Análise semiótica de uma escultura feminina do Centro Histórico de Manaus. Abordando as categorias peirceanas de primeiridade, secundidade e terceiridade. Texto publicado na Revista FMF - Educação, Sociedade e Meio Ambiente. Vol.7, nº2, jul/dez 2007.
Victor Jenhei aproximações saciabaporu 12 10 2015 pdfVictor jenhei
Este texto pretende analisar o “monstro” com pé gigante da obra Abaporu de Tarsila do Amaral. Procura-se traçar uma visão retrospectiva desse caráter “monstruoso” da obra, retomando, entre outras coisas, a figura do ciópode ― monstro grego e medieval ― e do saci ― mito brasileiro ―, entrando um pouco nos principais temas do período em que a obra foi pintada: primitivismo, arte e cultura “genuinamente” nacionais, valendo-me inicialmente de um estudo de Orianna Baddeley e Valery Fraser Drawing the line: Art and Culture in Latin America, de 1989, e dos escritos de Tarsila do Amaral. Após uma comparação formal entre o ciópode e o Abaporu, interpreta-se esses personagens a partir de seus significados etimológicos; o resultado será o monstro europeu encontrando mais um correspondente ou duplo na mitologia brasileira: o saci.
Essa última criatura foi escolhida por Monteiro Lobato para fundar e assentar as bases de uma arte e cultura brasileiras autênticas. E isso ocorreu bem antes da execução da tela de Tarsila do Amaral. O Abaporu, por sua vez, foi o marco que Oswald de Andrade utilizou para simbolizar o movimento Antropofágico, também preocupado com a questão de uma cultura nacional.
Aproximando as figuras do Saci e do Abaporu, tentarei ir além do problema da “brasilidade” desses monstros, inserindo-os no campo em que a história da arte estuda o deformado, o maravilhoso, o desconhecido, o estranho, o feio, ou seja, estuda as criaturas que habitam os sonhos e os pesadelos.
Registro da arte rupestre interpretado do ponto de vista PaleoSETI
Artigo originalmente publicado na revista Paradesha e disponibilizado gratuitamente com a autorização do autor.
Artigo apresentado como Comunicação no XVI Congresso da SAB - Sociedade de Arqueologia Brasileira/XVI Word Congress of UISPP (União Internacional das Ciências Pré-históricas e Proto-históricas, Universidade Federal de Santa Catarina, 04 Setembro de 2011.
Análise semiótica de uma escultura feminina do Centro Histórico de Manaus. Abordando as categorias peirceanas de primeiridade, secundidade e terceiridade. Texto publicado na Revista FMF - Educação, Sociedade e Meio Ambiente. Vol.7, nº2, jul/dez 2007.
Victor Jenhei aproximações saciabaporu 12 10 2015 pdfVictor jenhei
Este texto pretende analisar o “monstro” com pé gigante da obra Abaporu de Tarsila do Amaral. Procura-se traçar uma visão retrospectiva desse caráter “monstruoso” da obra, retomando, entre outras coisas, a figura do ciópode ― monstro grego e medieval ― e do saci ― mito brasileiro ―, entrando um pouco nos principais temas do período em que a obra foi pintada: primitivismo, arte e cultura “genuinamente” nacionais, valendo-me inicialmente de um estudo de Orianna Baddeley e Valery Fraser Drawing the line: Art and Culture in Latin America, de 1989, e dos escritos de Tarsila do Amaral. Após uma comparação formal entre o ciópode e o Abaporu, interpreta-se esses personagens a partir de seus significados etimológicos; o resultado será o monstro europeu encontrando mais um correspondente ou duplo na mitologia brasileira: o saci.
Essa última criatura foi escolhida por Monteiro Lobato para fundar e assentar as bases de uma arte e cultura brasileiras autênticas. E isso ocorreu bem antes da execução da tela de Tarsila do Amaral. O Abaporu, por sua vez, foi o marco que Oswald de Andrade utilizou para simbolizar o movimento Antropofágico, também preocupado com a questão de uma cultura nacional.
Aproximando as figuras do Saci e do Abaporu, tentarei ir além do problema da “brasilidade” desses monstros, inserindo-os no campo em que a história da arte estuda o deformado, o maravilhoso, o desconhecido, o estranho, o feio, ou seja, estuda as criaturas que habitam os sonhos e os pesadelos.
Registro da arte rupestre interpretado do ponto de vista PaleoSETI
Artigo originalmente publicado na revista Paradesha e disponibilizado gratuitamente com a autorização do autor.
Artigo apresentado como Comunicação no XVI Congresso da SAB - Sociedade de Arqueologia Brasileira/XVI Word Congress of UISPP (União Internacional das Ciências Pré-históricas e Proto-históricas, Universidade Federal de Santa Catarina, 04 Setembro de 2011.
CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA ANÁLISE DA NARRATIVA DA PINTURA DE SÃO FRANCISCO ...Raquel Alves
Este artigo tem como finalidade apresentar um estudo introdutório sobre a análise de uma pintura pertencente à arte barroca paraibana, levando em consideração que a arte em si é o portal que conduz o sujeito rumo a uma descoberta histórica, de memórias e narrativas. Especificamente por meio de uma pintura no teto da Capela de São Francisco, que faz parte do Complexo Cultural São Francisco (CCSF) em João Pessoa (Paraíba), propomos através de tal imagem (São Francisco de Assis em chamas numa carruagem rumo aos céus) indicar possíveis intencionalidades e significados acerca deste processo de construção/intercruzamento de narrativas, perguntando-nos qual o enigma ou inquietação desta obra de arte barroca anônima e o significado da transposição de uma possível lenda fransciscana, bem como a associação de São Francisco a Cristo e ao profeta Elias. Valemo-nos de um estudo do sujeito que vislumbra tal pintura e do imaginário simbólico, por meio de uma tradução criativa através da estética e de um olhar semiótico, transporte este que nos conduzirá às descobertas da arte barroca, especialmente no espaço/obra de arte citados.
CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA ANÁLISE DA NARRATIVA DA PINTURA DE SÃO FRANCISCO ...Raquel Alves
Este artigo tem como finalidade apresentar um estudo introdutório sobre a análise de uma pintura pertencente à arte barroca paraibana, levando em consideração que a arte em si é o portal que conduz o sujeito rumo a uma descoberta histórica, de memórias e narrativas. Especificamente por meio de uma pintura no teto da Capela de São Francisco, que faz parte do Complexo Cultural São Francisco (CCSF) em João Pessoa (Paraíba), propomos através de tal imagem (São Francisco de Assis em chamas numa carruagem rumo aos céus) indicar possíveis intencionalidades e significados acerca deste processo de construção/intercruzamento de narrativas, perguntando-nos qual o enigma ou inquietação desta obra de arte barroca anônima e o significado da transposição de uma possível lenda fransciscana, bem como a associação de São Francisco a Cristo e ao profeta Elias. Valemo-nos de um estudo do sujeito que vislumbra tal pintura e do imaginário simbólico, por meio de uma tradução criativa através da estética e de um olhar semiótico, transporte este que nos conduzirá às descobertas da arte barroca, especialmente no espaço/obra de arte citados.
Histórias em Quadrinhos e o Mito: linguagem e ImaginárioAndré Carvalho
Histórias em Quadrinhos e Teorias do Imaginário se unem para criar conteúdo. Mas como elas funcionam? A apresentação mostra uma abordagem da linguagem das HQs e um sobrevoo sobre as teorias de estudo do Imaginário segundo Gilbert Durand. Esta apresentação foi mostrada em 3/10 na inauguração da Gibiteca da Univem (Marília - SP).
Slides da aula de revisão #sejaalunoTOP com o grupo TOP;
Linguagens: Paula
Filosofia: Ronaldo
Física: Antônio Marcos (marquinhos)
Biologia: Emanuel
Geografia: Cadu
História: Miguel
Química; Rodriguinho e Fábio
Matemática: Denilton
Oferecimento: Ruy Barbosa,Área 1 e grupo Devry Brasil
A exposição Dez anos de fotografia espanhola contemporânea - Coleção Fundação Coca-Cola ficou em cartaz no MAM-BA de 19 de setembro até 20 de novembro de 2011.
Veja mais em: http://www.mam.ba.gov.br/exposicao-detalhe.asp?conId=457
Etnografia da duração, estudos de memoria coletivaAna Rocha
Sob a ótica dos estudos de uma etnografia da duração, a vida urbana é descrita desde o poder de organização de uma totalidade a partir de um fragmento vivido, isto é, aquela de um tempo imaginado pelos sujeitos-personagens que narram a sua experiência de vida cotidiana nas cidades modernas. Os fragmentos das experiências existenciais na cidade, nos jogos da memória dos habitantes das grandes metrópoles, seguem um princípio de ordenação contrária a dissolução de suas relações com seus territórios de vida, jogando a favor da homogeneidade deste espaço.
Para nós, a vocação de identidade tão sistematicamente associada aos espaços concretos das cidades, no campo das políticas públicas para a área de patrimônio, sob a ótica dos jogos da memória de seus habitantes, tem sua origem no tempo, o único que, segundo Durand (1984a, p. 479) transforma o princípio de identidade em um “risco a correr”. Neste ponto, o espaço é “fator de participação e ambivalência” (idem), pois, por sua via, nos confrontamos com os desafios de ultrapassar a diferenciação de estados e deslocamentos que toda a identidade contempla, para reencontrá-la, novamente, no plano eufêmico, de um espaço fantástico e, por isto, transcendental. No espaço se pode observar o trajeto do imaginário sendo desenhado, agora como espaço fantástico: espaços de estabilidade do ser (Durand, 1984a, p.474). Por esta via retornamos as idéias bachelardianas do tempo “como uma série de rupturas” (Bachelard, 1988, p. 38) e onde o fluxo da consciência, não é o único alicerce da memória, ao contrário, “é apenas uma de suas direções, uma perspectiva possível que o espírito racionaliza” (Duvignaud, 2006, p. 14).
untam-se obras dos dois artistas, uma de Francisco Tropa proveniente da colecção
de António Albertino e outra de Alberto Carneiro, escolhida por si a pensar numa
articulação com aquela.A exposição procura assim que obras pré-existentes, com
autonomia própria, e que se tornam vizinhas no local da exposição, se
recontextualizem.
Na exposição da bienal Anozero (2015) em Coimbra, as obras de Francisco Tropa e
Alberto Carneiro juntam-se à curadoria de Carlos Antunes, director do CAPC
(Círculo de Artes Plásticas de Coimbra) e da bienal, que escolheu uma obra de
Francisco Tropa proveniente de uma das mais importantes colecções de arte da
cidade e convidou Alberto Carneiro a pensar numa obra que se articulasse com
aquela.
O encontro das obras, em exposição no edifício Chiado, surge inesperado porque
enquanto Tropa procede a uma espécie de cifra constante da realidade, como que
operando na recuperação de uma dimensão mágica perdida, Carneiro parece insistir
no seu desvelamento. Para Tropa, parece urgente restituir a magia à sociedade
contemporânea, despida dos modelos mágico-religiosos, podendo a arte voltar a
trazê-la de novo à vida. E em Carneiro, parece haver uma espécie de deciframento
dessa operação sensível e intelectual, poética e artística, que distingue os
humanos dos outros seres vivos e lhes confere capacidade de representação. Apesar
de diferentes na sua concepção, formas e materiais, pode dizer-se que as duas
obras têm em comum o facto de se apresentarem como dispositivos para reflectir
sobre a arte e sobre o mundo, ampliando os sentidos da realidade através da
representação artística, procurando questionar a natureza do acto criativo e o
papel do artista.
Publicamos a versão integral do texto de Sara Matos, incluído no catálogo da
"Anozero: Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra"
CARLOS CARVALHO contemporary art booth at ARCOMadrid 2013, presenting the work of Ricardo Angélico, Daniel Blaufuks, Carla Cabanas, Manuel Caeiro, Javier Nùñez Gasco,José Lourenço, Ana Luísa Ribeiro, Manuel Vilariño
’Painting’, in Schur\'s implicit definition, means continuing and constitutive ambiguity: under and over, before and after, subjectivity and objectivity, plan and spontaneity, two- and threedimensionality, material and transcendent, rules and violation of rules, historical references and individual positioning embrace and threaten each other as do the visible colorfields. And a crucial appeal of Schur\'s painting lies in precisely these intentionally carried and carried out conflicts....Peter T. Lenhart
Neste novo conjunto de trabalhos, José Batista Marques revela um forte sentido de análise sobre a noção de representação pela articulação de figuras retiradas da história da arte: alegorias, pinturas de género, cenas de caça, figuras de convite, retratos de aparato; imersos num vigor iconográfico que se condensa na figura pela redução dos fundos.
O uso do espatulado revela um persistência da escultura na pintura sobre papel e tela e um gosto pelas estruturas em relevo, numa tentativa de recusa em transformar as dimensões físicas do mundo na bidimensionalidade pura.
A análise da natureza morta (natureza em pose) está presente na nuclearização de corpos físicos simples ou cruzamento de objectos quotidianos com outros de valor simbólico/referencial e, pelo envolvimento destes num enquadramento narrativo próprio que só pertence ao artista, mostra um rompimento com a prevalência do ideal de grandeza e beleza preconizado por este género de pintura. As tensões provocadas pela relação entre figuras retiradas de um repositório de imagens pré-construídas, desenvolve uma análise das características da composição pelo enquadramento de elementos figurativos de expressão ordenadora mas de narratividade dissemelhante.
8. Redecur, 2012 Óleo, acrílico e carvão s/ linho Oil, acrylic, graphite on linen, , 155 x 143 cm
9. Paisagem com autómato, 2012
Óleo, acrílico, carvão, pastel e lápis s/ linho Oil, acrylic, carbon, oil pastel and graphite on linen, 160 x 180 cm
10. Redecur, 2012 Óleo, acrílico e carvão s/ linho Oil acrylic on linen, 155 x 143 cm
11. Sono, 2012 Óleo, acrílico, colagens e pastel s/ tela Oil, acrylic, collage and oil pastel on canvas, 143 x 160 cm
12. The existentialist 200, 2012 Pastel de óleo sobre papel preparado Oil pastel on prepared paper 113 x 104 cm
13. Michel Ferdinand-Strauss, Série Freak Out Freak Out series, 2012
Pastel e carvão s/ papel Oil pastel and graphite on paper, 65 x 50 cm
14. Série Freak Out Freak Out series, 2012 Pastel e carvão s/ papel Oil pastel and graphite on paper, 65 x 50 cm
15. Série Freak Out Freak Out series, 2012 Pastel e carvão s/ papel Oil pastel and graphite on paper, 65 x 50 cm
16. RICARDO ANGÉLICO
Freak Out
13/02 -02/03 2013
Ricardo Angélico utiliza a desconstrução como janela propagandística fundamental para justificar a separação Ricardo Angélico
de observação dos modos de representação e a de classes. Este conjunto de trabalhos são exercícios Textos introdutórios à exposição Freak Out
formação do conhecimento, chamando a atenção para que pretendem prender os traços fisionómicos de um
o modo como apreendemos as coisas fora do pré- conjunto de personalidades escolhidas pelo artista e Freak out
concebido. Para isso, monta uma rede de fios narrativos e que constituem o seu próprio quadro de notáveis. É Série inspirada nas sobreposições fotográficas
que resulta da multiplicação e da sobreposição de através do desenho e da sua condição subjectiva que
forenses de Galton e, por associação, nas
pequenos fragmentos desconexos entre si, porque advém uma preocupação em estabelecer proximidades,
especulações científicas do séc. XIX ligadas à
são retirados do seu contexto original, mas que têm não apenas no plano físico mas no plano imaterial, como
um acentuado significado individual. Estas referências por exemplo, aproximações de ordem criativa, biográfica, psicologia (frenologia, eugenismo), episódios remotos
à literatura ou ao cinema são envoltas em estratégias geográfica, de nome ou de aparência. Com este amplo na arqueologia da genética. Do mesmo modo
ficcionadas e ilógicas que, desdobrando novas formas painel de figuras célebres, Ricardo Angélico elabora que Galton (polímato vitoriano e primo de Darwin,
de observação próprias do subjectivo, contribuem para um jogo de ocultação e de descoberta, desafiando o obcecado, entre muitas outras coisas, com a recolha e
reflectir sobre as formas da representação. Logo, para sentido único do retrato individual – deixando em aberto tratamento de informação), procurou uma fisionomia-
o artista a superfície da obra converte-se num conjunto a criação de uma nova personagem. tipo para o sujeito criminal, sobrepondo fotografias de
de referências, de índices descontextualizados do 3,6 ou mais cadastrados na busca de caraterísticas
seu cenário habitual, mas que, ao ligarem universos comuns e legíveis, propõe-se aqui uma espécie
diferenciados, definem um discurso a partir das suas de jogo-homenagem, uma lúdica investigação das
relações. Nesta acção de deslocamento do contexto diversas fisionomias do génio; daquilo que as aproxima
está subjacente a capacidade de colocar linguagens que
têm origens diferentes numa superfície bidimensional ou diferencia, num exercício de desenho que também
e, estabelecendo contactos entre os diversos se alimenta da ideia de sobreposição, da fusão de
elementos, fornecer-lhes outros pontos de vista, outros três imagens individuais (quantidade considerada
entendimentos, o que configura uma problematização mínima para uma aspiração credível à cientificidade
face aos conteúdos das referências recolhidas. do exercício, ainda que em termos meramente
declarados) que convergem numa quarta, sugestiva de
Na sua série mais recente também apresentada um somatório de virtudes que permanecem invisíveis,
nesta exposição, Ricardo Angélico elabora um banco pois todos os retratados são escolhas pessoais, heróis
de registos fisionómicos, baseado também nas culturais de uma virtual e subjectiva galeria de elite.
aproximações biográficas, que forma um compêndio de Cada retrato resulta da sobreposição de 3
sobreposições de três figuras notáveis, tendencialmente
personalidades de áreas preferencialmente distintas,
de áreas culturais diferentes. Parte de um processo
de algum modo relacionadas entre si, culminando
de registo e de circunscrição de determinadas
características físicas pessoais, desenvolvido por numa nova figura, uma inofensiva hipótese de super-
Galton no século XIX, a que correspondia um sistema homem, retrato-robot de uma figura imaginária que
de valoração que reflectia o tipo de educação, de combina características de outros grandes génios (ou
experiências e de vivências da geração em que simples heróis privativos). Se o jogo é uma fantasia
o indivíduo se inseria – tornando-se uma base pessoal de excelência, podia ser também uma
17. caderneta idealizada por algum cientista louco, amante da virgem em torradas e subsequente mistura de para celebrar novos poderes. Berenson transportava
das ideias e ávido de experimentar no laboratório a histeria religiosa e aproveitamento mediático nas um selo de autoridade que garantia aos magnatas
possibilidade de reunir capacidades fenomenais em suas variadas formas (instantânea celebridade, americanos, aspirantes a Médicis contemporâneos,
novas caprichosas criaturas, inesperados e fascinantes espectáculo nos subúrbios, irracionalidade, estarem a comprar pinturas originais; e se é fácil hoje
freaks. autopromoção, vaidade e competição, culto do denunciar atribuições erradas, no seu tempo Berenson
O título provém do disco de estreia de Frank Zappa. excêntrico, peregrinação, exploração comercial, etc,). foi um sério especialista em arte italiana, e elemento
Aí, em notas explicativas, Zappa nomeia uma extensa Ensaio visual que mistura ficção e documentário em central no flirt dessa nação emergente com o património
lista de pessoas que o inspiraram, referências da pequenas vinhetas individuais, como fragmentos artístico europeu e o italiano em particular, de que este
cultura popular e erudita numa mistura heterogénea, aleatoriamente dispersos de uma reportagem por trabalho faz eco.
violentamente livre, que espelhava a própria natureza montar, prelúdio de uma ópera cómica ou musical
impura da música, desconcertante na absorção de weird com muito transcendente pão tostado. Paisagem com autómato
estilos, direções, proveniências; citando rock, blues Incursão pela erudição pastoral de Poussin e uma
e serialismo na mesma linha. Esta galeria é uma Sono das suas melhores paisagens, a que serve de fundo
homenagem análoga à lista de Zappa, incompleta, Inspirado numa história de ficção por sua vez ao passeio de Diógenes. Poussin é hoje um artista
sempre em expansão e redefinição, fiel apenas ao génio baseada em ocorrências reais. Um recém-viúvo pouco lembrado num mundo que privilegia a superfície
criativo nas suas múltiplas manifestações. encontra consolação na proximidade com animais, reluzente da aparência à estrutura que a possibilita e
interessando-se pelo seu estado, pelas espécies em suporta. Francês apaixonado por Itália e Grécia, tratou
Baco em Londres perigo de extinção, pela sua companhia empática a herança clássica como nenhum outro, praticamente
Remake, passado num campus universitário, de Dionísio a um nível profundo de consciência. Como outros inventando a paisagem enquanto género pelo caminho.
e Ariadne, a incomparável obra de Ticiano. Pintura irmã antes dele, entra clandestinamente no jardim Nesta paisagem, à tradição grega soma-se a japonesa,
de ‘Promenade’. zoológico de noite para dormir perto dessas criaturas, revestindo de circuitos e armaduras mecânicas as
relacionando-se com elas de uma maneira que parece personagens mitológicas ou da antiguidade que
Promenade já difícil com as pessoas. Os textos são fragmentos povoam os bosques às portas de uma Roma imaginária,
Cruzamento do ‘Bacanal’ de Ticiano com ‘The secret de um possível diário, registos fictícios de uma vida transformada em caótico cenário de um eventual anime.
history’, romance de Donna Tart sobre jovens e brilhantes interior ou narrativa que existe virtualmente, fora da
helenistas que reencenam o bacanal grego, em busca imagem, completa ou em permanente actualização. Redecur
da autêntica experiência de frenesi dionisíaco. É também Como um sonho recorrente. Redecur: cura pela fala. O termo foi inventado por
um cruzamento de referências italianas, estilos, citações, Anna O., uma das pacientes de Breuer que faz parte
fragmentos ficcionais, banda desenhada, modelos de Being Bernard Berenson da mitologia freudiana e das origens da psicanálise.
composição e outras sugestões mitológicas. Se havia quem pensasse que dinheiro não podia Passeio pela Viena de Freud e Klimt, pelos salões
comprar prestígio e passado, Berenson foi dos mais aristocráticos onde se dança Strauss tanto quanto for
Madonna of the toast astutos a provar o contrário, servindo de mediador preciso para resistir às convulsões da modernidade.
Exploração de um fenómeno recente na América entre milionários do novo mundo e as pérolas Se havia doença em Viena na viragem do século, era
fundamentalista do interior, o avistamento da figura renascentistas que o mercado tornava disponíveis mais política e social que científica ou artística, e nem
18. a psicanálise haveria de acudir a tempo a um corpo que
habitava uma redoma autista, enquanto fora começava
confuso o novo século.
Post-techno: lessons in advanced european anatomy
Casting lynchiano pela manhã; aula de dança de
manequins animados; contorcionismo extremo
importado de Ásia; sala de reabilitação pós-traumática;
ginásio de fisioterapia espacial; laboratório de sujeitos
geneticamente modificados; plataforma para a defesa
das minorias atléticas; plateau de rodagem de uma
produção futurista; catálogo de formas ao alcance da
ciência; adaptação motora de princípios de variação
musical; coreografia puritana de accionismo vienense;
comício político em fase de aquecimento; salão de
yoga e relaxamento ósseo; pintura de mestre chinês
invertebrado.
Ricardo Angélico nasceu em Angola em 1973. Das suas exposições individuais destacam-se There
will be no safety zone e The Aronburg Mystery (galeria Carlos Carvalho Arte Contemporânea, Lisboa,
Portugal, 2011 e 2008), Caro Jünger/Caro Nabokov (Museu Nacional de História Natural, Lisboa,
Portugal, 2004) e Museu de Cera - Imagens da Colecção Christian D. Karloff (Fundação D. Luís,
Cascais, Portugal, 2003). Em relação às suas exposições colectivas poderemos referir as realizadas
na Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea, Almada, Portugal (O Desenho Dito, 2008), no
Centro de Arte Manuel de Brito (À Volta do Papel, 2008) e Culturgest, Lisboa, Portugal (V Prémio
Fidelidade Jovens Pintores, Lisboa, Portugal). Está representado nas colecções Caixa Geral de
Depósitos, Lisboa, Fundação D. Luís I, Cascais, Fundação PLMJ, Lisboa e Centro de Arte Manuel de
Brito, Algés.
19.
20. CARLOS CARVALHO ARTE CONTEMPORÂNEA
Rua Joly Braga Santos, Lte. F - r/c
+ (351) 217 261 831
+ (351) 217 210 874
carloscarvalho-ac@carloscarvalho-ac.com
http://www.carloscarvalho-ac.com
Seg a Sex das 10h às 19h30 / Sáb das 12h às 19h30
From Mon to Fri: 10am to 7:30pm / Sat: 12:00 to 7:30pm
Artistas da galeria l Gallery artists: Ricardo Angélico | José Bechara | Daniel Blaufuks
Catarina Campino | Mónica Capucho | Isabel Brison | Carla Cabanas
Manuel Caeiro | Alexandra do Carmo | Paulo Catrica | Sandra Cinto
Roland Fischer | Javier Núñez Gasco | Susana Gaudêncio
José Lourenço | José Batista Marques | Mónica de Miranda | Antía Moure
Álvaro Negro | Luís Nobre | Ana Luísa Ribeiro | Richard Schur
Eurico Lino do Vale | Manuel Vilariño