SlideShare uma empresa Scribd logo
2 SÉRIE
a
ENSINO MÉDIO
Caderno do Professor
Volume3
SOCIOLOGIA
Ciências Humanas
Nome:
Escola:
1 edição revista
GOVERNO DO ESTADO DE SãO PAULO
SECRETARIA DA EDUCAçãO
MATERIAL DEAPOIO AO
CURRÍCULO DOESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DOPROFESSOR
SOCIOLOGIA
ENSINO MÉDIO– 2ª SÉRIE
VOLUME 3
a
São Paulo, 2013
Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo Alckmin
Vice-Governador
Guilherme Afif Domingos
Secretário da Educação
Herman Voorwald
Secretário-Adjunto
João Cardoso Palma Filho
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Rosania Morales Morroni
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Silvia Andrade da Cunha Galletta
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Maria Elizabete da Costa
Coordenador de Gestão de
Recursos Humanos
Jorge Sagae
Coordenadora de Informação,
Monitoramento e Avaliação
Educacional
Maria Lucia Guardia
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares
Ana Leonor Sala Alonso
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Presidente da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação – FDE
Barjas Negri
CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL
COORDENADORIA DE GESTÃO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB
Coordenadora
Maria Elizabete da Costa
Diretor do Departamento de Desenvolvimento
Curricular de Gestão da Educação Básica
João Freitas da Silva
Diretora do Centro de Ensino Fundamental
dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação
Profissional – CEFAF
Valéria Tarantello de Georgel
Coordenação Técnica
Roberto Canossa
Roberto Liberato
EQUIPES CURRICULARES
Área de Linguagens
Arte: Carlos Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno,
Pio de Sousa Santana e Roseli Ventrela.
Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria
Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt,
Rosangela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto
Silveira.
Língua Estrangeira Moderna (Inglês e
Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire
de Souza Bispo, Neide Ferreira Gaspar e Sílvia
Cristina Gomes Nogueira.
Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria
BaltieriSouza, ClariciaAkemi Eguti, Idê Moraes dos
Santos,João Mário Santana, Kátia ReginaPessoa,
Mara Lúcia David, Marcos RodriguesFerreira,
RoseliCordeiroCardosoeRozeliFrascaBueno Alves.
Área de Matemática
Matemática: João dos Santos, Juvenal de
Gouveia, Otavio Yoshio Yamanaka, Patrícia de
Barros Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e
Vanderley Aparecido Cornatione.
Área de Ciências da Natureza
Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Reymi
Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e
Rodrigo Ponce.
Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli,
Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e
Maria da Graça de Jesus Mendes.
Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio
Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade
Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte.
Química: Ana Joaquina Simões S. de Matos
Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João
Batista Santos Junior e Natalina de Fátima Mateus.
Área de Ciências Humanas
Filosofia: Tânia Gonçalves e Teônia de Abreu
Ferreira.
Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso,
Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati.
História: Cynthia Moreira Marcucci, Lydia
Elisabeth Menezello e Maria Margarete dos Santos.
Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de
Almeida, Sérgio Roberto Cardoso e Tony Shigueki
Nakatani.
PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO
PEDAGÓGICO
Área de Linguagens
Educação Física: Ana Lucia Steidle, Daniela
Peixoto Rosa, Eliana Cristine Budisk deLima,
Fabiana Oliveira da Silva, Isabel Cristina Albergoni,
Karina Xavier, Katia Mendes, Liliane Renata Tank
Gullo, Marcia Magali Rodrigues dos Santos,
Mônica Antonia Cucatto da Silva, Patrícia Pinto
Santiago, SandraPereira Mendes, Sebastiana
Gonçalves Ferreira, SilvanaAlves Muniz,
Thiago Candido Biselli Farias e WelkerJosé Mahler.
Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia
Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva,
Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana
Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela
dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba
Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina
dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos,
Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista Bomfim,
Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Aparecida
Arantes, Mauro Celso de Souza, Neusa A.
Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Passos,
Renata Motta Chicoli Belchior, Renato José de
Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de
Campos, Silmara Santade Masiero e Sílvia
Cristina Gomes Nogueira.
Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Angela
Maria Baltieri Souza, Edilene Bachega R. Viveiros,
ElianeCristina Gonçalves Ramos, GracianaB.
Ignacio Cunha, JoãoMário Santana, Letícia
M. de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz,
Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina
Cunha Riondet Costa, Maria Joséde Miranda
Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso,
Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar
Alexandre Formici, Selma Rodrigues e
Sílvia ReginaPeres.
Área de Matemática
Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis
Antonio deLima, Delizabeth Evanir Malavazzi,
Edinei Pereira deSousa, Eduardo Granado Garcia,
Evaristo Glória, EveraldoJoséMachado deLima,
Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan
Castilho, JoséMaria SalesJúnior, Luciana Moraes
Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello,
Mário JoséPagotto, Paula Pereira Guanais, Regina
Helenade Oliveira Rodrigues, Robson Rossi,
Rodrigo Soares de Sá, RosanaJorge Monteiro,
Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares
Jacomini,Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto eZilda
Meira de Aguiar Gomes.
Área de Ciências da Natureza
Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Claudia
Segantini Leme, Evandro Rodrigues Vargas Silvério,
Fernanda RezendePedroza, Regiani Braguim
Chioderoli e Sofia Valeriano Silva Ratz.
Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio
deMelo, LiamaraP. Rocha da Silva, Marceline
deLima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto
Orlandi Valdastri, Rosimeireda Cunha eWilson
Luís Prati.
Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula
Vieira Costa, André Henrique Ghelfi Rufino,
Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes
M. Garcia, Leandrodos Reis Marques, Marcio
Bortoletto Fessel, Marta FerreiraMafra, Rafael
Plana Simões eRui Buosi.
Química: Armenak Bolean, Cirila Tacconi, Daniel
B. Nascimento, Elizandra C. S.Lopes, Gerson
N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura C. A. Xavier,
Marcos Antônio Gimenes, Massuko S. Warigoda,
Roza K. Morikawa, Sílvia H. M. Fernandes, Valdir P.
Berti e Willian G. Jesus.
Área de Ciências Humanas
Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson
Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio
Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal.
Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio
Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza,
Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez,
Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos,
Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de
Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório,
Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato
e Sonia Maria M. Romano.
História: Aparecida de Fátima dos Santos Pereira,
Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete Silva,
Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina de Lima
Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso Doretto,
Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana Kossling,
Marcia Aparecida Ferrari Salgado de Barros, Mercia
Albertina de Lima Camargo, PriscilaLourenço,
Rogerio Sicchieri, Sandra Maria Fodra e Walter
Garcia de Carvalho Vilas Boas.
Sociologia: Aparecido Antônio de Almeida, Jean
Paulo de Araújo Miranda, Neide de Lima Moura e
Tânia Fetchir.
GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO
EDITORIAL
FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI
Presidente da Diretoria Executiva
Antonio Rafael Namur Muscat
Vice-presidente da Diretoria Executiva
Alberto Wunderler Ramos
GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS
À EDUCAÇÃO
Direção da Área
Guilherme Ary Plonski
Coordenação Executiva do Projeto
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
Gestão Editorial
Denise Blanes
Equipe de Produção
Editorial: Ana C. S. Pelegrini,Cíntia Leitão,
Mariana Góis, Michelangelo Russo, Natália S.
Moreira, Olivia Frade Zambone, Priscila Risso,
Regiane Monteiro Pimentel Barboza, Rodolfo
Marinho, Stella Assumpção Mendes Mesquita e
Tatiana F.Souza.
Direitos autorais e iconografia: Débora Arécio,
Érica Marques, José Carlos Augusto, Maria
Aparecida Acunzo Forli e Maria Magalhães
de Alencastro.
COORDENAÇÃO TÉCNICA
Coordenadoria de Gestão da Educação Básica
– CGEB
COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS
CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS
CADERNOS DOS ALUNOS
Ghisleine Trigo Silveira
CONCEPÇÃO
Guiomar Namo de Mello
Lino de Macedo
Luis Carlos de Menezes
Maria Inês Fini (coordenadora)
Ruy Berger (em memória)
AUTORES
Linguagens
Coordenador de área: Alice Vieira.
Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins,
Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami
Makino e Sayonara Pereira.
Educação Física: Adalberto dos Santos Souza,
Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana
Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti,
Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira.
LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges,
Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo
Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e
Sueli Salles Fidalgo.
LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez,
Isabel Gretel María Eres Fernández, Ivan
Rodrigues Martin, Margareth dos Santos e Neide
T. Maia González.
Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet
Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar,
José Luís Marques López Landeira e João
Henrique Nogueira Mateos.
Matemática
Coordenador de área: Nílson José Machado.
Matemática: Nílson José Machado, Carlos
Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz
Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério
Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e
Walter Spinelli.
Ciências Humanas
Coordenador de área: Paulo Miceli.
Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton
Luís Martins e Renê José Trentin Silveira.
Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu
Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e
Sérgio Adas.
História: Paulo Miceli, Diego López Silva,
Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli
e Raquel dos Santos Funari.
Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza
Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe,
Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina
Schrijnemaekers.
Ciências da Natureza
Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes.
Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo
Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene
Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta
Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar
Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo
Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares
de Camargo.
Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite,
João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto,
Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida
Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria
Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo
Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro,
Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão,
Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume.
Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam
Rouxinol, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel,
Luís Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de
Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de
Oliveira, Maxwell Roger da Purificação Siqueira,
Sonia Salem e Yassuko Hosoume.
Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes,
Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza,
Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de
Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria
Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa
Esperidião.
Caderno do Gestor
Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de
Felice Murrie.
EQUIPE DE PRODUÇÃO
Coordenação executiva: Beatriz Scavazza.
Assessores: Alex Barros, Antonio Carlos de
Carvalho, Beatriz Blay, Carla de Meira Leite,
Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de
Oliveira, José Carlos Augusto, Luiza Christov,
Maria Eloisa Pires Tavares, Paulo Eduardo
Mendes, Paulo Roberto da Cunha, Pepita Prata,
Renata Elsa Stark, Solange Wagner Locatelli e
Vanessa Dias Moretti.
EQUIPE EDITORIAL
Coordenação executiva: Angela Sprenger.
Assessores: Denise Blanes e Luis Márcio
Barbosa.
Projeto editorial: Zuleika de Felice Murrie.
Edição e Produção editorial: Adesign, Jairo Souza
Design Gráfico e Occy Design (projeto gráfico).
APOIO
Fundação para o Desenvolvimento da Educação
– FDE
CTP, Impressão e Acabamento
Esdeva Indústria Gráfica S.A.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias de educação do país,desde que mantida a integridade da obra
e dos créditos, ressaltando que direitos autorais protegidos* deverão ser diretamente negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei nº- 9.610/98.
* Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas no material da SEE-SP que não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de
Direitos
Autorais.
Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas
S239c São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
Caderno do professor: sociologia, ensino médio - 2ª- série, volume 3 / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe,
Heloísa Helena Teixeira de Souza Martins, Melissa de Mattos Pimenta, Stella Christina Schrijnemaekers. São Paulo: SEE, 2013.
ISBN 978-85-7849-371-4
1. Sociologia 2. Ensino Médio 3. Estudo e ensino I. Fini, Maria Inês. II. Martins, Heloísa Helena Teixeira de Souza. III. Pimenta, Melissa de
Mattos. IV. Schrijnemaekers, Stella Christina. V. Título.
CDU: 373.5:316
* Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e como referências bibliográ
ficas.
Todos esses endereços eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo não garante que o
s sites
indicados permaneçam acessíveis ou inalterados.
* As fotografias da agência Abblestock/Jupiter publicadas no material são de propriedade da Getty Images.
* Os mapas reproduzidos no material são de autoria de terceiros e mantêm as características dos originais, no que diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos elementos cartogr
áficos
(escala, legenda e rosa dos ventos).
Senhoras e senhores docentes,
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo-
radores na reedição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que per-
mitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula de
todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os
professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor-
dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação
— Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste
programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização
dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações
de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca
por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso
do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.
Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien-
tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia-
ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.
Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu
trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar
e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história.
Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.
Bom trabalho!
Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
SUMáRIO
Ficha do Caderno 7
Orientação sobre os conteúdos do volume 8
Situações de Aprendizagem 10
Situação de Aprendizagem 1 – O trabalho como mediação 10
Situação de Aprendizagem 2 – Divisão social do trabalho 14
Situação de Aprendizagem 3 – Transformações no mundo do trabalho: emprego e
desemprego na atualidade 23
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão
dos temas 38
FICHA DO CADERNO
Trabalho e Sociedade
Nome da disciplina: Sociologia
área: Ciências Humanas
Etapa da educação básica: Ensino Médio
Série: 2ª
Volume: 3
Temas e conteúdos: O significado do trabalho: trabalho
como mediação
Divisão social do trabalho; divisão sexual
e etária do trabalho; divisão manufatureira
do trabalho
Processo de trabalho e relações de trabalho
Transformações no mundo do trabalho –
Emprego e desemprego na atualidade
7
ORIENTAçãO SOBRE OS CONTEúDOS DO VOLUME
Caro professor,
Neste volume avançaremos na discussão
sobre o tema da desigualdade. A questão Qual a
importância do trabalho na vida social brasileira?
orientará as atividades. Para respondê-la, o alu-
no deverá refletir sobre o que é trabalho, qual é
o seu papel na vida dos indivíduos, qual é a dife-
rença entre trabalho e emprego, como a socio-
logia tem observado e discutido esse fenômeno,
bem como qual a especificidade do trabalho
na sociedade capitalista. Apresentamos neste
Caderno um extenso material para discussão
que lhe permitirá abordar as principais questões
relacionadas com o trabalho. Sabemos, contu-
do, que o conteúdo aqui disponibilizado pode
superar o tempo das oito aulas previstas neste
volume. Nossa intenção é que você, consideran-
do as condições de que dispõe e o interesse dos
alunos, decida como aproveitá-lo.
Os estudos realizados no âmbito da Socio-
logia do Trabalho orientaram a elaboração
deste texto. Evidentemente, não foi possível
tratar muitas das questões que dizem respei-
to ao trabalho, mas procuramos dar conta de
conceitos que são fundamentais para entender
a sociedade que se organiza a partir do trabalho
e das relações que os homens estabelecem como
produtores de bens e serviços.
fixação do conteúdo apresentado em sala de
aula, mas também permitir que os alunos
observem o mundo do trabalho e suas ques-
tões sob a perspectiva de um olhar socioló-
gico, ou seja, mais uma vez o princípio do
estranhamento da própria realidade deverá
nortear as aulas e a compreensão dos alunos a
respeito do tema.
Conhecimentos priorizados
Na Situação de Aprendizagem 1, serão for-
necidos elementos para que os alunos apren-
dam a diferenciar trabalho de emprego. Muitos
confundem esses dois conceitos, que, apesar
de próximos, não são sinônimos. Eles devem
compreender que o trabalho é uma forma de
mediação entre o homem e a natureza, ou seja,
que o trabalho nos distingue dos outros ani-
mais e por isso é fundamental para a condi-
ção humana. Já a Situação de Aprendizagem
2 é formada por um conjunto de elementos
para que os alunos retomem a discussão sobre
a constituição da sociedade capitalista moder-
na, ou seja, a sociedade organizada a partir do
trabalho livre. Serão privilegiados conceitos
que permitam entender como as relações entre
os indivíduos são estabelecidas, tais como a
divisão social do trabalho, a divisão manufa-
tureira do trabalho e a alienação.
Propomos também uma reflexão sobre as
8
transformações no mundo do trabalho e suas
consequências para os trabalhadores, as novas
formas de divisão e organização do trabalho e
a ampliação das condições precárias de exercí-
cio do trabalho. Por fim, traremos a questão do
desemprego para a discussão com os alunos.
O conteúdo das aulas será permeado pela
leitura de textos e atividades a ser realiza-
das em casa, que têm como objetivo não só a
A Situação de Aprendizagem 3 trata exa-
tamente do desemprego, e procura mostrar e
explicar como os jovens, em vários países, são
afetados por ele. Analisaremos, ainda, as trans-
formações ocorridas a partir do terço final do
século XX, que afetaram profundamente a
maneira de produzir e organizar o trabalho.
Essas mudanças interferiram no mercado de tra-
balho, ampliando a presença de formas precá-
rias de trabalho e aumentando o desemprego.
Sociologia - 2a série - Volume 3
Competências e habilidades
Neste volume, os alunos entrarão em
contato com um tema essencial para a vida
dos indivíduos e para a sociedade. A discussão
proposta não é fácil, pois aborda conceitos e
autores que apresentam alguma complexidade.
Por isso, é importante que eles sejam capazes
de perceber a sua relação com o tema e o tra-
balho como uma categoria central para enten-
dermos a organização da vida dos indivíduos e
da sociedade. Assim, a experiência dos alunos
e de seus familiares em relação ao trabalho
deve ser o ponto de partida para a reflexão.
No entanto, espera-se que o aluno seja capaz
de desenvolver um olhar crítico sobre a reali-
dade que o cerca, e orientar-se com relação ao
tema e às questões discutidas neste volume.
Metodologias e Estratégias
As atividades propostas neste volume são
bastante diversificadas, de modo a proporcio-
nar diferentes formas de tratar os temas abor-
dados. Alternando aulas expositivas, debates
em sala de aula, leitura, análise de textos, grá-
ficos e imagens e exercícios a ser desenvolvi-
dos individualmente e em grupo, as atividades
sugeridas têm como referência o mundo do
trabalho.
Avaliação
As avaliações das Situações de Apren-
dizagem priorizam, sobretudo, a produção
de textos dissertativos pelos alunos, que são
solicitados a desenvolver reflexões sobre os
conteúdos trabalhados em sala de aula e
nos textos e a se posicionar de forma crítica
a respeito de questões propostas. Esses tex-
tos podem tomar a forma de redações ou ser
expressos em pesquisas pontuais realizadas
em grupo. O objetivo é despertar a curiosi-
dade para temas ligados à questão do traba-
lho, como também desenvolver a capacidade
de pesquisa e análise de informações.
9
SITUAçõES DE APRENDIZAGEM
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
O TRABALHO COMO MEDIAÇÃO
Tempo previsto: 2 aulas.
Conteúdos e temas: o trabalho como mediação entre o homem e a natureza; o processo de
humanização do homem por meio do trabalho; a distinção entre trabalho humano e trabalho
animal; estabelecer uma diferenciação entre trabalho e emprego.
Competências e habilidades: compreender que o trabalho é uma atividade base da condição
humana; desenvolver o espírito crítico dos alunos; desenvolver habilidades de leitura e compre-
ensão de textos, produção de textos contínuos e expressão oral.
Estratégias: aula dialogada e trabalho em grupo.
Recursos: discussão em sala de aula; leitura de texto.
Avaliação: trabalho individual.
Sondagem e sensibilização
O objetivo da presente sensibilização é
apresentar aos alunos o tema da Situação de
Aprendizagem 1: o trabalho como mediação
entre o homem e a natureza.
Peça aos alunos que digam o que enten-
dem por trabalho. Verifique as respos-
tas dadas e destaque a palavra “trabalho”.
Comece explicando a sua origem: ela vem
do latim tripalium, conforme o texto a
seguir:
“O trabalho na Antiguidade estava associado a esforço físico, cansaço e penalização. A origem da
palavra, no latim vulgar, associa trabalho/tripalium a um instrumento de tortura feito de três varas
cruzadas ao qual os réus eram presos. O trabalho representava uma atividade indigna, reservada aos
escravos. Aos que viviam livremente, a subsistência vinha da coleta de frutos, da caça e outras ativi-
dades; o tempo do trabalho era o da natureza – dia ou noite, com sol ou chuva. [...] Na era moderna,
o trabalho teve o seu significado transformado, passou de atividade desprezada à condição de expres-
são da própria humanidade, fonte de produtividade e riqueza. Com as mudanças sociais, econômicas,
políticas e culturais, no século XX, a ideia do trabalho firmou-se como uma atividade valorizada”.
ARAÚJO, Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi. Sociologia: um olhar crítico.
São Paulo: Contexto, 2011. p. 51-52. <www.editoracontexto.com.br>.
10
Etapa 1 – O que é trabalho
A ideia na civilização ocidental de que o
trabalho é algo que traz sofrimento é refor-
çada por outras ideias influenciadas pelas
tradições greco-romana e judaico-cristã.
©MitsuhikoImamori/MindenPictures-Latinstock©KevinSchafer/MindenPictures-Latinstock
Sociologia - 2a série - Volume 3
Lembre aos alunos que, para os gregos, de
uma forma geral, o trabalho era visto como
algo que embrutecia os espíritos, tornava o
homem incapaz da prática da virtude e era um
mal que a elite deveria evitar. Por isso, era exe-
cutado por escravos, deixando aos cidadãos as
atividades mais nobres, como, por exemplo, a
política. No cristianismo, o episódio bíblico
da expulsão de Adão e Eva do Paraíso, como
consequência do pecado original, conde-
nando-os ao trabalho, a ganhar o “pão com o
suor do rosto”, ampliou a conotação negativa
do trabalho. Assim, ele apresenta, em nossa
sociedade, também os sentidos de fadiga,
luta, dificuldade e punição.
Mas não se limite a isso. Insista com seus
alunos: Além desses sentidos, o que é trabalho?
Com o objetivo de mostrar a eles outra concep-
ção, peça para um aluno ler o trecho a seguir:
Trabalho consiste na “aplicação das
forças e faculdades humanas para alcançar
um determinado fim”.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Curitiba:
Positivo, 2004. CD-ROM.
Chame a atenção dos alunos para o adjeti-
vo “humanas”, citado na definição apresentada.
O uso dele enfatiza que o trabalho é uma ativi-
dade humana, ou seja, só os seres humanos tra-
balham. Pergunte aos alunos: Vocês conhecem
outros seres vivos que também empregam suas
forças e faculdades para conseguir um objetivo?
Provavelmente os alunos se lembrarão das
formigas, abelhas e aranhas. Alguns poderão
afirmar que esses animais também trabalham:
tecem a teia, constroem a colmeia e os formi-
gueiros. Aceite, inicialmente, essa explicação.
Pergunte se eles se lembram da fábula “A cigar-
ra e a formiga”. Existem várias versões dessa
fábula, mas a sinopse pode ser uma só: a his-
tória da cigarra que só queria cantar e se di-
vertir e da formiga que só trabalhava. Um dia,
elas se encontraram e a cigarra questionou o
porquê de a formiga trabalhar. Esta respon-
deu que precisava trabalhar agora para ter ali-
mento no inverno. Como era verão, a cigarra
riu da formiga e replicou que o inverno estava
muito longe para ela se preocupar. Passados
alguns meses, chegou o inverno e a cigarra
quase morreu de frio e fome. Quando estava
com pouca força, bateu à porta da formiga e
pediu ajuda. Esta a ajudou, mas lembrou-lhe
da importância de trabalhar e poupar.
Em seguida, peça que prestem atenção
nas imagens apresentadas, também presen-
tes no Caderno do Aluno, e que forneçam
outros exemplos de animais considerados
“trabalhadores”.
Figura 1 – Formigas no exercício de sua atividade
Figura 2 – João-de-barro (Furnarius rufus) ao lado de sua casa
11
©ErichLessing/Album-Latinstock
Normalmente, os animais apresentados
nas imagens são vistos, pelo senso comum,
como animais trabalhadores. Mas, na pers-
pectiva sociológica, os animais não tra-
balham, só o homem trabalha. O trabalho
é visto como uma atividade que ajuda o
homem a construir sua condição como ser
humano.
Peça para um aluno ler o texto a seguir:
“O conceito é ambíguo e disputado, indicando diferentes atividades em diferentes sociedades e
contextos históricos. Em seu sentido mais amplo, trabalho é o esforço humano dotado de um propó-
sito e envolve a transformação da natureza através do dispêndio de capacidades mentais e físicas. Tal
interpretação, contudo, conflita com o significado e a experiência mais limitados do trabalho nas
atuais sociedades capitalistas. Para milhões de pessoas trabalho é sinônimo de emprego remunerado,
e muitas atividades que se qualificariam como trabalho na definição mais ampla são descritas e viven-
ciadas como ocupações em horas de lazer, como algo que não significa verdadeiramente trabalho.”
OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento social do século XX.
Rio de Janeiro: Zahar, 1996. p. 773.
Quais são essas “diferenças essenciais”?
Recorra ao sociólogo Karl Marx para respon-
der a essa indagação.
Solicite a um voluntário que leia o texto a
seguir. A leitura pode ser individual, compar-
tilhada ou comentada.
Figura 3 – Karl Marx,
1818-1883
Karl Marx nasceu
na Alemanha, em 1818.
Considerado um dos
maiores filósofos ale-
mães, realizou estudos
importantes também
para a Economia e
a Sociologia. Ten-
do como base a dia-
lética1, desenvolveu o
método que permite a
“Uma aranha executa operações que se
assemelham às de um tecelão, e a abelha, na
construção de suas colmeias, deixa enver-
gonhado mais de um arquiteto. Mas o que
distingue o pior arquiteto da melhor das
abelhas é isso: o arquiteto projeta sua obra
antes de construí-la na realidade. No final
de todo processo de trabalho, temos um
resultado que já existia na imaginação do
trabalhador desde o seu começo”.
MARX, Karl. Capital –A Critique of Political Economy.
explicação da história das sociedades hu-
manas a partir das relações sociais de pro-
dução. Radical tanto na teoria como na
militância, participou ativamente de diver-
sas organizações operárias clandestinas,
tendo sido expulso de alguns países. Exi-
lado na Inglaterra, passou por muitas difi-
culdades econômicas, sendo socorrido por
amigos, como Friedrich Engels. Morreu
em Londres em 1883.
The labour-process and the process of producing
surplus-value. vol. 1, Part III, Section 1, cap. VII.
Tradução Heloísa Helena Teixeira de Souza Martins.
Disponível em: <http://www.marxists. org/archive/marx/
works/1867-c1/index.htm>. Acesso em:21 mar. 2013.
O trabalho humano, portanto, distingue-se
do trabalho animal, pois o homem planeja
antes de executar uma atividade. Ele con-
cebe o trabalho antes de executá-lo. Já os
12
1
Dialética é o método de explicação da realidade
que tem por base o princípio lógico da
contradição, ou seja, a contraposição de ideias
ou situações leva a uma nova ideia ou situação.
animais não possuem essa capacidade. Eles
“trabalham” de forma instintiva. Na ver-
dade, é equivocado usar o termo trabalho
para se referir às atividades realizadas pelos
Sociologia - 2a série - Volume 3
outros animais. Os animais executam tare-
fas guiados pelo instinto: a abelha faz o mel
e a colmeia instintivamente, por isso todas
as colmeias de uma mesma espécie de abe-
lha seguem a mesma configuração; a for-
miga também constrói instintivamente os
formigueiros, e por isso eles seguem a mesma
estrutura, e o mesmo processo ocorre com o
joão-de-barro e sua casa.
Os animais só mudam sua maneira de agir
quando ocorre alguma alteração no meio, o
que os leva a se adaptar, mas eles não mudam
suas atitudes intencionalmente. Só o homem
tem essa capacidade, os outros animais, não.
Com o objetivo de obter os meios que garan-
tam a sua sobrevivência, o homem age sobre
a natureza, transformando-a. Ele se apropria
dos materiais existentes na natureza e cria
objetos, inventa coisas e se relaciona com
outros homens por intermédio do trabalho.
Desse modo, o trabalho é uma atividade de
mediação entre o homem e a natureza.
O homem emerge gradualmente, desenvol-
ve-se e se torna um ser humano no exercício
de sua atividade, de seu trabalho, da sua pro-
dução social. Nesse sentido, pode-se dizer que,
ao trabalhar, o homem “humaniza” a natureza
e se constrói como ser humano, ou seja, o traba-
lho humaniza o homem, pois ele age de forma
deliberada e consciente sobre a natureza. É por
isso que o trabalho é visto como uma atividade
que ajuda o homem a construir sua condição
como ser humano.
Para encerrar esta primeira Situação de
Aprendizagem, discuta com os alunos a distinção
entre trabalho e emprego. Interrogue os alunos:
O que vocês entendem por emprego? Vocês sabem
que trabalho não é sinônimo de emprego? O que
vocês acham que distingue trabalho de emprego?
É importante que os alunos entendam que
trabalho sempre existiu, sob diferentes formas,
ao longo da história da humanidade. Entretanto,
emprego é uma relação social de trabalho muito
recente, que surge a partir do momento em que
o homem deixa de ser escravo ou servo e se
transforma em um homem livre. Livre para ven-
der o seu trabalho e estabelecer um contrato
com o comprador, em troca de um salário que
lhe permita adquirir os meios de vida necessá-
rios à sua sobrevivência. Emprego pressupõe
trabalho assalariado, sendo, portanto, caracterís-
tico da sociedade capitalista.
Como Lição de Casa desta Situação, você
pode pedir para que eles leiam o próximo texto
e expliquem:
1. Como era o trabalho em outros períodos
da história?
2. Qual a característica fundamental do tra-
balho no capitalismo?
O trabalho livre sucedeu historicamente a outras formas de trabalho, como a escravidão e a servidão.
Na Grécia Antiga, o trabalho era uma atividade exercida pelos escravos. Na Idade Média, as pessoas tra-
balhavam nos campos, ligadas a um senhor feudal, ou moravam nos burgos e eram artesãos. Em todos
esses momentos da história, as pessoas executavam algum trabalho, mas não tinham emprego. O emprego
só se dissemina com o capitalismo. Nele o trabalhador vende a sua força de trabalho (física ou mental) em
troca de um salário. Ao conseguir o emprego, o trabalhador assina um contrato de trabalho que especifica
suas funções. Ao contrário do que ocorria na Antiguidade, em que os escravos eram uma propriedade, e
na Idade Média, em que os trabalhadores eram servos presos à terra do senhor feudal, no capitalismo os
trabalhadores são livres para procurar outras condições de trabalho em um novo emprego.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
13
Na hora de corrigir a Lição de Casa, você
não pode se esquecer de destacar aos alunos
qual o sentido da frase final do parágrafo ante-
rior. A liberdade no capitalismo para mui-
tos dos trabalhadores é relativa, uma vez que
a grande maioria não pode escolher quem,
quando, e, muitas vezes, onde procurar empre-
go. Mas o significado mais importante do tra-
balho livre ou da liberdade do trabalhador é
dado pelo fato de que, com o esfacelamento
do sistema feudal de produção, o servo liber-
tou-se das amarras que o prendiam ao senhor
feudal, mas perdeu o acesso aos meios de pro-
dução: terra, matéria-prima, instrumentos
de trabalho. Então, passou a dispor de uma
única propriedade – a sua força de traba-
lho. O processo que deu origem a isso será
objeto de discussão na próxima Situação de
Aprendizagem.
Proposta de Situação de Avaliação
Para verificar se eles compreenderam o
assunto desta Situação de Aprendizagem, você
pode pedir que escrevam um pequeno texto
explicando os principais argumentos da dis-
cussão sobre o trabalho.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO
Tempo previsto: 3 aulas.
Conteúdos e temas: trabalho e capitalismo; divisão social e manufatureira do trabalho; relações
de trabalho; alienação.
Competências e habilidades: permitir que os alunos sejam capazes de entender os principais
conceitos sociológicos relacionados ao trabalho; desenvolver a capacidade analítica e crítica;
desenvolver habilidades de leitura e interpretação de textos; produção de textos contínuos e
expressão oral.
Estratégias: aula dialogada; trabalho em grupo e individual.
Recursos: discussão em sala de aula; leitura de texto.
Avaliação: trabalho individual.
Sondagem e Sensibilização
Nesta Situação de Aprendizagem, utiliza-
remos como atividade de sensibilização alguns
cantos1 do poema A trama da rede, de Carlos
Brandão, cada um com uma ou duas estrofes.
Peça aos alunos que se organizem, formando
um jogral, ou seja, um grupo de oito pessoas
em que cada um recitará um canto do poema
a seguir, como se estivesse em um palco.
14
1
[...] Grande divisão de longos poemas. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa. Curitiba: Editora Positivo, 2004. CD-ROM.
Sociologia - 2a série - Volume 3
A trama da rede
I
Essa é a trama da rede:
o tecido das trocas que fabricam
o pano de uma rede de dormir
enreda o corpo do homem na tarefa
de criar na máquina a rede com a mão.
A armadilha do trabalho em casa alheia
engole o homem e enovela todo o corpo
no fio no fuso na roda na teia
do maquinário da manufatura
que produz o seu produto: a rede
e reduz o corpo-operário à produção.
[...]
III
O corpo-bailarino que transforma
a coisa bruta em objeto
(a fibra em fio e o fio em pano)
e o objeto na mercadoria
(o pano pronto na rede e sua valia)
transforma o corpo do homem operário
em outro puro objeto de trabalho
pronta a fazer e refazer no fuso
aquilo de que a fábrica faz sua riqueza
de que, quem faz não se apropria.
[...]
VII
Sob a trama do trabalho em tear alheio
o corpo não possui seu próprio tempo
e é inútil que lhe bata um coração.
O relógio interior do operário
é o que existe na oficina, fora dele,
de onde controla o tear e o tecelão.
VIII
De longe o dono zela por quem faz:
pela força do homem que trabalha,
não pela vida do trabalhador.
Aqui não há lugar para o repouso
ainda que o produto do trabalho
seja uma rede de pano, de dormir
e que comprada serve ao sono e ao amor.
IX
Durante a flor da vida inteira
fazendo a mesma coisa e refazendo
uma operação simples de memória
o operário condena o próprio corpo
a ser tão automático e eficaz
que domine o gesto que o destrói.
A reprodução contínua, diária, igual
de um mesmo gesto repetido e limitado
todos os dias, sobre os mesmos passos,
ensina ao artesão regras de maestria
do trabalho que afinal então domina
através de saber sua ciência
com a sabedoria do corpo massacrado.
[...]
XI
Quem fia e enfia?
Quem carda e corta?
Quem tece e trança?
Quem toca e torce?
A moça o menino.
A velha o homem.
Eles são, artistas,
parte do trabalho coletivo
que faz a trama da rede
e a rede pronta:
o objeto bonito do descanso
que inventa a necessidade
15
da servidão do trabalho
do corpo produtivo.
XII
A dança ritmada desse corpo
de bailarino-operário de um ofício
de que o produto feito não é seu,
cria o servo de quem lhe paga aos sábados
para o que sobra da vida de trabalho
do corpo de quem fez e não viveu.
O trabalho-pago, alheio e sempre o mesmo
obrigando o operário bailarino
à rotina de fazer sem possuir
torna-o, artista, servo do ardil
de entretecer panos e redes sem criar
XIV
Não conhece descanso o corpo na oficina.
Ele é parte das máquinas que move
e que movidas não sabem mais parar.
Os pés descalços prolongam pedais
os braços são como alavancas
e as mãos estendem pontas de um fio
que existe no fuso e no tear.
O trabalho do corpo é o objeto
que o homem vende ao dono todo o dia.
O corpo-livre pertence ao maquinário
que o homem converte no operário
de que retira o preço do sustento:
a comida a cama a casa o agasalho,
o que mantém vivo o corpo e o seu trabalho.
e recriar-se servo sem saber.
[...]
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Encarte de Tempo e Presença. n. 172, nov./dez. 1981.
16
Depois da leitura, pergunte aos alunos: O
que vocês entenderam desse poema? Provavel-
mente, alguns trechos obscuros os alunos não
conseguirão compreender. Explique que ele
foi escrito tendo como referência a leitura de
trechos da obra mais importante escrita por
Karl Marx, O capital, nos quais ele fala dos
operários e dos usos de seus corpos no pro-
cesso de produção de mercadorias. Como diz
Carlos Brandão, são “alegorias [exposição de
um pensamento sob forma figurada] sobre o tra-
balho”, escritas para um documentário sobre
a produção artesanal de redes no Ceará.
Em seguida, peça para que cada aluno-leitor
procure explicar o que entendeu da estrofe que
leu. Provavelmente, eles terão dificuldade de
apanhar todo o significado do texto. Ajude-os,
destacando os seguintes elementos:
Canto I: o trabalho de tecer a rede é exerci-
do em “casa alheia”, ou seja, não na casa do
trabalhador, mas no local determinado pelo
seu patrão, na manufatura. Ali, são reunidos
vários trabalhadores que, exercendo diferen-
tes trabalhos, transformam os fios de várias
cores em rede. A trama, o desenho da rede,
é mostrada como a trama que enreda, que
prende o trabalhador à máquina, que impõe
seu movimento ao corpo do trabalhador.
Canto III: o trabalhador que transforma a
matéria-prima – o algodão – em fio, e o fio em
rede, produz uma mercadoria que não per-
tence a ele, mas, sim, a quem o contratou. Ou
seja, a rede que ele produz com o seu traba-
lho não pertence a ele, mas, sim, a quem lhe
paga o salário.
Canto VII: o ponto central desse canto se
refere ao tempo ou ritmo de trabalho que, na
manufatura, não é mais determinado pelo tra-
balhador, mas, sim, pelo ritmo da máquina,
imposto pelo dono da oficina.
Sociologia - 2a série - Volume 3
Canto VIII: esse canto completa o ante-
rior, pois se refere ao controle exercido pelo
dono da manufatura, que não está preocupa-
do com a saúde, a vida do trabalhador, mas,
sim, com a produtividade do trabalho.
Canto IX: na manufatura, o trabalhador
executa movimentos repetitivos, especializan-
do-se apenas em uma atividade de trabalho,
automaticamente, seguindo o movimento da
máquina, sem nenhuma criatividade, tor-
nando-se um trabalhador limitado em seu
conhecimento.
Canto XI: essa estrofe refere-se ao traba-
lho exercido por homens e mulheres, velhos,
moças e crianças, tornados servos do tra-
balho coletivo que produz a rede. Carlos
Brandão explica, em uma nota de rodapé,
que em Fortaleza, na produção de redes, além
do trabalho na oficina, também são realiza-
das tarefas de acabamento das redes, como
as “varandas”, nas casas dos trabalhadores,
nos chamados trabalhos em domicílio, onde
pessoas de uma mesma família, de diferentes
idades, trabalham. Lembre que o trabalho
em domicílio existe, ainda hoje, por exemplo,
nas indústrias de confecção e de calçados.
Canto XII: o trabalho exercido na produ-
ção de uma mercadoria, a rede, que não lhe
pertence, submete o trabalhador e o seu cor-
po às determinações de seu patrão, aquele
que lhe paga o salário. Seu corpo, suas ener-
gias, sua força de trabalho são vendidos em
troca de um salário e usados na produção de
uma mercadoria que não lhe pertence.
Canto XIV: na manufatura, o corpo do
operário parece ser um prolongamento da
máquina – seus braços, mãos e pés põem em
movimento a máquina e são movidos por ela.
O corpo, a força de trabalho do trabalhador,
torna-se um objeto que ele vende em troca
de seu meio de vida, aquilo que lhe permite
sobreviver e retornar, todo dia, ao local de
trabalho, reproduzindo a sua servidão à
máquina e ao seu patrão.
Ao finalizar esta parte, diga aos alunos
que,napróximaetapadeaprendizagem,serão
retomadas as questões sugeridas por esse
poema, tendo como referência a discussão a
respeito do trabalho na sociedade capi-
talista. Nessa oportunidade serão intro-
duzidos conceitos como divisão social do
trabalho, divisão sexual e etária do traba-
lho, relações de trabalho, processo de tra-
balho e alienação.
Etapa 1 – Divisão social do trabalho e
divisão manufatureira do trabalho
Inicie esta etapa perguntando aos alunos
o que eles entendem por sociedade moderna.
Prepare-se para acolher respostas que apon-
tem para o que é atual, recente, por oposi-
ção ao que é antigo, ultrapassado. Relembre
com eles o conteúdo aprendido em aulas de
História a respeito dos diferentes períodos
da história da humanidade: antigo, medie-
val, moderno e contemporâneo. A história
da sociedade moderna corresponde ao pe-
ríodo que se inicia em meados do século XV
e sua constituição foi marcada pelos proces-
sos de urbanização e de industrialização. O
trabalho nessa sociedade é, portanto, o tra-
balho na indústria e o próprio desenvolvi-
mento econômico e social aparece vinculado
ao desenvolvimento da indústria. A socie-
dade moderna resultou de um processo de
transformação, da constituição de um novo
modo de trabalhar, de relações sociais dife-
rentes, de um novo modo de vida marcado
pelo desenvolvimento industrial.
Solicite a um voluntário para ler o texto
a seguir. Você pode realizar uma leitura indi-
vidual ou compartilhada.
17
O esfacelamento do mundo feudal consistiu em um longo processo, no qual as velhas formas de
trabalho artesanal foram sendo substituídas pelo trabalho em domicílio, a partir do campo, pro-
duzindo para as indústrias em desenvolvimento nas cidades. O crescimento da população expulsa
do campo, incapacitada de produzir tudo aquilo de que necessitava para sobreviver (os seus meios de
vida), fez com que a procura por esses bens aumentasse. Assim, durante o século XIV, foram desen-
volvidas as indústrias rurais em domicílio, como forma de aumentar a produção. Os comerciantes
distribuíam a matéria-prima nas casas dos camponeses e ali era executada uma parte ou a totalidade
do trabalho. Essas indústrias representaram uma forma de transição entre o artesanato e a manufa-
tura, e permitiram a acumulação de capital nas mãos desses comerciantes, além de formar mão de
obra para o trabalho industrial nas cidades.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
18
Explique aos alunos o significado de manufa-
tura: a palavra vem do latim e quer dizer tra-
balho manual. Para o seu desenvolvimento foi
necessária a existência de dois fatores:
1. Um empresário com capital para comprar
a matéria-prima e ferramentas e concen-
trar em sua oficina um grande número de
trabalhadores. Em vez de distribuir esses
meios de produção nas casas dos traba-
lhadores, o comerciante transformado em
industrial os junta sob um mesmo teto,
criando assim a manufatura. Relembre com
os alunos o Canto I do poema de Carlos
Brandão – o autor está justamente se refe-
rindo a esse processo de concentração de
produção em um único local.
2. A existência de trabalhadores livres, ou
seja, que não são mais donos dos meios de
produção e dependem, para a sua sobrevi-
vência, da venda de seu trabalho, ou seja,
sua força de trabalho, transformando-se,
assim, em trabalhadores assalariados.
É importante destacar para os alunos que
o processo de transição da indústria rural em
domicílio para a manufatura representou,
também, a ampliação da divisão social do
trabalho. Interrogue os alunos: O que vocês
entendem por divisão do trabalho na socieda-
de? Como o trabalho pode ser dividido entre
os homens e as mulheres? Vocês podem dar
exemplos?
Talvez a compreensão e os exemplos dados
não sejam satisfatórios para os propósitos da
aula, mas prossiga e acentue que a divisão do
trabalho existiu em todas as sociedades, desde
o momento em que o homem começou a trocar
coisas e produtos, criando uma interdependên-
cia com os outros homens. Assim, o artesão
troca o produto de seu trabalho, o tecido, pelo
algodão, cultivado pelo agricultor. Você pode
dar outros exemplos ou pedir que, depois dessa
explicação, os alunos deem outros. O impor-
tante é fixar que a base da troca está na neces-
sidade que o indivíduo tem de produtos que
ele não produz. A divisão do trabalho deriva,
portanto, do caráter específico do trabalho
humano e ocorre quando os homens, na vida
em sociedade, dividem entre si as diferentes
especialidades e ofícios. A divisão do traba-
lho em ofícios ou especialidades existiu em
todas as sociedades conhecidas e deve mui-
to à divisão sexual do trabalho. Ou seja, no
início, havia uma divisão entre especialida-
des ou ofícios que eram preferencialmen-
te atribuídos às mulheres e outros que eram
executados por homens. Você pode dar
exemplos: a fiação e a tecelagem eram vistas
como atividades femininas, enquanto a caça,
a pesca e a pecuária eram atividades mascu-
linas. Pergunte aos alunos: Vocês podem dar
Sociologia - 2a série - Volume 3
exemplos de trabalhos que hoje são executados
apenas por homens ou apenas por mulheres?
Na verdade, é difícil encontrar trabalhos
que as mulheres não conseguem realizar:
antigamente, às mulheres eram destinadas
as ocupações relacionadas com o cuidado da
casa, como cozinhar, lavar, limpar, cuidar dos
filhos. Hoje, já temos homens cozinheiros,
faxineiros etc. Você pode ampliar essa dis-
cussão e, juntamente com os alunos, buscar
outros exemplos de trabalhos que antes eram
executados só por homens e que hoje são exe-
cutados por mulheres ou vice-versa.
Retome com os alunos o poema de Carlos
Brandão, Canto XIV, para que eles, depois
dessa discussão, possam entender melhor o
que o poeta diz de forma alegórica. Verifique,
dessa maneira, se eles conseguiram apreender
os fatores que permitiram o aparecimento da
manufatura.
Para avançar na apresentação de outras
questões relacionadas com a divisão de traba-
lho na manufatura, você pode expor aos alunos
o conteúdo do texto a seguir ou pedir que um
deles o leia.
A manufatura se estendeu de meados do século XVI ao último terço do século XVIII, sendo
substituída pela grande indústria. Na manufatura foram introduzidas algumas inovações técnicas
que modificaram a forma como o trabalho era organizado. Aos poucos o trabalhador foi deixando
de ser responsável pela produção integral de determinado objeto e passou a se dedicar unicamente
a uma atividade. Houve um aceleramento da divisão do trabalho, fazendo com que um produto
deixasse de ser obra de um único trabalhador e se tornasse o resultado da atividade de inúmeros
trabalhadores. Dessa maneira, o produto passava por vários trabalhadores, cada um acrescentando
alguma coisa a ele e, no final do processo, o produto era o resultado não de um trabalhador indi-
vidual, mas de um trabalhador coletivo. Essa é a divisão do trabalho que persiste na sociedade
capitalista, e que se caracteriza pela especialização das funções, ou seja, pela especialização do tra-
balhador na execução de uma mesma e única tarefa, especializando-se e especializando o seu corpo
nessa operação.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
Peça a seus alunos que releiam os cantos
IX e XI, do poema de Brandão, que remetem
exatamente à especialização do trabalho na
manufatura. É importante enfatizar que,
pela divisão manufatureira do trabalho, o
homem é levado a desenvolver apenas uma ha-
bilidade parcial, limitando o conjunto de habili-
dades e capacidades produtivas que possuía
quando era artesão. É isso que torna o tra-
balhador dependente e o faz vender a sua
força de trabalho; e esta só serve quando
comprada pelo capital e posta a funcionar
no interior da oficina. Segundo Karl Marx,
essa divisão do trabalho tinha como obje-
tivo o aumento da produtividade e o aper-
feiçoamento do método de trabalho, e teve
como resultado o que ele chama de “a vir-
tuosidade do trabalhador mutilado”2, com
a especialização dos ofícios. Na manufatu-
ra, portanto, a produtividade do trabalho
dependia da habilidade (virtuosidade) do
trabalhador e da perfeição de suas ferra-
mentas, e já havia o uso esporádico de má-
quinas. Será apenas na grande indústria que
2
Marx utiliza o termo "mutilado" para enfatizar a limitação das habilidades do trabalhador, reduzido ao exercício de
uma única e repetitiva atividade.
19
a máquina desempenhará um papel fun-
damental, primeiro com base na mecâni-
ca, depois na eletrônica e, atualmente, na
microeletrônica.
Solicite a um voluntário para ler o texto
a seguir, também disponível no Caderno do
Aluno. Você pode realizar uma leitura indivi-
dual ou compartilhada:
Uma das características mais distintivas do sistema econômico das sociedades modernas é a existên-
cia de uma divisão do trabalho extremamente complexa: o trabalho passou a ser dividido em um número
enorme de ocupações diferentes nas quais as pessoas se especializam. Nas sociedades tradicionais, o tra-
balho que não fosse agrário implicava o domínio de um ofício. As habilidades do ofício eram adquiridas
em um período prolongado de aprendizagem, e o trabalhador normalmente realizava todos os aspectos
do processo de produção, do início ao fim. Por exemplo, quem trabalhasse com metal e tivesse que fazer
um arado iria forjar o ferro, dar-lhe a forma e montar o próprio implemento. Com o progresso da pro-
dução industrial moderna, a maioria dos ofícios tradicionais desapareceu completamente, sendo subs-
tituída por habilidades que fazem parte de processos de produção de maior escala. Um eletricista que
hoje trabalhe em um ambiente industrial, por exemplo, pode examinar e consertar alguns componentes
de um tipo de máquina; diferentes pessoas lidarão com os demais componentes e com outras máquinas.
A sociedade moderna testemunhou uma mudança na localização do trabalho. Antes da industrializa-
ção, a maior parte do trabalho ocorria em casa, sendo concluído coletivamente por todos os membros
da família. Os avanços na tecnologia industrial, como o uso do carvão, contribuíram para a separação
entre trabalho e casa. As fábricas de propriedade dos empresários tornaram-se foco de desenvolvimento
industrial: maquinários e equipamentos concentraram-se dentro destas, e a produção em massa de mer-
cadorias começou a ofuscar a habilidade artesanal em pequena escala, que tinha a casa como base. As
pessoas que procurassem emprego em fábricas eram treinadas para se especializarem em uma tarefa,
recebendo um ordenado por esse trabalho. O desempenho era supervisionado pelos gerentes, os quais se
preocupavam em implementar técnicas para ampliar a produtividade e a disciplina dos trabalhadores.
O contraste que existe na divisão do trabalho entre as sociedades tradicionais e as modernas é ver-
dadeiramente extraordinário. Mesmo nas maiores sociedades tradicionais, geralmente não havia mais
do que 20 ou 30 ofícios, contando funções especializadas como as de mercador, soldado e padre. Em
um sistema industrial moderno, existem literalmente milhares de ocupações distintas. O censo do RU
[Reino Unido] lista cerca de 20 mil empregos diferentes na economia britânica. Nas comunidades tra-
dicionais, a maior parte das pessoas trabalhava na agricultura, sendo economicamente autossuficiente.
Produziam seus próprios alimentos, suas roupas, além de outros artigos que necessitassem. Um dos
aspectos principais das sociedades modernas, em contraste, é uma enorme expansão da interdependên-
cia econômica. Para termos acesso aos produtos e aos serviços que nos mantêm vivos, todos nós depen-
demos de um número imenso de trabalhadores – que, hoje em dia, estão bem espalhados pelo mundo.
Com raras exceções, a vasta maioria dos indivíduos nas sociedades modernas não produz o alimento
que come, a casa onde mora ou os bens materiais que consome.
Os primeiros sociólogos escreveram extensivamente a respeito das consequências potenciais da
divisão do trabalho – tanto para os trabalhadores em termos individuais, quanto para toda a socie-
dade. Para Marx, a mudança para a industrialização e a mão de obra assalariada certamente resul-
taria numa alienação entre os trabalhadores. Uma vez que estivessem empregados numa fábrica, os
trabalhadores perderiam todo o controle do seu trabalho, sendo obrigados a desempenhar tarefas
monótonas, de rotina, que despojariam seu trabalho do valor criativo intrínseco. Em um sistema
capitalista, os trabalhadores acabam adotando uma orientação instrumental para o trabalho, afir-
mava ele, vendo-o como nada mais do que uma maneira de ganhar a vida.
GIDDENS, Anthony. Sociologia, 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 309.
20
Sociologia - 2a série - Volume 3
Esse texto retoma, de forma sintética, ele-
mentos da discussão sobre divisão social do
trabalho e da especialização do trabalhador,
mas introduz outras questões que devem ser
esclarecidas. Peça aos alunos que indiquem as
partes do texto que já foram objeto de discussão
em sala de aula e aquelas que contêm palavras
que não conseguem entender. Mostre-lhes que
o texto é apresentado com dois objetivos: rea-
lizar um exercício de verificação de aprendiza-
gem a respeito da interdependência econômica
e da amplitude da divisão do trabalho na socie-
dade moderna e introduzir uma nova etapa de
discussão com os alunos.
Verificação de aprendizagem
Para demonstrar como no capitalismo, com
o aumento da divisão do trabalho, cada traba-
lhador passou a depender cada vez mais das ati-
vidades de outro trabalhador para conseguir
viver, exponha para os alunos como você, profes-
sor, precisa das atividades de outras pessoas para
sobreviver. Faça na lousa uma pequena lista de
todas as ocupações que você precisa que existam
para que consiga se manter, como, por exem-
plo: um padeiro, alguém para produzir o leite, as
fábricas que fazem macarrão e outras comidas,
um açougueiro, a fábrica de roupas para se ves-
tir, alguém para produzir o chocolate, um moto-
rista para dirigir o ônibus para que você possa
chegar ao trabalho, alguém para abrir a porta do
colégio, outra pessoa para limpá-lo, alguém que
fique na secretaria e que possa resolver questões
administrativas etc. Essa é só uma pequena lis-
ta para inspirá-lo. É provável que você encontre
nela profissionais que você precise para viver e
outros que são dispensáveis. Sinta-se à vontade
para formular a sua própria lista com base em
suas vivências e experiências. Depois, peça aos
alunos que também façam esse exercício, como
sugere a Lição de Casa no Caderno do Aluno.
Etapa 2 – Relação de trabalho e
alienação
Procure agora esclarecer outras questões
que aparecem no texto apresentado, especifi-
camente, a submissão do trabalho ao capital, as
relações de trabalho e o conceito de alienação.
Retome com os alunos o poema de Carlos
Brandão, pedindo que um deles leia os cantos
VII e VIII, o que permitirá o esclarecimento
do que Marx chama de sujeição ou submissão
do trabalho ao capital, ou o controle exercido
pelo dono da manufatura sobre o trabalho e os
trabalhadores. Tendo o poema como inspiração,
utilize o texto a seguir com o objetivo de apro-
fundar essa discussão. Parte deste texto está
disponível no Caderno do Aluno.
A produção capitalista pressupõe, como já vimos, a existência do trabalho livre, e não a servidão
e a escravidão. O trabalhador é livre, isto é, não dispõe dos meios de trabalho e de vida, portanto
é livre para vender a única propriedade de que dispõe, a sua força de trabalho. O trabalhador, por
conseguinte, submete-se ao domínio do capital, aceitando suas imposições e determinações.
É o capital que assume a função de dirigir, de supervisionar. Esse domínio do capital sobre o
processo de trabalho se impõe, na medida em que o objetivo, o motivo que impele e direciona todo o pro-
cesso de produção capitalista, é a expansão do próprio capital, a maior produção de mais-valia1, e,
portanto, a maior exploração possível da força de trabalho.
A dominação do capital sobre o trabalho tem o objetivo de garantir a exploração do processo de
trabalho social. Com isso, a dominação tem como condição o antagonismo inevitável entre o capita-
lista e o trabalhador.
Com o próprio desenvolvimento da produção capitalista, esse controle assume formas peculiares.
O capitalista se desfaz da supervisão direta e contínua e a entrega a um tipo especial de assalariado,
21
que passa a exercer a função exclusiva de supervisão, com os seus oficiais superiores (os diretores, os
gerentes) e os suboficiais (contramestres, inspetores, capatazes etc.). Surge então uma hierarquia de
comando que tem como objetivo impor a disciplina no interior da empresa. A disciplina tem como
resultado, para o capital, o aumento da produtividade, mas da perspectiva do trabalho ela introduz
uma série de regras de procedimento, uma hierarquia interna que, além de separar os indivíduos
segundo a sua atividade, introduz também o controle político de uns sobre outros. Não se pode, por-
tanto, discutir a questão da disciplina sem relacioná-la com o poder. Ou seja, trata-se de perceber
como no interior da empresa é estabelecido um sistema de dominação em que os que detêm os meios
de produção, ou o representam, têm o poder.
1
O comprador da força de trabalho ou da capacidade de trabalho não se limita a usá-la somente durante
o tempo necessário para repor o valor da força de trabalho, mas, sim, durante um tempo além dele, quando
o trabalhador produzirá, então, um valor excedente, ou uma mais-valia, da qual o capitalista se apropria.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
22
Enfatize para os alunos que, no processo
de produção capitalista, temos não só a pro-
dução de mercadorias, mas essencialmente a
produção de relações sociais. Se há capitalis-
tas e trabalhadores, isso implica não só posi-
ções definidas no processo de produção, mas
também na sociedade. Diferentemente dos
animais, é possível nos seres humanos a sepa-
ração entre a concepção e a execução do tra-
balho; ou seja, o trabalho pode resultar da
concepção de uma pessoa e a execução de
outra. Isso é produto da divisão do trabalho.
Para os trabalhadores, entretanto, a coope-
ração imposta pela divisão do trabalho não sig-
nifica a percepção de sua força como grupo. A
relação que estabelecem é com o capital, e não
entre si. O trabalhador torna-se incapaz de per-
ceber que a riqueza que ele desenvolve é produ-
to de seu trabalho, como também não consegue
se reconhecer no produto de seu trabalho. A
consequência da divisão do trabalho é a sepa-
ração, no processo de trabalho, entre concepção
e execução do trabalho. A decisão sobre o que
produzir e como produzir não é mais respon-
sabilidade do trabalhador, mas, sim, do capital
ou seus representantes. Além disso, o produto,
a mercadoria, não resulta de seu trabalho indi-
vidual, e sim do trabalho de todos. Ele realiza
apenas uma parte dela e, assim, o produto do
trabalho, a mercadoria, aparece ao trabalhador
como algo alheio, estranho a ele. A relação do
trabalhador com o produto de seu trabalho é,
portanto, de alheamento, de estranhamento. O
trabalhador, que colocou a sua vida no objeto,
agora se defronta com ele, como se a coisa, a
mercadoria, tivesse vida própria, independente,
e fosse dotada de um poder diante dele. De fato,
assim como o trabalho já não lhe pertence, mas
a um outro homem (o proprietário dos meios de
produção), o produto de seu trabalho igualmen-
te não lhe pertence. Esse processo é o que Marx
chama de relação alienada do homem com
outro homem, com o produto de seu trabalho
e com o trabalho. Para Marx, então, o trabalho
livre, assalariado, é trabalho alienado.
Encerre essa discussão pedindo aos alu-
nos para retomarem a leitura do canto XII do
poema de Carlos Brandão. Verifique se os
alunos são capazes, depois da explicação dada,
de compreender como a submissão do traba-
lhador ao capital e o trabalho alienado são
apresentados na forma poética.
Proposta de Situação de Avaliação
Peça aos alunos que releiam o poema de
Carlos Brandão, escolham três cantos e façam
uma análise tendo como referência a discussão
sobre o trabalho desenvolvida nas aulas.
Sociologia - 2a série - Volume 3
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO:
EMPREGO E DESEMPREGO NA ATUALIDADE
Tempo previsto: 3 aulas.
Conteúdos e temas: categorias de emprego e desemprego na atualidade; perfil dos trabalhado-
res mais atingidos pelo desemprego no Brasil; transformações no mundo do trabalho e suas
consequências para os trabalhadores.
Competências e habilidades: tornar o aluno apto a compreender a realidade do desemprego
sob uma perspectiva sociológica, ter clareza a respeito de quem são os mais atingidos pelo
desemprego no Brasil, e perceber os fatores das transformações que afetam o trabalho e a
vida dos trabalhadores; desenvolver a capacidade crítica dos alunos; desenvolver habilidades
de leitura, produção de textos contínuos e expressão oral.
Estratégias: aula dialogada; leitura de textos e de gráficos; trabalho em grupo.
Recursos: discussão em sala de aula; textos e gráficos.
Avaliação: trabalho em grupo; texto dissertativo.
Sondagem e sensibilização
Inicie esta etapa perguntando aos alunos:
Qual é a importância do trabalho na vida das
pessoas? Por que as pessoas trabalham? O que
significa o desemprego na vida das pessoas? Por
que as pessoas ficam desempregadas?
Deixe-os se manifestar e incentive o debate e
a troca de ideias entre eles. As respostas expressa-
rão, provavelmente, a experiência de cada um ou
de seus familiares e amigos, tanto com relação
ao trabalho como com relação ao desemprego.
Anote na lousa elementos significativos des-
sa discussão, separando em uma coluna as
opiniões negativas e em outra as positivas. No
caso das duas primeiras perguntas, que se re-
ferem ao trabalho e ao emprego, os alunos
poderão responder que a importância do traba-
lho relaciona-se com a necessidadede garantir os
meios de vida do trabalhador e de sua família,
conforme aprenderam nas aulas anteriores.
Sem trabalho as pessoas não sobrevivem, não
têm casa para morar, alimentos, roupas, cal-
çados, não podem estudar, não têm lazer. Mas
suas respostas podem indicar, igualmente, uma
ética do trabalho, invocando valores como ho-
nestidade, dignidade, independência, autorrea-
lização. Os alunos, contudo, poderão expressar
a sua insatisfação com o trabalho, negando es-
ses valores ao considerar o trabalho como uma
carga imposta aos indivíduos e demonstrar me-
nosprezo por aqueles que trabalham.
Os alunos terão, possivelmente, uma com-
preensão mais clara a respeito do desempre-
go e sobre as consequências para a vida das
pessoas se eles, ou seus familiares, já passaram
pela experiência da exclusão ou tiveram dificul-
dade de inserção no mercado de trabalho. No
entanto, talvez não consigam explicar as cau-
sas do desemprego, e você pode pedir a eles que
23
tenham como referência a situação de pessoas
desempregadas que conhecem, procurando
entender por que estão nessa situação. Proponha
que eles façam a Pesquisa em Grupo do Caderno
do Aluno, como tarefa extra-aula, com o objeti-
vo de encontrar explicações para o desemprego:
Quais motivos as pessoas atribuem para o fato de
estarem desempregadas? Organize os alunos em
grupos de cinco e peça que cada grupo realize
uma entrevista com uma pessoa que algum deles
conheça e que esteja desempregada. Na entre-
vista eles devem fazer as perguntas que foram
colocadas no início desta etapa de sensibilização
e devem anotar os seguintes dados do entrevis-
tado: idade, sexo, profissão. Os resultados dessa
pesquisa serão analisados no início da Etapa 2.
Etapa 1 – Mercado de Trabalho:
emprego e desemprego
Inicie a discussão a respeito do mercado de
trabalho dirigindo a atenção dos alunos para o
gráfico, que também está no Caderno do Aluno,
com a distribuição das pessoas que estão ocu-
padas em algum tipo de atividade, segundo a
posição que ocupam. Esse gráfico é parte de
uma pesquisa sobre condições de vida.
A Pesquisa de Condições de Vida foi apli-
cada em amostra de cerca de 20 mil domicílios,
representativa da população paulista residen-
te em área urbana. Foram visitados cerca de
150 municípios do interior do Estado, além
dos pertencentes às três regiões metropolitanas
– São Paulo, Baixada Santista e Campinas –,
com o intuito de oferecer um panorama da
situação socioeconômica da população urba-
na paulista. A pesquisa foi realizada entre
junho e novembro de 2006, em domicílios
localizados nas áreas urbanas, que concen-
travam, naquele ano, 93,7% da população
residente no Estado de São Paulo. (Pesquisa
de Condições de Vida – Fundação Seade –
Disponível em: <http://www.seade.gov.br/
produtos/pcv/pdfs/publicacao_completa_
pcv_2006.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013.
Realizada no Estado de São Paulo).
Gráfico 1 – Distribuição dos ocupados, segundo posição na ocupação
Estado de São Paulo 2006
Empregadores
3%
Empregados
domésticos
10%
Demais
4%
Assalariados
com carteira
43%
Autônomos
19%
Assalariados
64% Assalariados
sem carteira
12%
Assalariados
do setor
público
9%
Fonte: Casa Civil; Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV.
Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/pcv/pdfs/mercado_de_trabalho.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013.
24
Sociologia - 2a série - Volume 3
Procure reproduzir na lousa o gráfico
no formato de um queijo e as fatias recor-
tadas. Os alunos também podem acompa-
nhá-lo no Caderno do Aluno. Explique-lhes
que cada uma delas representa a proporção
de pessoas em cada uma dessas ocupações.
Assinale que a maior parte, 64%, é de assa-
lariados e peça que eles indiquem quais as
outras ocupações que aparecem no gráfi-
co e quais as respectivas porcentagens. Em
seguida, chame a atenção para a coluna em
azul. Ela se refere apenas aos 64% de assa-
lariados, e especifica a proporção daqueles
que têm carteira de trabalho assinada (43%),
os que trabalham mas não têm o registro
em carteira (12%) e o total de assalariados
do setor público (9%). Pergunte aos alunos:
Vocês consideram importante ter um emprego
com carteira assinada? Quais as vantagens de
um emprego desse tipo? Espere as respostas e
destaque os direitos garantidos por essa for-
ma de trabalho:
1. Acesso ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O FGTS é um valor depositado men-
salmente na Caixa Econômica Federal, pelo empregador, em conta no nome do empregado, que
tem por finalidade protegê-lo na hipótese de desemprego involuntário, ou seja, caso ele seja demi-
tido da empresa ou adquira determinadas doenças. Ele também pode ser retirado pelo empregado no
momento da compra de um imóvel;
2. Férias remuneradas;
3. 13º salário;
4. Em alguns casos, direito a seguro-desemprego;
5. Inscrição no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que garante o direito à aposentadoria.
Lembre aos alunos que os assalariados
sem carteira assinada não têm acesso a esses
direitos. E, apesar de existir uma legislação
que obriga o registro em carteira dos empre-
gados domésticos e lhes garanta férias remu-
neradas, 13º salário e inscrição no INSS,
ainda é grande a proporção desses emprega-
dos que não são registrados e, portanto, são
privados desses direitos.
Já o trabalhador autônomo deve se inscre-
ver na Prefeitura, pagar alguns impostos e
contribuir para o INSS, o que lhe garante a
aposentadoria e recebimento de alguns bene-
fícios na hipótese de doença que o impeça de
realizar seu trabalho. Contudo, ele não tem direi-
to a seguro-desemprego, ao FGTS, nem a férias
remuneradas ou a 13º salário, por exemplo.
Inicie a discussão sobre outro aspecto da
vida dos trabalhadores, que diz respeito às
pessoas que, ao contrário das anteriores, estão
excluídas do mercado de trabalho. Solicite aos
alunos que observem o gráfico com as taxas de
desemprego e de participação, que se encontra
também no Caderno do Aluno:
25
Aglomerado
Central-Norte
RASJC
RACampinas
RASorocaba
Aglomerado
Noroeste
ESP
RARegistro
RMS
RMBS
RMC
Metropolitanas Demais
Gráfico 2 – Taxas de desemprego e de participação
Estado de São Paulo 2006
75,0
Taxa de Desemprego Taxa de participação
60,0
45,0
30,0
15,0
0,0
Regiões
Regiões
Fonte: Casa Civil; Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV.
Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/pcv/pdfs/mercado_de_trabalho.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013.
26
Como não se trata de um gráfico de fácil
entendimento, inicie a discussão esclarecendo,
em primeiro lugar, o significado das siglas colo-
cadas abaixo das colunas azuis e amarelas:
 Regiões Metropolitanas: RMS – Região
Metropolitana de São Paulo; RMBS
– Região Metropolitana da Baixada
Santista; RMC – Região Metropolitana de
Campinas.
 RA – Regiões Administrativas de Campinas,
Registro, Sorocaba e São José dos Campos.
 AglomeradosUrbanos: Central-Norte, forma-
do pelas Regiões Administrativas Centrais de
Bauru, Franca e Ribeirão Preto; e Noroeste,
formado pelas Regiões Administrativas
de Araçatuba, Barretos, Marília, Presidente
Prudente e São José do Rio Preto.
Além disso, esclareça o significado de Taxa
de Participação: proporção de pessoas com 10
anos ou mais que estavam trabalhando ou pro-
curando emprego; e o de Taxa de Desemprego:
proporção de pessoas com 10 anos ou mais que
não estavam trabalhando.
63,0
58,9
55,2 53,8 54,0
48,9
15,3
20,7 19,5
16,8 16,0 16,5
11,3
Sociologia - 2a série - Volume 3
Em seguida, chame a atenção dos alunos
para as duas primeiras colunas à esquerda;
elas indicam as taxas globais de participa-
ção (a amarela) e de desemprego (azul) para
o Estado de São Paulo – 58,9% e 15,3%, res-
pectivamente. Pergunte aos alunos: Qual é a
região que apresenta a taxa mais alta de parti-
cipação? Olhando o gráfico, eles deverão apon-
tar a Região Metropolitana de São Paulo, com
63%, ou seja, em cada 100 pessoas, 63 esta-
vam trabalhando ou procurando emprego. E
qual a região com a menor taxa? É a região de
Registro, com apenas 48,9%, ou seja, um pouco
mais da metade da população não trabalhou ou
procurou emprego no ano de 2006. Explique o
significado disso: trata-se de uma região que
oferece poucas oportunidades de trabalho e,
como consequência, temos a alta taxa de pes-
soas à margem do mercado de trabalho.
Dirija o olhar dos alunos para as colunas
azuis e pergunte: Quais as regiões que apresentam
a taxa mais alta e a mais baixa de desemprego?
A resposta dos alunos deve indicar, com as
menores taxas, a região de Campinas, seja
a metropolitana, seja a administrativa, e a
do Aglomerado Central-Norte, com pouco
mais de 11% de desempregados. É importante
destacar para os alunos que essas são regiões
com uma concentração significativa de indús-
trias, como as do setor metalúrgico em Campinas
e região e a de calçados em Franca. As regiões
administrativas de Registro e de São José dos
Campos mostram as maiores taxas de desem-
prego: 20,7% e 19,5%, respectivamente. Con-
firma-se, portanto, que a região de Registro é
a que apresenta as piores condições em termos
do mercado de trabalho. Há ainda no gráfico
um dado que merece destaque: apesar de a
Região Metropolitana de São Paulo ter uma alta
taxa de pessoas com participação no mercado de
trabalho, ela também mostra uma alta porcen-
tagem de desempregados, 16,8%.
Peça a um dos alunos para ler o trecho a
seguir:
“O desemprego afeta com intensidade diferenciada os diversos segmentos populacionais. De modo
geral, seu patamar é mais elevado entre crianças e adolescentes de 10 a 17 anos (43,9%) e jovens de
18 a 24 anos (24,9%). Coerentemente com essa condição, as maiores taxas também se observam entre
os que não concluíram o Ensino Médio (20,5%) e os que ocupavam a posição de filhos no domicílio
(24,3%). Tal quadro não apresenta diferenciações regionais relevantes”.
Pesquisa de Condições de Vida – Mercado de Trabalho, 2006. p. 12. Fundação Seade.
Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/pcv/pdfs/publicacao_completa_pcv_2006.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013.
Esse texto introduz uma nova questão: a de
que o desemprego atinge muito mais os jovens
do que os adultos. O objetivo dessa discussão é
permitir que os alunos possam refletir a respeito
da condição do jovem trabalhador, com base no
princípio do estranhamento. Mostre que, entre
os jovens de 18 a 24 anos, a taxa de desempre-
go é maior do que a taxa mais alta encontrada
em Registro, e que entre as crianças e adolescen-
tes é mais do que o dobro. No texto há ainda
outro aspecto que merece destaque: o desem-
prego é mais alto entre aqueles que não concluí-
ram o Ensino Médio, ou seja, podemos apontar
uma conclusão importante: o desemprego atin-
ge diferentemente as pessoas, conforme a idade
e o nível de escolaridade. Para aprofundar mais
essa discussão, utilize o texto a seguir.
Você pode realizar uma leitura individual,
compartilhada ou comentada.
27
Ipea: jovens são 46,6% de desempregados no País
Carolina Ruhman – Agência Estado.
“SÃO PAULO – Cerca da metade do total de desempregados no Brasil tem entre 15 e 24 anos,
segundo pesquisa divulgada hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao
Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. De acordo com o estudo, a proporção
entre o número de jovens desempregados e o total de pessoas sem emprego no País era de 46,6% em
2005, a maior taxa entre os dez países pesquisados. No mesmo período, no México, essa proporção era
de 40,4%; na Argentina, de 39,6%; no Reino Unido, de 38,6%; e, nos Estados Unidos, de 33,2%.
Segundo o Ipea, o problema do desemprego tende a ser mais acentuado entre os jovens do que
no restante da população em todo o mundo, e o crescimento do desemprego entre os jovens reflete
a expansão geral do problema em todas as faixas etárias. Entretanto, o instituto avalia que não há
tendência de aproximação entre as taxas de desemprego de jovens e adultos. “Ao contrário, a taxa de
desemprego dos jovens cresce proporcionalmente mais”, destaca o documento.
O desemprego entre os jovens brasileiros de 15 a 24 anos é 3,5 vezes maior que entre os adultos
com mais de 24 anos. O índice vem aumentando, uma vez que em 1995 era de 2,9 vezes e em 1990, 2,8.
A pesquisa mostra que, em 2006, a taxa de desemprego era de 5% entre os adultos de 30 a 59 anos, de
22,6% entre os jovens de 15 a 17 anos, de 16,7% entre 18 e 24 anos, e de 9,5% entre 25 e 29 anos.
O Ipea atribui esse fenômeno à maior rotatividade entre os trabalhadores jovens do que entre os
adultos, o que implica uma taxa de desemprego maior. O instituto ressalta que parte dessa rotativi-
dade não é necessariamente problemática, já que está mais relacionada às decisões do jovem e ao pro-
cesso de “experimentação’’ em várias ocupações.
Entretanto, esta questão também é explicada pelo lado da demanda, uma vez que os postos de
trabalho ocupados por pessoas de baixa qualificação e experiência são, em geral, os piores em termos
de remuneração e condições de trabalho, além de terem os menores custos de demissão e contrata-
ção. Nesse contexto, os jovens encontram disponíveis apenas ocupações precárias e de curta duração,
destaca o Ipea.
Escolaridade
A pesquisa chama atenção também para a defasagem escolar. De acordo com o estudo, cerca de
34% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estão no Ensino Fundamental, enquanto apenas 12,7% dos
jovens de 18 e 24 anos frequentam o Ensino Superior. “Em suma, com o aumento da idade diminui a
frequência de jovens à educação escolar”, aponta o estudo.
Por outro lado, a proporção de jovens fora da escola é crescente, conforme a faixa etária: 17%
entre os com idade de 15 a 17 anos; 66% entre 18 e 24 anos e 83% entre 25 e 29 anos, sendo que mui-
tos deles não chegaram a completar o Ensino Fundamental.
Outro ponto destacado pelo estudo é o grau de analfabetismo no Brasil. A taxa de pessoas com
15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever um bilhete simples ainda se mantinha acima de 10%
em 2006. “É uma taxa bastante elevada, sobretudo quando comparada às de outros países do pró-
prio continente sul-americano, como Uruguai, Argentina e Chile, cujas taxas variam entre 2% e 4%”,
aponta o documento.
De acordo com o estudo, o analfabetismo entre jovens de 15 a 24 anos tornou-se um “problema
residual” nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País, onde as taxas giram em torno de 1%. Já no
Nordeste, o problema é maior, já que a região ainda registra taxa de 5,3% de analfabetismo para os
jovens entre 15 e 24 anos e de 11,6% para a faixa etária de 25 a 29 anos.
Representatividade
28
Sociologia - 2a série - Volume 3
Representatividade
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia em 2006
no País 51,1 milhões de pessoas com idade entre 15 e 29 anos, o que correspondia a 27,4% da popula-
ção total. O número é 48,5% maior do que o de 1980, quando havia no País 34,4 milhões de jovens”.
O Estado de S. Paulo, 20 maio de 2008.
Disponível em <http://www.estadao.com.br/economia/not_eco175595,0.htm>. Acesso em: 21 mar. 2013.
Comece a discussão perguntando aos alu-
nos o que entenderam do texto e peça para que
escrevam no caderno o dado que mais chamou
a atenção de cada um. Não há resposta correta
para isso. É só uma forma de verificar o que
chama a atenção dos jovens. Verifique as res-
postas, pois isso pode ser uma maneira de
começar a discussão do texto.
A nossa sugestão é que você comece a dis-
cussão pela constatação do problema: muito
mais jovens estão desempregados do que adul-
tos. No Brasil eles representam quase metade
do total de desempregados (46,6%).
Além disso, não é apenas um problema do
Brasil.
Provavelmente, surpreenderam-se com o
fato de que o desemprego entre os jovens não
é apenas maior do que entre os adultos, mas
equivale a várias vezes o desemprego entre
os adultos com mais de 24 anos. Caso não
tenham percebido isso, é importante destacar
essa informação.
Você pode questioná-los por meio do rotei-
ro que orienta a condução das questões do
Caderno do Aluno.
Será que esse é um problema que se refe-
re só ao ano de 2005? Ou é um problema que
sistematicamente tem aparecido em pesquisas
que medem a taxa de desempregados?
Esse não é um problema só do ano de
2005. Podemos observar pelos dados que o
índice de desempregados entre os jovens só
subiu: em 1990 (há quase 20 anos) o desempre-
go entre os jovens era 2,8 vezes maior do que
o desemprego entre os adultos e ao longo dos
anos a situação só piorou.
Em 1995, a taxa de desemprego entre os
jovens já era 2,9 vezes maior do que a de adul-
tos e em 2000 era três vezes maior, até que em
2005 passou a ser 3,5 vezes maior. Ou seja, com
o passar do tempo o problema só aumentou.
A alta porcentagem de jovens desempregados
em comparação com a de adultos é um problema
que acontece só no Brasil? Peça a eles que expli-
quem isso na questão do Caderno do Aluno
e que justifiquem essa resposta.
As respostas dos alunos vão mostrar se fo-
ram capazes de verificar que a pesquisa englo-
bava dez países, mas apenas os dados de alguns
deles foram mostrados. O nosso país é o que
apresenta a proporção mais alta de jovens
desempregados com relação ao total de pessoas
sem emprego (46,6%) em 2005, porém, nos de-
mais países, a situação não é muito melhor, ou
seja, o problema não ocorre só no Brasil.
Outra evidência apontada no artigo é a de
que, além de o desemprego entre os jovens ser
maior do que entre adultos, as taxas de desem-
prego dessa parte da população aumentam de
forma muito mais rápida do que nas demais
faixas de idade. Para exemplificar como a por-
centagem de jovens desempregados é gran-
de, você pode fazer um quadro na lousa que
apresente as diferenças na taxa de desemprego
para 2006 e pedir aos jovens que anotem isso
no quadro do Caderno deles.
29
30
Peça-lhes que evidenciem quais os fatores
apontados pelo Ipea para explicar a maior taxa
de desempregados entre os jovens:
a) em primeiro lugar, o Ipea aponta a
questão da rotatividade entre os jovens,
ou seja, eles tenderiam a mudar mais de
emprego, pois estariam “experimentando”
ocupações; ou seja, eles não sabem ainda o
que querem e mudam mais facilmente de
emprego do que a população mais velha;
b) em segundo lugar, o Ipea aponta a baixa
qualificação do jovem e o tipo de pos-
to que ocupa. Como o jovem possui, de
uma maneira geral, baixa qualificação
e pouca experiência, ele ocupa aqueles
postos que são, em geral, os piores em
termos de remuneração e condições de
trabalho, além de terem os menores cus-
tos de demissão e contratação. Como a
qualificação exigida para o posto é baixa,
ele é mal remunerado, e assim é mais
fácil, do ponto de vista econômico, a
contratação ou demissão. Por isso, eles
conseguem ocupações mais precárias e
de curta duração;
c) o terceiro ponto está relacionado à ques-
tão da escolaridade: ao tratar essa questão,
logo após a afirmação de que os jovens têm
uma baixa qualificação, o artigo indireta-
mente relaciona a questão do desemprego
à escolaridade. Afinal, a grande defasagem
escolar diminui a chance de os jovens con-
seguirem empregos melhores e mais bem
remunerados, pois não possuem qualifica-
ção para tanto.
Você pode pedir aos alunos que comen-
tem em algumas linhas os fatores apontados
pelo Ipea, tendo em vista a própria experiên-
cia ou de seus amigos e jovens conhecidos.
A pesquisa chama a atenção também
para a defasagem escolar. De acordo com o
estudo, cerca de 34% dos jovens entre 15 e 17
anos ainda estão no Ensino Fundamental,
enquanto apenas 12,7% dos jovens de 18 e 24
anos frequentam o Ensino Superior.
Outro ponto importante é a crescente
proporção de jovens fora da escola, confor-
me a faixa etária: 17% entre os com idade
de 15 a 17 anos; 66% entre 18 e 24 anos; e
83% entre 25 e 29 anos, sendo que muitos
deles não chegaram a completar o Ensino
Fundamental. Além disso, o artigo também
aponta a elevada taxa de analfabetismo no
País, representada pela dificuldade entre as
pessoas maiores de 15 anos de escrever ou ler
um bilhete simples.
Para encerrar essa discussão, peça para
que observem o Gráfico 3 no Caderno do
Aluno, com as taxas recentes de desempre-
go, segundo os dois tipos: desemprego aberto
(pessoas que procuraram trabalho de ma-
neira efetiva nos 30 dias anteriores ao da en-
trevista e não exerceram nenhum trabalho
nos sete últimos dias) e desemprego oculto
(oculto pelo desalento: pessoas que não pos-
suem trabalho nem procuraram nos últimos
30 dias anteriores ao da entrevista, por de-
sestímulo do mercado de trabalho ou por
circunstâncias fortuitas, mas apresenta-
ram procura efetiva de trabalho nos últimos
Faixa Etária 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 59 anos
Taxa de
Desemprego
22,6% 16,7% 9,5% 5,0%
Sociologia - 2a série - Volume 3
12 meses; ou oculto pelo trabalho precário:
pessoas que realizam trabalhos precários –
algum trabalho remunerado ocasional
de auto-ocupação (“bicos”) – ou pessoas
que realizam trabalho não remunerado em
ajuda a negócios de parentes e que procura-
ram mudar de trabalho nos 30 dias anteriores
ao da entrevista, ou que, não tendo procu-
rado nesse período, fizeram-no sem êxito
até 12 meses antes).
Gráfico 3 – Taxas de desemprego, por tipo
Região Metropolitana de São Paulo 2008-2009
Aberto/2009 Oculto/2009
Em %
13,6 13,6 14,3 14,2 14,1 13,9 14,1 14,0 13,5
4,1
12,5 12,3 11,8
3,3 3,7
9,2 9,8 10,8
Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese e MTE/FAT. Dieese – Pesquisa de Emprego e Desemprego – Região Metropolitana
de São Paulo – Divulgação nº 292, março 2009. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/analiseped/anualSAO.html>.
Acesso em: 21 mar. 2013.
Verifique se os alunos conseguem compre-
ender o que o gráfico expressa. Em primeiro
lugar, eles precisam entender as taxas totais
de desemprego do ano de 2008, na Região
Metropolitana de São Paulo3, que aparecem
na linha contínua na parte superior do gráfico.
3
A Região Metropolitana de São Paulo reúne 39 municípios do Estado de São Paulo, vizinhos da capital paulista. A Região
é dividida em seis regiões ou microrregiões: Capital, Grande ABC, Alto Tietê, Osasco, Itapecerica e Franco da Rocha.
31
Ali vemos que, de janeiro a dezembro de 2008, a
taxa de desemprego total se manteve em torno
de 14% até agosto, apresentando em seguida
uma queda para 11,8% em dezembro. Nos úl-
timos quatro meses do ano, portanto, houve
uma recuperação do mercado de traba-
lho, com o aumento da oferta de emprego e
redução do desemprego. Chame a atenção
dos alunos para as três colunas que indicam
as taxas de desemprego nos três primeiros
meses de 2009: em janeiro e fevereiro houve
um ligeiro acréscimo do desemprego (12,5% e
13,5%, respectivamente), quando comparado
a dezembro, mas ainda se mantendo abaixo
das taxas registradas nos mesmos meses em
2008. No mês de março, contudo, o desempre-
go volta a aumentar, com a maior taxa desde
janeiro de 2008: 14,9%.
Propostas de Questões para Avaliação
1. Os alunos deverão escrever um texto dis-
sertativo comparando os dados dos três
gráficos apresentados, analisando as taxas
de pessoal ocupado, de desempregados
no ano de 2006 e as taxas de desemprego
nos anos de 2008 e 2009. Ressalte que, ape-
sar de as bases dos dados serem diferentes,
isto é, os dados serem obtidos a partir de
pesquisas diferentes, é possível perceber o
movimento do emprego e do desemprego
no mercado de trabalho.
2. Peça aos alunos que leiam o trecho a seguir
e escrevam um texto com comentários
sobre o significado desse diálogo entre três
jovens.
“Jovem 2: ‘Escuta bem, muita gente aí vira marginal por causa desse motivo. Tem uma família, os
filhos tão passando fome, atordoado, ele mete a mão na máquina e vai’.
Jovem 1: ‘Eu acho que a mãe tem que ensinar os filhos como a minha mãe me ensinou. Minha
mãe nunca me ensinou a roubar. Eu não roubo. Não vou dizer que nunca passei necessidade, já pas-
sei necessidade, mas nunca cheguei a isso de meter a mão’.
Jovem 4: ‘Todos os pobres têm um momento na sua vida que aperta de lá, aperta de cá, mas se
tiver cabeça fresca, vai em frente... Teve dia lá em casa de ter angu e dar pras crianças: ‘Ah, eu não
como angu’. ‘Que tu não come angu’. E na hora batia aquele prato de angu. Não é não, compadre.
Meu pai desempregado, minha mãe desempregada. Agora, minha mãe trabalha em três serviços, meu
pai trabalha de segunda a segunda, pode-se dizer. Meu irmão trabalha em obra, não tenho vergo-
nha de dizer, não. Mais vale ele lá na obra que tá de revólver na mão, ganhando parte dos outros, do
pobre coitado’[...]”.
ZALUAR, Alba. A máquina e a revolta. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 121.
32
Etapa 2 – Transformações no
mundo do trabalho
Inicie esta etapa propondo aos alunos as
seguintes questões: Diante dos dados apre-
sentados nas aulas anteriores como é possível
explicar por que tanta gente está desempregada?
Quais seriam as causas do desemprego?
Espere a reação da classe e anote na lousa as
respostas. Retome a pesquisa sobre desem-
prego solicitada no início desta Situação de
Aprendizagem. Peça a cada grupo que exponha
as respostas que obteve. Analise com os alu-
nos esse material, separando os entrevistados
Sociologia - 2a série - Volume 3
segundo a faixa etária (10 a 17 anos; 18 a
24 anos; 25 a 29 anos; 30 a 39 anos; 40 a 49
anos; 50 a 59 anos; 60 anos ou mais) e o sexo.
Procure verificar com eles se existem dife-
renças ou semelhanças entre as respostas,
de acordo com as características de idade e de
sexo. Explore ao máximo os resultados dessa
pequena pesquisa, especialmente as respos-
tas dadas pelos entrevistados à pergunta: Por
que as pessoas ficam desempregadas? Apesar
de marcadas pelas experiências individuais,
essas explicações podem indicar algumas
causas do desemprego, como a falta de
qualificação, a baixa escolaridade, a falta
de sorte ou de oportunidades, mas pode
ser que se refiram também às transforma-
ções do mundo do trabalho, ou seja, à redu-
ção do número de empregos em decorrência
dos processos de automação, à concorrência
entre as empresas pelo aumento da produti-
vidade, às mudanças nos processos de traba-
lho etc.
Para tornar essa discussão mais próxima
dos alunos, solicite que um deles leia o texto
a seguir, que aborda a relação entre o jovem e
o desemprego. Você pode realizar uma leitura
individual, compartilhada ou comentada.
“Ao lado do término da escolaridade formal e da constituição de uma nova família, o
ingresso no mercado de trabalho constituía-se tradicionalmente como um marco importante
da transição dos jovens para a vida adulta. E para boa parte dos jovens dos chamados países
desenvolvidos esse ingresso ocorria apenas após o término da educação formal. No Brasil, esta
realidade nunca foi predominante para a maioria dos jovens, sendo mais evidentes o início
da vida ativa antes mesmo da conclusão da escolaridade e a combinação entre trabalho e
estudo. Mas, tanto nos países desenvolvidos quanto aqui, muitos estudos passaram a reco-
nhecer a diversificação e complexidade dos caminhos das jovens gerações em direção à vida
adulta. Nesse processo, as transformações na instituição escolar e no mundo do trabalho têm
um lugar importante, parecendo significativo aprofundar a observação dos percursos juvenis
nas duas esferas.
Primeiramente, considerando o mundo do trabalho, ainda se encontra em curso um intenso
processo de crise e transformação que, há pelo menos mais de 30 anos, vem atingindo de modo
diferenciado as mais diversas regiões, setores e perfis dos trabalhadores.
A partir dos anos 1970, nos países desenvolvidos, e do final dos anos 1980, no Brasil, os mer-
cados de trabalho tornaram-se cada vez mais heterogêneos e fragmentados, observando-se um
grupo de trabalhadores com alta qualificação, atividades em período integral e direitos trabalhistas
assegurados convivendo ao lado de uma grande massa de trabalhadores pouco qualificados,
ocupando postos de trabalho precários, mal remunerados, muitas vezes sem quaisquer direi-
tos trabalhistas, e junto ainda a um número cada vez maior de desempregados. Sendo assim, as
transformações no mundo do trabalho e o aumento dos ganhos de produtividade não signifi-
cam aumento do nível de emprego, tornando o desemprego um problema estrutural no cenário
global. O período mais recente mostra um contexto de maior crescimento da atividade econô-
mica e das oportunidades de empregos e ocupações que, embora ainda insuficientes, podem ser
indicativos de relevantes mudanças socioeconômicas em curso”.
CORROCHANO, Maria Carla...[et al]. Jovens e trabalho no Brasil – desigualdades e desafios para as políticas públicas.
São Paulo: Ação Educativa, Instituto ibi, 2008. p. 9.
33
©CharlesO'Rear/Corbis-Latinstock
34
Verifique as palavras do texto que os alunos
não entenderam. Sugira que releiam-no em
casa, procurando no dicionário as demais pala-
vras. Peça-lhes que destaquem as partes que
consideram mais importantes e expliquem
o seu significado. O texto traz dois conjun-
tos de questões que você pode discutir com
os alunos:
 Em primeiro lugar, a referência à passagem
da juventude à idade adulta, que tem como
marcos a conclusão do Ensino Médio ou
Superior, o ingresso no mercado de traba-
lho e a constituição de uma nova família.
No caso do Brasil, essa passagem nun-
ca ocorreu de forma tão linear, mas, sim,
com constantes rupturas, seja com rela-
ção à frequência à escola, seja ao ingres-
so e permanência no mercado de trabalho.
Os jovens, na maioria das vezes, conciliam
escola e trabalho ou abandonam a esco-
la para dedicar-se ao trabalho. Esse qua-
dro tem se tornado mais complexo com as
mudanças no mundo do trabalho;
 Essas mudanças, que no Brasil se inicia-
ram a partir dos anos 1980, provocaram
alterações no mercado de trabalho, diver-
sificando-o e colocando novas exigências
para os trabalhadores. Até pouco tempo,
acreditava-se que o progresso técnico leva-
ria ao progresso social. Entretanto, estu-
dos realizados demonstram que a riqueza
de alguns países capitalistas não para de
aumentar, mas, ao mesmo tempo, aumen-
tam as taxas de desemprego e o número
de excluídos do mercado de trabalho. O
crescimento econômico ocorre, portan-
to, acompanhado pela redução dos postos
de trabalho, ou seja, ele não leva ao pleno
emprego (situação na qual praticamente
todos os que querem trabalhar conseguem
arranjar emprego). As transformações no
mundo do trabalho tiveram consequências
para o exercício do trabalho, exigindo do
trabalhador ajuste às novas condições.
Se, por um lado, exigem-se novas quali-
ficações e maior escolaridade, por outro
são criadas formas degradadas ou precá-
rias de trabalho. Logo, as transformações
no mundo do trabalho são extremamente
contraditórias. De um lado qualificam-se
alguns ramos de atividade e, de outro,
ocorre uma desqualificação de certos seto-
res ou a sua precarização.
Os estudos têm revelado que essas trans-
formações resultam especialmente da automa-
ção ou introdução de inovações tecnológicas.
Pergunte aos alunos se eles podem exem-
plificar com alguma inovação tecnológica.
Provavelmente eles vão destacar celulares, mp3,
ipods, computadores, robôs. Ressalte que essas
máquinas modernas, que revolucionaram os
modos de se comunicar, relacionar e trabalhar,
facilitam, por um lado, a vida das pessoas, e, por
outro, quando aplicadas ao processo de traba-
lho, implicam a utilização cada vez menor de
mão de obra para obter cada vez mais bens e
serviços. Esse é o significado de “ganhos de pro-
dutividade” que aparece no texto apresentado:
hoje é possível produzir mais riqueza com um
número menor de trabalhadores.
Figura 4 – Braços robóticos trabalhando em linha de mon-
tagem de automóveis automatizada
©Bettmann/Corbis-Latinstock
©CarCulture/Corbis-Latinstock
©LibraryofCongress/SPL/Latisntock
Sociologia - 2a série - Volume 3
Chame a atenção para a imagem e desta-
que que a grande indústria moderna é o ápi-
ce do processo de substituição do homem pela
máquina discutido por Marx. Durante o pro-
cesso de desenvolvimento da indústria, houve
o esforço de introduzir mudanças no processo
Figura 5 – Frederick W. Taylor.
1856-1915
Taylorismo: por taylorismo entendemos
de produção e na organização do trabalho com
o objetivo de aumentar a produtividade do tra-
balho, ou seja, fazer com que o trabalhador
produzisse mais em tempo menor. Apresente
aos alunos o sistema fordista-taylorista que
predominou em grande parte do século XX.
Figura 6 – Henry Ford. 1863-1947
Fordismo: o fordismo tem como principal
elemento a introdução, por Henry Ford, em
1913, da linha de montagem com esteira na
produção de automóveis. No entanto, mais do
que inovação tecnológica, o fordismo se carac-
teriza por ser um sistema com uma ampla divi-
são do trabalho, produção em massa de bens
padronizados, sindicatos relativamente fortes
e aumentos reais de salários.
as modificações introduzidas por Frederick
W. Taylor, no final do século XIX, no modo
de produzir, sustentadas essencialmente por
um estudo de tempos e movimentos. O ob-
jetivo era controlar e determinar os métodos
de trabalho, selecionando os trabalhadores
e as ferramentas mais adequadas para o tra-
balho a ser realizado.
Figura 7 – Ford modelo T. 1915
35
Sociologia 2 s_em_volume_3_professor
Sociologia 2 s_em_volume_3_professor
Sociologia 2 s_em_volume_3_professor
Sociologia 2 s_em_volume_3_professor
Sociologia 2 s_em_volume_3_professor
Sociologia 2 s_em_volume_3_professor

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Sociologia 1 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_3_alunoSociologia 1 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_3_aluno
Valdeavare
 
Sociologia 1 s_em_volume_4_professor
Sociologia 1 s_em_volume_4_professorSociologia 1 s_em_volume_4_professor
Sociologia 1 s_em_volume_4_professor
Valdeavare
 
Sociologia 2 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_1_alunoSociologia 2 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_1_aluno
Valdeavare
 
Sociologia 2 s_em_volume_2_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_2_alunoSociologia 2 s_em_volume_2_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_2_aluno
Valdeavare
 
Sociologia 1 s_em_volume_2_professor
Sociologia 1 s_em_volume_2_professorSociologia 1 s_em_volume_2_professor
Sociologia 1 s_em_volume_2_professor
Valdeavare
 
Sociologia 2 s_em_volume_2_professor
Sociologia 2 s_em_volume_2_professorSociologia 2 s_em_volume_2_professor
Sociologia 2 s_em_volume_2_professor
Valdeavare
 
Sociologia 3 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 3 s_em_volume_3_alunoSociologia 3 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 3 s_em_volume_3_aluno
Valdeavare
 
Sociologia 2 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_3_alunoSociologia 2 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_3_aluno
Valdeavare
 
Sociologia 1 s_em_volume_1_professor
Sociologia 1 s_em_volume_1_professorSociologia 1 s_em_volume_1_professor
Sociologia 1 s_em_volume_1_professor
Valdeavare
 
Sociologia 1 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_1_alunoSociologia 1 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_1_alunoValdeavare
 
Sociologia 3 s_em_volume_3_professor
Sociologia 3 s_em_volume_3_professorSociologia 3 s_em_volume_3_professor
Sociologia 3 s_em_volume_3_professor
Valdeavare
 
Sociologia 2 s_em_volume_4_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_4_alunoSociologia 2 s_em_volume_4_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_4_aluno
Valdeavare
 
Currículo de matemáica e suas tecnologias
Currículo de matemáica e suas tecnologiasCurrículo de matemáica e suas tecnologias
Currículo de matemáica e suas tecnologiasRicardo Alex de Sousa
 
Currículo de ciências da natureza e suas tecnologias
Currículo de ciências da natureza e suas tecnologiasCurrículo de ciências da natureza e suas tecnologias
Currículo de ciências da natureza e suas tecnologiasRicardo Alex de Sousa
 
Currículo de ciências humanas e suas tecnologias
Currículo de ciências humanas e suas tecnologiasCurrículo de ciências humanas e suas tecnologias
Currículo de ciências humanas e suas tecnologiasRicardo Alex de Sousa
 
Reduzido currículo lct_final_230810
Reduzido currículo lct_final_230810Reduzido currículo lct_final_230810
Reduzido currículo lct_final_230810Renan Mello
 

Mais procurados (17)

Sociologia 1 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_3_alunoSociologia 1 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_3_aluno
 
Sociologia 1 s_em_volume_4_professor
Sociologia 1 s_em_volume_4_professorSociologia 1 s_em_volume_4_professor
Sociologia 1 s_em_volume_4_professor
 
Sociologia 2 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_1_alunoSociologia 2 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_1_aluno
 
Sociologia 2 s_em_volume_2_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_2_alunoSociologia 2 s_em_volume_2_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_2_aluno
 
Sociologia 1 s_em_volume_2_professor
Sociologia 1 s_em_volume_2_professorSociologia 1 s_em_volume_2_professor
Sociologia 1 s_em_volume_2_professor
 
Sociologia 2 s_em_volume_2_professor
Sociologia 2 s_em_volume_2_professorSociologia 2 s_em_volume_2_professor
Sociologia 2 s_em_volume_2_professor
 
Sociologia 3 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 3 s_em_volume_3_alunoSociologia 3 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 3 s_em_volume_3_aluno
 
Sociologia 2 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_3_alunoSociologia 2 s_em_volume_3_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_3_aluno
 
Sociologia 1 s_em_volume_1_professor
Sociologia 1 s_em_volume_1_professorSociologia 1 s_em_volume_1_professor
Sociologia 1 s_em_volume_1_professor
 
Sociologia 1 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_1_alunoSociologia 1 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_1_aluno
 
Sociologia 3 s_em_volume_3_professor
Sociologia 3 s_em_volume_3_professorSociologia 3 s_em_volume_3_professor
Sociologia 3 s_em_volume_3_professor
 
Sociologia 2 s_em_volume_4_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_4_alunoSociologia 2 s_em_volume_4_aluno
Sociologia 2 s_em_volume_4_aluno
 
Currículo de matemáica e suas tecnologias
Currículo de matemáica e suas tecnologiasCurrículo de matemáica e suas tecnologias
Currículo de matemáica e suas tecnologias
 
Currículo de ciências da natureza e suas tecnologias
Currículo de ciências da natureza e suas tecnologiasCurrículo de ciências da natureza e suas tecnologias
Currículo de ciências da natureza e suas tecnologias
 
Currículo de ciências humanas e suas tecnologias
Currículo de ciências humanas e suas tecnologiasCurrículo de ciências humanas e suas tecnologias
Currículo de ciências humanas e suas tecnologias
 
Reduzido currículo lct_final_230810
Reduzido currículo lct_final_230810Reduzido currículo lct_final_230810
Reduzido currículo lct_final_230810
 
Cg site 09_12
Cg site 09_12Cg site 09_12
Cg site 09_12
 

Destaque

Filmes 1 gureea mundial
Filmes 1 gureea mundialFilmes 1 gureea mundial
Filmes 1 gureea mundial
Eduardo Oliveira
 
Coleção Explorando o ensino Vol.15 - Sociologia - MEC
Coleção Explorando o ensino Vol.15 - Sociologia - MECColeção Explorando o ensino Vol.15 - Sociologia - MEC
Coleção Explorando o ensino Vol.15 - Sociologia - MEC
pascoalnaib
 
Atividades voltadas para os alunos do 2 em
Atividades voltadas para os alunos do 2 emAtividades voltadas para os alunos do 2 em
Atividades voltadas para os alunos do 2 em
Valdeavare
 
Apostila de sociologia 2° ano
Apostila de sociologia 2° anoApostila de sociologia 2° ano
Apostila de sociologia 2° anoAlexandre Quadrado
 
Apostila de sociologia 3° ano
Apostila de sociologia 3° anoApostila de sociologia 3° ano
Apostila de sociologia 3° anoAlexandre Quadrado
 
Referencial curricular ensino fundamental 2009 - Tocantins.
Referencial curricular ensino fundamental 2009 - Tocantins.Referencial curricular ensino fundamental 2009 - Tocantins.
Referencial curricular ensino fundamental 2009 - Tocantins.
denisealvesf
 
Sociologia para jovens do século xxi 3ª edição
Sociologia para jovens do século xxi 3ª ediçãoSociologia para jovens do século xxi 3ª edição
Sociologia para jovens do século xxi 3ª edição
Sociologia para jovens do século XXI
 
Sociologia 1 s_em_volume_1_(2014)
Sociologia 1 s_em_volume_1_(2014)Sociologia 1 s_em_volume_1_(2014)
Sociologia 1 s_em_volume_1_(2014)Eduardo Oliveira
 

Destaque (8)

Filmes 1 gureea mundial
Filmes 1 gureea mundialFilmes 1 gureea mundial
Filmes 1 gureea mundial
 
Coleção Explorando o ensino Vol.15 - Sociologia - MEC
Coleção Explorando o ensino Vol.15 - Sociologia - MECColeção Explorando o ensino Vol.15 - Sociologia - MEC
Coleção Explorando o ensino Vol.15 - Sociologia - MEC
 
Atividades voltadas para os alunos do 2 em
Atividades voltadas para os alunos do 2 emAtividades voltadas para os alunos do 2 em
Atividades voltadas para os alunos do 2 em
 
Apostila de sociologia 2° ano
Apostila de sociologia 2° anoApostila de sociologia 2° ano
Apostila de sociologia 2° ano
 
Apostila de sociologia 3° ano
Apostila de sociologia 3° anoApostila de sociologia 3° ano
Apostila de sociologia 3° ano
 
Referencial curricular ensino fundamental 2009 - Tocantins.
Referencial curricular ensino fundamental 2009 - Tocantins.Referencial curricular ensino fundamental 2009 - Tocantins.
Referencial curricular ensino fundamental 2009 - Tocantins.
 
Sociologia para jovens do século xxi 3ª edição
Sociologia para jovens do século xxi 3ª ediçãoSociologia para jovens do século xxi 3ª edição
Sociologia para jovens do século xxi 3ª edição
 
Sociologia 1 s_em_volume_1_(2014)
Sociologia 1 s_em_volume_1_(2014)Sociologia 1 s_em_volume_1_(2014)
Sociologia 1 s_em_volume_1_(2014)
 

Semelhante a Sociologia 2 s_em_volume_3_professor

Sociologia 1 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_1_alunoSociologia 1 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_1_aluno
Valdeavare
 
Currículo de linguagens, códigos e suas tecnologias
Currículo de linguagens, códigos e suas tecnologiasCurrículo de linguagens, códigos e suas tecnologias
Currículo de linguagens, códigos e suas tecnologiasRicardo Alex de Sousa
 
Curriculo matematica 2013
Curriculo matematica 2013Curriculo matematica 2013
Curriculo matematica 2013
111965
 
Referencialcurricularensinofundamental20091 (1)
Referencialcurricularensinofundamental20091 (1)Referencialcurricularensinofundamental20091 (1)
Referencialcurricularensinofundamental20091 (1)
Elisabete José Soares
 
Edfis cp 6s_vol4reduzido
Edfis cp 6s_vol4reduzidoEdfis cp 6s_vol4reduzido
Edfis cp 6s_vol4reduzidoAndreia Silva
 
Matriz curricularlinguaportuguesasaepe
Matriz curricularlinguaportuguesasaepeMatriz curricularlinguaportuguesasaepe
Matriz curricularlinguaportuguesasaepeelannialins
 
Currículo em Movimento Ensino Médio.pdf
Currículo em Movimento Ensino Médio.pdfCurrículo em Movimento Ensino Médio.pdf
Currículo em Movimento Ensino Médio.pdf
Joao Dias
 
CURRÍCULO ANOS FINAIS 2024 TOMÉ-AÇU/PARÁ.pdf
CURRÍCULO ANOS FINAIS 2024 TOMÉ-AÇU/PARÁ.pdfCURRÍCULO ANOS FINAIS 2024 TOMÉ-AÇU/PARÁ.pdf
CURRÍCULO ANOS FINAIS 2024 TOMÉ-AÇU/PARÁ.pdf
Gleici Licá
 
Matriz curricularlinguaportuguesasaepe
Matriz curricularlinguaportuguesasaepeMatriz curricularlinguaportuguesasaepe
Matriz curricularlinguaportuguesasaepeelannialins
 
Manual acervos compelementares
Manual acervos compelementaresManual acervos compelementares
Manual acervos compelementaresPactoAracatuba
 
Ciências da natureza (1) curriculo
Ciências da natureza (1) curriculoCiências da natureza (1) curriculo
Ciências da natureza (1) curriculoMariana Ribeiro
 
Eja orientacoesparaoprofessor lem-ingles-ensino_medio__eja
Eja orientacoesparaoprofessor lem-ingles-ensino_medio__ejaEja orientacoesparaoprofessor lem-ingles-ensino_medio__eja
Eja orientacoesparaoprofessor lem-ingles-ensino_medio__ejaJerônimo Ferreira
 

Semelhante a Sociologia 2 s_em_volume_3_professor (17)

Sociologia 1 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_1_alunoSociologia 1 s_em_volume_1_aluno
Sociologia 1 s_em_volume_1_aluno
 
Currículo de linguagens, códigos e suas tecnologias
Currículo de linguagens, códigos e suas tecnologiasCurrículo de linguagens, códigos e suas tecnologias
Currículo de linguagens, códigos e suas tecnologias
 
Curriculo matematica 2013
Curriculo matematica 2013Curriculo matematica 2013
Curriculo matematica 2013
 
Cg v1 2010_site_050310
Cg v1 2010_site_050310Cg v1 2010_site_050310
Cg v1 2010_site_050310
 
Referencialcurricularensinofundamental20091 (1)
Referencialcurricularensinofundamental20091 (1)Referencialcurricularensinofundamental20091 (1)
Referencialcurricularensinofundamental20091 (1)
 
Edfis cp 6s_vol4reduzido
Edfis cp 6s_vol4reduzidoEdfis cp 6s_vol4reduzido
Edfis cp 6s_vol4reduzido
 
Matriz curricularlinguaportuguesasaepe
Matriz curricularlinguaportuguesasaepeMatriz curricularlinguaportuguesasaepe
Matriz curricularlinguaportuguesasaepe
 
Currículo em Movimento Ensino Médio.pdf
Currículo em Movimento Ensino Médio.pdfCurrículo em Movimento Ensino Médio.pdf
Currículo em Movimento Ensino Médio.pdf
 
CURRÍCULO ANOS FINAIS 2024 TOMÉ-AÇU/PARÁ.pdf
CURRÍCULO ANOS FINAIS 2024 TOMÉ-AÇU/PARÁ.pdfCURRÍCULO ANOS FINAIS 2024 TOMÉ-AÇU/PARÁ.pdf
CURRÍCULO ANOS FINAIS 2024 TOMÉ-AÇU/PARÁ.pdf
 
Matriz curricularlinguaportuguesasaepe
Matriz curricularlinguaportuguesasaepeMatriz curricularlinguaportuguesasaepe
Matriz curricularlinguaportuguesasaepe
 
Bccport
BccportBccport
Bccport
 
Manual acervos compelementares
Manual acervos compelementaresManual acervos compelementares
Manual acervos compelementares
 
[5954 18809](1)
[5954   18809](1)[5954   18809](1)
[5954 18809](1)
 
historia da arte atualizado
historia da arte atualizadohistoria da arte atualizado
historia da arte atualizado
 
Ciências da natureza (1) curriculo
Ciências da natureza (1) curriculoCiências da natureza (1) curriculo
Ciências da natureza (1) curriculo
 
132362402 curriculum-geografia
132362402 curriculum-geografia132362402 curriculum-geografia
132362402 curriculum-geografia
 
Eja orientacoesparaoprofessor lem-ingles-ensino_medio__eja
Eja orientacoesparaoprofessor lem-ingles-ensino_medio__ejaEja orientacoesparaoprofessor lem-ingles-ensino_medio__eja
Eja orientacoesparaoprofessor lem-ingles-ensino_medio__eja
 

Último

BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
Escola Municipal Jesus Cristo
 
Caça-palavras ortografia M antes de P e B.
Caça-palavras    ortografia M antes de P e B.Caça-palavras    ortografia M antes de P e B.
Caça-palavras ortografia M antes de P e B.
Mary Alvarenga
 
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ISequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Letras Mágicas
 
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
BarbaraBeatriz15
 
Sócrates e os sofistas - apresentação de slides
Sócrates e os sofistas - apresentação de slidesSócrates e os sofistas - apresentação de slides
Sócrates e os sofistas - apresentação de slides
jbellas2
 
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTESMAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
estermidiasaldanhada
 
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e MateusAtividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
Mary Alvarenga
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptxRoteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
pamellaaraujo10
 
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdfAPOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
RenanSilva991968
 
o que está acontecendo no Rio grande do Sul
o que está acontecendo no Rio grande do Sulo que está acontecendo no Rio grande do Sul
o que está acontecendo no Rio grande do Sul
CarlaInsStaub
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
IsabelPereira2010
 
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
CrislaineSouzaSantos
 
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdfTesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
Editora
 
Anatomia I - Aparelho Locomotor e Cardiovascular
Anatomia I - Aparelho Locomotor e CardiovascularAnatomia I - Aparelho Locomotor e Cardiovascular
Anatomia I - Aparelho Locomotor e Cardiovascular
PatrickMuniz8
 
História Do Assaré - Prof. Francisco Leite
História Do Assaré - Prof. Francisco LeiteHistória Do Assaré - Prof. Francisco Leite
História Do Assaré - Prof. Francisco Leite
profesfrancleite
 
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdfAPOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
CarlosEduardoSola
 
Memorial do convento slides- português 2023
Memorial do convento slides- português 2023Memorial do convento slides- português 2023
Memorial do convento slides- português 2023
MatildeBrites
 
EJA -livro para professor -dos anos iniciais letramento e alfabetização.pdf
EJA -livro para professor -dos anos iniciais letramento e alfabetização.pdfEJA -livro para professor -dos anos iniciais letramento e alfabetização.pdf
EJA -livro para professor -dos anos iniciais letramento e alfabetização.pdf
Escola Municipal Jesus Cristo
 
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
RafaelNeves651350
 

Último (20)

BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
 
Caça-palavras ortografia M antes de P e B.
Caça-palavras    ortografia M antes de P e B.Caça-palavras    ortografia M antes de P e B.
Caça-palavras ortografia M antes de P e B.
 
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ISequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
 
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
 
Sócrates e os sofistas - apresentação de slides
Sócrates e os sofistas - apresentação de slidesSócrates e os sofistas - apresentação de slides
Sócrates e os sofistas - apresentação de slides
 
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTESMAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
 
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e MateusAtividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
 
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptxRoteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
 
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdfAPOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
 
o que está acontecendo no Rio grande do Sul
o que está acontecendo no Rio grande do Sulo que está acontecendo no Rio grande do Sul
o que está acontecendo no Rio grande do Sul
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
 
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
 
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdfTesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
Tesis de Maestría de Pedro Sousa de Andrade (Resumen).pdf
 
Anatomia I - Aparelho Locomotor e Cardiovascular
Anatomia I - Aparelho Locomotor e CardiovascularAnatomia I - Aparelho Locomotor e Cardiovascular
Anatomia I - Aparelho Locomotor e Cardiovascular
 
História Do Assaré - Prof. Francisco Leite
História Do Assaré - Prof. Francisco LeiteHistória Do Assaré - Prof. Francisco Leite
História Do Assaré - Prof. Francisco Leite
 
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdfAPOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
 
Memorial do convento slides- português 2023
Memorial do convento slides- português 2023Memorial do convento slides- português 2023
Memorial do convento slides- português 2023
 
EJA -livro para professor -dos anos iniciais letramento e alfabetização.pdf
EJA -livro para professor -dos anos iniciais letramento e alfabetização.pdfEJA -livro para professor -dos anos iniciais letramento e alfabetização.pdf
EJA -livro para professor -dos anos iniciais letramento e alfabetização.pdf
 
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
Manejo de feridas - Classificação e cuidados.
 

Sociologia 2 s_em_volume_3_professor

  • 1. 2 SÉRIE a ENSINO MÉDIO Caderno do Professor Volume3 SOCIOLOGIA Ciências Humanas Nome: Escola:
  • 2. 1 edição revista GOVERNO DO ESTADO DE SãO PAULO SECRETARIA DA EDUCAçãO MATERIAL DEAPOIO AO CURRÍCULO DOESTADO DE SÃO PAULO CADERNO DOPROFESSOR SOCIOLOGIA ENSINO MÉDIO– 2ª SÉRIE VOLUME 3 a São Paulo, 2013
  • 3. Governo do Estado de São Paulo Governador Geraldo Alckmin Vice-Governador Guilherme Afif Domingos Secretário da Educação Herman Voorwald Secretário-Adjunto João Cardoso Palma Filho Chefe de Gabinete Fernando Padula Novaes Subsecretária de Articulação Regional Rosania Morales Morroni Coordenadora da Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP Silvia Andrade da Cunha Galletta Coordenadora de Gestão da Educação Básica Maria Elizabete da Costa Coordenador de Gestão de Recursos Humanos Jorge Sagae Coordenadora de Informação, Monitoramento e Avaliação Educacional Maria Lucia Guardia Coordenadora de Infraestrutura e Serviços Escolares Ana Leonor Sala Alonso Coordenadora de Orçamento e Finanças Claudia Chiaroni Afuso Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE Barjas Negri
  • 4. CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL COORDENADORIA DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Coordenadora Maria Elizabete da Costa Diretor do Departamento de Desenvolvimento Curricular de Gestão da Educação Básica João Freitas da Silva Diretora do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação Profissional – CEFAF Valéria Tarantello de Georgel Coordenação Técnica Roberto Canossa Roberto Liberato EQUIPES CURRICULARES Área de Linguagens Arte: Carlos Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno, Pio de Sousa Santana e Roseli Ventrela. Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt, Rosangela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto Silveira. Língua Estrangeira Moderna (Inglês e Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire de Souza Bispo, Neide Ferreira Gaspar e Sílvia Cristina Gomes Nogueira. Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria BaltieriSouza, ClariciaAkemi Eguti, Idê Moraes dos Santos,João Mário Santana, Kátia ReginaPessoa, Mara Lúcia David, Marcos RodriguesFerreira, RoseliCordeiroCardosoeRozeliFrascaBueno Alves. Área de Matemática Matemática: João dos Santos, Juvenal de Gouveia, Otavio Yoshio Yamanaka, Patrícia de Barros Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e Vanderley Aparecido Cornatione. Área de Ciências da Natureza Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e Rodrigo Ponce. Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Maria da Graça de Jesus Mendes. Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte. Química: Ana Joaquina Simões S. de Matos Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Batista Santos Junior e Natalina de Fátima Mateus. Área de Ciências Humanas Filosofia: Tânia Gonçalves e Teônia de Abreu Ferreira. Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati. História: Cynthia Moreira Marcucci, Lydia Elisabeth Menezello e Maria Margarete dos Santos. Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de Almeida, Sérgio Roberto Cardoso e Tony Shigueki Nakatani. PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO PEDAGÓGICO Área de Linguagens Educação Física: Ana Lucia Steidle, Daniela Peixoto Rosa, Eliana Cristine Budisk deLima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da Silva, Patrícia Pinto Santiago, SandraPereira Mendes, Sebastiana Gonçalves Ferreira, SilvanaAlves Muniz, Thiago Candido Biselli Farias e WelkerJosé Mahler. Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva, Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos, Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista Bomfim, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Campos, Silmara Santade Masiero e Sílvia Cristina Gomes Nogueira. Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Angela Maria Baltieri Souza, Edilene Bachega R. Viveiros, ElianeCristina Gonçalves Ramos, GracianaB. Ignacio Cunha, JoãoMário Santana, Letícia M. de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz, Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina Cunha Riondet Costa, Maria Joséde Miranda Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso, Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar Alexandre Formici, Selma Rodrigues e Sílvia ReginaPeres. Área de Matemática Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Antonio deLima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Edinei Pereira deSousa, Eduardo Granado Garcia, Evaristo Glória, EveraldoJoséMachado deLima, Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Castilho, JoséMaria SalesJúnior, Luciana Moraes Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, Mário JoséPagotto, Paula Pereira Guanais, Regina Helenade Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, Rodrigo Soares de Sá, RosanaJorge Monteiro, Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares Jacomini,Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto eZilda Meira de Aguiar Gomes. Área de Ciências da Natureza Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Claudia Segantini Leme, Evandro Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda RezendePedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Sofia Valeriano Silva Ratz. Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio deMelo, LiamaraP. Rocha da Silva, Marceline deLima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto Orlandi Valdastri, Rosimeireda Cunha eWilson Luís Prati. Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula Vieira Costa, André Henrique Ghelfi Rufino, Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes M. Garcia, Leandrodos Reis Marques, Marcio Bortoletto Fessel, Marta FerreiraMafra, Rafael Plana Simões eRui Buosi. Química: Armenak Bolean, Cirila Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S.Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M. Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus. Área de Ciências Humanas Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal. Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez, Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos, Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório, Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato e Sonia Maria M. Romano. História: Aparecida de Fátima dos Santos Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo, PriscilaLourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas. Sociologia: Aparecido Antônio de Almeida, Jean Paulo de Araújo Miranda, Neide de Lima Moura e Tânia Fetchir. GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO EDITORIAL FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI Presidente da Diretoria Executiva Antonio Rafael Namur Muscat Vice-presidente da Diretoria Executiva Alberto Wunderler Ramos GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS À EDUCAÇÃO Direção da Área Guilherme Ary Plonski Coordenação Executiva do Projeto Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Gestão Editorial Denise Blanes Equipe de Produção Editorial: Ana C. S. Pelegrini,Cíntia Leitão, Mariana Góis, Michelangelo Russo, Natália S. Moreira, Olivia Frade Zambone, Priscila Risso, Regiane Monteiro Pimentel Barboza, Rodolfo Marinho, Stella Assumpção Mendes Mesquita e Tatiana F.Souza. Direitos autorais e iconografia: Débora Arécio, Érica Marques, José Carlos Augusto, Maria Aparecida Acunzo Forli e Maria Magalhães de Alencastro.
  • 5. COORDENAÇÃO TÉCNICA Coordenadoria de Gestão da Educação Básica – CGEB COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS CADERNOS DOS ALUNOS Ghisleine Trigo Silveira CONCEPÇÃO Guiomar Namo de Mello Lino de Macedo Luis Carlos de Menezes Maria Inês Fini (coordenadora) Ruy Berger (em memória) AUTORES Linguagens Coordenador de área: Alice Vieira. Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Makino e Sayonara Pereira. Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira. LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Fidalgo. LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez, Isabel Gretel María Eres Fernández, Ivan Rodrigues Martin, Margareth dos Santos e Neide T. Maia González. Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís Marques López Landeira e João Henrique Nogueira Mateos. Matemática Coordenador de área: Nílson José Machado. Matemática: Nílson José Machado, Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Walter Spinelli. Ciências Humanas Coordenador de área: Paulo Miceli. Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís Martins e Renê José Trentin Silveira. Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e Sérgio Adas. História: Paulo Miceli, Diego López Silva, Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e Raquel dos Santos Funari. Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Schrijnemaekers. Ciências da Natureza Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes. Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo. Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro, Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão, Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume. Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell Roger da Purificação Siqueira, Sonia Salem e Yassuko Hosoume. Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião. Caderno do Gestor Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de Felice Murrie. EQUIPE DE PRODUÇÃO Coordenação executiva: Beatriz Scavazza. Assessores: Alex Barros, Antonio Carlos de Carvalho, Beatriz Blay, Carla de Meira Leite, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de Oliveira, José Carlos Augusto, Luiza Christov, Maria Eloisa Pires Tavares, Paulo Eduardo Mendes, Paulo Roberto da Cunha, Pepita Prata, Renata Elsa Stark, Solange Wagner Locatelli e Vanessa Dias Moretti. EQUIPE EDITORIAL Coordenação executiva: Angela Sprenger. Assessores: Denise Blanes e Luis Márcio Barbosa. Projeto editorial: Zuleika de Felice Murrie. Edição e Produção editorial: Adesign, Jairo Souza Design Gráfico e Occy Design (projeto gráfico). APOIO Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE CTP, Impressão e Acabamento Esdeva Indústria Gráfica S.A. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias de educação do país,desde que mantida a integridade da obra e dos créditos, ressaltando que direitos autorais protegidos* deverão ser diretamente negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei nº- 9.610/98. * Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas no material da SEE-SP que não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais. Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas S239c São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Caderno do professor: sociologia, ensino médio - 2ª- série, volume 3 / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Heloísa Helena Teixeira de Souza Martins, Melissa de Mattos Pimenta, Stella Christina Schrijnemaekers. São Paulo: SEE, 2013. ISBN 978-85-7849-371-4 1. Sociologia 2. Ensino Médio 3. Estudo e ensino I. Fini, Maria Inês. II. Martins, Heloísa Helena Teixeira de Souza. III. Pimenta, Melissa de Mattos. IV. Schrijnemaekers, Stella Christina. V. Título. CDU: 373.5:316 * Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e como referências bibliográ ficas. Todos esses endereços eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo não garante que o s sites indicados permaneçam acessíveis ou inalterados. * As fotografias da agência Abblestock/Jupiter publicadas no material são de propriedade da Getty Images. * Os mapas reproduzidos no material são de autoria de terceiros e mantêm as características dos originais, no que diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos elementos cartogr áficos (escala, legenda e rosa dos ventos).
  • 6. Senhoras e senhores docentes, A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo- radores na reedição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que per- mitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor- dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação — Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb. Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien- tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias, dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia- ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico. Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história. Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo. Bom trabalho! Herman Voorwald Secretário da Educação do Estado de São Paulo
  • 7. SUMáRIO Ficha do Caderno 7 Orientação sobre os conteúdos do volume 8 Situações de Aprendizagem 10 Situação de Aprendizagem 1 – O trabalho como mediação 10 Situação de Aprendizagem 2 – Divisão social do trabalho 14 Situação de Aprendizagem 3 – Transformações no mundo do trabalho: emprego e desemprego na atualidade 23 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão dos temas 38
  • 8. FICHA DO CADERNO Trabalho e Sociedade Nome da disciplina: Sociologia área: Ciências Humanas Etapa da educação básica: Ensino Médio Série: 2ª Volume: 3 Temas e conteúdos: O significado do trabalho: trabalho como mediação Divisão social do trabalho; divisão sexual e etária do trabalho; divisão manufatureira do trabalho Processo de trabalho e relações de trabalho Transformações no mundo do trabalho – Emprego e desemprego na atualidade 7
  • 9. ORIENTAçãO SOBRE OS CONTEúDOS DO VOLUME Caro professor, Neste volume avançaremos na discussão sobre o tema da desigualdade. A questão Qual a importância do trabalho na vida social brasileira? orientará as atividades. Para respondê-la, o alu- no deverá refletir sobre o que é trabalho, qual é o seu papel na vida dos indivíduos, qual é a dife- rença entre trabalho e emprego, como a socio- logia tem observado e discutido esse fenômeno, bem como qual a especificidade do trabalho na sociedade capitalista. Apresentamos neste Caderno um extenso material para discussão que lhe permitirá abordar as principais questões relacionadas com o trabalho. Sabemos, contu- do, que o conteúdo aqui disponibilizado pode superar o tempo das oito aulas previstas neste volume. Nossa intenção é que você, consideran- do as condições de que dispõe e o interesse dos alunos, decida como aproveitá-lo. Os estudos realizados no âmbito da Socio- logia do Trabalho orientaram a elaboração deste texto. Evidentemente, não foi possível tratar muitas das questões que dizem respei- to ao trabalho, mas procuramos dar conta de conceitos que são fundamentais para entender a sociedade que se organiza a partir do trabalho e das relações que os homens estabelecem como produtores de bens e serviços. fixação do conteúdo apresentado em sala de aula, mas também permitir que os alunos observem o mundo do trabalho e suas ques- tões sob a perspectiva de um olhar socioló- gico, ou seja, mais uma vez o princípio do estranhamento da própria realidade deverá nortear as aulas e a compreensão dos alunos a respeito do tema. Conhecimentos priorizados Na Situação de Aprendizagem 1, serão for- necidos elementos para que os alunos apren- dam a diferenciar trabalho de emprego. Muitos confundem esses dois conceitos, que, apesar de próximos, não são sinônimos. Eles devem compreender que o trabalho é uma forma de mediação entre o homem e a natureza, ou seja, que o trabalho nos distingue dos outros ani- mais e por isso é fundamental para a condi- ção humana. Já a Situação de Aprendizagem 2 é formada por um conjunto de elementos para que os alunos retomem a discussão sobre a constituição da sociedade capitalista moder- na, ou seja, a sociedade organizada a partir do trabalho livre. Serão privilegiados conceitos que permitam entender como as relações entre os indivíduos são estabelecidas, tais como a divisão social do trabalho, a divisão manufa- tureira do trabalho e a alienação. Propomos também uma reflexão sobre as 8 transformações no mundo do trabalho e suas consequências para os trabalhadores, as novas formas de divisão e organização do trabalho e a ampliação das condições precárias de exercí- cio do trabalho. Por fim, traremos a questão do desemprego para a discussão com os alunos. O conteúdo das aulas será permeado pela leitura de textos e atividades a ser realiza- das em casa, que têm como objetivo não só a A Situação de Aprendizagem 3 trata exa- tamente do desemprego, e procura mostrar e explicar como os jovens, em vários países, são afetados por ele. Analisaremos, ainda, as trans- formações ocorridas a partir do terço final do século XX, que afetaram profundamente a maneira de produzir e organizar o trabalho. Essas mudanças interferiram no mercado de tra- balho, ampliando a presença de formas precá- rias de trabalho e aumentando o desemprego.
  • 10. Sociologia - 2a série - Volume 3 Competências e habilidades Neste volume, os alunos entrarão em contato com um tema essencial para a vida dos indivíduos e para a sociedade. A discussão proposta não é fácil, pois aborda conceitos e autores que apresentam alguma complexidade. Por isso, é importante que eles sejam capazes de perceber a sua relação com o tema e o tra- balho como uma categoria central para enten- dermos a organização da vida dos indivíduos e da sociedade. Assim, a experiência dos alunos e de seus familiares em relação ao trabalho deve ser o ponto de partida para a reflexão. No entanto, espera-se que o aluno seja capaz de desenvolver um olhar crítico sobre a reali- dade que o cerca, e orientar-se com relação ao tema e às questões discutidas neste volume. Metodologias e Estratégias As atividades propostas neste volume são bastante diversificadas, de modo a proporcio- nar diferentes formas de tratar os temas abor- dados. Alternando aulas expositivas, debates em sala de aula, leitura, análise de textos, grá- ficos e imagens e exercícios a ser desenvolvi- dos individualmente e em grupo, as atividades sugeridas têm como referência o mundo do trabalho. Avaliação As avaliações das Situações de Apren- dizagem priorizam, sobretudo, a produção de textos dissertativos pelos alunos, que são solicitados a desenvolver reflexões sobre os conteúdos trabalhados em sala de aula e nos textos e a se posicionar de forma crítica a respeito de questões propostas. Esses tex- tos podem tomar a forma de redações ou ser expressos em pesquisas pontuais realizadas em grupo. O objetivo é despertar a curiosi- dade para temas ligados à questão do traba- lho, como também desenvolver a capacidade de pesquisa e análise de informações. 9
  • 11. SITUAçõES DE APRENDIZAGEM SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1 O TRABALHO COMO MEDIAÇÃO Tempo previsto: 2 aulas. Conteúdos e temas: o trabalho como mediação entre o homem e a natureza; o processo de humanização do homem por meio do trabalho; a distinção entre trabalho humano e trabalho animal; estabelecer uma diferenciação entre trabalho e emprego. Competências e habilidades: compreender que o trabalho é uma atividade base da condição humana; desenvolver o espírito crítico dos alunos; desenvolver habilidades de leitura e compre- ensão de textos, produção de textos contínuos e expressão oral. Estratégias: aula dialogada e trabalho em grupo. Recursos: discussão em sala de aula; leitura de texto. Avaliação: trabalho individual. Sondagem e sensibilização O objetivo da presente sensibilização é apresentar aos alunos o tema da Situação de Aprendizagem 1: o trabalho como mediação entre o homem e a natureza. Peça aos alunos que digam o que enten- dem por trabalho. Verifique as respos- tas dadas e destaque a palavra “trabalho”. Comece explicando a sua origem: ela vem do latim tripalium, conforme o texto a seguir: “O trabalho na Antiguidade estava associado a esforço físico, cansaço e penalização. A origem da palavra, no latim vulgar, associa trabalho/tripalium a um instrumento de tortura feito de três varas cruzadas ao qual os réus eram presos. O trabalho representava uma atividade indigna, reservada aos escravos. Aos que viviam livremente, a subsistência vinha da coleta de frutos, da caça e outras ativi- dades; o tempo do trabalho era o da natureza – dia ou noite, com sol ou chuva. [...] Na era moderna, o trabalho teve o seu significado transformado, passou de atividade desprezada à condição de expres- são da própria humanidade, fonte de produtividade e riqueza. Com as mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais, no século XX, a ideia do trabalho firmou-se como uma atividade valorizada”. ARAÚJO, Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi. Sociologia: um olhar crítico. São Paulo: Contexto, 2011. p. 51-52. <www.editoracontexto.com.br>. 10 Etapa 1 – O que é trabalho A ideia na civilização ocidental de que o trabalho é algo que traz sofrimento é refor- çada por outras ideias influenciadas pelas tradições greco-romana e judaico-cristã.
  • 12. ©MitsuhikoImamori/MindenPictures-Latinstock©KevinSchafer/MindenPictures-Latinstock Sociologia - 2a série - Volume 3 Lembre aos alunos que, para os gregos, de uma forma geral, o trabalho era visto como algo que embrutecia os espíritos, tornava o homem incapaz da prática da virtude e era um mal que a elite deveria evitar. Por isso, era exe- cutado por escravos, deixando aos cidadãos as atividades mais nobres, como, por exemplo, a política. No cristianismo, o episódio bíblico da expulsão de Adão e Eva do Paraíso, como consequência do pecado original, conde- nando-os ao trabalho, a ganhar o “pão com o suor do rosto”, ampliou a conotação negativa do trabalho. Assim, ele apresenta, em nossa sociedade, também os sentidos de fadiga, luta, dificuldade e punição. Mas não se limite a isso. Insista com seus alunos: Além desses sentidos, o que é trabalho? Com o objetivo de mostrar a eles outra concep- ção, peça para um aluno ler o trecho a seguir: Trabalho consiste na “aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim”. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. Chame a atenção dos alunos para o adjeti- vo “humanas”, citado na definição apresentada. O uso dele enfatiza que o trabalho é uma ativi- dade humana, ou seja, só os seres humanos tra- balham. Pergunte aos alunos: Vocês conhecem outros seres vivos que também empregam suas forças e faculdades para conseguir um objetivo? Provavelmente os alunos se lembrarão das formigas, abelhas e aranhas. Alguns poderão afirmar que esses animais também trabalham: tecem a teia, constroem a colmeia e os formi- gueiros. Aceite, inicialmente, essa explicação. Pergunte se eles se lembram da fábula “A cigar- ra e a formiga”. Existem várias versões dessa fábula, mas a sinopse pode ser uma só: a his- tória da cigarra que só queria cantar e se di- vertir e da formiga que só trabalhava. Um dia, elas se encontraram e a cigarra questionou o porquê de a formiga trabalhar. Esta respon- deu que precisava trabalhar agora para ter ali- mento no inverno. Como era verão, a cigarra riu da formiga e replicou que o inverno estava muito longe para ela se preocupar. Passados alguns meses, chegou o inverno e a cigarra quase morreu de frio e fome. Quando estava com pouca força, bateu à porta da formiga e pediu ajuda. Esta a ajudou, mas lembrou-lhe da importância de trabalhar e poupar. Em seguida, peça que prestem atenção nas imagens apresentadas, também presen- tes no Caderno do Aluno, e que forneçam outros exemplos de animais considerados “trabalhadores”. Figura 1 – Formigas no exercício de sua atividade Figura 2 – João-de-barro (Furnarius rufus) ao lado de sua casa 11
  • 13. ©ErichLessing/Album-Latinstock Normalmente, os animais apresentados nas imagens são vistos, pelo senso comum, como animais trabalhadores. Mas, na pers- pectiva sociológica, os animais não tra- balham, só o homem trabalha. O trabalho é visto como uma atividade que ajuda o homem a construir sua condição como ser humano. Peça para um aluno ler o texto a seguir: “O conceito é ambíguo e disputado, indicando diferentes atividades em diferentes sociedades e contextos históricos. Em seu sentido mais amplo, trabalho é o esforço humano dotado de um propó- sito e envolve a transformação da natureza através do dispêndio de capacidades mentais e físicas. Tal interpretação, contudo, conflita com o significado e a experiência mais limitados do trabalho nas atuais sociedades capitalistas. Para milhões de pessoas trabalho é sinônimo de emprego remunerado, e muitas atividades que se qualificariam como trabalho na definição mais ampla são descritas e viven- ciadas como ocupações em horas de lazer, como algo que não significa verdadeiramente trabalho.” OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1996. p. 773. Quais são essas “diferenças essenciais”? Recorra ao sociólogo Karl Marx para respon- der a essa indagação. Solicite a um voluntário que leia o texto a seguir. A leitura pode ser individual, compar- tilhada ou comentada. Figura 3 – Karl Marx, 1818-1883 Karl Marx nasceu na Alemanha, em 1818. Considerado um dos maiores filósofos ale- mães, realizou estudos importantes também para a Economia e a Sociologia. Ten- do como base a dia- lética1, desenvolveu o método que permite a “Uma aranha executa operações que se assemelham às de um tecelão, e a abelha, na construção de suas colmeias, deixa enver- gonhado mais de um arquiteto. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor das abelhas é isso: o arquiteto projeta sua obra antes de construí-la na realidade. No final de todo processo de trabalho, temos um resultado que já existia na imaginação do trabalhador desde o seu começo”. MARX, Karl. Capital –A Critique of Political Economy. explicação da história das sociedades hu- manas a partir das relações sociais de pro- dução. Radical tanto na teoria como na militância, participou ativamente de diver- sas organizações operárias clandestinas, tendo sido expulso de alguns países. Exi- lado na Inglaterra, passou por muitas difi- culdades econômicas, sendo socorrido por amigos, como Friedrich Engels. Morreu em Londres em 1883. The labour-process and the process of producing surplus-value. vol. 1, Part III, Section 1, cap. VII. Tradução Heloísa Helena Teixeira de Souza Martins. Disponível em: <http://www.marxists. org/archive/marx/ works/1867-c1/index.htm>. Acesso em:21 mar. 2013. O trabalho humano, portanto, distingue-se do trabalho animal, pois o homem planeja antes de executar uma atividade. Ele con- cebe o trabalho antes de executá-lo. Já os 12 1 Dialética é o método de explicação da realidade que tem por base o princípio lógico da contradição, ou seja, a contraposição de ideias ou situações leva a uma nova ideia ou situação. animais não possuem essa capacidade. Eles “trabalham” de forma instintiva. Na ver- dade, é equivocado usar o termo trabalho para se referir às atividades realizadas pelos
  • 14. Sociologia - 2a série - Volume 3 outros animais. Os animais executam tare- fas guiados pelo instinto: a abelha faz o mel e a colmeia instintivamente, por isso todas as colmeias de uma mesma espécie de abe- lha seguem a mesma configuração; a for- miga também constrói instintivamente os formigueiros, e por isso eles seguem a mesma estrutura, e o mesmo processo ocorre com o joão-de-barro e sua casa. Os animais só mudam sua maneira de agir quando ocorre alguma alteração no meio, o que os leva a se adaptar, mas eles não mudam suas atitudes intencionalmente. Só o homem tem essa capacidade, os outros animais, não. Com o objetivo de obter os meios que garan- tam a sua sobrevivência, o homem age sobre a natureza, transformando-a. Ele se apropria dos materiais existentes na natureza e cria objetos, inventa coisas e se relaciona com outros homens por intermédio do trabalho. Desse modo, o trabalho é uma atividade de mediação entre o homem e a natureza. O homem emerge gradualmente, desenvol- ve-se e se torna um ser humano no exercício de sua atividade, de seu trabalho, da sua pro- dução social. Nesse sentido, pode-se dizer que, ao trabalhar, o homem “humaniza” a natureza e se constrói como ser humano, ou seja, o traba- lho humaniza o homem, pois ele age de forma deliberada e consciente sobre a natureza. É por isso que o trabalho é visto como uma atividade que ajuda o homem a construir sua condição como ser humano. Para encerrar esta primeira Situação de Aprendizagem, discuta com os alunos a distinção entre trabalho e emprego. Interrogue os alunos: O que vocês entendem por emprego? Vocês sabem que trabalho não é sinônimo de emprego? O que vocês acham que distingue trabalho de emprego? É importante que os alunos entendam que trabalho sempre existiu, sob diferentes formas, ao longo da história da humanidade. Entretanto, emprego é uma relação social de trabalho muito recente, que surge a partir do momento em que o homem deixa de ser escravo ou servo e se transforma em um homem livre. Livre para ven- der o seu trabalho e estabelecer um contrato com o comprador, em troca de um salário que lhe permita adquirir os meios de vida necessá- rios à sua sobrevivência. Emprego pressupõe trabalho assalariado, sendo, portanto, caracterís- tico da sociedade capitalista. Como Lição de Casa desta Situação, você pode pedir para que eles leiam o próximo texto e expliquem: 1. Como era o trabalho em outros períodos da história? 2. Qual a característica fundamental do tra- balho no capitalismo? O trabalho livre sucedeu historicamente a outras formas de trabalho, como a escravidão e a servidão. Na Grécia Antiga, o trabalho era uma atividade exercida pelos escravos. Na Idade Média, as pessoas tra- balhavam nos campos, ligadas a um senhor feudal, ou moravam nos burgos e eram artesãos. Em todos esses momentos da história, as pessoas executavam algum trabalho, mas não tinham emprego. O emprego só se dissemina com o capitalismo. Nele o trabalhador vende a sua força de trabalho (física ou mental) em troca de um salário. Ao conseguir o emprego, o trabalhador assina um contrato de trabalho que especifica suas funções. Ao contrário do que ocorria na Antiguidade, em que os escravos eram uma propriedade, e na Idade Média, em que os trabalhadores eram servos presos à terra do senhor feudal, no capitalismo os trabalhadores são livres para procurar outras condições de trabalho em um novo emprego. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. 13
  • 15. Na hora de corrigir a Lição de Casa, você não pode se esquecer de destacar aos alunos qual o sentido da frase final do parágrafo ante- rior. A liberdade no capitalismo para mui- tos dos trabalhadores é relativa, uma vez que a grande maioria não pode escolher quem, quando, e, muitas vezes, onde procurar empre- go. Mas o significado mais importante do tra- balho livre ou da liberdade do trabalhador é dado pelo fato de que, com o esfacelamento do sistema feudal de produção, o servo liber- tou-se das amarras que o prendiam ao senhor feudal, mas perdeu o acesso aos meios de pro- dução: terra, matéria-prima, instrumentos de trabalho. Então, passou a dispor de uma única propriedade – a sua força de traba- lho. O processo que deu origem a isso será objeto de discussão na próxima Situação de Aprendizagem. Proposta de Situação de Avaliação Para verificar se eles compreenderam o assunto desta Situação de Aprendizagem, você pode pedir que escrevam um pequeno texto explicando os principais argumentos da dis- cussão sobre o trabalho. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO Tempo previsto: 3 aulas. Conteúdos e temas: trabalho e capitalismo; divisão social e manufatureira do trabalho; relações de trabalho; alienação. Competências e habilidades: permitir que os alunos sejam capazes de entender os principais conceitos sociológicos relacionados ao trabalho; desenvolver a capacidade analítica e crítica; desenvolver habilidades de leitura e interpretação de textos; produção de textos contínuos e expressão oral. Estratégias: aula dialogada; trabalho em grupo e individual. Recursos: discussão em sala de aula; leitura de texto. Avaliação: trabalho individual. Sondagem e Sensibilização Nesta Situação de Aprendizagem, utiliza- remos como atividade de sensibilização alguns cantos1 do poema A trama da rede, de Carlos Brandão, cada um com uma ou duas estrofes. Peça aos alunos que se organizem, formando um jogral, ou seja, um grupo de oito pessoas em que cada um recitará um canto do poema a seguir, como se estivesse em um palco. 14 1 [...] Grande divisão de longos poemas. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Curitiba: Editora Positivo, 2004. CD-ROM.
  • 16. Sociologia - 2a série - Volume 3 A trama da rede I Essa é a trama da rede: o tecido das trocas que fabricam o pano de uma rede de dormir enreda o corpo do homem na tarefa de criar na máquina a rede com a mão. A armadilha do trabalho em casa alheia engole o homem e enovela todo o corpo no fio no fuso na roda na teia do maquinário da manufatura que produz o seu produto: a rede e reduz o corpo-operário à produção. [...] III O corpo-bailarino que transforma a coisa bruta em objeto (a fibra em fio e o fio em pano) e o objeto na mercadoria (o pano pronto na rede e sua valia) transforma o corpo do homem operário em outro puro objeto de trabalho pronta a fazer e refazer no fuso aquilo de que a fábrica faz sua riqueza de que, quem faz não se apropria. [...] VII Sob a trama do trabalho em tear alheio o corpo não possui seu próprio tempo e é inútil que lhe bata um coração. O relógio interior do operário é o que existe na oficina, fora dele, de onde controla o tear e o tecelão. VIII De longe o dono zela por quem faz: pela força do homem que trabalha, não pela vida do trabalhador. Aqui não há lugar para o repouso ainda que o produto do trabalho seja uma rede de pano, de dormir e que comprada serve ao sono e ao amor. IX Durante a flor da vida inteira fazendo a mesma coisa e refazendo uma operação simples de memória o operário condena o próprio corpo a ser tão automático e eficaz que domine o gesto que o destrói. A reprodução contínua, diária, igual de um mesmo gesto repetido e limitado todos os dias, sobre os mesmos passos, ensina ao artesão regras de maestria do trabalho que afinal então domina através de saber sua ciência com a sabedoria do corpo massacrado. [...] XI Quem fia e enfia? Quem carda e corta? Quem tece e trança? Quem toca e torce? A moça o menino. A velha o homem. Eles são, artistas, parte do trabalho coletivo que faz a trama da rede e a rede pronta: o objeto bonito do descanso que inventa a necessidade 15
  • 17. da servidão do trabalho do corpo produtivo. XII A dança ritmada desse corpo de bailarino-operário de um ofício de que o produto feito não é seu, cria o servo de quem lhe paga aos sábados para o que sobra da vida de trabalho do corpo de quem fez e não viveu. O trabalho-pago, alheio e sempre o mesmo obrigando o operário bailarino à rotina de fazer sem possuir torna-o, artista, servo do ardil de entretecer panos e redes sem criar XIV Não conhece descanso o corpo na oficina. Ele é parte das máquinas que move e que movidas não sabem mais parar. Os pés descalços prolongam pedais os braços são como alavancas e as mãos estendem pontas de um fio que existe no fuso e no tear. O trabalho do corpo é o objeto que o homem vende ao dono todo o dia. O corpo-livre pertence ao maquinário que o homem converte no operário de que retira o preço do sustento: a comida a cama a casa o agasalho, o que mantém vivo o corpo e o seu trabalho. e recriar-se servo sem saber. [...] BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Encarte de Tempo e Presença. n. 172, nov./dez. 1981. 16 Depois da leitura, pergunte aos alunos: O que vocês entenderam desse poema? Provavel- mente, alguns trechos obscuros os alunos não conseguirão compreender. Explique que ele foi escrito tendo como referência a leitura de trechos da obra mais importante escrita por Karl Marx, O capital, nos quais ele fala dos operários e dos usos de seus corpos no pro- cesso de produção de mercadorias. Como diz Carlos Brandão, são “alegorias [exposição de um pensamento sob forma figurada] sobre o tra- balho”, escritas para um documentário sobre a produção artesanal de redes no Ceará. Em seguida, peça para que cada aluno-leitor procure explicar o que entendeu da estrofe que leu. Provavelmente, eles terão dificuldade de apanhar todo o significado do texto. Ajude-os, destacando os seguintes elementos: Canto I: o trabalho de tecer a rede é exerci- do em “casa alheia”, ou seja, não na casa do trabalhador, mas no local determinado pelo seu patrão, na manufatura. Ali, são reunidos vários trabalhadores que, exercendo diferen- tes trabalhos, transformam os fios de várias cores em rede. A trama, o desenho da rede, é mostrada como a trama que enreda, que prende o trabalhador à máquina, que impõe seu movimento ao corpo do trabalhador. Canto III: o trabalhador que transforma a matéria-prima – o algodão – em fio, e o fio em rede, produz uma mercadoria que não per- tence a ele, mas, sim, a quem o contratou. Ou seja, a rede que ele produz com o seu traba- lho não pertence a ele, mas, sim, a quem lhe paga o salário. Canto VII: o ponto central desse canto se refere ao tempo ou ritmo de trabalho que, na manufatura, não é mais determinado pelo tra- balhador, mas, sim, pelo ritmo da máquina, imposto pelo dono da oficina.
  • 18. Sociologia - 2a série - Volume 3 Canto VIII: esse canto completa o ante- rior, pois se refere ao controle exercido pelo dono da manufatura, que não está preocupa- do com a saúde, a vida do trabalhador, mas, sim, com a produtividade do trabalho. Canto IX: na manufatura, o trabalhador executa movimentos repetitivos, especializan- do-se apenas em uma atividade de trabalho, automaticamente, seguindo o movimento da máquina, sem nenhuma criatividade, tor- nando-se um trabalhador limitado em seu conhecimento. Canto XI: essa estrofe refere-se ao traba- lho exercido por homens e mulheres, velhos, moças e crianças, tornados servos do tra- balho coletivo que produz a rede. Carlos Brandão explica, em uma nota de rodapé, que em Fortaleza, na produção de redes, além do trabalho na oficina, também são realiza- das tarefas de acabamento das redes, como as “varandas”, nas casas dos trabalhadores, nos chamados trabalhos em domicílio, onde pessoas de uma mesma família, de diferentes idades, trabalham. Lembre que o trabalho em domicílio existe, ainda hoje, por exemplo, nas indústrias de confecção e de calçados. Canto XII: o trabalho exercido na produ- ção de uma mercadoria, a rede, que não lhe pertence, submete o trabalhador e o seu cor- po às determinações de seu patrão, aquele que lhe paga o salário. Seu corpo, suas ener- gias, sua força de trabalho são vendidos em troca de um salário e usados na produção de uma mercadoria que não lhe pertence. Canto XIV: na manufatura, o corpo do operário parece ser um prolongamento da máquina – seus braços, mãos e pés põem em movimento a máquina e são movidos por ela. O corpo, a força de trabalho do trabalhador, torna-se um objeto que ele vende em troca de seu meio de vida, aquilo que lhe permite sobreviver e retornar, todo dia, ao local de trabalho, reproduzindo a sua servidão à máquina e ao seu patrão. Ao finalizar esta parte, diga aos alunos que,napróximaetapadeaprendizagem,serão retomadas as questões sugeridas por esse poema, tendo como referência a discussão a respeito do trabalho na sociedade capi- talista. Nessa oportunidade serão intro- duzidos conceitos como divisão social do trabalho, divisão sexual e etária do traba- lho, relações de trabalho, processo de tra- balho e alienação. Etapa 1 – Divisão social do trabalho e divisão manufatureira do trabalho Inicie esta etapa perguntando aos alunos o que eles entendem por sociedade moderna. Prepare-se para acolher respostas que apon- tem para o que é atual, recente, por oposi- ção ao que é antigo, ultrapassado. Relembre com eles o conteúdo aprendido em aulas de História a respeito dos diferentes períodos da história da humanidade: antigo, medie- val, moderno e contemporâneo. A história da sociedade moderna corresponde ao pe- ríodo que se inicia em meados do século XV e sua constituição foi marcada pelos proces- sos de urbanização e de industrialização. O trabalho nessa sociedade é, portanto, o tra- balho na indústria e o próprio desenvolvi- mento econômico e social aparece vinculado ao desenvolvimento da indústria. A socie- dade moderna resultou de um processo de transformação, da constituição de um novo modo de trabalhar, de relações sociais dife- rentes, de um novo modo de vida marcado pelo desenvolvimento industrial. Solicite a um voluntário para ler o texto a seguir. Você pode realizar uma leitura indi- vidual ou compartilhada. 17
  • 19. O esfacelamento do mundo feudal consistiu em um longo processo, no qual as velhas formas de trabalho artesanal foram sendo substituídas pelo trabalho em domicílio, a partir do campo, pro- duzindo para as indústrias em desenvolvimento nas cidades. O crescimento da população expulsa do campo, incapacitada de produzir tudo aquilo de que necessitava para sobreviver (os seus meios de vida), fez com que a procura por esses bens aumentasse. Assim, durante o século XIV, foram desen- volvidas as indústrias rurais em domicílio, como forma de aumentar a produção. Os comerciantes distribuíam a matéria-prima nas casas dos camponeses e ali era executada uma parte ou a totalidade do trabalho. Essas indústrias representaram uma forma de transição entre o artesanato e a manufa- tura, e permitiram a acumulação de capital nas mãos desses comerciantes, além de formar mão de obra para o trabalho industrial nas cidades. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. 18 Explique aos alunos o significado de manufa- tura: a palavra vem do latim e quer dizer tra- balho manual. Para o seu desenvolvimento foi necessária a existência de dois fatores: 1. Um empresário com capital para comprar a matéria-prima e ferramentas e concen- trar em sua oficina um grande número de trabalhadores. Em vez de distribuir esses meios de produção nas casas dos traba- lhadores, o comerciante transformado em industrial os junta sob um mesmo teto, criando assim a manufatura. Relembre com os alunos o Canto I do poema de Carlos Brandão – o autor está justamente se refe- rindo a esse processo de concentração de produção em um único local. 2. A existência de trabalhadores livres, ou seja, que não são mais donos dos meios de produção e dependem, para a sua sobrevi- vência, da venda de seu trabalho, ou seja, sua força de trabalho, transformando-se, assim, em trabalhadores assalariados. É importante destacar para os alunos que o processo de transição da indústria rural em domicílio para a manufatura representou, também, a ampliação da divisão social do trabalho. Interrogue os alunos: O que vocês entendem por divisão do trabalho na socieda- de? Como o trabalho pode ser dividido entre os homens e as mulheres? Vocês podem dar exemplos? Talvez a compreensão e os exemplos dados não sejam satisfatórios para os propósitos da aula, mas prossiga e acentue que a divisão do trabalho existiu em todas as sociedades, desde o momento em que o homem começou a trocar coisas e produtos, criando uma interdependên- cia com os outros homens. Assim, o artesão troca o produto de seu trabalho, o tecido, pelo algodão, cultivado pelo agricultor. Você pode dar outros exemplos ou pedir que, depois dessa explicação, os alunos deem outros. O impor- tante é fixar que a base da troca está na neces- sidade que o indivíduo tem de produtos que ele não produz. A divisão do trabalho deriva, portanto, do caráter específico do trabalho humano e ocorre quando os homens, na vida em sociedade, dividem entre si as diferentes especialidades e ofícios. A divisão do traba- lho em ofícios ou especialidades existiu em todas as sociedades conhecidas e deve mui- to à divisão sexual do trabalho. Ou seja, no início, havia uma divisão entre especialida- des ou ofícios que eram preferencialmen- te atribuídos às mulheres e outros que eram executados por homens. Você pode dar exemplos: a fiação e a tecelagem eram vistas como atividades femininas, enquanto a caça, a pesca e a pecuária eram atividades mascu- linas. Pergunte aos alunos: Vocês podem dar
  • 20. Sociologia - 2a série - Volume 3 exemplos de trabalhos que hoje são executados apenas por homens ou apenas por mulheres? Na verdade, é difícil encontrar trabalhos que as mulheres não conseguem realizar: antigamente, às mulheres eram destinadas as ocupações relacionadas com o cuidado da casa, como cozinhar, lavar, limpar, cuidar dos filhos. Hoje, já temos homens cozinheiros, faxineiros etc. Você pode ampliar essa dis- cussão e, juntamente com os alunos, buscar outros exemplos de trabalhos que antes eram executados só por homens e que hoje são exe- cutados por mulheres ou vice-versa. Retome com os alunos o poema de Carlos Brandão, Canto XIV, para que eles, depois dessa discussão, possam entender melhor o que o poeta diz de forma alegórica. Verifique, dessa maneira, se eles conseguiram apreender os fatores que permitiram o aparecimento da manufatura. Para avançar na apresentação de outras questões relacionadas com a divisão de traba- lho na manufatura, você pode expor aos alunos o conteúdo do texto a seguir ou pedir que um deles o leia. A manufatura se estendeu de meados do século XVI ao último terço do século XVIII, sendo substituída pela grande indústria. Na manufatura foram introduzidas algumas inovações técnicas que modificaram a forma como o trabalho era organizado. Aos poucos o trabalhador foi deixando de ser responsável pela produção integral de determinado objeto e passou a se dedicar unicamente a uma atividade. Houve um aceleramento da divisão do trabalho, fazendo com que um produto deixasse de ser obra de um único trabalhador e se tornasse o resultado da atividade de inúmeros trabalhadores. Dessa maneira, o produto passava por vários trabalhadores, cada um acrescentando alguma coisa a ele e, no final do processo, o produto era o resultado não de um trabalhador indi- vidual, mas de um trabalhador coletivo. Essa é a divisão do trabalho que persiste na sociedade capitalista, e que se caracteriza pela especialização das funções, ou seja, pela especialização do tra- balhador na execução de uma mesma e única tarefa, especializando-se e especializando o seu corpo nessa operação. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. Peça a seus alunos que releiam os cantos IX e XI, do poema de Brandão, que remetem exatamente à especialização do trabalho na manufatura. É importante enfatizar que, pela divisão manufatureira do trabalho, o homem é levado a desenvolver apenas uma ha- bilidade parcial, limitando o conjunto de habili- dades e capacidades produtivas que possuía quando era artesão. É isso que torna o tra- balhador dependente e o faz vender a sua força de trabalho; e esta só serve quando comprada pelo capital e posta a funcionar no interior da oficina. Segundo Karl Marx, essa divisão do trabalho tinha como obje- tivo o aumento da produtividade e o aper- feiçoamento do método de trabalho, e teve como resultado o que ele chama de “a vir- tuosidade do trabalhador mutilado”2, com a especialização dos ofícios. Na manufatu- ra, portanto, a produtividade do trabalho dependia da habilidade (virtuosidade) do trabalhador e da perfeição de suas ferra- mentas, e já havia o uso esporádico de má- quinas. Será apenas na grande indústria que 2 Marx utiliza o termo "mutilado" para enfatizar a limitação das habilidades do trabalhador, reduzido ao exercício de uma única e repetitiva atividade. 19
  • 21. a máquina desempenhará um papel fun- damental, primeiro com base na mecâni- ca, depois na eletrônica e, atualmente, na microeletrônica. Solicite a um voluntário para ler o texto a seguir, também disponível no Caderno do Aluno. Você pode realizar uma leitura indivi- dual ou compartilhada: Uma das características mais distintivas do sistema econômico das sociedades modernas é a existên- cia de uma divisão do trabalho extremamente complexa: o trabalho passou a ser dividido em um número enorme de ocupações diferentes nas quais as pessoas se especializam. Nas sociedades tradicionais, o tra- balho que não fosse agrário implicava o domínio de um ofício. As habilidades do ofício eram adquiridas em um período prolongado de aprendizagem, e o trabalhador normalmente realizava todos os aspectos do processo de produção, do início ao fim. Por exemplo, quem trabalhasse com metal e tivesse que fazer um arado iria forjar o ferro, dar-lhe a forma e montar o próprio implemento. Com o progresso da pro- dução industrial moderna, a maioria dos ofícios tradicionais desapareceu completamente, sendo subs- tituída por habilidades que fazem parte de processos de produção de maior escala. Um eletricista que hoje trabalhe em um ambiente industrial, por exemplo, pode examinar e consertar alguns componentes de um tipo de máquina; diferentes pessoas lidarão com os demais componentes e com outras máquinas. A sociedade moderna testemunhou uma mudança na localização do trabalho. Antes da industrializa- ção, a maior parte do trabalho ocorria em casa, sendo concluído coletivamente por todos os membros da família. Os avanços na tecnologia industrial, como o uso do carvão, contribuíram para a separação entre trabalho e casa. As fábricas de propriedade dos empresários tornaram-se foco de desenvolvimento industrial: maquinários e equipamentos concentraram-se dentro destas, e a produção em massa de mer- cadorias começou a ofuscar a habilidade artesanal em pequena escala, que tinha a casa como base. As pessoas que procurassem emprego em fábricas eram treinadas para se especializarem em uma tarefa, recebendo um ordenado por esse trabalho. O desempenho era supervisionado pelos gerentes, os quais se preocupavam em implementar técnicas para ampliar a produtividade e a disciplina dos trabalhadores. O contraste que existe na divisão do trabalho entre as sociedades tradicionais e as modernas é ver- dadeiramente extraordinário. Mesmo nas maiores sociedades tradicionais, geralmente não havia mais do que 20 ou 30 ofícios, contando funções especializadas como as de mercador, soldado e padre. Em um sistema industrial moderno, existem literalmente milhares de ocupações distintas. O censo do RU [Reino Unido] lista cerca de 20 mil empregos diferentes na economia britânica. Nas comunidades tra- dicionais, a maior parte das pessoas trabalhava na agricultura, sendo economicamente autossuficiente. Produziam seus próprios alimentos, suas roupas, além de outros artigos que necessitassem. Um dos aspectos principais das sociedades modernas, em contraste, é uma enorme expansão da interdependên- cia econômica. Para termos acesso aos produtos e aos serviços que nos mantêm vivos, todos nós depen- demos de um número imenso de trabalhadores – que, hoje em dia, estão bem espalhados pelo mundo. Com raras exceções, a vasta maioria dos indivíduos nas sociedades modernas não produz o alimento que come, a casa onde mora ou os bens materiais que consome. Os primeiros sociólogos escreveram extensivamente a respeito das consequências potenciais da divisão do trabalho – tanto para os trabalhadores em termos individuais, quanto para toda a socie- dade. Para Marx, a mudança para a industrialização e a mão de obra assalariada certamente resul- taria numa alienação entre os trabalhadores. Uma vez que estivessem empregados numa fábrica, os trabalhadores perderiam todo o controle do seu trabalho, sendo obrigados a desempenhar tarefas monótonas, de rotina, que despojariam seu trabalho do valor criativo intrínseco. Em um sistema capitalista, os trabalhadores acabam adotando uma orientação instrumental para o trabalho, afir- mava ele, vendo-o como nada mais do que uma maneira de ganhar a vida. GIDDENS, Anthony. Sociologia, 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 309. 20
  • 22. Sociologia - 2a série - Volume 3 Esse texto retoma, de forma sintética, ele- mentos da discussão sobre divisão social do trabalho e da especialização do trabalhador, mas introduz outras questões que devem ser esclarecidas. Peça aos alunos que indiquem as partes do texto que já foram objeto de discussão em sala de aula e aquelas que contêm palavras que não conseguem entender. Mostre-lhes que o texto é apresentado com dois objetivos: rea- lizar um exercício de verificação de aprendiza- gem a respeito da interdependência econômica e da amplitude da divisão do trabalho na socie- dade moderna e introduzir uma nova etapa de discussão com os alunos. Verificação de aprendizagem Para demonstrar como no capitalismo, com o aumento da divisão do trabalho, cada traba- lhador passou a depender cada vez mais das ati- vidades de outro trabalhador para conseguir viver, exponha para os alunos como você, profes- sor, precisa das atividades de outras pessoas para sobreviver. Faça na lousa uma pequena lista de todas as ocupações que você precisa que existam para que consiga se manter, como, por exem- plo: um padeiro, alguém para produzir o leite, as fábricas que fazem macarrão e outras comidas, um açougueiro, a fábrica de roupas para se ves- tir, alguém para produzir o chocolate, um moto- rista para dirigir o ônibus para que você possa chegar ao trabalho, alguém para abrir a porta do colégio, outra pessoa para limpá-lo, alguém que fique na secretaria e que possa resolver questões administrativas etc. Essa é só uma pequena lis- ta para inspirá-lo. É provável que você encontre nela profissionais que você precise para viver e outros que são dispensáveis. Sinta-se à vontade para formular a sua própria lista com base em suas vivências e experiências. Depois, peça aos alunos que também façam esse exercício, como sugere a Lição de Casa no Caderno do Aluno. Etapa 2 – Relação de trabalho e alienação Procure agora esclarecer outras questões que aparecem no texto apresentado, especifi- camente, a submissão do trabalho ao capital, as relações de trabalho e o conceito de alienação. Retome com os alunos o poema de Carlos Brandão, pedindo que um deles leia os cantos VII e VIII, o que permitirá o esclarecimento do que Marx chama de sujeição ou submissão do trabalho ao capital, ou o controle exercido pelo dono da manufatura sobre o trabalho e os trabalhadores. Tendo o poema como inspiração, utilize o texto a seguir com o objetivo de apro- fundar essa discussão. Parte deste texto está disponível no Caderno do Aluno. A produção capitalista pressupõe, como já vimos, a existência do trabalho livre, e não a servidão e a escravidão. O trabalhador é livre, isto é, não dispõe dos meios de trabalho e de vida, portanto é livre para vender a única propriedade de que dispõe, a sua força de trabalho. O trabalhador, por conseguinte, submete-se ao domínio do capital, aceitando suas imposições e determinações. É o capital que assume a função de dirigir, de supervisionar. Esse domínio do capital sobre o processo de trabalho se impõe, na medida em que o objetivo, o motivo que impele e direciona todo o pro- cesso de produção capitalista, é a expansão do próprio capital, a maior produção de mais-valia1, e, portanto, a maior exploração possível da força de trabalho. A dominação do capital sobre o trabalho tem o objetivo de garantir a exploração do processo de trabalho social. Com isso, a dominação tem como condição o antagonismo inevitável entre o capita- lista e o trabalhador. Com o próprio desenvolvimento da produção capitalista, esse controle assume formas peculiares. O capitalista se desfaz da supervisão direta e contínua e a entrega a um tipo especial de assalariado, 21
  • 23. que passa a exercer a função exclusiva de supervisão, com os seus oficiais superiores (os diretores, os gerentes) e os suboficiais (contramestres, inspetores, capatazes etc.). Surge então uma hierarquia de comando que tem como objetivo impor a disciplina no interior da empresa. A disciplina tem como resultado, para o capital, o aumento da produtividade, mas da perspectiva do trabalho ela introduz uma série de regras de procedimento, uma hierarquia interna que, além de separar os indivíduos segundo a sua atividade, introduz também o controle político de uns sobre outros. Não se pode, por- tanto, discutir a questão da disciplina sem relacioná-la com o poder. Ou seja, trata-se de perceber como no interior da empresa é estabelecido um sistema de dominação em que os que detêm os meios de produção, ou o representam, têm o poder. 1 O comprador da força de trabalho ou da capacidade de trabalho não se limita a usá-la somente durante o tempo necessário para repor o valor da força de trabalho, mas, sim, durante um tempo além dele, quando o trabalhador produzirá, então, um valor excedente, ou uma mais-valia, da qual o capitalista se apropria. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. 22 Enfatize para os alunos que, no processo de produção capitalista, temos não só a pro- dução de mercadorias, mas essencialmente a produção de relações sociais. Se há capitalis- tas e trabalhadores, isso implica não só posi- ções definidas no processo de produção, mas também na sociedade. Diferentemente dos animais, é possível nos seres humanos a sepa- ração entre a concepção e a execução do tra- balho; ou seja, o trabalho pode resultar da concepção de uma pessoa e a execução de outra. Isso é produto da divisão do trabalho. Para os trabalhadores, entretanto, a coope- ração imposta pela divisão do trabalho não sig- nifica a percepção de sua força como grupo. A relação que estabelecem é com o capital, e não entre si. O trabalhador torna-se incapaz de per- ceber que a riqueza que ele desenvolve é produ- to de seu trabalho, como também não consegue se reconhecer no produto de seu trabalho. A consequência da divisão do trabalho é a sepa- ração, no processo de trabalho, entre concepção e execução do trabalho. A decisão sobre o que produzir e como produzir não é mais respon- sabilidade do trabalhador, mas, sim, do capital ou seus representantes. Além disso, o produto, a mercadoria, não resulta de seu trabalho indi- vidual, e sim do trabalho de todos. Ele realiza apenas uma parte dela e, assim, o produto do trabalho, a mercadoria, aparece ao trabalhador como algo alheio, estranho a ele. A relação do trabalhador com o produto de seu trabalho é, portanto, de alheamento, de estranhamento. O trabalhador, que colocou a sua vida no objeto, agora se defronta com ele, como se a coisa, a mercadoria, tivesse vida própria, independente, e fosse dotada de um poder diante dele. De fato, assim como o trabalho já não lhe pertence, mas a um outro homem (o proprietário dos meios de produção), o produto de seu trabalho igualmen- te não lhe pertence. Esse processo é o que Marx chama de relação alienada do homem com outro homem, com o produto de seu trabalho e com o trabalho. Para Marx, então, o trabalho livre, assalariado, é trabalho alienado. Encerre essa discussão pedindo aos alu- nos para retomarem a leitura do canto XII do poema de Carlos Brandão. Verifique se os alunos são capazes, depois da explicação dada, de compreender como a submissão do traba- lhador ao capital e o trabalho alienado são apresentados na forma poética. Proposta de Situação de Avaliação Peça aos alunos que releiam o poema de Carlos Brandão, escolham três cantos e façam uma análise tendo como referência a discussão sobre o trabalho desenvolvida nas aulas.
  • 24. Sociologia - 2a série - Volume 3 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3 TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO: EMPREGO E DESEMPREGO NA ATUALIDADE Tempo previsto: 3 aulas. Conteúdos e temas: categorias de emprego e desemprego na atualidade; perfil dos trabalhado- res mais atingidos pelo desemprego no Brasil; transformações no mundo do trabalho e suas consequências para os trabalhadores. Competências e habilidades: tornar o aluno apto a compreender a realidade do desemprego sob uma perspectiva sociológica, ter clareza a respeito de quem são os mais atingidos pelo desemprego no Brasil, e perceber os fatores das transformações que afetam o trabalho e a vida dos trabalhadores; desenvolver a capacidade crítica dos alunos; desenvolver habilidades de leitura, produção de textos contínuos e expressão oral. Estratégias: aula dialogada; leitura de textos e de gráficos; trabalho em grupo. Recursos: discussão em sala de aula; textos e gráficos. Avaliação: trabalho em grupo; texto dissertativo. Sondagem e sensibilização Inicie esta etapa perguntando aos alunos: Qual é a importância do trabalho na vida das pessoas? Por que as pessoas trabalham? O que significa o desemprego na vida das pessoas? Por que as pessoas ficam desempregadas? Deixe-os se manifestar e incentive o debate e a troca de ideias entre eles. As respostas expressa- rão, provavelmente, a experiência de cada um ou de seus familiares e amigos, tanto com relação ao trabalho como com relação ao desemprego. Anote na lousa elementos significativos des- sa discussão, separando em uma coluna as opiniões negativas e em outra as positivas. No caso das duas primeiras perguntas, que se re- ferem ao trabalho e ao emprego, os alunos poderão responder que a importância do traba- lho relaciona-se com a necessidadede garantir os meios de vida do trabalhador e de sua família, conforme aprenderam nas aulas anteriores. Sem trabalho as pessoas não sobrevivem, não têm casa para morar, alimentos, roupas, cal- çados, não podem estudar, não têm lazer. Mas suas respostas podem indicar, igualmente, uma ética do trabalho, invocando valores como ho- nestidade, dignidade, independência, autorrea- lização. Os alunos, contudo, poderão expressar a sua insatisfação com o trabalho, negando es- ses valores ao considerar o trabalho como uma carga imposta aos indivíduos e demonstrar me- nosprezo por aqueles que trabalham. Os alunos terão, possivelmente, uma com- preensão mais clara a respeito do desempre- go e sobre as consequências para a vida das pessoas se eles, ou seus familiares, já passaram pela experiência da exclusão ou tiveram dificul- dade de inserção no mercado de trabalho. No entanto, talvez não consigam explicar as cau- sas do desemprego, e você pode pedir a eles que 23
  • 25. tenham como referência a situação de pessoas desempregadas que conhecem, procurando entender por que estão nessa situação. Proponha que eles façam a Pesquisa em Grupo do Caderno do Aluno, como tarefa extra-aula, com o objeti- vo de encontrar explicações para o desemprego: Quais motivos as pessoas atribuem para o fato de estarem desempregadas? Organize os alunos em grupos de cinco e peça que cada grupo realize uma entrevista com uma pessoa que algum deles conheça e que esteja desempregada. Na entre- vista eles devem fazer as perguntas que foram colocadas no início desta etapa de sensibilização e devem anotar os seguintes dados do entrevis- tado: idade, sexo, profissão. Os resultados dessa pesquisa serão analisados no início da Etapa 2. Etapa 1 – Mercado de Trabalho: emprego e desemprego Inicie a discussão a respeito do mercado de trabalho dirigindo a atenção dos alunos para o gráfico, que também está no Caderno do Aluno, com a distribuição das pessoas que estão ocu- padas em algum tipo de atividade, segundo a posição que ocupam. Esse gráfico é parte de uma pesquisa sobre condições de vida. A Pesquisa de Condições de Vida foi apli- cada em amostra de cerca de 20 mil domicílios, representativa da população paulista residen- te em área urbana. Foram visitados cerca de 150 municípios do interior do Estado, além dos pertencentes às três regiões metropolitanas – São Paulo, Baixada Santista e Campinas –, com o intuito de oferecer um panorama da situação socioeconômica da população urba- na paulista. A pesquisa foi realizada entre junho e novembro de 2006, em domicílios localizados nas áreas urbanas, que concen- travam, naquele ano, 93,7% da população residente no Estado de São Paulo. (Pesquisa de Condições de Vida – Fundação Seade – Disponível em: <http://www.seade.gov.br/ produtos/pcv/pdfs/publicacao_completa_ pcv_2006.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013. Realizada no Estado de São Paulo). Gráfico 1 – Distribuição dos ocupados, segundo posição na ocupação Estado de São Paulo 2006 Empregadores 3% Empregados domésticos 10% Demais 4% Assalariados com carteira 43% Autônomos 19% Assalariados 64% Assalariados sem carteira 12% Assalariados do setor público 9% Fonte: Casa Civil; Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/pcv/pdfs/mercado_de_trabalho.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013. 24
  • 26. Sociologia - 2a série - Volume 3 Procure reproduzir na lousa o gráfico no formato de um queijo e as fatias recor- tadas. Os alunos também podem acompa- nhá-lo no Caderno do Aluno. Explique-lhes que cada uma delas representa a proporção de pessoas em cada uma dessas ocupações. Assinale que a maior parte, 64%, é de assa- lariados e peça que eles indiquem quais as outras ocupações que aparecem no gráfi- co e quais as respectivas porcentagens. Em seguida, chame a atenção para a coluna em azul. Ela se refere apenas aos 64% de assa- lariados, e especifica a proporção daqueles que têm carteira de trabalho assinada (43%), os que trabalham mas não têm o registro em carteira (12%) e o total de assalariados do setor público (9%). Pergunte aos alunos: Vocês consideram importante ter um emprego com carteira assinada? Quais as vantagens de um emprego desse tipo? Espere as respostas e destaque os direitos garantidos por essa for- ma de trabalho: 1. Acesso ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O FGTS é um valor depositado men- salmente na Caixa Econômica Federal, pelo empregador, em conta no nome do empregado, que tem por finalidade protegê-lo na hipótese de desemprego involuntário, ou seja, caso ele seja demi- tido da empresa ou adquira determinadas doenças. Ele também pode ser retirado pelo empregado no momento da compra de um imóvel; 2. Férias remuneradas; 3. 13º salário; 4. Em alguns casos, direito a seguro-desemprego; 5. Inscrição no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que garante o direito à aposentadoria. Lembre aos alunos que os assalariados sem carteira assinada não têm acesso a esses direitos. E, apesar de existir uma legislação que obriga o registro em carteira dos empre- gados domésticos e lhes garanta férias remu- neradas, 13º salário e inscrição no INSS, ainda é grande a proporção desses emprega- dos que não são registrados e, portanto, são privados desses direitos. Já o trabalhador autônomo deve se inscre- ver na Prefeitura, pagar alguns impostos e contribuir para o INSS, o que lhe garante a aposentadoria e recebimento de alguns bene- fícios na hipótese de doença que o impeça de realizar seu trabalho. Contudo, ele não tem direi- to a seguro-desemprego, ao FGTS, nem a férias remuneradas ou a 13º salário, por exemplo. Inicie a discussão sobre outro aspecto da vida dos trabalhadores, que diz respeito às pessoas que, ao contrário das anteriores, estão excluídas do mercado de trabalho. Solicite aos alunos que observem o gráfico com as taxas de desemprego e de participação, que se encontra também no Caderno do Aluno: 25
  • 27. Aglomerado Central-Norte RASJC RACampinas RASorocaba Aglomerado Noroeste ESP RARegistro RMS RMBS RMC Metropolitanas Demais Gráfico 2 – Taxas de desemprego e de participação Estado de São Paulo 2006 75,0 Taxa de Desemprego Taxa de participação 60,0 45,0 30,0 15,0 0,0 Regiões Regiões Fonte: Casa Civil; Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/pcv/pdfs/mercado_de_trabalho.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013. 26 Como não se trata de um gráfico de fácil entendimento, inicie a discussão esclarecendo, em primeiro lugar, o significado das siglas colo- cadas abaixo das colunas azuis e amarelas:  Regiões Metropolitanas: RMS – Região Metropolitana de São Paulo; RMBS – Região Metropolitana da Baixada Santista; RMC – Região Metropolitana de Campinas.  RA – Regiões Administrativas de Campinas, Registro, Sorocaba e São José dos Campos.  AglomeradosUrbanos: Central-Norte, forma- do pelas Regiões Administrativas Centrais de Bauru, Franca e Ribeirão Preto; e Noroeste, formado pelas Regiões Administrativas de Araçatuba, Barretos, Marília, Presidente Prudente e São José do Rio Preto. Além disso, esclareça o significado de Taxa de Participação: proporção de pessoas com 10 anos ou mais que estavam trabalhando ou pro- curando emprego; e o de Taxa de Desemprego: proporção de pessoas com 10 anos ou mais que não estavam trabalhando. 63,0 58,9 55,2 53,8 54,0 48,9 15,3 20,7 19,5 16,8 16,0 16,5 11,3
  • 28. Sociologia - 2a série - Volume 3 Em seguida, chame a atenção dos alunos para as duas primeiras colunas à esquerda; elas indicam as taxas globais de participa- ção (a amarela) e de desemprego (azul) para o Estado de São Paulo – 58,9% e 15,3%, res- pectivamente. Pergunte aos alunos: Qual é a região que apresenta a taxa mais alta de parti- cipação? Olhando o gráfico, eles deverão apon- tar a Região Metropolitana de São Paulo, com 63%, ou seja, em cada 100 pessoas, 63 esta- vam trabalhando ou procurando emprego. E qual a região com a menor taxa? É a região de Registro, com apenas 48,9%, ou seja, um pouco mais da metade da população não trabalhou ou procurou emprego no ano de 2006. Explique o significado disso: trata-se de uma região que oferece poucas oportunidades de trabalho e, como consequência, temos a alta taxa de pes- soas à margem do mercado de trabalho. Dirija o olhar dos alunos para as colunas azuis e pergunte: Quais as regiões que apresentam a taxa mais alta e a mais baixa de desemprego? A resposta dos alunos deve indicar, com as menores taxas, a região de Campinas, seja a metropolitana, seja a administrativa, e a do Aglomerado Central-Norte, com pouco mais de 11% de desempregados. É importante destacar para os alunos que essas são regiões com uma concentração significativa de indús- trias, como as do setor metalúrgico em Campinas e região e a de calçados em Franca. As regiões administrativas de Registro e de São José dos Campos mostram as maiores taxas de desem- prego: 20,7% e 19,5%, respectivamente. Con- firma-se, portanto, que a região de Registro é a que apresenta as piores condições em termos do mercado de trabalho. Há ainda no gráfico um dado que merece destaque: apesar de a Região Metropolitana de São Paulo ter uma alta taxa de pessoas com participação no mercado de trabalho, ela também mostra uma alta porcen- tagem de desempregados, 16,8%. Peça a um dos alunos para ler o trecho a seguir: “O desemprego afeta com intensidade diferenciada os diversos segmentos populacionais. De modo geral, seu patamar é mais elevado entre crianças e adolescentes de 10 a 17 anos (43,9%) e jovens de 18 a 24 anos (24,9%). Coerentemente com essa condição, as maiores taxas também se observam entre os que não concluíram o Ensino Médio (20,5%) e os que ocupavam a posição de filhos no domicílio (24,3%). Tal quadro não apresenta diferenciações regionais relevantes”. Pesquisa de Condições de Vida – Mercado de Trabalho, 2006. p. 12. Fundação Seade. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/pcv/pdfs/publicacao_completa_pcv_2006.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013. Esse texto introduz uma nova questão: a de que o desemprego atinge muito mais os jovens do que os adultos. O objetivo dessa discussão é permitir que os alunos possam refletir a respeito da condição do jovem trabalhador, com base no princípio do estranhamento. Mostre que, entre os jovens de 18 a 24 anos, a taxa de desempre- go é maior do que a taxa mais alta encontrada em Registro, e que entre as crianças e adolescen- tes é mais do que o dobro. No texto há ainda outro aspecto que merece destaque: o desem- prego é mais alto entre aqueles que não concluí- ram o Ensino Médio, ou seja, podemos apontar uma conclusão importante: o desemprego atin- ge diferentemente as pessoas, conforme a idade e o nível de escolaridade. Para aprofundar mais essa discussão, utilize o texto a seguir. Você pode realizar uma leitura individual, compartilhada ou comentada. 27
  • 29. Ipea: jovens são 46,6% de desempregados no País Carolina Ruhman – Agência Estado. “SÃO PAULO – Cerca da metade do total de desempregados no Brasil tem entre 15 e 24 anos, segundo pesquisa divulgada hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. De acordo com o estudo, a proporção entre o número de jovens desempregados e o total de pessoas sem emprego no País era de 46,6% em 2005, a maior taxa entre os dez países pesquisados. No mesmo período, no México, essa proporção era de 40,4%; na Argentina, de 39,6%; no Reino Unido, de 38,6%; e, nos Estados Unidos, de 33,2%. Segundo o Ipea, o problema do desemprego tende a ser mais acentuado entre os jovens do que no restante da população em todo o mundo, e o crescimento do desemprego entre os jovens reflete a expansão geral do problema em todas as faixas etárias. Entretanto, o instituto avalia que não há tendência de aproximação entre as taxas de desemprego de jovens e adultos. “Ao contrário, a taxa de desemprego dos jovens cresce proporcionalmente mais”, destaca o documento. O desemprego entre os jovens brasileiros de 15 a 24 anos é 3,5 vezes maior que entre os adultos com mais de 24 anos. O índice vem aumentando, uma vez que em 1995 era de 2,9 vezes e em 1990, 2,8. A pesquisa mostra que, em 2006, a taxa de desemprego era de 5% entre os adultos de 30 a 59 anos, de 22,6% entre os jovens de 15 a 17 anos, de 16,7% entre 18 e 24 anos, e de 9,5% entre 25 e 29 anos. O Ipea atribui esse fenômeno à maior rotatividade entre os trabalhadores jovens do que entre os adultos, o que implica uma taxa de desemprego maior. O instituto ressalta que parte dessa rotativi- dade não é necessariamente problemática, já que está mais relacionada às decisões do jovem e ao pro- cesso de “experimentação’’ em várias ocupações. Entretanto, esta questão também é explicada pelo lado da demanda, uma vez que os postos de trabalho ocupados por pessoas de baixa qualificação e experiência são, em geral, os piores em termos de remuneração e condições de trabalho, além de terem os menores custos de demissão e contrata- ção. Nesse contexto, os jovens encontram disponíveis apenas ocupações precárias e de curta duração, destaca o Ipea. Escolaridade A pesquisa chama atenção também para a defasagem escolar. De acordo com o estudo, cerca de 34% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estão no Ensino Fundamental, enquanto apenas 12,7% dos jovens de 18 e 24 anos frequentam o Ensino Superior. “Em suma, com o aumento da idade diminui a frequência de jovens à educação escolar”, aponta o estudo. Por outro lado, a proporção de jovens fora da escola é crescente, conforme a faixa etária: 17% entre os com idade de 15 a 17 anos; 66% entre 18 e 24 anos e 83% entre 25 e 29 anos, sendo que mui- tos deles não chegaram a completar o Ensino Fundamental. Outro ponto destacado pelo estudo é o grau de analfabetismo no Brasil. A taxa de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever um bilhete simples ainda se mantinha acima de 10% em 2006. “É uma taxa bastante elevada, sobretudo quando comparada às de outros países do pró- prio continente sul-americano, como Uruguai, Argentina e Chile, cujas taxas variam entre 2% e 4%”, aponta o documento. De acordo com o estudo, o analfabetismo entre jovens de 15 a 24 anos tornou-se um “problema residual” nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País, onde as taxas giram em torno de 1%. Já no Nordeste, o problema é maior, já que a região ainda registra taxa de 5,3% de analfabetismo para os jovens entre 15 e 24 anos e de 11,6% para a faixa etária de 25 a 29 anos. Representatividade 28
  • 30. Sociologia - 2a série - Volume 3 Representatividade De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia em 2006 no País 51,1 milhões de pessoas com idade entre 15 e 29 anos, o que correspondia a 27,4% da popula- ção total. O número é 48,5% maior do que o de 1980, quando havia no País 34,4 milhões de jovens”. O Estado de S. Paulo, 20 maio de 2008. Disponível em <http://www.estadao.com.br/economia/not_eco175595,0.htm>. Acesso em: 21 mar. 2013. Comece a discussão perguntando aos alu- nos o que entenderam do texto e peça para que escrevam no caderno o dado que mais chamou a atenção de cada um. Não há resposta correta para isso. É só uma forma de verificar o que chama a atenção dos jovens. Verifique as res- postas, pois isso pode ser uma maneira de começar a discussão do texto. A nossa sugestão é que você comece a dis- cussão pela constatação do problema: muito mais jovens estão desempregados do que adul- tos. No Brasil eles representam quase metade do total de desempregados (46,6%). Além disso, não é apenas um problema do Brasil. Provavelmente, surpreenderam-se com o fato de que o desemprego entre os jovens não é apenas maior do que entre os adultos, mas equivale a várias vezes o desemprego entre os adultos com mais de 24 anos. Caso não tenham percebido isso, é importante destacar essa informação. Você pode questioná-los por meio do rotei- ro que orienta a condução das questões do Caderno do Aluno. Será que esse é um problema que se refe- re só ao ano de 2005? Ou é um problema que sistematicamente tem aparecido em pesquisas que medem a taxa de desempregados? Esse não é um problema só do ano de 2005. Podemos observar pelos dados que o índice de desempregados entre os jovens só subiu: em 1990 (há quase 20 anos) o desempre- go entre os jovens era 2,8 vezes maior do que o desemprego entre os adultos e ao longo dos anos a situação só piorou. Em 1995, a taxa de desemprego entre os jovens já era 2,9 vezes maior do que a de adul- tos e em 2000 era três vezes maior, até que em 2005 passou a ser 3,5 vezes maior. Ou seja, com o passar do tempo o problema só aumentou. A alta porcentagem de jovens desempregados em comparação com a de adultos é um problema que acontece só no Brasil? Peça a eles que expli- quem isso na questão do Caderno do Aluno e que justifiquem essa resposta. As respostas dos alunos vão mostrar se fo- ram capazes de verificar que a pesquisa englo- bava dez países, mas apenas os dados de alguns deles foram mostrados. O nosso país é o que apresenta a proporção mais alta de jovens desempregados com relação ao total de pessoas sem emprego (46,6%) em 2005, porém, nos de- mais países, a situação não é muito melhor, ou seja, o problema não ocorre só no Brasil. Outra evidência apontada no artigo é a de que, além de o desemprego entre os jovens ser maior do que entre adultos, as taxas de desem- prego dessa parte da população aumentam de forma muito mais rápida do que nas demais faixas de idade. Para exemplificar como a por- centagem de jovens desempregados é gran- de, você pode fazer um quadro na lousa que apresente as diferenças na taxa de desemprego para 2006 e pedir aos jovens que anotem isso no quadro do Caderno deles. 29
  • 31. 30 Peça-lhes que evidenciem quais os fatores apontados pelo Ipea para explicar a maior taxa de desempregados entre os jovens: a) em primeiro lugar, o Ipea aponta a questão da rotatividade entre os jovens, ou seja, eles tenderiam a mudar mais de emprego, pois estariam “experimentando” ocupações; ou seja, eles não sabem ainda o que querem e mudam mais facilmente de emprego do que a população mais velha; b) em segundo lugar, o Ipea aponta a baixa qualificação do jovem e o tipo de pos- to que ocupa. Como o jovem possui, de uma maneira geral, baixa qualificação e pouca experiência, ele ocupa aqueles postos que são, em geral, os piores em termos de remuneração e condições de trabalho, além de terem os menores cus- tos de demissão e contratação. Como a qualificação exigida para o posto é baixa, ele é mal remunerado, e assim é mais fácil, do ponto de vista econômico, a contratação ou demissão. Por isso, eles conseguem ocupações mais precárias e de curta duração; c) o terceiro ponto está relacionado à ques- tão da escolaridade: ao tratar essa questão, logo após a afirmação de que os jovens têm uma baixa qualificação, o artigo indireta- mente relaciona a questão do desemprego à escolaridade. Afinal, a grande defasagem escolar diminui a chance de os jovens con- seguirem empregos melhores e mais bem remunerados, pois não possuem qualifica- ção para tanto. Você pode pedir aos alunos que comen- tem em algumas linhas os fatores apontados pelo Ipea, tendo em vista a própria experiên- cia ou de seus amigos e jovens conhecidos. A pesquisa chama a atenção também para a defasagem escolar. De acordo com o estudo, cerca de 34% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estão no Ensino Fundamental, enquanto apenas 12,7% dos jovens de 18 e 24 anos frequentam o Ensino Superior. Outro ponto importante é a crescente proporção de jovens fora da escola, confor- me a faixa etária: 17% entre os com idade de 15 a 17 anos; 66% entre 18 e 24 anos; e 83% entre 25 e 29 anos, sendo que muitos deles não chegaram a completar o Ensino Fundamental. Além disso, o artigo também aponta a elevada taxa de analfabetismo no País, representada pela dificuldade entre as pessoas maiores de 15 anos de escrever ou ler um bilhete simples. Para encerrar essa discussão, peça para que observem o Gráfico 3 no Caderno do Aluno, com as taxas recentes de desempre- go, segundo os dois tipos: desemprego aberto (pessoas que procuraram trabalho de ma- neira efetiva nos 30 dias anteriores ao da en- trevista e não exerceram nenhum trabalho nos sete últimos dias) e desemprego oculto (oculto pelo desalento: pessoas que não pos- suem trabalho nem procuraram nos últimos 30 dias anteriores ao da entrevista, por de- sestímulo do mercado de trabalho ou por circunstâncias fortuitas, mas apresenta- ram procura efetiva de trabalho nos últimos Faixa Etária 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 59 anos Taxa de Desemprego 22,6% 16,7% 9,5% 5,0%
  • 32. Sociologia - 2a série - Volume 3 12 meses; ou oculto pelo trabalho precário: pessoas que realizam trabalhos precários – algum trabalho remunerado ocasional de auto-ocupação (“bicos”) – ou pessoas que realizam trabalho não remunerado em ajuda a negócios de parentes e que procura- ram mudar de trabalho nos 30 dias anteriores ao da entrevista, ou que, não tendo procu- rado nesse período, fizeram-no sem êxito até 12 meses antes). Gráfico 3 – Taxas de desemprego, por tipo Região Metropolitana de São Paulo 2008-2009 Aberto/2009 Oculto/2009 Em % 13,6 13,6 14,3 14,2 14,1 13,9 14,1 14,0 13,5 4,1 12,5 12,3 11,8 3,3 3,7 9,2 9,8 10,8 Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese e MTE/FAT. Dieese – Pesquisa de Emprego e Desemprego – Região Metropolitana de São Paulo – Divulgação nº 292, março 2009. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/analiseped/anualSAO.html>. Acesso em: 21 mar. 2013. Verifique se os alunos conseguem compre- ender o que o gráfico expressa. Em primeiro lugar, eles precisam entender as taxas totais de desemprego do ano de 2008, na Região Metropolitana de São Paulo3, que aparecem na linha contínua na parte superior do gráfico. 3 A Região Metropolitana de São Paulo reúne 39 municípios do Estado de São Paulo, vizinhos da capital paulista. A Região é dividida em seis regiões ou microrregiões: Capital, Grande ABC, Alto Tietê, Osasco, Itapecerica e Franco da Rocha. 31
  • 33. Ali vemos que, de janeiro a dezembro de 2008, a taxa de desemprego total se manteve em torno de 14% até agosto, apresentando em seguida uma queda para 11,8% em dezembro. Nos úl- timos quatro meses do ano, portanto, houve uma recuperação do mercado de traba- lho, com o aumento da oferta de emprego e redução do desemprego. Chame a atenção dos alunos para as três colunas que indicam as taxas de desemprego nos três primeiros meses de 2009: em janeiro e fevereiro houve um ligeiro acréscimo do desemprego (12,5% e 13,5%, respectivamente), quando comparado a dezembro, mas ainda se mantendo abaixo das taxas registradas nos mesmos meses em 2008. No mês de março, contudo, o desempre- go volta a aumentar, com a maior taxa desde janeiro de 2008: 14,9%. Propostas de Questões para Avaliação 1. Os alunos deverão escrever um texto dis- sertativo comparando os dados dos três gráficos apresentados, analisando as taxas de pessoal ocupado, de desempregados no ano de 2006 e as taxas de desemprego nos anos de 2008 e 2009. Ressalte que, ape- sar de as bases dos dados serem diferentes, isto é, os dados serem obtidos a partir de pesquisas diferentes, é possível perceber o movimento do emprego e do desemprego no mercado de trabalho. 2. Peça aos alunos que leiam o trecho a seguir e escrevam um texto com comentários sobre o significado desse diálogo entre três jovens. “Jovem 2: ‘Escuta bem, muita gente aí vira marginal por causa desse motivo. Tem uma família, os filhos tão passando fome, atordoado, ele mete a mão na máquina e vai’. Jovem 1: ‘Eu acho que a mãe tem que ensinar os filhos como a minha mãe me ensinou. Minha mãe nunca me ensinou a roubar. Eu não roubo. Não vou dizer que nunca passei necessidade, já pas- sei necessidade, mas nunca cheguei a isso de meter a mão’. Jovem 4: ‘Todos os pobres têm um momento na sua vida que aperta de lá, aperta de cá, mas se tiver cabeça fresca, vai em frente... Teve dia lá em casa de ter angu e dar pras crianças: ‘Ah, eu não como angu’. ‘Que tu não come angu’. E na hora batia aquele prato de angu. Não é não, compadre. Meu pai desempregado, minha mãe desempregada. Agora, minha mãe trabalha em três serviços, meu pai trabalha de segunda a segunda, pode-se dizer. Meu irmão trabalha em obra, não tenho vergo- nha de dizer, não. Mais vale ele lá na obra que tá de revólver na mão, ganhando parte dos outros, do pobre coitado’[...]”. ZALUAR, Alba. A máquina e a revolta. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 121. 32 Etapa 2 – Transformações no mundo do trabalho Inicie esta etapa propondo aos alunos as seguintes questões: Diante dos dados apre- sentados nas aulas anteriores como é possível explicar por que tanta gente está desempregada? Quais seriam as causas do desemprego? Espere a reação da classe e anote na lousa as respostas. Retome a pesquisa sobre desem- prego solicitada no início desta Situação de Aprendizagem. Peça a cada grupo que exponha as respostas que obteve. Analise com os alu- nos esse material, separando os entrevistados
  • 34. Sociologia - 2a série - Volume 3 segundo a faixa etária (10 a 17 anos; 18 a 24 anos; 25 a 29 anos; 30 a 39 anos; 40 a 49 anos; 50 a 59 anos; 60 anos ou mais) e o sexo. Procure verificar com eles se existem dife- renças ou semelhanças entre as respostas, de acordo com as características de idade e de sexo. Explore ao máximo os resultados dessa pequena pesquisa, especialmente as respos- tas dadas pelos entrevistados à pergunta: Por que as pessoas ficam desempregadas? Apesar de marcadas pelas experiências individuais, essas explicações podem indicar algumas causas do desemprego, como a falta de qualificação, a baixa escolaridade, a falta de sorte ou de oportunidades, mas pode ser que se refiram também às transforma- ções do mundo do trabalho, ou seja, à redu- ção do número de empregos em decorrência dos processos de automação, à concorrência entre as empresas pelo aumento da produti- vidade, às mudanças nos processos de traba- lho etc. Para tornar essa discussão mais próxima dos alunos, solicite que um deles leia o texto a seguir, que aborda a relação entre o jovem e o desemprego. Você pode realizar uma leitura individual, compartilhada ou comentada. “Ao lado do término da escolaridade formal e da constituição de uma nova família, o ingresso no mercado de trabalho constituía-se tradicionalmente como um marco importante da transição dos jovens para a vida adulta. E para boa parte dos jovens dos chamados países desenvolvidos esse ingresso ocorria apenas após o término da educação formal. No Brasil, esta realidade nunca foi predominante para a maioria dos jovens, sendo mais evidentes o início da vida ativa antes mesmo da conclusão da escolaridade e a combinação entre trabalho e estudo. Mas, tanto nos países desenvolvidos quanto aqui, muitos estudos passaram a reco- nhecer a diversificação e complexidade dos caminhos das jovens gerações em direção à vida adulta. Nesse processo, as transformações na instituição escolar e no mundo do trabalho têm um lugar importante, parecendo significativo aprofundar a observação dos percursos juvenis nas duas esferas. Primeiramente, considerando o mundo do trabalho, ainda se encontra em curso um intenso processo de crise e transformação que, há pelo menos mais de 30 anos, vem atingindo de modo diferenciado as mais diversas regiões, setores e perfis dos trabalhadores. A partir dos anos 1970, nos países desenvolvidos, e do final dos anos 1980, no Brasil, os mer- cados de trabalho tornaram-se cada vez mais heterogêneos e fragmentados, observando-se um grupo de trabalhadores com alta qualificação, atividades em período integral e direitos trabalhistas assegurados convivendo ao lado de uma grande massa de trabalhadores pouco qualificados, ocupando postos de trabalho precários, mal remunerados, muitas vezes sem quaisquer direi- tos trabalhistas, e junto ainda a um número cada vez maior de desempregados. Sendo assim, as transformações no mundo do trabalho e o aumento dos ganhos de produtividade não signifi- cam aumento do nível de emprego, tornando o desemprego um problema estrutural no cenário global. O período mais recente mostra um contexto de maior crescimento da atividade econô- mica e das oportunidades de empregos e ocupações que, embora ainda insuficientes, podem ser indicativos de relevantes mudanças socioeconômicas em curso”. CORROCHANO, Maria Carla...[et al]. Jovens e trabalho no Brasil – desigualdades e desafios para as políticas públicas. São Paulo: Ação Educativa, Instituto ibi, 2008. p. 9. 33
  • 35. ©CharlesO'Rear/Corbis-Latinstock 34 Verifique as palavras do texto que os alunos não entenderam. Sugira que releiam-no em casa, procurando no dicionário as demais pala- vras. Peça-lhes que destaquem as partes que consideram mais importantes e expliquem o seu significado. O texto traz dois conjun- tos de questões que você pode discutir com os alunos:  Em primeiro lugar, a referência à passagem da juventude à idade adulta, que tem como marcos a conclusão do Ensino Médio ou Superior, o ingresso no mercado de traba- lho e a constituição de uma nova família. No caso do Brasil, essa passagem nun- ca ocorreu de forma tão linear, mas, sim, com constantes rupturas, seja com rela- ção à frequência à escola, seja ao ingres- so e permanência no mercado de trabalho. Os jovens, na maioria das vezes, conciliam escola e trabalho ou abandonam a esco- la para dedicar-se ao trabalho. Esse qua- dro tem se tornado mais complexo com as mudanças no mundo do trabalho;  Essas mudanças, que no Brasil se inicia- ram a partir dos anos 1980, provocaram alterações no mercado de trabalho, diver- sificando-o e colocando novas exigências para os trabalhadores. Até pouco tempo, acreditava-se que o progresso técnico leva- ria ao progresso social. Entretanto, estu- dos realizados demonstram que a riqueza de alguns países capitalistas não para de aumentar, mas, ao mesmo tempo, aumen- tam as taxas de desemprego e o número de excluídos do mercado de trabalho. O crescimento econômico ocorre, portan- to, acompanhado pela redução dos postos de trabalho, ou seja, ele não leva ao pleno emprego (situação na qual praticamente todos os que querem trabalhar conseguem arranjar emprego). As transformações no mundo do trabalho tiveram consequências para o exercício do trabalho, exigindo do trabalhador ajuste às novas condições. Se, por um lado, exigem-se novas quali- ficações e maior escolaridade, por outro são criadas formas degradadas ou precá- rias de trabalho. Logo, as transformações no mundo do trabalho são extremamente contraditórias. De um lado qualificam-se alguns ramos de atividade e, de outro, ocorre uma desqualificação de certos seto- res ou a sua precarização. Os estudos têm revelado que essas trans- formações resultam especialmente da automa- ção ou introdução de inovações tecnológicas. Pergunte aos alunos se eles podem exem- plificar com alguma inovação tecnológica. Provavelmente eles vão destacar celulares, mp3, ipods, computadores, robôs. Ressalte que essas máquinas modernas, que revolucionaram os modos de se comunicar, relacionar e trabalhar, facilitam, por um lado, a vida das pessoas, e, por outro, quando aplicadas ao processo de traba- lho, implicam a utilização cada vez menor de mão de obra para obter cada vez mais bens e serviços. Esse é o significado de “ganhos de pro- dutividade” que aparece no texto apresentado: hoje é possível produzir mais riqueza com um número menor de trabalhadores. Figura 4 – Braços robóticos trabalhando em linha de mon- tagem de automóveis automatizada
  • 36. ©Bettmann/Corbis-Latinstock ©CarCulture/Corbis-Latinstock ©LibraryofCongress/SPL/Latisntock Sociologia - 2a série - Volume 3 Chame a atenção para a imagem e desta- que que a grande indústria moderna é o ápi- ce do processo de substituição do homem pela máquina discutido por Marx. Durante o pro- cesso de desenvolvimento da indústria, houve o esforço de introduzir mudanças no processo Figura 5 – Frederick W. Taylor. 1856-1915 Taylorismo: por taylorismo entendemos de produção e na organização do trabalho com o objetivo de aumentar a produtividade do tra- balho, ou seja, fazer com que o trabalhador produzisse mais em tempo menor. Apresente aos alunos o sistema fordista-taylorista que predominou em grande parte do século XX. Figura 6 – Henry Ford. 1863-1947 Fordismo: o fordismo tem como principal elemento a introdução, por Henry Ford, em 1913, da linha de montagem com esteira na produção de automóveis. No entanto, mais do que inovação tecnológica, o fordismo se carac- teriza por ser um sistema com uma ampla divi- são do trabalho, produção em massa de bens padronizados, sindicatos relativamente fortes e aumentos reais de salários. as modificações introduzidas por Frederick W. Taylor, no final do século XIX, no modo de produzir, sustentadas essencialmente por um estudo de tempos e movimentos. O ob- jetivo era controlar e determinar os métodos de trabalho, selecionando os trabalhadores e as ferramentas mais adequadas para o tra- balho a ser realizado. Figura 7 – Ford modelo T. 1915 35