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Tavira: Cidades e Região. Versão experimental #2, de 22 de Março de 2003
© 2003, Luís Fraga da Silva,
Associação Campo Arqueológico de Tavira, Tavira, Portugal
Proibida a difusão pública sem autorização expressa do autor
Povoado fenício de Tavira (VIII a VI a.C.)
Restituição conjectural
Centro religioso e portuário, etapa do comércio marítimo do Algarve e da costa atlântica, na rota que se
estabelecia entre o litoral atlântico ocidental e o Estreito de Gibraltar.
Esta rota era assinalada localmente pelo Monte Figo, farol diurno, santuário e oráculo meteorológico que
enquadrava os portos da laguna do actual Sotavento algarvio.
O seu nome original terá sido provavelmente um epíteto ligado à navegação da divindade Baal/Hadad
associada ao referido monte-santuário: Baal Shamen (Senhor dos Céus) ou Baal Saphon (Senhor do Nor-
te), que originou posteriormente o topónimo latinizado Balsa, registado no séc. I a.C.
O povoado foi fundado em meados do séc. VIII e destruído violentamente em meados do séc. VI, tal como
sucedeu com numerosos outros povoados de influência orientalizante no Sul Penínsular, entre os séculos
VI e V a.C.
Durante a sua existência esteve integrado no sistema de colonização-navegação desenvolvido a partir de
Gadir/Cádis, segundo o que se pode depreender do paralelismo dos materiais encontrados.
O recinto planáltico da elevação foi abandonado desde o momento da destruição até ao séc. XI d.C., pois
os vestígios fenícios surgem imediatamente abaixo dos vestígios islâmicos deste último período, sem des-
continuidade, correspondendo assim a um abandono de mais de 1500 anos!
A herança fenícia local deixou importantes marcas até ao domínio romano: tecnologia construtiva,
cerâmica e conserveira e integração num sistema internacional de comércio-à-distância durante toda a
Idade do Ferro; construção naval e tradição religiosa, ainda bem presentes na simbologia das moedas
indígenas de Balsa e Ossonoba, do século I a.C.
A estrutura do povoado, ainda em grande parte conjectural, configura um importante centro especializado
na religião marítima e na logística portuária, associado ao comércio mediterrânico e à metalurgia da prata,
que seria, pelo menos em parte, extraída na zona ou transportada pelas vias ancestrais que atravessavam a
Serra algarvia.
A componente religiosa-tributária implicava a residência permanente de uma elite fenícia rodeada de um
quadro de pessoal administrativo, naval, militar e técnico, sem dúvida acompanhada de familiares e
dependentes, igualmente de origem fenícia. Sem ter atingido nunca o estatuto de cidade-estado nem a
diversificação sócio-económica própria dos centros urbanos desenvolvidos, constituiu no entanto uma
colónia secundária ligada a uma das metrópoles do Sul peninsular ou uma tentativa de fundação autónoma
a partir do Oriente, que não chegou a vingar.
Os aspectos topográficos mais relevantes do povoado são:
• A localização peninsular naturalmente fortificada e resguardada dentro do amplo fundeadouro que é o
estuário-laguna do Gilão-Asseca.
• A existência de dois recintos portuários, um exterior e outro interior.
• A abundância do manancial de aguada.
• A muralha construída sobre o porto exterior.
• As edificações comerciais e utilitárias adossadas à face interior da muralha.
• A concentração das funções “nobres” no planalto e a organização escalonada dos lugares de culto entre
a orla ribeirinha e o cume central.
Em torno do povoado desenvolveram-se núcleos indígenas ribeirinhos, dedicados à pesca e à indústria
conserveira, que se mantiveram ou renasceram após a destruição acima referida, até ao século III a.C.
O mapa representa o nível do mar na época, certificado arqueologicamente por um molhe portuário coevo
e, indirectamente, por diversos níveis de aterros posteriores.
Campo Arqueológico de Tavira
Campo Arqueológico de Tavira
Campo Arqueológico de Tavira
Campo Arqueológico de Tavira
Campo Arqueológico de Tavira
Tavira: Cidades e Região. Versão experimental #2, de 22 de Março de 2003
© 2003, Luís Fraga da Silva,
Associação Campo Arqueológico de Tavira, Tavira, Portugal
Proibida a difusão pública sem autorização expressa do autor
Estuário do Gilão-Almargem
(1º milénio a.C.)
Reconstituição foto-realista
Versão preliminar, não retocada, em que a parte da Serra a Norte do Almargem (canto superior direito da
imagem) não está representada. Também não se representam as ilhas-barreira por se ignorar totalmente a
sua configuração e afastamento da costa.
As altitudes foram aumentadas cerca de 30%, de modo a realçar os acidentes orográficos.
Destaca-se o braço de mar que se prolongava até ao Paúl da Asseca, permitindo um acesso naval directo
entre o mar e a orla da Serra, e as posições realçadas de Tavira e do cerro do Cavaco. No lado direito deste
braço nota-se uma importante baía interior, correspondente à actual Barreira e sítio do Vale Formoso. Tra-
tar-se-á provavelmente de um porto interior associado ao oppidum Turdetano do cerro do Cavaco.
O sítio de Tavira surge em primeiro plano como uma península e em frente, na outra margem, surge uma
pequena baía que corresponde ao moderno largo da Alagoa, que definia pelo Sul a península de alto de
Sant’Ana, igualmente representada. Os portos, exterior e interior, do povoado fenício de Tavira estão per-
feitamente evidenciados.
A rematar a curva do braço de mar, do lado esquerdo na zona de São Domingos, destaca-se a crista mon-
tanhosa do Fojo, que corre paralela ao vale da Asseca, do lado Sul. Sobre esta, no ponto estratégico sobre
o rio e o vale, situa-se o “oppidum do muro”, cuja ocupação arqueológica anterior ao período islâmico é
ainda uma incógnita.
A partir da configuração orográfica das margens é possível conceber a existência de outros pequenos sítios
habitados e defendidos naturalmente, junto à orla costeira.
Segundo os dados actualmente disponíveis esta configuração de costa ter-se-á mantido até ao domínio
islâmico, altura em que se começou a notar o efeito do assoreamento dos estuários devido à desflorestação
sistemática e prolongada. É também neste período que começam a surgir os aterros artificiais em ambas as
margens do Gilão, na área de Tavira, processo que se prolongou até aos dias de hoje, sem ter ainda termi-
nado.
Este modelo foi elaborado com base em informação topográfica digital fornecida pela Câmara Municipal
de Tavira.
Tavira: Cidades e Região. Versão experimental #2, de 22 de Março de 2003
© 2003, Luís Fraga da Silva,
Associação Campo Arqueológico de Tavira, Tavira, Portugal
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Tavira: Cidades e Região. Versão experimental #11, de 22 de Março de 2003
© 2003, Luís Fraga da Silva,
Associação Campo Arqueológico de Tavira, Tavira, Portugal
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  • 1. Tavira: Cidades e Região. Versão experimental #2, de 22 de Março de 2003 © 2003, Luís Fraga da Silva, Associação Campo Arqueológico de Tavira, Tavira, Portugal Proibida a difusão pública sem autorização expressa do autor Povoado fenício de Tavira (VIII a VI a.C.) Restituição conjectural Centro religioso e portuário, etapa do comércio marítimo do Algarve e da costa atlântica, na rota que se estabelecia entre o litoral atlântico ocidental e o Estreito de Gibraltar. Esta rota era assinalada localmente pelo Monte Figo, farol diurno, santuário e oráculo meteorológico que enquadrava os portos da laguna do actual Sotavento algarvio. O seu nome original terá sido provavelmente um epíteto ligado à navegação da divindade Baal/Hadad associada ao referido monte-santuário: Baal Shamen (Senhor dos Céus) ou Baal Saphon (Senhor do Nor- te), que originou posteriormente o topónimo latinizado Balsa, registado no séc. I a.C. O povoado foi fundado em meados do séc. VIII e destruído violentamente em meados do séc. VI, tal como sucedeu com numerosos outros povoados de influência orientalizante no Sul Penínsular, entre os séculos VI e V a.C. Durante a sua existência esteve integrado no sistema de colonização-navegação desenvolvido a partir de Gadir/Cádis, segundo o que se pode depreender do paralelismo dos materiais encontrados. O recinto planáltico da elevação foi abandonado desde o momento da destruição até ao séc. XI d.C., pois os vestígios fenícios surgem imediatamente abaixo dos vestígios islâmicos deste último período, sem des- continuidade, correspondendo assim a um abandono de mais de 1500 anos! A herança fenícia local deixou importantes marcas até ao domínio romano: tecnologia construtiva, cerâmica e conserveira e integração num sistema internacional de comércio-à-distância durante toda a Idade do Ferro; construção naval e tradição religiosa, ainda bem presentes na simbologia das moedas indígenas de Balsa e Ossonoba, do século I a.C. A estrutura do povoado, ainda em grande parte conjectural, configura um importante centro especializado na religião marítima e na logística portuária, associado ao comércio mediterrânico e à metalurgia da prata, que seria, pelo menos em parte, extraída na zona ou transportada pelas vias ancestrais que atravessavam a Serra algarvia. A componente religiosa-tributária implicava a residência permanente de uma elite fenícia rodeada de um quadro de pessoal administrativo, naval, militar e técnico, sem dúvida acompanhada de familiares e dependentes, igualmente de origem fenícia. Sem ter atingido nunca o estatuto de cidade-estado nem a diversificação sócio-económica própria dos centros urbanos desenvolvidos, constituiu no entanto uma colónia secundária ligada a uma das metrópoles do Sul peninsular ou uma tentativa de fundação autónoma a partir do Oriente, que não chegou a vingar. Os aspectos topográficos mais relevantes do povoado são: • A localização peninsular naturalmente fortificada e resguardada dentro do amplo fundeadouro que é o estuário-laguna do Gilão-Asseca. • A existência de dois recintos portuários, um exterior e outro interior. • A abundância do manancial de aguada. • A muralha construída sobre o porto exterior. • As edificações comerciais e utilitárias adossadas à face interior da muralha. • A concentração das funções “nobres” no planalto e a organização escalonada dos lugares de culto entre a orla ribeirinha e o cume central. Em torno do povoado desenvolveram-se núcleos indígenas ribeirinhos, dedicados à pesca e à indústria conserveira, que se mantiveram ou renasceram após a destruição acima referida, até ao século III a.C. O mapa representa o nível do mar na época, certificado arqueologicamente por um molhe portuário coevo e, indirectamente, por diversos níveis de aterros posteriores.
  • 3. Campo Arqueológico de Tavira Campo Arqueológico de Tavira Campo Arqueológico de Tavira Campo Arqueológico de Tavira
  • 4. Tavira: Cidades e Região. Versão experimental #2, de 22 de Março de 2003 © 2003, Luís Fraga da Silva, Associação Campo Arqueológico de Tavira, Tavira, Portugal Proibida a difusão pública sem autorização expressa do autor Estuário do Gilão-Almargem (1º milénio a.C.) Reconstituição foto-realista Versão preliminar, não retocada, em que a parte da Serra a Norte do Almargem (canto superior direito da imagem) não está representada. Também não se representam as ilhas-barreira por se ignorar totalmente a sua configuração e afastamento da costa. As altitudes foram aumentadas cerca de 30%, de modo a realçar os acidentes orográficos. Destaca-se o braço de mar que se prolongava até ao Paúl da Asseca, permitindo um acesso naval directo entre o mar e a orla da Serra, e as posições realçadas de Tavira e do cerro do Cavaco. No lado direito deste braço nota-se uma importante baía interior, correspondente à actual Barreira e sítio do Vale Formoso. Tra- tar-se-á provavelmente de um porto interior associado ao oppidum Turdetano do cerro do Cavaco. O sítio de Tavira surge em primeiro plano como uma península e em frente, na outra margem, surge uma pequena baía que corresponde ao moderno largo da Alagoa, que definia pelo Sul a península de alto de Sant’Ana, igualmente representada. Os portos, exterior e interior, do povoado fenício de Tavira estão per- feitamente evidenciados. A rematar a curva do braço de mar, do lado esquerdo na zona de São Domingos, destaca-se a crista mon- tanhosa do Fojo, que corre paralela ao vale da Asseca, do lado Sul. Sobre esta, no ponto estratégico sobre o rio e o vale, situa-se o “oppidum do muro”, cuja ocupação arqueológica anterior ao período islâmico é ainda uma incógnita. A partir da configuração orográfica das margens é possível conceber a existência de outros pequenos sítios habitados e defendidos naturalmente, junto à orla costeira. Segundo os dados actualmente disponíveis esta configuração de costa ter-se-á mantido até ao domínio islâmico, altura em que se começou a notar o efeito do assoreamento dos estuários devido à desflorestação sistemática e prolongada. É também neste período que começam a surgir os aterros artificiais em ambas as margens do Gilão, na área de Tavira, processo que se prolongou até aos dias de hoje, sem ter ainda termi- nado. Este modelo foi elaborado com base em informação topográfica digital fornecida pela Câmara Municipal de Tavira.
  • 5. Tavira: Cidades e Região. Versão experimental #2, de 22 de Março de 2003 © 2003, Luís Fraga da Silva, Associação Campo Arqueológico de Tavira, Tavira, Portugal Proibida a difusão pública sem autorização expressa do autor Tavira: Cidades e Região. Versão experimental #11, de 22 de Março de 2003 © 2003, Luís Fraga da Silva, Associação Campo Arqueológico de Tavira, Tavira, Portugal Proibida a difusão pública sem autorização expressa do autor