SlideShare uma empresa Scribd logo
Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no...
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7169
ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PESSOA EM SITUAÇÃO
DE RUA
SYSTEMATIZATION OF NURSING CARE TO HOMELESS
SISTEMATIZACIÓN DE LA ASISTENCIA DE ENFERMERÍA A LA PERSONA DE LA CALLE
Gracimary Alves Teixeira1
, Jovanka Bittencourt Leite Carvalho2
, Ana Luzia Medeiros Araújo da Silva3
, Suênia
Bezerra dos Santos4
, Thais Rosental Gabriel Lopes5
RESUMO
Objetivo: relatar a vivência com a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) ao paciente em
situação de rua. Método: estudo exploratório e descritivo, tipo relato de experiência, desenvolvido a partir
de vivências de acadêmicos do 4º semestre de Enfermagem, 2014.1, em uma Unidade Básica de Saúde da
Família localizada no município de Santa Cruz, Estado do Rio Grande do Norte, durante as aulas práticas do
componente curricular de Semiologia e Semiotécnica da Enfermagem, da Faculdade de Ciências da Saúde do
Trairí/Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Resultados: na assistência ao paciente em estudo,
adotou-se a organização do processo de enfermagem, desenvolvendo-se as etapas do histórico de
enfermagem, diagnósticos de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação. Considerações finais:
percebeu-se que a assistência integral à saúde ao paciente estava sendo negligenciada. A SAE potencializou o
atendimento técnico-científico da Enfermagem para minimizar os danos e restabelecer a saúde do indivíduo.
Descritores: Moradores de Rua; Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias; Cuidados de Enfermagem;
Saúde Mental.
ABSTRACT
Objective: to report the experience with the Systematization of Nursing Care (SAE) to the homeless patient.
Method: exploratory and descriptive study, experience report type, developed from students´ experiences of
the 4th
semester of Nursing, 2014.1, in a Family Basic Health Unit, located in Santa Cruz, State of Rio Grande
do Norte, during the practical lessons of Semiology and Semiotics of Nursing, from the Health Sciences
College, Trairí/Federal University of Rio Grande do Norte. Results: the organization of the nursing process,
developing the steps of the nursing history, nursing diagnosis, planning, implementation and evaluation were
adopted in care of the patient of this study. Final thoughts: it was realized that the integral health care was
being neglected. The SAE has enhanced technical and scientific assistance of Nursing to minimize the damage
and restore the health of the individual. Descriptors: Homeless; Disorders Related to Substance Use; Nursing
care; Mental Health.
RESUMEN
Objetivo: relatar la experiencia con la Sistematización de la Asistencia de Enfermería (SAE) al paciente sin
hogar. Método: estudio exploratorio y descriptivo, tipo relato de experiencia, desarrollado a partir de
experiencias de los estudiantes del 4º semestre de Enfermería, 2014.1, en Unidad Básica de Salud de la
Familia, ubicada en el municipio de Santa Cruz, Estado de Rio Grande do Norte, durante las clases prácticas
del componente curricular de Semiología y Semiotecnia de Enfermería, de la Facultad de Ciencias de la Salud
de Trairí/Universidad Federal de Rio Grande do Norte. Resultados: en la asistencia al paciente en estudio se
adoptó la organización del proceso de enfermería, desarrollándose las etapas del histórico de enfermería,
diagnósticos de enfermería, planeamiento, implementación y evaluación. Consideraciones finales: se notó
que la asistencia integral a la salud tenía negligencias. SAE potencializó la atención técnico-científico de
Enfermería para minimizar los daños y restablecer la salud del individuo. Descriptores: Personas sin hogar;
Trastornos Relacionados al Uso de Sustancias; Cuidados de Enfermería; Salud Mental.
1
Enfermeira, Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/PPGENF/UFRN.
Natal (RN), Brasil. E-mail: gracimaryalves@yahoo.com.br; 2
Enfermeira, Professora Doutora em Ciências da Saúde, Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem / Escola Técnica de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/PPGENF/UFRN. Natal (RN),
Brasil. Email: jovanka@enfermagem.ufrn.br; 3
Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Professora Substituta, Universidade Estadual da
Paraíba/UEPB. Campina Grande (PB), Brasil. Email: analuzia_medeiros@hotmail.com; 4
Acadêmica, Enfermagem, Faculdade de Ciências da
Saúde Trairí/Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Santa Cruz (RN), Brasil. Email: suenia_muller@hotmail.com;
5
Enfermeira, Professora Especialista em Enfermagem Oncológica, Faculdade Maurício de Nassau/UNINASSAU. Natal (RN), Brasil. Email:
thaisrg12@hotmail.com
ARTIGO RELATO DE EXPERIÊNCIA
Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no...
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7170
ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520
A população de rua vive em permanente
situação de vulnerabilidade por não ter
documentos e certidões de identificação, os
quais são indispensáveis à cidadania, não
possui casa, dinheiro ou emprego fixo,
entrega-se muitas vezes à embriaguez e
outras drogas, mendicância, exposição à
criminalidade, violências, dificuldades de
acesso à educação e de cuidados de saúde.1
Essa situação vai de encontro aos fatores
determinantes e condicionantes da saúde
garantidos no art.3º da Lei 8080/90, como
também aos princípios e diretrizes do Sistema
Único de Saúde (SUS), art.7º: da
universalidade, integralidade e equidade da
assistência.2
Diante disso, o Ministério da Saúde com o
objetivo de oportunizar e ampliar o acesso às
pessoas em situação de rua lançou as equipes
de consultórios de rua que, conforme o plano
nacional de atenção básica, são equipes de
atenção básica com responsabilidades
exclusivas de articular e prestar atenção
integral à saúde das pessoas em situação de
rua em parceria com as demais equipes dos
Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF),
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), da
Rede de Urgência e Emergência e dos serviços
e instituições componentes do Sistema Único
de Assistência Social, entre outras instituições
públicas e da sociedade civil.3
Outrossim,
a enfermagem é uma das profissões que está
em contato direto na assistência à saúde
dessa clientela, sobre a qual na Resolução do
COFEN nº 358/2009 está disposto a respeito da
Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE) e da implementação do Processo de
Enfermagem um método que direciona e
organiza o trabalho da categoria a tomar
decisões, predizer e avaliar o cuidado,
atendendo às necessidades do cliente de
forma global e eficaz.4
A atuação do enfermeiro generalista diante
da problemática do cuidar no âmbito do
alcoolismo e outras drogas deve ser construída
desde a formação acadêmica, de forma a
preencher lacunas a cerca das atitudes
negativas frente a essa clientela.5
Dada à importância de se executar o
cuidado através da implementação da SAE,
com atendimento voltado para as relações
humanas, necessidades básicas e humanização
do contato do enfermeiro no atendimento à
clientela, o estudo objetiva relatar a vivência
com a SAE ao paciente em situação de rua.
Estudo exploratório e descritivo, ancorado
no relato de experiência, desenvolvido a
partir de vivências de acadêmicos do 4º
semestre de enfermagem, em uma Unidade
Básica de Saúde da Família (UBSF) localizada
no município de Santa Cruz, Estado do Rio
Grande do Norte, durante as aulas práticas do
componente curricular de Semiologia e
Semiotécnica da Enfermagem, referente ao
semestre letivo 2014.1, na Faculdade de
Ciências da Saúde do Trairí/Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
A SAE à pessoa de rua foi planejada e
executada, no decorrer das aulas de campo do
componente curricular supracitado, em busca
de entender a prática no processo do cuidado
e as necessidades individuais do cliente,
seguindo as cinco etapas: histórico de
enfermagem, diagnósticos de enfermagem,
planejamento, implementação e avaliação de
forma inter-relacionadas, interdependentes e
recorrentes desse processo de enfermagem.
Esse estudo adotou a organização do
processo de enfermagem, a qual está pautada
nas cinco etapas conforme a North American
Nursing Diagnosis Association (NANDA). No
Histórico de Enfermagem (ou Coletas de
Dados), realiza-se anamnese e exame físico e,
posteriormente, os Diagnósticos de
Enfermagem que consistem no julgamento
clínico do agrupamento dos dados coletados
sobre as reações humanas e experiência de
vida, com vista a decidir o foco do
atendimento de enfermagem. Por seguinte, o
Planejamento determina os resultados
esperados, ações e intervenções de
enfermagem a serem desenvolvidas na fase de
Implementação e, na Avaliação, verifica-se a
ocorrência de transformações e se há
necessidade de adaptações ou reorganização
nas etapas do processo de enfermagem para
restabelecer a saúde da pessoa em situação
de rua.6
 Histórico de Enfermagem
Para elaboração do histórico de
enfermagem, foi realizada uma entrevista
com um indivíduo 41 anos, sexo masculino,
cor negra, solteiro, brasileiro. Não soube
especificar a religião, possuía trabalho
informal, morador de rua no município de
Santa Cruz-RN. Compareceu a UBSF para
retirada de pontos em região temporal
direita, decorrente da segunda tentativa de
suicídio, nesta vez, havia pulado de uma
ponte. Nesse momento, mostrou-se irritado e
revoltado até mesmo com Deus, culpando-o
RESULTADOS E DISCUSSÃO
MÉTODOINTRODUÇÃO
Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no...
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7171
ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520
por todo o seu sofrimento. Ao se investigar os
antecedentes patológicos, não soube
especificar e referiu nunca ter submetido a
consultas de rotina ou ambulatoriais, apenas
em serviços de urgência quando se
acidentava. Não possuía referência familiar e
os pais são falecidos (SIC). Informou possuir
hábitos de tabagismo e etilismo há 27 anos.
No momento do exame físico, encontrava-se
em repouso no leito, consciente, orientado no
tempo e no espaço, colaborativo,
comunicativo. Ao exame céfalo-caudal,
observou-se pele e anexos com presença de
manchas hipocrômicas e sujidades em toda
extensão corporal, não lembrava a data do
último banho (SIC). Couro cabeludo sem
pediculose, com seborreia, presença de
quatro cicatrizes em couro cabeludo e uma
ferida no local da retirada dos três pontos em
processo de cicatrização, sem presença sinais
flogísticos. Face expressiva, olhos simétricos,
globos oculares sem alterações, com mucosas
hipocoradas (+/4+) e acuidade visual sem
prejuízos. Pavilhão auditivo externo com
presença de sujidade com acuidade auditiva
preservada. Cavidade oral com adontia parcial
e presença de cáries. Região cervical com
linfonodos não palpáveis. Tórax simétrico e
expansivo, murmúrios vesiculares
preservados, referindo dor em região do tórax
posterior direito. A ausculta com presença de
bulhas normofonéticas em dois tempos.
Membros Superiores com boa mobilidade,
porém, referiu dor na região clavicular
direita. Na avaliação abdominal, observou-se
abdômen plano, ruídos hidroaéreos hipoativos;
na palpação, presença de
hepatoesplenomegalia, com queixa de dor
superficial e profunda; eliminações vesicais e
intestinais espontâneas presentes (SIC).
Referiu ingesta hídrica e alimentar
insatisfatória. Durante a avaliação dos
membros inferiores, percebeu-se presença de
edema e rubor em região pedial.
Deambulação preservada. Mensurado sinais
vitais: pressão arterial (120x80mmHg),
temperatura (36,5ºC), frequência respiratória
(20 irpm), frequência cardíaca (80bpm).
 Diagnósticos de Enfermagem
O diagnóstico de enfermagem permite a
escolha das intervenções da categoria para
que se alcancem os resultados de
responsabilidade do enfermeiro, baseando a
assistência de enfermagem nos mais diversos
problemas que envolvem o processo saúde-
doença.
A partir do histórico de enfermagem do
indivíduo em estudo, realizou-se a avaliação
holística deste, bem como a interpretação de
informações escutadas e observadas,
direcionando para o levantamento das
necessidades humanas básicas e problemas de
saúde. Assim, o objetivo é programar o
processo de enfermagem no cuidado de
enfermagem ao cliente com
hepatoesplenomegalia associado ao tabagismo
e etilismo. Destarte, foram identificados os
principais diagnósticos de enfermagem
baseados na NANDA e apresentados na tabela
a seguir.
 Planejamento de Enfermagem
Nessa terceira etapa da SAE, foram
realizadas discussões sobre os diagnósticos de
enfermagem entre os discentes e docente e,
posteriormente, elaborado um plano de
cuidados para cada diagnóstico de
enfermagem, composto por prescrições de
enfermagem e determinação dos resultados
esperados apresentados a seguir.
Foram identificados 26 diagnósticos de
enfermagem referentes ao relato de
experiência. No entanto, foram elencadas as
seguintes prioridades:
Plano de cuidados de enfermagem
*NANDA **NOC ***NIC
1. Comportamento de
saúde propenso a risco
relacionado ao excesso de
álcool, tabagismo, baixa
condição econômica, apoio
social inadequado evidenciado
por não conseguir agir de
forma a prevenir problemas de
saúde;
Comportamento de
Adesão
 Estabelecimento de metas mútuas;
o Modificação do comportamento;
o Aconselhamento e acompanhamento por
parte da UBSF e profissionais que estabeleceram o
primeiro contato;
o Orientação quanto ao sistema de saúde;
o Engajamento em grupos de apoio (AA ou
outros espaços de convivência) ;
o Proteção de direitos do paciente/usuário.
Comportamento de
busca da saúde
 Educação em Saúde;
o Assistência na automodificação;
o Prevenção do uso de drogas.
Adaptação psicossocial:
mudança de vida
 Melhora do Enfrentamento;
o Melhora da socialização;
o Melhora do sistema de apoio (busca por
dispositivos de saúde e auxiliares que promovam
tal melhora a exemplo CAPS, CREAS e outros
Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no...
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7172
ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520
disponíveis no município).
Controle de riscos  Identificação de riscos;
o Modificação de comportamento em
relação ao uso de substâncias psicoativas;
o Avaliação da saúde garantindo vínculo e
continuidade dos cuidados à saúde prestados.
2. Manutenção ineficaz
da saúde relacionado à
insuficiência de recursos,
sofrimento espiritual e
enfrentamento individual
ineficaz evidenciado por
história de ausência de
comportamento de busca de
saúde;
Crenças de Saúde:
percepção de recursos
 Melhora no sistema de apoio;
o Assistência no autocuidado;
o Encaminhamento para dispositivos sociais
que auxiliem no resgate da autonomia.
Comportamento de
promoção de saúde
 Educação em saúde;
o Facilitação do crescimento espiritual.
Comportamento de
busca da saúde
 Melhora da autocompetência;
o Aconselhamento;
o Tratamento do uso de drogas;
o Assistência na automodifcação de
comportamento de saúde.
Detecção do risco  Avaliação da saúde;
o Assistência para parar de fumar;
o Prevenção do uso de drogas;
o Controle de imunização.
Apoio Social  Melhora do sistema de Apoio;
o Busca de apoio familiar;
o Apoio espiritual;
o Assistência quanto a recursos financeiros
por meio de informações sobre benefícios sociais
e direitos que possam ser garantidos.
3. Resiliência individual
prejudicada relacionado ao
uso de drogas evidenciado
pela baixa autoestima e
isolamento social;
Nível de depressão  Controle do humor;
o Assistência no controle da raiva;
 Promoção da capacidade de resiliência;
o Melhora do papel;
o Melhora da autoestima.
4. Dor aguda relacionado
aos agentes químicos, físicos e
biológicos evidenciado por
relato verbal;
Controle da dor  Controle da dor;
o Aplicação de calor/frio;
 Administração de medicamentos;
o Via oral e tópica;
o Informações sensoriais preparatórias;
o Ensino: medicamento prescrito;
o Ensino: procedimento.
5. Desesperança
relacionada ao abandono,
isolamento social, perda da fé
e crença num poder espiritual
evidenciado por afeto
diminuído;
Esperança  Promoção da esperança;
o Escutar ativamente;
o Construção de relação;
o Apoio espiritual e emocional;
o Esclarecimento de valores;
o Presença.
Qualidade de vida  Esclarecimento de valores;
o Melhora da autopercepção;
o Melhora da socialização.
6. Sentimento de
impotência relacionado à
interação interpessoal
insatisfatória evidenciado pelo
relato de falta de controle no
consumo alcoólico;
Crenças de saúde:
percepção da
capacidade de
desempenho
 Melhora da autocompetência;
o Assistência na automodificação.
Autonomia pessoal  Proteção dos direitos do paciente.
7. Risco de vínculo
prejudicado relacionado ao
uso abusivo do álcool;
Controle de riscos
Consequências da
dependência de
substancias
 Tratamento do uso de substâncias com
auxílio de dispositivos de saúde especializados
(CAPS) ;
 Supervisão do tratamento;
 Redução da ansiedade.
8. Religiosidade
prejudicada relacionada à
crise espiritual e sofrimento
evidenciado por dificuldade
em aderir a crenças religiosas
prescritas;
Saúde espiritual  Apoio espiritual;
o Escutar ativamente;
o Apoio á tomada de decisão;
o Promoção da esperança por meio da
inserção em grupos que trabalhem
espiritualidade, sem imposição de valores.
Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no...
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7173
ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520
9. Integridade da pele
prejudicada relacionado à
força abrasiva evidenciado
pelo rompimento da pele;
Integridade tissular:
pele e mucosas
 Cuidados com lesões;
o Precauções circulatórias;
o Proteção contra infecção;
o Administração de medicamentos S/N.
10. Risco de suicídio
relacionado à história de
tentativa de suicídio anterior;
Comportamento de
Suspensão do abuso de
álcool;
Comportamento para
cessação do abuso de
drogas;
Resiliência pessoal;
Apoio social;
Gravidade do
sofrimento.
 Controle do comportamento:
autoagressão;
 Aconselhamento;
 Controle de alucinações;
 Promoção de esperança;
 Treinamento para controle de impulsos;
 Tratamento do uso de substâncias;
 Prevenção do suicídio;
 Grupo de apoio;
 Supervisão.
11. Autonegligência
relacionado ao uso excessivo
de álcool evidenciado por
higiene pessoal inadequada;
Autocuidado: atividades
de vida diária (AVD)
 Assistência no autocuidado;
 Restauração da saúde oral;
 Tratamento do uso de drogas;
 Manutenção da saúde oral;
 Encaminhamento para profissional
especializado (odontólogo).
Autocuidado: higiene  Assistência no autocuidado:
banho/higiene;
 Banho;
 Cuidados com ouvidos, olhos, pés,
cabelos, unhas e genitália.
12. Nutrição
desequilibrada: menos do que
as necessidades corporais
relacionada a fatores
psicológicos e econômicos
evidenciado por falta de
interesse na comida;
Apetite  Monitoração nutricional;
 Planejamento da dieta;
 Promoção da saúde oral
Estado nutricional:
ingestão alimentar;
 Terapia nutricional;
 Controle nutricional;
 Aconselhamento nutricional.
Comportamento de
ganho de peso
 Assistência para aumentar o peso;
 Apoio ao sustento;
 Ensino: dieta prescrita.
13. Risco de função
hepática relacionado ao uso
excessivo de álcool.
Comportamento de
suspensão do álcool;
Controle de riscos: uso
de álcool
 Identificação de risco;
 Tratamento do uso de substância:
abstinência de álcool;
 Ensino: medicamento prescrito.
Legenda: *North American Nursing Diagnosis Association **Nursing Outcomes Classification ***Nursing
Interventions Classification.7,8
 Implementação ou Condutas de
Enfermagem
Foram implementados pelo grupo as
seguintes ações e procedimentos: acolhimento
ao usuário; efetivado através da comunicação
terapêutica com a escuta ativa, apoio
espiritual, esclarecimento de valores, em
busca da melhoria da autopercepção e
socialização; informado e explicado sobre as
atividades desenvolvidas no CAPS e NASF
disponível na rede pública de saúde do
município e a importância de procurar apoio
para melhoria da sua autoestima,
espiritualidade, esperança e ressocialização;
realizada a retirada de três pontos em região
temporal direita, como também orientado a
buscar o serviço de radiologia para realizar
radiografia em região clavicular direito,
conforme prescrição médica; retornar ao
serviço da UBSF para apresentar o exame e
reavaliação do seu estado de saúde.
Avaliação
Essa etapa de avaliação foi repassada para
a enfermeira da equipe de saúde da família
bem como os demais profissionais e
instituições responsáveis a prestar
continuidade da assistência, com a finalidade
de melhoria das condições biopsicossociais e
garantia dos seus direitos dispostos na lei
8080/90, pois, em decorrência da conclusão
do componente curricular, não foi possível de
ser realizado pelo grupo de discentes e
docente.
Ao conhecer através da SAE a história do
indivíduo inserido no contexto da família e
comunidade do estudo em apreço, percebeu-
se que a sua assistência integral à saúde
estava sendo negligenciada. Assim, a
utilização da SAE potencializa a assistência de
Enfermagem técnico-científica, permitindo
melhoria na qualidade da atenção à saúde
humana através da discriminação de
CONCLUSÃO
Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no...
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7174
ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520
problemas que demandem o cuidado pelo
profissional habilitado.
Enfatiza-se a importância da participação e
envolvimento dos discentes de forma crítica-
reflexiva, submergidos na responsabilidade
social, no que se diz respeito ao cuidado
integral do indivíduo em desequilíbrio
biopsicossocial. Assim, durante a construção
acadêmica do cuidar, o docente é um agente
transformador capaz de despertar a promoção
da assistência holística e humanizada, de
forma a minimizar os danos e restabelecer a
saúde.
Espera-se, entretanto, que a SAE prestada
a esse cliente tenha contribuído para melhoria
da sua autoestima, identificação de novos
valores, espiritualidade, efetivação de busca
de saúde e comportamento de adesão, com
adaptação psicossocial e, consequentemente,
mudança de vida.
1. Alvarez AMS, Alvarenga AT, Rina SCSAD.
Histórias de Vida de Moradores de Rua,
Situações de Exclusão Social e Encontros
Transformadores. Rev Saúde e Sociedade
[Internet]. 2009[cited 2014 Sept
29];18(2):259-272. Available from:
http://www.revistas.usp.br/sausoc/article/vi
ew/29597/0
2. Brasil. Ministério da Saúde. Lei 8080, 19
de setembro de 1990. Dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e
dá outras providências [Internet]. 1990 [cited
2014 Sept 28] Available from:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8
080.htm
3. Brasil. Ministério da Saúde. Política
Nacional de Atenção Básica [Internet]. 2012
[cited 2014 Sept 28] Available from:
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes
/geral/pnab.pdf
4. Conselho Federal de Enfermagem.
Resolução do COFEN nº 358 de 15 de outubro
de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da
Assistência de Enfermagem e a
implementação do Processo de Enfermagem
em ambientes públicos ou privados. Conselho
Federal de Enfermagem [Internet]. 2009
[cited 2014 Sept 28]. Available from:
http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-
3582009_4384.html
5. Vargas D, Bittencourt MN. Álcool e
alcoolismo: atitudes de estudantes de
Enfermagem. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013
[cited 2014 Oct 02];66(1):84-9. Available
from:
http://www.redalyc.org/pdf/2670/267028450
013
6. Barros ALBL, Cruz DALM, Avena M, Brasil
VV. Diagnósticos de enfermagem da NANDA:
definições e classificação 2012-2014. Porto
Alegre: Artmed; 2013.
7. Bulechek GM, Dochterman J, Butcher H.
NIC: Classificação das Intervenções de
Enfermagem. Elsevier; 2010.
8. Moorhead SJ, Mass ML, Swanson E. NOC:
Classificação dos Resultados Esperados de
Enfermagem. Elsevier; 2010.
Submissão: 08/08/2014
Aceito: 03/02/2015
Publicado: 01/03/2015
Correspondência
Gracimary Alves Teixeira
Cond. Pôr do Sol
Av. Governador Juvenal Lamartine, 978, Ap.
402-B
Bairro Tirol
CEP 59022-020  Natal (RN), Brasil
REFERÊNCIAS

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Sistematização da assistência de enfermagem
Sistematização da assistência de enfermagemSistematização da assistência de enfermagem
Sistematização da assistência de enfermagem
Lúcia Vieira
 
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE (2) (1).pdf
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE  (2) (1).pdfAula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE  (2) (1).pdf
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE (2) (1).pdf
LarissaMachado97
 
Hemodiálise e diálise peritoneal
Hemodiálise e diálise peritonealHemodiálise e diálise peritoneal
Hemodiálise e diálise peritoneal
Sonara Pereira
 
Aula gineco
Aula ginecoAula gineco
Aula gineco
Marcilha Louzada
 
SAÚDE DA MULHER: ENFERMAGEM
SAÚDE DA MULHER: ENFERMAGEMSAÚDE DA MULHER: ENFERMAGEM
SAÚDE DA MULHER: ENFERMAGEM
Centro Universitário Ages
 
Paism slider
Paism sliderPaism slider
Paism slider
Dessa Reis
 
Instrumentos Básicos do Cuidar - Enfermagem
Instrumentos Básicos do Cuidar - Enfermagem Instrumentos Básicos do Cuidar - Enfermagem
Instrumentos Básicos do Cuidar - Enfermagem
Artur Rodrigues Cunha
 
Período Intra Operatório e Tempos Cirúrgicos AULA 5
Período Intra Operatório e Tempos Cirúrgicos AULA 5Período Intra Operatório e Tempos Cirúrgicos AULA 5
Período Intra Operatório e Tempos Cirúrgicos AULA 5
Aline Bandeira
 
Coleta e Indicações para o Exame Citopatológico do Colo Uterino
Coleta e Indicações para o Exame Citopatológico do Colo UterinoColeta e Indicações para o Exame Citopatológico do Colo Uterino
Coleta e Indicações para o Exame Citopatológico do Colo Uterino
Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (IFF/Fiocruz)
 
Diagnósticos de Enfermagem: Uso das Taxonomias (NANDA, NIC, NOC e CIPE)
Diagnósticos de Enfermagem: Uso das Taxonomias (NANDA, NIC, NOC e CIPE)Diagnósticos de Enfermagem: Uso das Taxonomias (NANDA, NIC, NOC e CIPE)
Diagnósticos de Enfermagem: Uso das Taxonomias (NANDA, NIC, NOC e CIPE)
resenfe2013
 
Slide Centro Cirúrgico
Slide Centro CirúrgicoSlide Centro Cirúrgico
Slide Centro Cirúrgico
Luana Santos
 
AULA PROCESSO DE ENFERMAGEM.pdf
AULA PROCESSO DE ENFERMAGEM.pdfAULA PROCESSO DE ENFERMAGEM.pdf
AULA PROCESSO DE ENFERMAGEM.pdf
nagelasouza1
 
Modelo de evolução técnico de enfermagem
Modelo de evolução técnico de enfermagemModelo de evolução técnico de enfermagem
Modelo de evolução técnico de enfermagem
Raíssa Soeiro
 
Exames laboratoriais e-intervencoes-de-enfermagem
Exames laboratoriais e-intervencoes-de-enfermagemExames laboratoriais e-intervencoes-de-enfermagem
Exames laboratoriais e-intervencoes-de-enfermagem
Elys Regina
 
Código de ética dos profissionais de enfermagem
Código de ética dos profissionais de enfermagemCódigo de ética dos profissionais de enfermagem
Código de ética dos profissionais de enfermagem
Centro Universitário Ages
 
Clínica Cirúrgica AULA 1
Clínica Cirúrgica AULA 1Clínica Cirúrgica AULA 1
Clínica Cirúrgica AULA 1
Aline Bandeira
 
Estudo de Caso - Diagnóstico de Enfermagem
Estudo de Caso - Diagnóstico de EnfermagemEstudo de Caso - Diagnóstico de Enfermagem
Estudo de Caso - Diagnóstico de Enfermagem
Yasmin Casini
 
Punção venosa.
Punção venosa.Punção venosa.
Punção venosa.
Centro Universitário Ages
 
Teorias de Enfermagem
Teorias de Enfermagem Teorias de Enfermagem
Teorias de Enfermagem
resenfe2013
 
Monitorização a beira do leito
Monitorização a beira do leitoMonitorização a beira do leito
Monitorização a beira do leito
resenfe2013
 

Mais procurados (20)

Sistematização da assistência de enfermagem
Sistematização da assistência de enfermagemSistematização da assistência de enfermagem
Sistematização da assistência de enfermagem
 
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE (2) (1).pdf
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE  (2) (1).pdfAula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE  (2) (1).pdf
Aula 3 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE (2) (1).pdf
 
Hemodiálise e diálise peritoneal
Hemodiálise e diálise peritonealHemodiálise e diálise peritoneal
Hemodiálise e diálise peritoneal
 
Aula gineco
Aula ginecoAula gineco
Aula gineco
 
SAÚDE DA MULHER: ENFERMAGEM
SAÚDE DA MULHER: ENFERMAGEMSAÚDE DA MULHER: ENFERMAGEM
SAÚDE DA MULHER: ENFERMAGEM
 
Paism slider
Paism sliderPaism slider
Paism slider
 
Instrumentos Básicos do Cuidar - Enfermagem
Instrumentos Básicos do Cuidar - Enfermagem Instrumentos Básicos do Cuidar - Enfermagem
Instrumentos Básicos do Cuidar - Enfermagem
 
Período Intra Operatório e Tempos Cirúrgicos AULA 5
Período Intra Operatório e Tempos Cirúrgicos AULA 5Período Intra Operatório e Tempos Cirúrgicos AULA 5
Período Intra Operatório e Tempos Cirúrgicos AULA 5
 
Coleta e Indicações para o Exame Citopatológico do Colo Uterino
Coleta e Indicações para o Exame Citopatológico do Colo UterinoColeta e Indicações para o Exame Citopatológico do Colo Uterino
Coleta e Indicações para o Exame Citopatológico do Colo Uterino
 
Diagnósticos de Enfermagem: Uso das Taxonomias (NANDA, NIC, NOC e CIPE)
Diagnósticos de Enfermagem: Uso das Taxonomias (NANDA, NIC, NOC e CIPE)Diagnósticos de Enfermagem: Uso das Taxonomias (NANDA, NIC, NOC e CIPE)
Diagnósticos de Enfermagem: Uso das Taxonomias (NANDA, NIC, NOC e CIPE)
 
Slide Centro Cirúrgico
Slide Centro CirúrgicoSlide Centro Cirúrgico
Slide Centro Cirúrgico
 
AULA PROCESSO DE ENFERMAGEM.pdf
AULA PROCESSO DE ENFERMAGEM.pdfAULA PROCESSO DE ENFERMAGEM.pdf
AULA PROCESSO DE ENFERMAGEM.pdf
 
Modelo de evolução técnico de enfermagem
Modelo de evolução técnico de enfermagemModelo de evolução técnico de enfermagem
Modelo de evolução técnico de enfermagem
 
Exames laboratoriais e-intervencoes-de-enfermagem
Exames laboratoriais e-intervencoes-de-enfermagemExames laboratoriais e-intervencoes-de-enfermagem
Exames laboratoriais e-intervencoes-de-enfermagem
 
Código de ética dos profissionais de enfermagem
Código de ética dos profissionais de enfermagemCódigo de ética dos profissionais de enfermagem
Código de ética dos profissionais de enfermagem
 
Clínica Cirúrgica AULA 1
Clínica Cirúrgica AULA 1Clínica Cirúrgica AULA 1
Clínica Cirúrgica AULA 1
 
Estudo de Caso - Diagnóstico de Enfermagem
Estudo de Caso - Diagnóstico de EnfermagemEstudo de Caso - Diagnóstico de Enfermagem
Estudo de Caso - Diagnóstico de Enfermagem
 
Punção venosa.
Punção venosa.Punção venosa.
Punção venosa.
 
Teorias de Enfermagem
Teorias de Enfermagem Teorias de Enfermagem
Teorias de Enfermagem
 
Monitorização a beira do leito
Monitorização a beira do leitoMonitorização a beira do leito
Monitorização a beira do leito
 

Destaque

Autocad_Certificate
Autocad_CertificateAutocad_Certificate
Autocad_Certificate
Isagani Soriano
 
Contratación electrónica-y-contratación-informática-diapos
Contratación electrónica-y-contratación-informática-diaposContratación electrónica-y-contratación-informática-diapos
Contratación electrónica-y-contratación-informática-diapos
ely zabeth Zalasar Ale
 
36.agua mas limpia para todos eleva tu calidad de vida
36.agua mas limpia para todos eleva tu calidad de vida36.agua mas limpia para todos eleva tu calidad de vida
36.agua mas limpia para todos eleva tu calidad de vida
dec-admin
 
178.los ecologicos
178.los ecologicos178.los ecologicos
178.los ecologicos
dec-admin
 
Tiempo en la fisica
Tiempo en la fisicaTiempo en la fisica
Tiempo en la fisica
Miguel Garcia
 
Concert 2013
Concert 2013Concert 2013
Concert 2013
True Mime
 
Analisis socio económico
Analisis socio económicoAnalisis socio económico
Analisis socio económico
Saray Abad
 
Evaluation 1
Evaluation 1Evaluation 1
Evaluation 1
JayFranks
 
Mapping gold pathfinders
Mapping gold pathfindersMapping gold pathfinders
Mapping gold pathfinders
ufrj
 
Лучевая диагностика ЖКТ
Лучевая диагностика ЖКТЛучевая диагностика ЖКТ
Лучевая диагностика ЖКТ
Artem Shved
 
BCW2016 - LHR
BCW2016 - LHRBCW2016 - LHR
BCW2016 - LHR
Hum Network Limited
 
Mineria de Datos_parte V
Mineria de Datos_parte VMineria de Datos_parte V
Mineria de Datos_parte V
ufrj
 

Destaque (15)

Autocad_Certificate
Autocad_CertificateAutocad_Certificate
Autocad_Certificate
 
Contratación electrónica-y-contratación-informática-diapos
Contratación electrónica-y-contratación-informática-diaposContratación electrónica-y-contratación-informática-diapos
Contratación electrónica-y-contratación-informática-diapos
 
ZDG_CMO_folder_de laatste verzorging
ZDG_CMO_folder_de laatste verzorgingZDG_CMO_folder_de laatste verzorging
ZDG_CMO_folder_de laatste verzorging
 
36.agua mas limpia para todos eleva tu calidad de vida
36.agua mas limpia para todos eleva tu calidad de vida36.agua mas limpia para todos eleva tu calidad de vida
36.agua mas limpia para todos eleva tu calidad de vida
 
178.los ecologicos
178.los ecologicos178.los ecologicos
178.los ecologicos
 
ZDG_CMO_Thanatopraxie_omslag_online_v2 (2)
ZDG_CMO_Thanatopraxie_omslag_online_v2 (2)ZDG_CMO_Thanatopraxie_omslag_online_v2 (2)
ZDG_CMO_Thanatopraxie_omslag_online_v2 (2)
 
Tiempo en la fisica
Tiempo en la fisicaTiempo en la fisica
Tiempo en la fisica
 
Concert 2013
Concert 2013Concert 2013
Concert 2013
 
Analisis socio económico
Analisis socio económicoAnalisis socio económico
Analisis socio económico
 
Evaluation 1
Evaluation 1Evaluation 1
Evaluation 1
 
ZDG_PMF_folder_web
ZDG_PMF_folder_webZDG_PMF_folder_web
ZDG_PMF_folder_web
 
Mapping gold pathfinders
Mapping gold pathfindersMapping gold pathfinders
Mapping gold pathfinders
 
Лучевая диагностика ЖКТ
Лучевая диагностика ЖКТЛучевая диагностика ЖКТ
Лучевая диагностика ЖКТ
 
BCW2016 - LHR
BCW2016 - LHRBCW2016 - LHR
BCW2016 - LHR
 
Mineria de Datos_parte V
Mineria de Datos_parte VMineria de Datos_parte V
Mineria de Datos_parte V
 

Semelhante a Sistematização da Assistência de Enfermagem

TEORIAS DE ENF.pptx
TEORIAS DE ENF.pptxTEORIAS DE ENF.pptx
TEORIAS DE ENF.pptx
Milena Ramos
 
10 passos seguranca_paciente
10 passos seguranca_paciente10 passos seguranca_paciente
10 passos seguranca_paciente
Camila Melo
 
Artigo
ArtigoArtigo
A prática clínica do enfermeiro na atenção básica um processo em construção u...
A prática clínica do enfermeiro na atenção básica um processo em construção u...A prática clínica do enfermeiro na atenção básica um processo em construção u...
A prática clínica do enfermeiro na atenção básica um processo em construção u...
Eli Paula
 
Protocolo teleconsulta arrumando (1).docx
Protocolo teleconsulta arrumando (1).docxProtocolo teleconsulta arrumando (1).docx
Protocolo teleconsulta arrumando (1).docx
jessica276304
 
374
374374
374
ufmaitz
 
AULA Enf Domiciliar Unid_01 (1), aula teorica
AULA Enf Domiciliar Unid_01 (1), aula teoricaAULA Enf Domiciliar Unid_01 (1), aula teorica
AULA Enf Domiciliar Unid_01 (1), aula teorica
HiEster2
 
08 artigo enfermeiro_prevencao_cancer_colo_utero_cotidiano_atencao_primaria
08 artigo enfermeiro_prevencao_cancer_colo_utero_cotidiano_atencao_primaria08 artigo enfermeiro_prevencao_cancer_colo_utero_cotidiano_atencao_primaria
08 artigo enfermeiro_prevencao_cancer_colo_utero_cotidiano_atencao_primaria
Ieda Noronha
 
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.pptME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
AndriellyFernandaSPi
 
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.pptME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
DheniseMikaelly
 
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.pptME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
RicaTatiane2
 
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.pptME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
RaquelOlimpio1
 
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.pptME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
JoaraSilva1
 
E-Books 13 - Revolução do Cuidar
E-Books 13 - Revolução do CuidarE-Books 13 - Revolução do Cuidar
E-Books 13 - Revolução do Cuidar
Revolucao do Cuidar
 
2012 necessidades de informação de candidatos ao transplante de fígado karina...
2012 necessidades de informação de candidatos ao transplante de fígado karina...2012 necessidades de informação de candidatos ao transplante de fígado karina...
2012 necessidades de informação de candidatos ao transplante de fígado karina...
Nádia Elizabeth Barbosa Villas Bôas
 
Guia pratico 148_x210_coren
Guia pratico 148_x210_corenGuia pratico 148_x210_coren
Guia pratico 148_x210_coren
DefesaCivildeCamaari
 
ACOLHIMENTO NO ÂMBITO HOSPITALAR
ACOLHIMENTO NO ÂMBITO HOSPITALARACOLHIMENTO NO ÂMBITO HOSPITALAR
ACOLHIMENTO NO ÂMBITO HOSPITALAR
Conceicao Cavalcante
 
Como a Farmácia Universitária Pode Contribuir para a Formação nas Atividades ...
Como a Farmácia Universitária Pode Contribuir para a Formação nas Atividades ...Como a Farmácia Universitária Pode Contribuir para a Formação nas Atividades ...
Como a Farmácia Universitária Pode Contribuir para a Formação nas Atividades ...
angelitamelo
 
Artigo 1.pdf
Artigo 1.pdfArtigo 1.pdf
Artigo 1.pdf
RosanaRocha49
 
Sistematização da Assistência de Enfermagem na APS no Contexto Brasileiro.pdf
Sistematização da Assistência de Enfermagem na APS no Contexto Brasileiro.pdfSistematização da Assistência de Enfermagem na APS no Contexto Brasileiro.pdf
Sistematização da Assistência de Enfermagem na APS no Contexto Brasileiro.pdf
fabianasaboya2
 

Semelhante a Sistematização da Assistência de Enfermagem (20)

TEORIAS DE ENF.pptx
TEORIAS DE ENF.pptxTEORIAS DE ENF.pptx
TEORIAS DE ENF.pptx
 
10 passos seguranca_paciente
10 passos seguranca_paciente10 passos seguranca_paciente
10 passos seguranca_paciente
 
Artigo
ArtigoArtigo
Artigo
 
A prática clínica do enfermeiro na atenção básica um processo em construção u...
A prática clínica do enfermeiro na atenção básica um processo em construção u...A prática clínica do enfermeiro na atenção básica um processo em construção u...
A prática clínica do enfermeiro na atenção básica um processo em construção u...
 
Protocolo teleconsulta arrumando (1).docx
Protocolo teleconsulta arrumando (1).docxProtocolo teleconsulta arrumando (1).docx
Protocolo teleconsulta arrumando (1).docx
 
374
374374
374
 
AULA Enf Domiciliar Unid_01 (1), aula teorica
AULA Enf Domiciliar Unid_01 (1), aula teoricaAULA Enf Domiciliar Unid_01 (1), aula teorica
AULA Enf Domiciliar Unid_01 (1), aula teorica
 
08 artigo enfermeiro_prevencao_cancer_colo_utero_cotidiano_atencao_primaria
08 artigo enfermeiro_prevencao_cancer_colo_utero_cotidiano_atencao_primaria08 artigo enfermeiro_prevencao_cancer_colo_utero_cotidiano_atencao_primaria
08 artigo enfermeiro_prevencao_cancer_colo_utero_cotidiano_atencao_primaria
 
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.pptME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
 
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.pptME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
 
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.pptME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
 
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.pptME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
 
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.pptME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
ME e Angelina - aula anotações de enfermagem.ppt
 
E-Books 13 - Revolução do Cuidar
E-Books 13 - Revolução do CuidarE-Books 13 - Revolução do Cuidar
E-Books 13 - Revolução do Cuidar
 
2012 necessidades de informação de candidatos ao transplante de fígado karina...
2012 necessidades de informação de candidatos ao transplante de fígado karina...2012 necessidades de informação de candidatos ao transplante de fígado karina...
2012 necessidades de informação de candidatos ao transplante de fígado karina...
 
Guia pratico 148_x210_coren
Guia pratico 148_x210_corenGuia pratico 148_x210_coren
Guia pratico 148_x210_coren
 
ACOLHIMENTO NO ÂMBITO HOSPITALAR
ACOLHIMENTO NO ÂMBITO HOSPITALARACOLHIMENTO NO ÂMBITO HOSPITALAR
ACOLHIMENTO NO ÂMBITO HOSPITALAR
 
Como a Farmácia Universitária Pode Contribuir para a Formação nas Atividades ...
Como a Farmácia Universitária Pode Contribuir para a Formação nas Atividades ...Como a Farmácia Universitária Pode Contribuir para a Formação nas Atividades ...
Como a Farmácia Universitária Pode Contribuir para a Formação nas Atividades ...
 
Artigo 1.pdf
Artigo 1.pdfArtigo 1.pdf
Artigo 1.pdf
 
Sistematização da Assistência de Enfermagem na APS no Contexto Brasileiro.pdf
Sistematização da Assistência de Enfermagem na APS no Contexto Brasileiro.pdfSistematização da Assistência de Enfermagem na APS no Contexto Brasileiro.pdf
Sistematização da Assistência de Enfermagem na APS no Contexto Brasileiro.pdf
 

Sistematização da Assistência de Enfermagem

  • 1. Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7169 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PESSOA EM SITUAÇÃO DE RUA SYSTEMATIZATION OF NURSING CARE TO HOMELESS SISTEMATIZACIÓN DE LA ASISTENCIA DE ENFERMERÍA A LA PERSONA DE LA CALLE Gracimary Alves Teixeira1 , Jovanka Bittencourt Leite Carvalho2 , Ana Luzia Medeiros Araújo da Silva3 , Suênia Bezerra dos Santos4 , Thais Rosental Gabriel Lopes5 RESUMO Objetivo: relatar a vivência com a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) ao paciente em situação de rua. Método: estudo exploratório e descritivo, tipo relato de experiência, desenvolvido a partir de vivências de acadêmicos do 4º semestre de Enfermagem, 2014.1, em uma Unidade Básica de Saúde da Família localizada no município de Santa Cruz, Estado do Rio Grande do Norte, durante as aulas práticas do componente curricular de Semiologia e Semiotécnica da Enfermagem, da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí/Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Resultados: na assistência ao paciente em estudo, adotou-se a organização do processo de enfermagem, desenvolvendo-se as etapas do histórico de enfermagem, diagnósticos de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação. Considerações finais: percebeu-se que a assistência integral à saúde ao paciente estava sendo negligenciada. A SAE potencializou o atendimento técnico-científico da Enfermagem para minimizar os danos e restabelecer a saúde do indivíduo. Descritores: Moradores de Rua; Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias; Cuidados de Enfermagem; Saúde Mental. ABSTRACT Objective: to report the experience with the Systematization of Nursing Care (SAE) to the homeless patient. Method: exploratory and descriptive study, experience report type, developed from students´ experiences of the 4th semester of Nursing, 2014.1, in a Family Basic Health Unit, located in Santa Cruz, State of Rio Grande do Norte, during the practical lessons of Semiology and Semiotics of Nursing, from the Health Sciences College, Trairí/Federal University of Rio Grande do Norte. Results: the organization of the nursing process, developing the steps of the nursing history, nursing diagnosis, planning, implementation and evaluation were adopted in care of the patient of this study. Final thoughts: it was realized that the integral health care was being neglected. The SAE has enhanced technical and scientific assistance of Nursing to minimize the damage and restore the health of the individual. Descriptors: Homeless; Disorders Related to Substance Use; Nursing care; Mental Health. RESUMEN Objetivo: relatar la experiencia con la Sistematización de la Asistencia de Enfermería (SAE) al paciente sin hogar. Método: estudio exploratorio y descriptivo, tipo relato de experiencia, desarrollado a partir de experiencias de los estudiantes del 4º semestre de Enfermería, 2014.1, en Unidad Básica de Salud de la Familia, ubicada en el municipio de Santa Cruz, Estado de Rio Grande do Norte, durante las clases prácticas del componente curricular de Semiología y Semiotecnia de Enfermería, de la Facultad de Ciencias de la Salud de Trairí/Universidad Federal de Rio Grande do Norte. Resultados: en la asistencia al paciente en estudio se adoptó la organización del proceso de enfermería, desarrollándose las etapas del histórico de enfermería, diagnósticos de enfermería, planeamiento, implementación y evaluación. Consideraciones finales: se notó que la asistencia integral a la salud tenía negligencias. SAE potencializó la atención técnico-científico de Enfermería para minimizar los daños y restablecer la salud del individuo. Descriptores: Personas sin hogar; Trastornos Relacionados al Uso de Sustancias; Cuidados de Enfermería; Salud Mental. 1 Enfermeira, Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/PPGENF/UFRN. Natal (RN), Brasil. E-mail: gracimaryalves@yahoo.com.br; 2 Enfermeira, Professora Doutora em Ciências da Saúde, Programa de Pós- Graduação em Enfermagem / Escola Técnica de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/PPGENF/UFRN. Natal (RN), Brasil. Email: jovanka@enfermagem.ufrn.br; 3 Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Professora Substituta, Universidade Estadual da Paraíba/UEPB. Campina Grande (PB), Brasil. Email: analuzia_medeiros@hotmail.com; 4 Acadêmica, Enfermagem, Faculdade de Ciências da Saúde Trairí/Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Santa Cruz (RN), Brasil. Email: suenia_muller@hotmail.com; 5 Enfermeira, Professora Especialista em Enfermagem Oncológica, Faculdade Maurício de Nassau/UNINASSAU. Natal (RN), Brasil. Email: thaisrg12@hotmail.com ARTIGO RELATO DE EXPERIÊNCIA
  • 2. Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7170 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520 A população de rua vive em permanente situação de vulnerabilidade por não ter documentos e certidões de identificação, os quais são indispensáveis à cidadania, não possui casa, dinheiro ou emprego fixo, entrega-se muitas vezes à embriaguez e outras drogas, mendicância, exposição à criminalidade, violências, dificuldades de acesso à educação e de cuidados de saúde.1 Essa situação vai de encontro aos fatores determinantes e condicionantes da saúde garantidos no art.3º da Lei 8080/90, como também aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), art.7º: da universalidade, integralidade e equidade da assistência.2 Diante disso, o Ministério da Saúde com o objetivo de oportunizar e ampliar o acesso às pessoas em situação de rua lançou as equipes de consultórios de rua que, conforme o plano nacional de atenção básica, são equipes de atenção básica com responsabilidades exclusivas de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas em situação de rua em parceria com as demais equipes dos Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), da Rede de Urgência e Emergência e dos serviços e instituições componentes do Sistema Único de Assistência Social, entre outras instituições públicas e da sociedade civil.3 Outrossim, a enfermagem é uma das profissões que está em contato direto na assistência à saúde dessa clientela, sobre a qual na Resolução do COFEN nº 358/2009 está disposto a respeito da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e da implementação do Processo de Enfermagem um método que direciona e organiza o trabalho da categoria a tomar decisões, predizer e avaliar o cuidado, atendendo às necessidades do cliente de forma global e eficaz.4 A atuação do enfermeiro generalista diante da problemática do cuidar no âmbito do alcoolismo e outras drogas deve ser construída desde a formação acadêmica, de forma a preencher lacunas a cerca das atitudes negativas frente a essa clientela.5 Dada à importância de se executar o cuidado através da implementação da SAE, com atendimento voltado para as relações humanas, necessidades básicas e humanização do contato do enfermeiro no atendimento à clientela, o estudo objetiva relatar a vivência com a SAE ao paciente em situação de rua. Estudo exploratório e descritivo, ancorado no relato de experiência, desenvolvido a partir de vivências de acadêmicos do 4º semestre de enfermagem, em uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) localizada no município de Santa Cruz, Estado do Rio Grande do Norte, durante as aulas práticas do componente curricular de Semiologia e Semiotécnica da Enfermagem, referente ao semestre letivo 2014.1, na Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí/Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A SAE à pessoa de rua foi planejada e executada, no decorrer das aulas de campo do componente curricular supracitado, em busca de entender a prática no processo do cuidado e as necessidades individuais do cliente, seguindo as cinco etapas: histórico de enfermagem, diagnósticos de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação de forma inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes desse processo de enfermagem. Esse estudo adotou a organização do processo de enfermagem, a qual está pautada nas cinco etapas conforme a North American Nursing Diagnosis Association (NANDA). No Histórico de Enfermagem (ou Coletas de Dados), realiza-se anamnese e exame físico e, posteriormente, os Diagnósticos de Enfermagem que consistem no julgamento clínico do agrupamento dos dados coletados sobre as reações humanas e experiência de vida, com vista a decidir o foco do atendimento de enfermagem. Por seguinte, o Planejamento determina os resultados esperados, ações e intervenções de enfermagem a serem desenvolvidas na fase de Implementação e, na Avaliação, verifica-se a ocorrência de transformações e se há necessidade de adaptações ou reorganização nas etapas do processo de enfermagem para restabelecer a saúde da pessoa em situação de rua.6  Histórico de Enfermagem Para elaboração do histórico de enfermagem, foi realizada uma entrevista com um indivíduo 41 anos, sexo masculino, cor negra, solteiro, brasileiro. Não soube especificar a religião, possuía trabalho informal, morador de rua no município de Santa Cruz-RN. Compareceu a UBSF para retirada de pontos em região temporal direita, decorrente da segunda tentativa de suicídio, nesta vez, havia pulado de uma ponte. Nesse momento, mostrou-se irritado e revoltado até mesmo com Deus, culpando-o RESULTADOS E DISCUSSÃO MÉTODOINTRODUÇÃO
  • 3. Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7171 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520 por todo o seu sofrimento. Ao se investigar os antecedentes patológicos, não soube especificar e referiu nunca ter submetido a consultas de rotina ou ambulatoriais, apenas em serviços de urgência quando se acidentava. Não possuía referência familiar e os pais são falecidos (SIC). Informou possuir hábitos de tabagismo e etilismo há 27 anos. No momento do exame físico, encontrava-se em repouso no leito, consciente, orientado no tempo e no espaço, colaborativo, comunicativo. Ao exame céfalo-caudal, observou-se pele e anexos com presença de manchas hipocrômicas e sujidades em toda extensão corporal, não lembrava a data do último banho (SIC). Couro cabeludo sem pediculose, com seborreia, presença de quatro cicatrizes em couro cabeludo e uma ferida no local da retirada dos três pontos em processo de cicatrização, sem presença sinais flogísticos. Face expressiva, olhos simétricos, globos oculares sem alterações, com mucosas hipocoradas (+/4+) e acuidade visual sem prejuízos. Pavilhão auditivo externo com presença de sujidade com acuidade auditiva preservada. Cavidade oral com adontia parcial e presença de cáries. Região cervical com linfonodos não palpáveis. Tórax simétrico e expansivo, murmúrios vesiculares preservados, referindo dor em região do tórax posterior direito. A ausculta com presença de bulhas normofonéticas em dois tempos. Membros Superiores com boa mobilidade, porém, referiu dor na região clavicular direita. Na avaliação abdominal, observou-se abdômen plano, ruídos hidroaéreos hipoativos; na palpação, presença de hepatoesplenomegalia, com queixa de dor superficial e profunda; eliminações vesicais e intestinais espontâneas presentes (SIC). Referiu ingesta hídrica e alimentar insatisfatória. Durante a avaliação dos membros inferiores, percebeu-se presença de edema e rubor em região pedial. Deambulação preservada. Mensurado sinais vitais: pressão arterial (120x80mmHg), temperatura (36,5ºC), frequência respiratória (20 irpm), frequência cardíaca (80bpm).  Diagnósticos de Enfermagem O diagnóstico de enfermagem permite a escolha das intervenções da categoria para que se alcancem os resultados de responsabilidade do enfermeiro, baseando a assistência de enfermagem nos mais diversos problemas que envolvem o processo saúde- doença. A partir do histórico de enfermagem do indivíduo em estudo, realizou-se a avaliação holística deste, bem como a interpretação de informações escutadas e observadas, direcionando para o levantamento das necessidades humanas básicas e problemas de saúde. Assim, o objetivo é programar o processo de enfermagem no cuidado de enfermagem ao cliente com hepatoesplenomegalia associado ao tabagismo e etilismo. Destarte, foram identificados os principais diagnósticos de enfermagem baseados na NANDA e apresentados na tabela a seguir.  Planejamento de Enfermagem Nessa terceira etapa da SAE, foram realizadas discussões sobre os diagnósticos de enfermagem entre os discentes e docente e, posteriormente, elaborado um plano de cuidados para cada diagnóstico de enfermagem, composto por prescrições de enfermagem e determinação dos resultados esperados apresentados a seguir. Foram identificados 26 diagnósticos de enfermagem referentes ao relato de experiência. No entanto, foram elencadas as seguintes prioridades: Plano de cuidados de enfermagem *NANDA **NOC ***NIC 1. Comportamento de saúde propenso a risco relacionado ao excesso de álcool, tabagismo, baixa condição econômica, apoio social inadequado evidenciado por não conseguir agir de forma a prevenir problemas de saúde; Comportamento de Adesão  Estabelecimento de metas mútuas; o Modificação do comportamento; o Aconselhamento e acompanhamento por parte da UBSF e profissionais que estabeleceram o primeiro contato; o Orientação quanto ao sistema de saúde; o Engajamento em grupos de apoio (AA ou outros espaços de convivência) ; o Proteção de direitos do paciente/usuário. Comportamento de busca da saúde  Educação em Saúde; o Assistência na automodificação; o Prevenção do uso de drogas. Adaptação psicossocial: mudança de vida  Melhora do Enfrentamento; o Melhora da socialização; o Melhora do sistema de apoio (busca por dispositivos de saúde e auxiliares que promovam tal melhora a exemplo CAPS, CREAS e outros
  • 4. Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7172 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520 disponíveis no município). Controle de riscos  Identificação de riscos; o Modificação de comportamento em relação ao uso de substâncias psicoativas; o Avaliação da saúde garantindo vínculo e continuidade dos cuidados à saúde prestados. 2. Manutenção ineficaz da saúde relacionado à insuficiência de recursos, sofrimento espiritual e enfrentamento individual ineficaz evidenciado por história de ausência de comportamento de busca de saúde; Crenças de Saúde: percepção de recursos  Melhora no sistema de apoio; o Assistência no autocuidado; o Encaminhamento para dispositivos sociais que auxiliem no resgate da autonomia. Comportamento de promoção de saúde  Educação em saúde; o Facilitação do crescimento espiritual. Comportamento de busca da saúde  Melhora da autocompetência; o Aconselhamento; o Tratamento do uso de drogas; o Assistência na automodifcação de comportamento de saúde. Detecção do risco  Avaliação da saúde; o Assistência para parar de fumar; o Prevenção do uso de drogas; o Controle de imunização. Apoio Social  Melhora do sistema de Apoio; o Busca de apoio familiar; o Apoio espiritual; o Assistência quanto a recursos financeiros por meio de informações sobre benefícios sociais e direitos que possam ser garantidos. 3. Resiliência individual prejudicada relacionado ao uso de drogas evidenciado pela baixa autoestima e isolamento social; Nível de depressão  Controle do humor; o Assistência no controle da raiva;  Promoção da capacidade de resiliência; o Melhora do papel; o Melhora da autoestima. 4. Dor aguda relacionado aos agentes químicos, físicos e biológicos evidenciado por relato verbal; Controle da dor  Controle da dor; o Aplicação de calor/frio;  Administração de medicamentos; o Via oral e tópica; o Informações sensoriais preparatórias; o Ensino: medicamento prescrito; o Ensino: procedimento. 5. Desesperança relacionada ao abandono, isolamento social, perda da fé e crença num poder espiritual evidenciado por afeto diminuído; Esperança  Promoção da esperança; o Escutar ativamente; o Construção de relação; o Apoio espiritual e emocional; o Esclarecimento de valores; o Presença. Qualidade de vida  Esclarecimento de valores; o Melhora da autopercepção; o Melhora da socialização. 6. Sentimento de impotência relacionado à interação interpessoal insatisfatória evidenciado pelo relato de falta de controle no consumo alcoólico; Crenças de saúde: percepção da capacidade de desempenho  Melhora da autocompetência; o Assistência na automodificação. Autonomia pessoal  Proteção dos direitos do paciente. 7. Risco de vínculo prejudicado relacionado ao uso abusivo do álcool; Controle de riscos Consequências da dependência de substancias  Tratamento do uso de substâncias com auxílio de dispositivos de saúde especializados (CAPS) ;  Supervisão do tratamento;  Redução da ansiedade. 8. Religiosidade prejudicada relacionada à crise espiritual e sofrimento evidenciado por dificuldade em aderir a crenças religiosas prescritas; Saúde espiritual  Apoio espiritual; o Escutar ativamente; o Apoio á tomada de decisão; o Promoção da esperança por meio da inserção em grupos que trabalhem espiritualidade, sem imposição de valores.
  • 5. Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7173 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520 9. Integridade da pele prejudicada relacionado à força abrasiva evidenciado pelo rompimento da pele; Integridade tissular: pele e mucosas  Cuidados com lesões; o Precauções circulatórias; o Proteção contra infecção; o Administração de medicamentos S/N. 10. Risco de suicídio relacionado à história de tentativa de suicídio anterior; Comportamento de Suspensão do abuso de álcool; Comportamento para cessação do abuso de drogas; Resiliência pessoal; Apoio social; Gravidade do sofrimento.  Controle do comportamento: autoagressão;  Aconselhamento;  Controle de alucinações;  Promoção de esperança;  Treinamento para controle de impulsos;  Tratamento do uso de substâncias;  Prevenção do suicídio;  Grupo de apoio;  Supervisão. 11. Autonegligência relacionado ao uso excessivo de álcool evidenciado por higiene pessoal inadequada; Autocuidado: atividades de vida diária (AVD)  Assistência no autocuidado;  Restauração da saúde oral;  Tratamento do uso de drogas;  Manutenção da saúde oral;  Encaminhamento para profissional especializado (odontólogo). Autocuidado: higiene  Assistência no autocuidado: banho/higiene;  Banho;  Cuidados com ouvidos, olhos, pés, cabelos, unhas e genitália. 12. Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais relacionada a fatores psicológicos e econômicos evidenciado por falta de interesse na comida; Apetite  Monitoração nutricional;  Planejamento da dieta;  Promoção da saúde oral Estado nutricional: ingestão alimentar;  Terapia nutricional;  Controle nutricional;  Aconselhamento nutricional. Comportamento de ganho de peso  Assistência para aumentar o peso;  Apoio ao sustento;  Ensino: dieta prescrita. 13. Risco de função hepática relacionado ao uso excessivo de álcool. Comportamento de suspensão do álcool; Controle de riscos: uso de álcool  Identificação de risco;  Tratamento do uso de substância: abstinência de álcool;  Ensino: medicamento prescrito. Legenda: *North American Nursing Diagnosis Association **Nursing Outcomes Classification ***Nursing Interventions Classification.7,8  Implementação ou Condutas de Enfermagem Foram implementados pelo grupo as seguintes ações e procedimentos: acolhimento ao usuário; efetivado através da comunicação terapêutica com a escuta ativa, apoio espiritual, esclarecimento de valores, em busca da melhoria da autopercepção e socialização; informado e explicado sobre as atividades desenvolvidas no CAPS e NASF disponível na rede pública de saúde do município e a importância de procurar apoio para melhoria da sua autoestima, espiritualidade, esperança e ressocialização; realizada a retirada de três pontos em região temporal direita, como também orientado a buscar o serviço de radiologia para realizar radiografia em região clavicular direito, conforme prescrição médica; retornar ao serviço da UBSF para apresentar o exame e reavaliação do seu estado de saúde. Avaliação Essa etapa de avaliação foi repassada para a enfermeira da equipe de saúde da família bem como os demais profissionais e instituições responsáveis a prestar continuidade da assistência, com a finalidade de melhoria das condições biopsicossociais e garantia dos seus direitos dispostos na lei 8080/90, pois, em decorrência da conclusão do componente curricular, não foi possível de ser realizado pelo grupo de discentes e docente. Ao conhecer através da SAE a história do indivíduo inserido no contexto da família e comunidade do estudo em apreço, percebeu- se que a sua assistência integral à saúde estava sendo negligenciada. Assim, a utilização da SAE potencializa a assistência de Enfermagem técnico-científica, permitindo melhoria na qualidade da atenção à saúde humana através da discriminação de CONCLUSÃO
  • 6. Xavier AG, Almeida TCF. Sistematização da assistência de enfermagem no... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(3):7169-74, mar., 2015 7174 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7505-65182-1-RV.0903201520 problemas que demandem o cuidado pelo profissional habilitado. Enfatiza-se a importância da participação e envolvimento dos discentes de forma crítica- reflexiva, submergidos na responsabilidade social, no que se diz respeito ao cuidado integral do indivíduo em desequilíbrio biopsicossocial. Assim, durante a construção acadêmica do cuidar, o docente é um agente transformador capaz de despertar a promoção da assistência holística e humanizada, de forma a minimizar os danos e restabelecer a saúde. Espera-se, entretanto, que a SAE prestada a esse cliente tenha contribuído para melhoria da sua autoestima, identificação de novos valores, espiritualidade, efetivação de busca de saúde e comportamento de adesão, com adaptação psicossocial e, consequentemente, mudança de vida. 1. Alvarez AMS, Alvarenga AT, Rina SCSAD. Histórias de Vida de Moradores de Rua, Situações de Exclusão Social e Encontros Transformadores. Rev Saúde e Sociedade [Internet]. 2009[cited 2014 Sept 29];18(2):259-272. Available from: http://www.revistas.usp.br/sausoc/article/vi ew/29597/0 2. Brasil. Ministério da Saúde. Lei 8080, 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências [Internet]. 1990 [cited 2014 Sept 28] Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8 080.htm 3. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica [Internet]. 2012 [cited 2014 Sept 28] Available from: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes /geral/pnab.pdf 4. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução do COFEN nº 358 de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes públicos ou privados. Conselho Federal de Enfermagem [Internet]. 2009 [cited 2014 Sept 28]. Available from: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen- 3582009_4384.html 5. Vargas D, Bittencourt MN. Álcool e alcoolismo: atitudes de estudantes de Enfermagem. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [cited 2014 Oct 02];66(1):84-9. Available from: http://www.redalyc.org/pdf/2670/267028450 013 6. Barros ALBL, Cruz DALM, Avena M, Brasil VV. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed; 2013. 7. Bulechek GM, Dochterman J, Butcher H. NIC: Classificação das Intervenções de Enfermagem. Elsevier; 2010. 8. Moorhead SJ, Mass ML, Swanson E. NOC: Classificação dos Resultados Esperados de Enfermagem. Elsevier; 2010. Submissão: 08/08/2014 Aceito: 03/02/2015 Publicado: 01/03/2015 Correspondência Gracimary Alves Teixeira Cond. Pôr do Sol Av. Governador Juvenal Lamartine, 978, Ap. 402-B Bairro Tirol CEP 59022-020  Natal (RN), Brasil REFERÊNCIAS