As principais críticas dos opositores ao ensino da sociologia no ensino médio são que a disciplina pode levar os alunos a questionarem a ordem social estabelecida e não aceitarem decisões sem antes propor alternativas. Já os defensores argumentam que o ensino da sociologia pode formar os alunos para uma melhor compreensão das relações sociais e participação democrática, além de prepará-los para lidar com problemas reais de forma racional e crítica. Florestan Fernandes defendia que a sociologia daria ferramentas para que as
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
Tarefa de ciencias humanas
1. Tarefa de Ciências Humanas – Sociologia por Sandra Menucelli
Leia o texto abaixo e responda à questão proposta individualmente.
Licenciatura em Ciências Sociais e Ensino de Sociologia: entre o balanço e o relato
“Quando em 1954, durante o I Congresso Brasileira de Sociologia, o Prof. Florestan Fernandes
apresentou a comunicação “O ensino de Sociologia na Escola Secundária Brasileira” (Fernandes, 1985), dava
início a uma tradição bissexta de debates sobre o tema. Se à época ele se recriminava por “incidir num grande
erro”, pois escolhera “um objeto que não existia”, o que não ocorre de todo hoje, entretanto, tinha por principal
objetivo “debater a conveniência de mudar a estrutura do sistema educacional do país e a conveniência de
aproveitar, de uma maneira mais construtiva, as ciências humanas no currículo da escola secundária”.
(Fernandes, 1955) Esse objetivo mais amplo, menos corporativo, parece não se ter realizado plenamente nesse
quase meio século de reformas educacionais no país. Mesmo a mais recente reforma, conduzido por um
daqueles congressistas e assessorado por outros dois [1], a quem falava o Prof. Florestan Fernandes, não tem
logrado fazer a alteração profunda na educação básica e em especial no ensino médio.
” (MORAES, A. C. Licenciatura em Ciências Sociais e Ensino de Sociologia: entre o balanço e o relato, in
Tempo Social, Revista do Depto. De Sociologia da USP, São Paulo - SP, v. 15, n. 1, p. 05-20, 2003)
Questão:
“A preocupação de Florestan Fernandes era “debater a conveniência de mudar a estrutura do sistema
educacional do país e a conveniência de aproveitar, de uma maneira mais construtiva, as ciências humanas no
currículo da escola secundária”, no entanto, que críticas a reintrodução da disciplina no ensino médio vem
recebendo dos seus opositores e que respostas são dadas pelos seus defensores?”
[1] Trata-se de Fernando Henrique Cardoso, Presidente da República, José Arthur Giannotti e Eunice Ribeiro Durhan, que se sucederam como membros do
Conselho Nacional de Educação. (Cf. Anais do I Congresso Brasileiro de Sociologia, 1955)
A disciplina de sociologia tem uma função distinta de formar os jovens e adolescentes para olhar de
forma diferente a realidade. Este olhar tem que ser direcionado de uma maneira crítica, de tal forma que estes
alunos obtenham um progresso social e político. Com esta finalidade alcançada, o aluno passará a entender o
porquê as relações dentro da escola, e em decorrência com a sua família, possuem determinadas características.
A sociologia como disciplina no Ensino Médio apresenta-se como algo inovador, para que assim seja
formado alunos questionadores de sua realidade social no país. Ainda há muitos desencontros, muita coisa ainda
tem de ser feita. Porém, a carga de conhecimento que a Sociologia traz, pode contribuir para que os alunos
entendam no que resultam as relações sociais e que simplesmente os fenômenos sociais não acontecem do
nada.
2. Segundo Florestan Fernandes, o ensino da Sociologia seria uma ferramenta poderosa nas mãos das
pessoas e dos grupos sociais, no sentido de não serem mais ludibriados em seus interesses individuais e
coletivos. É, portanto, uma aspiração política de uma participação democrática ampliada e autoconsciente das
condições de existência social que reside a importância do ensino de sociologia. Florestan Fernandes sintetiza
sua justificação da necessidade do ensino da Sociologia quanto às exigências da sociedade moderna. Formar os
alunos para uma melhor compreensão racional das relações entre os meios e os fins. Desta forma, os jovens e
adolescentes passam a serem capazes de olhar para além da superficialidade de como a realidade se mostra.
Em vista dos objetivos das camadas conservadoras, poderosas e influentes e das instituições sociais e
da ideologia dominante , não seriam favoráveis ao ensino da sociologia no ensino médio, porque visam à
conservação da ordem social e portanto o individuo livre, crítico e autônomo não aceitaria as decisões supremas,
sem antes relutar e propor outras alternativas que decissem seus destinos de cidadão participante da construção
da própria sociedade em que vive.
Dentro desta realidade este ensino é incapaz de ser um instrumento de progresso social e de uma
educação dinâmica. Em conseqüência desta situação, o ensino de sociologia só conseguirá cumprir com seu
papel de propulsor do progresso social se houver uma alteração na estrutura do ensino educacional brasileiro,
também na sua mentalidade pedagógica dominante. Nas palavras do próprio Florestan:
Esse ensino possui um interesse prático-específico, que hoje ainda não é evidente. É
que ele poderá contribuir para preparar as gerações novas para manipular técnicas
racionais de tratamento dos problemas econômicos, políticos, administrativos e
sociais. (1977, p. 118)
Formar para o mercado de trabalho, a tem a função preparar o aluno para ser capaz de
analisar criticamente e racionalmente sua própria realidade social. E este preparo leva o jovem estudante ao
progresso social e a uma participação política mais ativa na estrutura capitalista, de tal forma que sejam capazes
de sair do ”stato quo”.
Em conseqüência deste novo cidadão seria um olhar critico sobre a estrutura social e sobre
seus verdadeiros significados.
O primeiro passo com a aprovação da lei, que torna obrigatório o ensino da Sociologia, agora é necessário a
formação de educadores capazes de lidar com esta disciplina e há a necessidade de organização e o
reconhecimento de sua importância. Cabe também aos professores de sociologia do ensino médio a aderir cada
vez mais às novas propostas que surgem.
Construir um saber organizado de modo a ser viável sua introdução no nível médio de
ensino”. (SARANDY, pág. 03)