Entretanto, os espaços de convivência da criança com outras pessoas acontecem em diferentes núcleos, para além da família. Desta forma, é importante a atuação do profissional nestes outros espaços, uma vez que a criança tem acesso a comportamentos e hábitos alimentares oriundos de grupos que não são o seu círculo familiar, e que podem influenciar o seu próprio hábito alimentar que continua em formação. A preocupação com a alimentação, nessa fase, além do requisito nutricional, deve ser fortalecer hábitos alimentares saudáveis no ambiente escolar e nas creches, de forma contínua e respeitando a cultura regional. A escola é um ambiente crucial para a promoção da alimentação saudável, pois caracteriza-se por um espaço de troca de informações e ideias. Nesse espaço, a criança adquire conhecimentos e habilidades, tem contato com diferentes culturas, alimenta-se e educa-se de forma abrangente. A educação nutricional deve envolver pais, professores, nutricionistas, manipuladores de alimentos (merendeiras) e cantineiros, visto que todos os profissionais são responsáveis por incentivar as crianças a adquirirem, desde cedo, hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para a prevenção de problemas relacionados à alimentação, tais como a desnutrição, anemia, cáries e a obesidade infantil e, mais importante ainda, que a criança exerça seu direito à alimentação de maneira saudável.
  • 46. 45 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade Buscando o desenvolvimento saudável da criança, sempre que possível, os profissionais devem promover a prática de atividades lúdicas que estimulem a atividade física no âmbito da família, creche, escola e comunidade. Pode-se encorajar práticas rotineiras de lazer segundo a faixa etária (subir e descer escadas, acompanhar o adulto em caminhadas curtas, no lugar da locomoção, por exemplo, por veículo, etc., correr, brincar de pique, pular corda, pular amarelinha, nadar, jogar bola, dançar, andar de bicicleta, ou seja, estimular a realização de atividades físicas nos momentos de lazer no cotidiano, aproveitando espaços públicos para a realização de atividades dirigidas às crianças. O cuidado à saúde infantil consiste em um conjunto de ações realizadas em diferentes espaços institucionais nos quais a criança está inserida: família, creche, escola, rede de Saúde, instituições religiosas, comunidade. Esse conjunto de ações e a oferta de ambientes sociocultural e afetivo adequados contribuem para o alcance do potencial genético e o bem-estar físico e emocional, necessários para a formação de uma geração saudável, produtiva e feliz. Nesta perspectiva, a promoção do crescimento e do desenvolvimento infantil deve ser assegurada por políticas públicas, como estratégia de desenvolvimento visando à superação das desigualdades sociais e oferecendo oportunidades de explorar a potencialidade biopsicossocial da criança. 3.3.5 Adolescentes Compreende todos os indivíduos com idade de 10 a 20 anos incompletos. Para a classificação do estado nutricional dos adolescentes, deve ser adotada a referência da Organização Mundial da Saúde lançada em 2007 (OMS, 2007). Para mais informações sobre a análise de dados antropométricos na população adolescente, consulte o capítulo correspondente na publicação Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde (BRASIL, 2011). Para a avaliação do estado nutricional de adolescentes de 10 a 19 anos de idade são necessárias as seguintes informações: • Data de nascimento. • Data do atendimento. • Peso. • Estatura. • Sexo. Cálculo de idade em meses
  • 47. 46 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica Passos para a classificação do estado nutricional: 1. Mensuração do peso e da altura. 2. Cálculo do IMC. 3. Cálculo da idade em meses. 4. Com o valor obtido, é possível usar a tabela abaixo para identificar sobrepeso ou obesidade. 5. Avaliação dos valores encontrados de acordo com a referência. Um importante instrumento para a classificação do estado nutricional é a Caderneta do Adolescente. Os dados de peso e altura podem ser colocados no gráfico e avaliados na curva de crescimento. 6. Avaliar o estágio de maturação sexual de acordo com o proposto por Tanner (Anexo B). Maturação sexual: A identificação do estágio de maturação sexual do adolescente, realizada por meio da avaliação do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, permite identificar em que fase de seu desenvolvimento puberal ele se encontra. O estagiamento desta maturação foi sistematizado por Tanner (1989). Dessa forma, devem ser adotadas as planilhas dos critérios de Tanner (Anexo B), identificando o estágio correspondente para o desenvolvimento da genitália e pilosidade pubiana, no caso dos meninos, e mamas e pilosidade pubiana, no caso das meninas. Tabela 3 – Valores críticos e índices antropométricos para classificação do estado nutricional de adolescentes VALORES CRÍTICOS ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA ADOLESCENTES IMC-para-idade Estatura-para-idade < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza Acentuada1 Muito baixa estatura para a idade ≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3 ≥ Escore-z -3 e < Escore-z -2 Magreza Baixa estatura para a idade ≥ Percentil 3 e < Percentil 15 ≥ Escore-z -2 e < Escore-z -1 Eutrofia Estatura adequada para a idade2,3 ≥ Percentil 15 e ≤ Percentil 85 ≥ Escore-z -1 e ≤ Escore-z +1 > Percentil 85 e ≤ Percentil 97 > Escore-z +1 e ≤ Escore-z +2 Sobrepeso > Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9 > Escore-z +2 e ≤ Escore-z +3 Obesidade > Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave Fonte: Adaptado de Organización de la Salud. Curso de Capacitación sobre la evalución del crecimienti del niño versión 1 – Noviembre 2006. Ginebra, OMS, 2006.
  • 48. 47 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade 1. Um adolescente classificado com IMC-para-idade abaixo do percentil 0,1 (Escore-z -3) é muito magro. Em populações saudáveis, encontra-se um adolescente nessa situação para cada mil. Contudo, alguns casos correspondem a transtornos alimentares. Em caso de suspeita dessas situações, o adolescente deve ser referenciado para um atendimento especializado. 2. Acima do percentil 97 (Escore-z +2), o adolescente pode apresentar obesidade. A obesidade é uma doença crônica de natureza multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo, acarretando prejuízos à saúde. 3. Um adolescente classificado com estatura-para-idade acima do percentil 99,9 (Escore-z +3) é muito alto, mas raramente corresponde a um problema. Contudo, alguns casos correspondem a desordens endócrinas e tumores. Em caso de suspeitas dessas situações, o adolescente deve ser referenciado para um atendimento especializado. Tabela 4 – Ponto de corte de IMC, de acordo com a idade, para diagnóstico de excesso peso e de obesidade   Meninos Meninas Meninos Meninas   Idade em anos* Sobrepeso Obesidade Sobrepeso Obesidade Idade em anos* Sobrepeso Obesidade Sobrepeso Obesidade 10 18,48 21,40 19,03 22,57 15,5 23,12 27,44 23,83 28,58 10,5 18,81 21,91 19,43 23,13 16 23,53 27,87 24,10 28,87 11 19,16 22,45 19,86 23,72 16,5 23,91 28,27 24,32 29,11 11,5 19,54 23,01 20,32 24,34 17 24,27 28,63 24,50 29,28 12 19,95 23,58 20,81 24,97 17,5 24,60 28,95 24,65 29,42 12,5 20,38 24,16 21,31 25,60 18 24,91 29,24 24,77 29,52 13 20,83 24,76 21,80 26,21 18,5 25,19 29,50 24,87 29,60 13,5 21,30 25,35 22,28 26,79 19 25,45 29,72 24,97 29,67 14 21,77 25,92 22,73 27,32 19,5 25,45 29,72 24,97 29,67 14,5 22,23 26,46 23,15 27,80 20 25,45 29,72 24,97 29,67 15 22,68 26,97 23,51 28,22           Fonte: OMS, 2007. *A idade completa é considerada até 5 meses e 29 dias, por exemplo, uma adolescente com 15 anos 5 meses e 29 dias deverá entrar na faixa de 15 anos, e uma adolescente com 15 anos e 7 meses deverá entrar na faixa de 15,5. Ao ser classificado com o peso acima do adequado (excesso de peso) apresentar ao adolescente e/ou responsável o diagnóstico encontrado, explicar o que representa e dar as devidas orientações para cada caso. São situações que indicam alerta entre adolescentes: excesso de peso; baixo peso; e identificação de práticas alimentares inadequadas. Outras ações importantes: • Avaliar a orientação da curva de crescimento, segundo os índices antropométricos utilizados (ascendente, horizontal ou descendente). • Registrar os dados na Caderneta de Saúde do Adolescente. • Avaliar os hábitos alimentares do adolescente – usar formulário do Sisvan como referência (Anexo A). • Avaliar a prática de atividade física e o número de horas que o adolescente passa em frente a vídeos (televisão, computador, video game etc.) por dia. • Avaliar a alimentação do adolescente fora do ambiente de casa – escola, finais de semana, lanches fora do lar e as possíveis influências dos grupos sociais nas suas escolhas alimentares.
  • 49. 48 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica 3.3.5.1 Abordagens para o manejo do sobrepeso e da obesidade em adolescentes Quanto aos adolescentes, a alimentação saudável deve conter nutrientes adequados ao crescimento e às modificações corporais que ocorrem neste período. A adolescência é o período de transição entre a infância e a fase adulta (entre 10 e 19 anos), caracterizada por intensas transformações biopsicossociais. Este é um período do curso da vida em que o crescimento e o desenvolvimento (maturação sexual) se tornam mais acelerados. No acompanhamento clínico do adolescente, deve-se considerar o diagnóstico antropométrico associado à avaliação do grau de maturação sexual, existindo diferenças de composição corporal entre os sexos e entre os estágios de maturação que afetam as necessidades nutricionais, o crescimento e desenvolvimento. O aumento do IMC em meninos é mais relacionado ao aumento de massa magra do que ao tecido adiposo, diferente das meninas. Nesta fase, é comum o culto exagerado ao corpo. O crescimento acelerado e muitas vezes repentino faz com que a percepção corporal fique alterada. Enquanto as meninas tendem a seguir dietas da moda para emagrecer, que não suprem as suas necessidades nutricionais, podendo levar aos transtornos alimentares, os meninos, procurando ganhar mais massa muscular, iniciam a utilização indiscriminada de suplementos nutricionais. A família também tem menos controle sobre a alimentação dos adolescentes, já que estes têm uma vida um pouco mais independente e pertencem a um grupo no qual o comportamento alimentar é um dos itens que os identifica socialmente. O imediatismo e a procura pelo prazer e pela novidade são marcas do seu comportamento. A substituição de alimentos in natura por produtos industrializados e processados, muitas vezes mais calóricos, pode acarretar excesso de peso e carências nutricionais. Assim, a equipe de Saúde deve ter disponibilidade, flexibilidade e sensibilidade para acolher e escutar as necessidades dos adolescentes. Deve estar preparada para compreender os sentimentos de conflito pertinentes a esta fase, que oscilam entre a perda da identidade infantil e a aceitação da mudança corporal. Os conflitos relacionados à sexualidade podem também estar presentes, sendo transferidos para a alimentação, acarretando, em alguns, o baixo peso e, em outros, o excesso de peso. É muito comum a imposição de rótulos àqueles que são “diferentes”. No entanto, a graça da vida está na diferença, na diversidade entre as pessoas e, por isso, salientar mensagens de estímulo à autoestima, valorizando justamente a ideia de respeito às diferenças e reconhecimento dos limites de cada um, é uma das tarefas mais importantes dos profissionais de Saúde e Educação (RIO DE JANEIRO, 2005). Cabe destacar que o adolescente deve ser parte ativa das ações de Saúde, cabendo à equipe atendê-lo de forma desprovida de autoritarismo e de soluções prontas. Faz parte do acompanhamento resgatar a sua autoestima para que se possa promover o desenvolvimento de sua autonomia, assim como promover sua participação social ativa em ações comunitárias de seu interesse (protagonismo juvenil), principalmente naquelas relativas à saúde e nutrição. Os adolescentes têm direito a escolhas, mas é preciso que as opções saudáveis sejam oferecidas e sejam também acessíveis em seu cotidiano. Alimentar-se bem depende de acesso, informação e escolha. Conhecer mais sobre os alimentos/alimentação é um grande trunfo para fazer escolhas mais saudáveis. Assim, a equipe de Saúde deve incentivar e facilitar a promoção do
  • 50. 49 Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – Obesidade peso saudável, proporcionando informações relacionadas aos alimentos, como sazonalidade e consequentemente preço, análise de rótulos para compreensão da composição do alimento, data de validade e das condições das embalagens, armazenagem, sua utilização em preparações práticas, saudáveis e saborosas. Ao lado da família, a escola, o grupo social, o trabalho e a mídia têm influências sobre as escolhas, o consumo de alimentos e a prática de atividade física, e devem ser considerados pelos profissionais de Saúde. A escola tem papel importante na formação de diversos valores e comportamentos, dentre estes, os que dizem respeito à nutrição e à atividade física. Ressalta-se o papel da alimentação escolar (merenda, cantina) na criação e/ou incentivo de hábitos alimentares saudáveis. As práticas alimentares têm forte relação com o trabalho, pois ele determina vários aspectos das práticas cotidianas: o acesso físico ao alimento, não só pela renda adquirida, mas também pela possibilidade de realização de refeições (estabelecimentos comerciais próximo aos locais de trabalho e o horário das refeições), além dos desgastes específicos de cada processo de trabalho (BURLANDY, 2004). O adolescente que está inserido no trabalho estabelece novos horários de refeições, principalmente na situação escola-trabalho, podendo ocasionar a omissão de refeições, realizá- las fora de casa ou substituir refeições por lanches, o que pode ser mais prático e rápido, mas estes podem ser altamente calóricos e pobres em fibras, vitaminas e minerais. Neste caso, deve-se aconselhar a opção por refeições equilibradas, composta por alimentos de cada grupo, tornando o prato colorido, variado, proporcionando mais saciedade e bem-estar. Estimular práticas de lazer como andar de bicicleta, jogar bola, futebol, dançar, fazer ginástica, nadar e práticas rotineiras para aumentar atividade física, tais como subir e descer escadas, fazer caminhadas curtas no lugar da locomoção por veículo, são ações que devem fazer parte do acompanhamento da saúde do adolescente. Em paralelo, devem ser desestimulados os hábitos promotores do sedentarismo, como permanência excessiva em frente à televisão, ao computador e em jogos de video games. Além disso, o envolvimento do adolescente com atividades de lazer ou esportivas pode alterar o seu padrão alimentar, aumentando as necessidades nutricionais e modificando as práticas alimentares. As substituições de algumas das principais refeições, como almoço e jantar, por lanches rápidos são comuns e podem comprometer a satisfação das necessidades nutricionais nesta fase. No Anexo K, estão listados os dez passos da alimentação saudável para adolescentes. Os serviços de Saúde integrados à comunidade podem promover oportunidades coletivas para o desenvolvimento de atividade física regular, incentivando gincanas, danças, jogos, olimpíadas e outras atividades físicas.
  • 51. 50 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica 3.3.6 Intervenção para crianças e adolescentes com excesso de peso De acordo com o fluxograma abaixo, podemos dividir o fluxo de atendimento por idade, crianças de 2 a 7 anos e crianças maiores de 7 anos. Crianças de 2 a 7 anos: com IMC entre os percentis 85 e 95 e crianças com IMC percentil maior ou igual a 95 sem complicações devem ter orientações de alimentação saudável e atividade física para manutenção do peso corporal, uma vez que ainda crescerão adequando a relação peso/estatura. Crianças com IMC percentil maior ou igual a 95 com complicações devem receber intervenção para perda de peso. Essa perda de peso deve ser acompanhada para não interferir no crescimento. Crianças com idade >7 anos: com IMC entre os percentis 85 e 95 sem complicação devem ter orientações de alimentação saudável e atividade física para manutenção do peso corporal, uma vez que ainda crescerão adequando a relação peso/estatura. Crianças com IMC entre os percentis 85 e 95 com complicação devem ter orientações de alimentação saudável e atividade física para manutenção. IMC percentil maior ou igual a 95 sem ou com complicações devem receber intervenção para perda de peso. Essa perda de peso deve ser acompanhada para não interferir no crescimento. Figura 2 – Fluxograma para atendimento de crianças e de adolescentes com excesso de peso 2 a 7 anos IMC Percentil 85 – 95 Manutenção do Peso IMC Percentil >95– Sem complicações Com complicações Manutenção do Peso Perda de Peso >7 anos IMC Percentil >95– IMC Percentil 85 – 95 Sem complicações Com complicações Manutenção do Peso Perda de Peso Perda de Peso Fonte: DIETZ; BARLOW, 1998. *Complicações: Hipertensão, dislipidemias e resistência à insulina. 3.3.7 Abordagem geral Considerando as recomendações adotadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria, a conduta nutricional pode ser dividida em cinco etapas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009; VITOLO, 2008):